Reencontro - Harry/Draco escrita por Kajota


Capítulo 1
Reencontro


Notas iniciais do capítulo

Não sou fã de fanfic Yaoi, mas tive essa súbita vontade de escreve-la quando estava no trabalho. Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/735633/chapter/1

Vida, o que dizer da vida quando ela na verdade só é um copo vazio. Está apenas lá por estar. Esse era o corpo de Draco após a morte de Astoria, sua melhor amiga, confidente e adorada esposa. Nunca a amou realmente como um homem ama uma mulher, mas a amou como amiga, como mãe de seu filho, a respeitava e daria o mundo a ela sem pensar duas vezes. Uma mulher maravilhosa em todos os aspectos, era gentil e compreensiva, e teve o infortuno de conhece-la apenas após Hogwarts. Certamente seria mais feliz se a tivesse conhecido antes, muitas coisas teriam sido evitadas, inclusive seu coração partido por um certo alguém. 

Astoria sabia de todos os seus defeitos e segredos, não se podia esconder nada dela, e foi por esse e outros motivos que se casou com ela.  Ela sabia que Draco não a amava, ainda sim se permitiu se apaixonar por ele e aceita-lo como ele era o que o fez no mesmo instante ter a certeza que poderia contar com ela para sempre, mas agora ela se fora e aquilo o atormentava dias sim, dias não. A única coisa que ainda o manteve vivo era seu filho Scorpion, que frequentava Hogwarts no momento até então. 

Sentado em sua poltrona que dava de frente a grande vidraça de sua vasta e solitária sala de estar, lia outra carta de seu filho contando sobre sua semana e seus estudos, pois nada mais o agradava do que saber que tinha essa ligação com o filho. Nunca foi apegado ao pai e ele muito menos a si, a relação de Draco e Lucius era fria, era mais afortunado com a mãe, mas ainda sim sentia-se distante e incapacitado de ter confidencias. Não desejava isso com o filho, de longe queria ser um pai distante e mesquinho como seu havia sido, alias, era. Queria que Scorpion tivesse amor, compreensão e ter com quem contar a todo momento. 

Depositou a carta no criado mudo ao seu lado e levantou-se colocando as mãos no bolso da calça. Andou até a janela e observou a neve cair, era uma lastima, era Natal já e não havia notado. Um ano se passará que estava de luto pela esposa, talvez estivesse na hora de seguir em frente, cuidar do futuro do filho que era o que mais importava, pois para si, o futuro não existia, estaria sendo ambicioso se achasse que lá pra frente havia algo além de uma imensa solidão.  

Riu roucamente da sua pequena desgraça, da sua vida miserável que hora estava bem, hora estava mal. Estava de saco cheio de ter que acordar todo dia com uma surpresa, poderia ser todos os dias um sorriso em cada canto como era antes, mas o impossível perambulava aqueles lados, tudo que um dia desejou, tudo que um dia sonhou não conseguiu realizar e a única coisa que o manteve longe do arrependimento do passado, havia desaparecido para sempre, agora era viver de lembranças atrás de lembranças. Encarou a pulseira de couro cor de carvalho, e novamente soltou um riso rouco.

— Se ao menos você estivesse aqui... 

Talvez estivesse velho para esse tipo de coisa, mas sonhava com um reencontro, com uma conversa casual, com um riso descontraído e com uma noite inesquecível, no entanto aquilo tudo estava longe, novamente o impossível estava segurando seus pulsos o impedindo de seguir a diante com a ideia ridícula de enviar uma carta. Uma carta dizendo por alto que pensou nos dois e nos tempos de antigamente, que ainda tinha a pulseira, que ainda os tinha no coração e que a saudade apertava sempre que seu rosto lhe passava pela mente. Não, além de sonhador era covarde demais, não se permitiria estragar o casamento de outra pessoa por egoísmo seu, mas o impulso falava mais alto. Irritado, pegou seu sobretudo que estava apoiado no braço da poltrona e saiu para caminhar, talvez o frio o fizesse esquecer tantas bobagens. 

 

 

Harry encarou seu reflexo no espelho, observava cada traço do mesmo molhado da água gélida da torneira a qual banhou o mesmo. Já passava das seis da tarde e se permitiu dormir além do que devia, talvez estivesse estressado demais por conta do trabalho, ou por conta do divorcio o qual passará. Ainda não havia caído a ficha que estava se separando de Gina, a mulher que jurou amar e respeitar diante de todos da família, um juramento que cumpriu apenas um. Amar era uma palavra forte demais, se amou alguém esse alguém já esta fora de seu alcance, com uma família e feliz certamente. Fechou os olhos por breves momentos e lá estava seu rosto, branco como a neve que teimava cair do lado de fora. 

Saiu do banheiro enrolado em uma toalha na cintura, seu corpo alto e magro era definido, embora houvesse falhas por todo ele com cicatrizes das batalhas que já havia travado. Ser auror requeria habilidades em duelos, nem sempre uma investigação saia como planejado, morreu quase duas vezes e a ultima vez, Harry permitiu que o trabalho invadisse a privacidade de sua família colocando a mesma em perigo e Gina por ser uma pessoa gentil e calma, explodiu de raiva, e deu um basta na relação do casal.  No entanto, antes disso, o casamento já não era flores e após o nascimento da casula Lilian, Harry se envolveu demais em missões que afastou completamente a ruiva de seus braços a levando se interessar romanticamente pelo seu colega de trabalho e o resto foi um impulso ao abismo. 

Harry não ficou bravo na época, ficou levemente decepcionado, nunca pensou em ser traído da forma que foi, mas agora estava ligeiramente decepcionado e embora tivesse se casado por pressão da família Weasley, já que os dois foram namorados em Hogwarts, o mesmo só aconteceu porque Harry tinha algo a esconder e Gina era o escudo perfeito para isso. Na época sentiu remorso e nojo, não pensou que poderia fazer algo tão terrível como aquilo com alguém que estimava tanto, mas nem sempre as coisas saem como planejado, no entanto foi feliz, teve uma amiga para todas as horas e a mesma lhe deu três lindos filhos. A única coisa a qual não se arrependia, todavia, agora se encontra só e a doce lembrança da família virará como uma gota em um vasilha de uma penseira. 

Colocou suas habituais roupas, embora já fosse um homem adulto e maduro, não conseguia deixar de lado o jeito rebelde e despojado. Seus cabelos para variar estavam bagunçados, se Gina estivesse lá, certamente se irritaria e o faria voltar para o banheiro para se arrumar melhor. Colocou os óculos sobre o rosto, vestiu sua capa e saiu, precisava dar uma volta, a noite embora fria e gelada, estava bonita e calma. Um ar frio com certeza o faria colocar as ideias no lugar. Guardou as chaves de casa em seu bolso e no mesmo sentiu algo a mais. Gentilmente puxou o objeto, era uma pulseira de couro e seu coração deu um salto em lembrar-se do que se tratava.

— Te procurei por toda parte. 

Disse ao olhar o objeto em seus dedos enquanto caminhava pelas ruas gélidas de Londres. Aquele era o símbolo da outra parte de seu ser, era o que representava quem mais ama em sua vida aonde quer que estivesse. Não via a pulseira a uma semana, certamente estava na calça esse tempo todo e foi lavada junto com a mesma, por um momento achou que tivesse perdido. O desparecimento da pulseira era obra de Gina, ela era a única que sabia o que a mesma significava embora nunca tivesse deixado explicito o que exatamente. Talvez a escondeu só para irrita-lo, pois sabia que nunca tirava o objeto do pulso. Sem delongas, o colocou passando a admira-lo enquanto caminhava, distraído sentiu seu ombro doer por esbarrar em alguém.

— Mil perdões... 

Começou a falar e ao levantar o rosto para encarar sua possível vitima seu coração gelou levando junto uma dor no peito e uma pequena arritmia. Harry sabia que todos os lugares, aquele era o menos provável que encontrar aquela pessoa, achava, não, ou melhor, tinha certeza que ela não morava mais Londres a uns quinze anos, mas lá estava a mesma lhe fixando com  o mesmo olhar de surpresa. Não mudara nada, nem um traço, talvez os cabelos e a barbar por fazer, no entanto o tempo parecia ter parado, essa era a causa mais provável para tudo parecer ainda como antes, até o sentimento. 

— Harry... 

Draco encarou o moreno perplexo, segurava o ombro que havia esbarrado, sentiu uma pequena pontada por conta da batida, mas nada de tão anormal como seu coração acelerado quase pulando para fora pela garganta. Sim, lá estava ele depois de tanto tempo e era engraçado, pois o destino parecia gostar de brincar com seus sentimentos e agora estava obvio isso. O loiro baixou o olhar e lentamente foi subindo o mesmo, notando que o homem a sua frente ainda era o mesmo de quando o deixou, a idade avançada era a única diferença. Engoliu seco assustado, seus sentidos que estavam avoados estavam voltando pouco a pouco para o seu corpo e sem notar, começou a correr, fugindo, sem olhar para trás. 

— Draco, espere! - Harry gritou sem entender, então virou-se e começou a perseguir o homem que parecia desesperado por um refugio.  

Lembrou-se da época em que começaram a ter sentimentos um pelo outro, Draco era certamente o mais revoltado e sempre que se pegava encarando o moreno corria, corria exatamente igual agora como estava. E Harry sabia que toda vez o alcançava, que era inútil fugir, sempre discutiam e acabavam um nos braços do outro obrigados a encarar o que o destino havia lhes reservado, mas hoje, hoje era diferente, talvez não brigariam, ou acabariam um nos braços do outro, mas certamente teriam que conversar, era um sinal, um sinal para arrumar o que foi quebrado. 

— Aonde você vai? - Harry finalmente o alcançou e o puxou pelo braço, notou que o mesmo estava mais forte que antes e que certamente se quisesse o socaria ali mesmo deixando o moreno caído no chão e fugiria novamente - Por que correu?  

— Eu não sei - Draco desviou-se da mãos de Harry - Me deixe em paz Potter. 

— Não posso - Murmurou ele e engoliu seco olhando envolta, notando que embora a rua estivesse vazia devido ao mal tempo, temia que alguém os visse. 

— Lá vem você com a história de destino de novo - O loiro riu ironicamente e começou a andar se afastando de Harry. 

— Mas é verdade, não posso ignorar o fato que não foi por acaso nosso reencontro - Ele correu para alcançar os passos de Draco. 

— Não dessa vez colega - Draco diz parando e o encarando, no entanto volta andar tomando seu rumo. 

— Pare, por favor - Harry se apressa e para na frente do loiro colocando as mãos no peito dele o impedindo de andar. 

— Não me faça perder tempo como sempre você me fez perder - Ele segura os pulsos de Harry e o empurra longe voltando a caminhar. 

— Por favor, ao menos tome um drink comigo - Harry gritou para ele o vendo se afastar, mas não o seguiu. 

Draco parou no meio do caminho sem dizer nada ou se virar, seus mãos dentro do bolso se fecharam de raiva, queria socar o primeiro que se aproximasse, Harry estava fazendo o que sempre fazia, o manipulava e depois sumia sem assumir o estrago. Todavia, sentia saudades dele e o queria mais do que tudo, nem que fosse apenas por uma conversa fora e um copo de whiskey. Virou-se vencido pelo frio que fazia, e caminhou até o moreno lentamente como se quisesse atrasar o evento, pois aquela visão dele a sua frente era linda e certamente se não tivesse com duvidas, assim que se aproximasse o beijaria. 

— Um drink apenas e nada mais - Falou parando a frente de Harry fingindo impaciência, mas com sua resposta pode notar um pequeno riso de canto surgir nos lábios de seu amado.  

Sem uma voz pronunciar qualquer palavra, os dois caminharam em silencio até o pub mais próximo e lá sentarem em uma mesa no fundo do estabelecimento para não chamarem atenção caso houvesse uma discussão ou então troca de caricias, nesse ponto Draco e Harry sempre estavam de acordo. Pediram rum, uma dose para cada onde ambos beberam sem delongas assim que foi servido. O silencio continuava mutuo negando qualquer tentativa de nega-lo, mas Draco após alguns minutos sentindo a bebida aquecer seu corpo resolveu terminar logo com aquele encontro antes que se machucasse. 

— Obrigado pelo drink - Disse fazendo menção em levantar. 

— Eu senti sua falta - Harry se prontificou em dizer antes que fosse tarde demais. 

— O que quer Potter? - Draco voltou a se acomodar na cadeira e cruzou os braços sobre o peito. 

— Conversar, podemos? - Pedindo se inclinando para frente como se fosse contar um segredo. 

— O que quer conversar? - Perguntou evitando olhar aqueles olhos verdes esmeralda que tanto amava. 

— Como você esta? O que tem feito? - Harry perguntou sentindo um leve aperto no peito, o homem a sua frente havia mudado, talvez não sentisse sua falta como sentia a dele. 

— Bem, e você? - Draco respondeu mau humorado então foi que notou a pulseira de couro marrom no pulso de Harry, ele ainda a tinha, como poderia? Olhou surpreso para a mesma e tocou seu pulso receoso que se ele o visse que também a usava, poderia seduzi-lo de alguma forma. Disfarçadamente, arrumou as mangas de seu casaco embaixo da mesa. 

— Bem também e eu sinto muito pela sua esposa, apareceu no jornal - Disse tentando encontrar os olhos cinzas de Draco, mas era em vão, ele parecia querer ficar de cabisbaixa. 

— Como esta a sua esposa? - Engoliu seco abrindo um sorriso forçado nos lábios finos. 

— Eu e Gina nos separamos tem um tempo - Respondeu sem se sentir triste pelo fato e sorriu sentindo-se tentado em beijar Draco ali mesmo. 

— Sinto em ouvir isso - O loiro disse um pouco surpreso com o fato, afinal, o que tudo aquilo significava? Astoria morrer, Gina se separar de Harry e os dois se reencontrarem solteiros? Talvez o destino esteja agindo como Harry sempre acreditou. 

— Draco, eu nunca deixei te amar, nem um minuto se quer, eu sei que fui impulsivo e imprudente na época, mas você sabe que foi o melhor para nos dois, eu não tinha como fugir - Harry respondeu passando as mãos em seus cabelos bagunçados. 

— Você namorou a Weasley para esconder o que tínhamos um com o outro, como isso pode ser melhor para nos dois? - Draco comentou indignado batendo a mão na mesa. 

— Iriamos ser atacados por amigos, pela família, pela sociedade. Iriamos acabar brigando o tempo todo, teríamos inseguranças e poderia até acabar nos machucando - Harry explicou calmo mantando o tom de voz baixo. 

— Você não pode, não tinha o direito de decidir isso por mim - Sussurrou irritado mordendo os lábios. 

— Draco, por favor entenda - Calmo, Harry esticou a mão para tocar Draco, mas o mesmo a recolheu correndo. 

— Não, e você podia ter me procurado, mas não, resolveu se casar com a pobretona, não é? - Ele continuava a discutir em sussurros. 

— Eu esperei o tempo dar o seu tempo para eu poder te procurar, mas depois de dois anos, quando parei em frente  sua casa eu vi você pela janela abraçando e beijando Astoria, foi então que eu soube que estava tarde demais para algum reparo ser feito - O moreno falou irritado e chamou o garçom. 

— Idiota, podia ter me procurado e não pensaria em duas vezes em deixa-la - Draco sentiu uma raiva crescer dentro de si. 

— E o que diria a ela? - Harry cruzou os braços convencido de que o loiro não teria respostas. 

— Ela sabia sobre nós, eu e ela tínhamos uma relação aberta, eu deixei claro tudo a ela quando ela disse que me amava, mas ainda sim aceitou e então, só pra você saber, ela teria ficado feliz e dado o seu apoio - Dito isso, Draco se levantou e tirou do bolso dinheiro o qual jogou na mesa para pagar as bebidas.

— Eu não sabia Draco - O homem levantou-se em desespero chegando a conclusão que coisas quebradas nem sempre se concerta. 

— Egoísta e mesquinho, isso sim é o que você é - Ele fechou o sobretudo no corpo - Eu mesmo sabendo que você namorava a ruiva lá eu ainda disse o que sentia por você, e você fez sua escolha, não é? 

— Draco, por favor, não se vá - Harry se aproximou dele e lhe tocou o braço gentilmente. 

— Estou cansado de suas desculpas - Sussurrou tentando disfarçar a discussão, embora ninguém ali estivesse prestando a atenção aos dois - Toda vez que ficávamos juntos, você criava uma desculpa para não assumir e passávamos dias, semanas, as vezes meses até você sentir minha falta e tudo se repetir. Não vai ser como antes nunca mais, você ir e vir como bem entende na minha vida. Minha vida quem controla sou eu - Falava cerrando os dentes controlando a raiva e a vontade de gritar. 

— Mas agora não existe mais ninguém para nos impedir - Harry parou a frente dele, e embora soubesse que Draco estava determinado a partir, ainda sim o impedia. 

— Nunca existiu Potter, é isso que você não entende - Draco suspirou cansado - A única pessoa que nos impedia de algo é você, sempre foi você. 

Sem dizer mais nada, o loiro se afastou e se retirou do pub deixando Harry sozinho e pensativo, sabia que a ideia não era a das melhores, pois corria o risco de nunca mais ver o moreno em sua vida, mas precisa dizer, precisava desabafar. Ainda amava Harry, sempre o amaria, mas se fosse para sofrer ao lado do mesmo, preferia viver sozinho, ele não valia a pena. Com as mãos escondidas no casaco sentindo a brisa gelada da noite, Draco caminhava pela rua deserta, sem planos de voltar para casa, seguiu para o parque, fazia um tempo que não passava por ali, a ultima vez fora com Scorpion e Astoria. Estava triste, e não conseguia mais negar, a noite que deveria ser uma distração, virou um pesadelo. 

Harry ainda estava paralisado após as palavras duras de Draco, voltou a se sentar por um momento tentando raciocinar tudo que havia passado nas ultimas horas, talvez o loiro tivesse razão, ele era o monstro do relacionamento entre os dois e só agora se deu conta. Após pedir outra dose de Whisky, as pressas se retirou do pub a procura do loiro, mal havia chegado a esquina e já estava sem folego, talvez fosse a idade ou então o frio que estava congelando cada parte do seu corpo. Olhou para todos os lados, ele não havia de estar longe, sabia disso, atravessou a rua e correu em direção ao outro lado, Draco ainda estava aborrecido, não iria para casa tão cedo, o parque era um lugar deserto e calmo para um mente conturbada. Sem parar correr, Harry não demorou a encontrar o homem que caminhava só de cabisbaixa pela pequena estrada que dava a um lago. 

— Eu tenho medo! - Gritou Harry ao alcançar Draco que se virou assustado - Eu tenho muito medo! - Gritou ofegante se abaixando e apoiando as mãos nos joelhos tentando recuperar o folego. 

— Não entendi - Draco se aproximou lentamente do homem - Medo do que? 

— Não fui sincero com você, mas eu tenho medo de tudo Draco, tenho medo do que as pessoas vão pensar, medo de te perder, medo de tudo - Harry ficou ereto e colocou a mão na cintura ainda respirando ofegando da corrida. 

— É por isso que você sempre fugiu? - O loiro disse arqueando uma das sobrancelhas. 

— Sim, me desculpe por nunca ter dito nada - Harry ajeita a roupa no corpo e se aproxima de Draco. 

— Sim, por que nunca me disso nada? - Ele cruzou os braços sério. 

— Medo também, medo de me achar um covarde, medo de tudo - Suspirou triste - Eu sou um medroso. 

— Reparei - Draco coçou a cabeça pensativo. 

— Eu sei que não tenho esse direito, e eu estou morrendo de medo, no entanto estou disposto a enfrenta-lo com você se você me ajudar - Harry se aproximou mais de Draco ficando apenas alguns centímetros de distancia. 

— Mas antes você também estava - Draco o encarou nos olhos tentando encontrar alguma verdade que o moreno dizia. 

— Oh não, eu não estava, eu fugia mesmo com a intenção de fugir porque tinha medo, mas eu não quero mais fugir, minha mente dói de medo, no entanto minhas pernas querem ficar, minha mente também, meu corpo inteiro não quer te deixar nunca mais. Meu coração quer te amar até que você dê o ultimo suspiro - Harry encontrou os olhos de Draco e engoliu seco sentindo um frio na barriga, já tinha algum tempo que não se sentia daquela maneira, como um garoto bobo apaixonado. 

— Quem teme por algo aqui sou eu - Draco sentiu seu corpo se aquecer e seu coração disparar ao ouvir Harry se declarar para ele, porém sua mente era mais racional, a mesma o avisava de algo que tinha a plena certeza que era para fugir - Temo que um dia eu vá acordar e você não estar mais do meu lado, como já aconteceu - Ele olha para baixo pensativo. 

— Compreendo, você está confuso - Harry suspirou e deu alguns passos para trás - Só me prometa que irá me procurar independente da resposta, eu preciso saber se posso ou não ter esperança e um futuro com você. 

— Harry, eu... - Draco deu um passo para frente confuso, e esticou a mão para segurar Harry. 

— Não, tudo bem, eu já entendi - Harry desviou-se do toque de Draco sem olha-lo, procurando desesperadamente uma fuga. 

— Seu imbecil, venha aqui! 

Impaciente, Draco se aproximou de Harry o segurando pela gola do casaco e o empurrou violentamente até uma arvore onde o mesmo bateu com as costas, no entanto o loiro não se importou nem um pouco com o gemido baixo de dor do moreno, apenas encostou seu corpo no dele e o beijou, e o beijou com vontade. Seus lábios finos massagearam os de Harry que lentamente os abriu deixando que a língua do loiro encontrasse a sua. Harry segurou Draco pela cintura e o puxou mais para si enquanto retribuía o beijo do loiro dando leves chupões nos lábios do mesmo e pequenas mordiscadas que fizeram o homem suspirar. Embora quisessem permanecer ali a noite toda, o frio estava cada vez mais forte e uma pequena ventania acompanhada de alguns flocos de neve havia começando a surgir. 

— Você me machucou - Harry falou roçando seus lábios nos de Draco. 

— Desculpe, é que as vezes você fala demais - Draco riu e encostou sua testa na dele. 

— Draco, eu te amo - Harry fechou os olhos e pressionou a cintura do loiro contra a sua. 

— E eu amo você Harry - O loiro fechou os olhos e roçou seu nariz no de Harry sentindo a respiração do mesmo contra a sua pele. 

— Quer jantar em casa? - Harry abre os olhos e beija os lábios do loiro levemente - Eu sei cozinhar. 

— Quero sim - Draco sorriu e se afastou de Harry - Como adivinhou que eu estava com fome? 

— Você esta revoltado demais, parece mulher - Harry se afastou de Draco o provocando. 

— Vou deixar passar porque você que vai cozinhar - Draco o seguiu colocando as mãos no bolso. 

— Medo que eu lhe envenene? - O moreno riu andando ao lado de Draco. 

— Medo de você me deixar passar fome - O loiro riu também e abraçou Harry pelo ombro. 

— Minha casa é pra lá! - Harry apontou para direção oposta em que iam. 

— Droga - Draco virou o corpo puxando Harry consigo ainda o abraçando. 

Só foi preciso uma única vez para se lembrarem que se amavam, um único reencontro para acender aquela chama tímida e escondida por trás de seus corações. Um único olhar, um único sorriso, um único toque, uma única conversa para deixar claro que o amor entre os dois jamais poderia morrer. Nem o tempo ou espaço pode separar um sentimento verdadeiro, seja ele qual for, seja amor ou ódio, quando ele existe ele atravessa qualquer realidade e sempre chega primeiro sem avisar igual a luz, de surpresa e iluminando nossos dias como se fossem os últimos. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Vocês devem estar se perguntando porque eu escolhi o Harry como o vilão da história, bom, é meio obvio se você for analisar a personalidade dele e a de Draco. Como nos livros e nos filmes, Draco é revoltado e muito expressivo com seus sentimentos, ele deixa visível e claro que esta com raiva ou feliz, já Harry por seu passado conturbador ele é receoso com as pessoas e desconfiado e muitas vezes as julga sem conhece-las. Por isso que nessa minha one-shot o Draco é vitima e o Harry o vilão digamos assim.

Beijos e espero que tenham gostado.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Reencontro - Harry/Draco" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.