Wishlist escrita por Lost Satellite
O movimento na lanchonete da faculdade vai diminuindo. É quase hora de voltar para a aula e Julia sabe disso.
Ela pede um café pequeno, a noite está fria e ela deseja se aquecer. Ela se sente cansada, pensa no quanto trabalhou pesado na loja durante o dia. Era assim todos os dias, mas ela não se importava, sabia que precisava trabalhar e sabia que era importante se dedicar aos estudos.
A xícara de café quente aquece a ponta dos seus dedos, lentamente. Ela permanece ali por mais alguns instantes, perdida no emaranhado de pensamentos e preocupações sobre a vida.
− Eu esperei. – Ela diz quando a figura de Natália se aproxima da mesa.
− Desculpe, acabei ficando presa com o pessoal. – Ela arrasta uma das cadeiras e se senta.
− Já vai acabar. – Julia diz cansada sobre o intervalo, não sabe se está cansada pelo dia ou por ter que lidar outra vez com Natália.
− Sinto muito, mesmo. – Natália está desconfortável com a situação.
Uma tensão paira sobre elas. Julia perde mais alguns instantes encarando seu café.
− Tudo bem. – Julia arrisca dissipar todas as tensões entre elas.
− Eu ia avisar, mas acabei ficando sem bateria. – Ela joga o aparelho sobre a mesa, está desapontada com ela mesma.
− Esquece.
Julia já sabia lidar com as desculpas de Natália, sempre preterida por outro alguém, sempre paciente e compreensiva.
− Você não está brava?
− Não.
−Eu não entendo... – Há inconformidade em sua voz.
− O que você não entende? – Julia está curiosa.
− Eu sempre decepciono você, não consigo evitar, entende? Mas você está sempre aqui, sempre esperando, sempre perdoando a minha falha...
− Não é o que as pessoas fazem? Perdoam?
− Sim, mas você aceita coisas demais, não deveria esperar tanto.
− Está me dizendo que eu devo parar de esperar por você? –Julia afastada a xícara de café inacabada, a conversa entre elas rouba toda a sua atenção.
− Eu não sei, desculpe.
− Eu espero porque eu desejo que um dia você me escolha.
Elas se encaram em silêncio. Natália sabe o significado daquelas palavras, mas ela não consegue corresponder, não agora, mas ela imagina que um dia será capaz.
− Eu não quero te decepcionar. –Natália diz sincera.
Julia sabe que ela sempre foi sincera, que não faz por maldade, ela apenas é assim, é inevitável.
− Então não decepcione. – Ela sabe que é simples assim, mas que implica ações fortes e determinadas.
− Quer ser o meu verbo confiar, pra que eu nunca te decepcione? – Ela estende a mão sobre a mesa e segura a mão de Julia.
− Quero. Sempre. –Sua mão está gelada, mas a mão de Natália está quente e a envolve parcialmente.
− Então enquanto você me esperar, eu vou sempre voltar.
Julia sentia que as coisas eram assim na vida, tudo implicava em ter paciência e sacrificar-se. Ela sempre esperaria por Natália porque ela era como calor em um dia frio, como um fogo que incendiava lentamente o interior de Julia, e era bom sentir esse fogo, era o que a fazia se sentir viva de verdade.
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