Entre flores & café escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Se não for para imortalizar o ship da vida, do universo e do coração, nem escrevo ahahahahah

Uma coisinha singela que escrevi em homenagem ao otp Dona Florinda & Prof. Girafales.

Espero que gostem! Boa leitura!



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Era sempre assim. Sem explicação racional, o Professor Girafales pegava-se pensando naquela que era a dona do seu coração: Dona Florinda. E a partir deste mágico momento, o dia ficava mais lindo, o céu mais azul, a vida mais doce. Tudo parecia mais fácil, mais certo, mais alegre e mais belo. Bastava ele lembrar da existência de sua musa inspiradora, e o mundo ganhava sentido de novo.

Então inquieto, o professor andou de um lado para o outro, buscando um pretexto qualquer para visitar a vila e, assim, pôr os olhos em sua amada. De repente, lembrou-se que pretextos não eram necessários. Girafales era um homem adulto, livre e desimpedido. Dona Florinda, uma viúva honesta e, portanto, livre também. Os dois não deviam explicações a ninguém. Além do mais, não era segredo que estavam perdidamente apaixonados um pelo outro. Podiam até não assumir um relacionamento, porém ninguém mais reagia com surpresa à troca de olhares e sorrisos entre os dois.

Ao lembrar o seu coração de todos esses detalhes, um novo pensamento acometeu o professor: que presente lhe darei desta vez?

Inquieto e um pouco inseguro, Girafales tornou a zanzar feito barata tonta pela sala de aula, já vazia àquela hora do dia.

Incapaz de se concentrar para corrigir as últimas provas de Chaves e seus colegas, ele deixou a escola com passos apressados minutos depois.

Tal questionamento não lhe abandonou. Ao contrário, perseguiu o pobre e apaixonado professor pelas calçadas. Até que ele avistou a fachada de uma familiar floricultura e riu de si mesmo por não ter pensado no clássico buquê de flores antes. É claro!

Ao recordar de Quico criticando-o por só presentear a sua mãe com flores, ele hesitou. Entretanto, no momento seguinte, Girafales convenceu-se de que não haveria presente melhor para uma flor do que outras flores. Era isso o que Dona Florinda significava para ele: uma linda flor, cujo perfume e beleza inebriavam seus sentidos e aceleravam seu coração. Era por isso que não podia variar o presente.

Claro, o fato de sua profissão não ser das melhores em remuneração também limitava suas opções. Bem que Girafales gostaria de surpreendê-la com chocolates suíços, caramelos, um relógio de ouro, um casaco de pele ou um carro de último tipo. Se pudesse, daria o mundo inteiro à Dona Florinda. Ela, com certeza, o merecia. Porém, infelizmente, nada disso estava ao seu alcance. Tudo o que tinha a ofertar era o seu amor em forma de flores.

Então, com humildade, Girafales esperava que o singelo buquê de rosas vermelhas, que escolheu depois de avaliar várias opções, fosse o suficiente para arrancar um sorriso doce de sua amada e deixá-la feliz.

Cada vez mais ansioso, seguiu o caminho rumo à vila. Antes que cruzasse o barril de Chaves, viu Dona Florinda diante do tanque, cercada por baldes repletos de roupas lavadas recentemente.

O coração do professor, de imediato, acelerou. O ar faltou em seus pulmões. Ou talvez Girafales apenas esqueceu o processo de respirar diante da bela imagem que dominou suas retinas.

Dona Florinda estava linda como sempre. Os costumeiros bobes no cabelo, o vestido xadrez num tom de vermelho, que para muitos poderia parecer uma toalha de mesa, mas para ele apenas valorizava sua beleza, o avental um tanto molhado do serviço doméstico e o seu perfume delicado misturando-se com o odor de amaciante no ar.

Linda em qualquer situação e de qualquer jeito, o professor pensou.

Ela, por sua vez, ao perceber que tinha um observador, sentiu as pernas fraquejarem. Tão logo encontrou o olhar apaixonado do seu professor, um calor se espalhou por seu corpo, causando um leve rubor em suas bochechas e uma palpitação no peito. Ao mesmo tempo, um frio engraçado surgiu em seu estômago.

Como sempre acontecia nesses encontros, parecia que uma música instrumental havia começado a tocar em algum lugar do universo, apenas para eles, crescendo e os envolvendo a cada instante em uma atmosfera romântica e íntima. Era a música dos dois, a trilha sonora que o universo compusera somente para aquele casal.

Sem conseguir controlar o turbilhão de sensações, Dona Florinda uniu as mãos em frente ao corpo e um sorriso bobo, por fim, venceu-a.

— Professor Girafales...

Era sempre assim. Sem explicação racional, o dia ficava mais lindo, o céu mais azul, a vida mais doce. Tudo parecia mais fácil, mais certo, mais alegre e mais belo. A simples presença do dono do seu coração fazia o mundo ganhar sentido de novo.

— Dona Florinda — ele murmurou, retribuindo seu sorriso e aproximando-se alguns passos.

Com um suspiro, ela prosseguiu com o diálogo que seu coração sabia de cor:

— Que milagre o senhor por aqui.

— Vim lhe trazer este humilde presente. — Girafales entregou-lhe o buquê, seguindo com o ritual que também já havia decorado.

Ela recebeu o presente de bom grado, suspirou e observou as lindas rosas vermelhas; prova evidente do amor de Girafales. Seu coração disparou mais ainda.

— O senhor não deveria ter se incomodado.

Como de costume, ele tranquilizou a amada:

— De maneira alguma.

Tentando controlar a vontade de sorrir ainda mais — e falhando miseravelmente em tal tarefa —, Dona Florinda quis retribuir a gentileza:

— Gostaria de entrar para tomar uma xícara de café?

— Não seria muito incômodo? — Ele preocupou-se, no fundo honrado e animado com o convite, como sempre ficava.

Por mais que fosse a milésima vez que Dona Florinda o fazia, era sempre uma emoção nova adentrar sua residência e passar bons momentos com ela.

Mal sabia Girafales que para ela aquilo também era uma estratégia para ficar perto dele. Por isso Dona Florinda demorava-se tanto no preparo da bebida fumegante. Por isso os servia devagar. Por isso bebia gole por gole, lentamente. Tudo para que os encontros entre os dois durassem mais.

— De maneira alguma. — Indicando a porta de número 14 atrás deles, emendou: — Queira entrar, por favor.

Gentil e cavalheiro como sempre, o professor abriu caminho para a mulher de bobes que tanto adorava e disse:

— Depois da senhora.

Sorrindo para ele, e sendo correspondida com um olhar encantado e também com um sorriso terno, Dona Florinda logo cruzou a porta de sua casa.

Ansioso — não para tomar o café fraco de sua amada exatamente, mas para passar a tarde inteira em sua doce companhia —, o professor Girafales fechou a porta um segundo depois.

Entre flores e café, estavam juntos mais uma vez. E enquanto houver essas duas coisas no mundo, de alguma forma, sempre estarão.

FIM


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Notas finais do capítulo

That's all, folks!