Here without you escrita por Queen Jeller


Capítulo 1
Capítulo 1: One shot


Notas iniciais do capítulo

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Saí da cama um pouco mais tarde que o habitual. Havia se tornado nossa rotina dos finais de semana. Algumas vezes eu acordava antes que ela e fazia seu café, e algumas vezes ela acordava mais cedo e me servia café na cama antes de nos servir de nós mesmos pelo resto do dia. Eu nunca pensei que meus dias fossem ser tão repletos de luz e felicidade, até que eu tive todas as minhas manhãs ao lado dela, ao lado do sorriso e da serenidade da presença dela comendo torrada e tentando me contar alguma piada. Exceto aquela manhã.

A casa parecia mais cinza aquela manhã. Eu não sabia se era pelo tempo fechado que fazia lá fora, mas ao dar passos em direção a nossa cozinha vi que não era por causa daquilo.

A aliança dela.

Estava sob o balcão da cozinha.

Parei olhando-a. Pisquei algumas vezes, na doce ilusão de que ela pudesse sumir e Jane pudesse aparecer, mas aquilo não aconteceu. Pelo contrário. A cada piscar de olho, ficava mais nítido que sua aliança estava ali. Não só sua aliança, mas um pequeno bilhete amarelo dobrado.

De repente eu estava com medo de avançar. De pegar naquele papel e no ouro que nos últimos meses havia cintilado seu dedo. Achava que fazer aquilo faria real o meu medo de que ela poderia ter ido, embora no fundo eu soubesse que aquilo era a verdade e que eu abrir ou não aquele papel não iria mudar aquilo.

Ela havia ido embora.

Peguei o papel e me sentei em uma das cadeiras que havia ao lado do balcão. Eu me senti tão fraco, e era justamente pela única pessoa que ainda fazia eu me sentir forte na vida tão vulnerável que tínhamos. As lágrimas estavam tomando meus olhos antes que eu abrisse aquele bilhete. Eu me sentia tão partido, despedaçado, incompleto. Já não me sentia eu mesmo sem ela ali.

Tentei porém encarar aquilo como um presente que ela havia me dado. Suas últimas palavras escritas para mim, por enquanto. Eu não ia sossegar até reencontrá-la, independente do que ela estivesse escrito ali. Eu não ia sossegar porque antes de ir as últimas coisas que ela havia me dito foi que me amava após me fazer tremer de prazer e paixão e eu não estava disposto a deixar aquilo ir. Eu nunca estaria disposto a deixar ela ir.

Mais algumas lágrimas caíram do meu rosto sob meu calção e então eu relembrei que havia um papel amarelo disposto a me matar entre meus dedos. Abri ele lentamente.

“Eu sei que a aliança não está mais em meu dedo, mas saiba que sempre estará em meu coração a aliança que fiz com você. Sei que você pode não me entender agora, mas para que nós dois ainda sejamos metade temos que estar separado em dois por enquanto. Eu sempre te amarei, Kurt. Nunca esqueça disso. Sua eterna esposa.”

É. Ela havia ido. Não que isso fosse uma dúvida a partir do momento que vi a aliança sob o balcão, mas encarar isso como verdade pesava mais agora. Dei um grito de fúria, de dor. Senti meu coração pesar e ter soltado aquele grito não fez liberar nada. Só fez pesar mais, doer mais dentro de mim. Ela havia ido.

Ela estava tão feliz. Eu estava tão feliz. Ela não queria ir. Eu não queria que ela fosse. Mas ela foi e eu não pude fazer nada.

Eu sequer conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo novamente.

Novamente alguém havia ido da minha vida e eu não pude fazer nada. Talvez aquela fosse uma maldição da minha vida e eu só tivesse que encarar aquilo.

Reli mais uma vez suas palavras.

Ela não me pediu para não procurá-la. Ela queria que eu fosse? Talvez fosse perca de tempo se não, porque se ela quisesse se esconder todos nós sabíamos que jamais a encontraríamos novamente.

Mas se ela quisesse que eu fosse?

Se ela quisesse, ela sabia que poderia se esconder em qualquer lugar e eu a encontraria.

“Por enquanto”

Essas palavras saltavam em minha mente. Era um status temporário. Temporariamente ela teve que ir. Era como uma promessa de que ela ia voltar dentre palavras tão agridoces de despedida. Mas por que ela teve que ir? Por que me despedaçar? Por que nos despedaçar? Tentei suspirar fundo e mais uma lágrima caiu. Essa caiu sob minha aliança como um lembrete. Lembrete dos nossos votos de casamento.

Fechei meus olhos e escutei nitidamente sua vez me dizendo como naquele dia que fazia de tudo para me proteger e proteger aqueles que eu amo. Ela estava fugindo para isso, eu sabia. Mas porque ela estava fugindo para proteger a mim e colocando em risco ela mesma, a pessoa que eu mais amava nessa vida? Parecia tão incoerente. Fazia meu sangue correr com ira, revolta, indignação.

Porém eu sabia que nada iria parecer coerente pra mim naquele momento. Nada. Nem mesmo ficar sentado naquela cadeira. Até porque ficar sentado ali não ia levar em nada, somente em lembranças deles dois e eu não queria lembranças. Eu queria vida. Eu queria viver aqueles momentos todos novamente, não somente em minhas memórias.

Peguei o papel e coloquei em meu bolso e me levantei. Parei em frente ao balcão onde sua aliança ainda dançava de forma ordinária sob o meu olhar. Eu tinha que fazer algo. Eu tinha que deslizar aquela aliança de volta em seu dedo, mesmo que isso fosse a última coisa que eu fizesse na vida.

Peguei ela sob meu dedo e fui em direção ao nosso quarto. Voltei com ela dançando sob meu colar, uma mala com algumas roupas e determinação nos olhos. A determinação de reencontrá-la.

Dois meses depois, após finalmente revê-la, eu pude ter certeza:

Ela queria que eu a encontrasse.

Ela estava com muito medo.

Ela tinha saudades em seu olhar.

E ainda bem, a aliança ainda cabia em seu dedo, e nunca havia sido desfeita em meu coração.

E nem no coração dela.


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Notas finais do capítulo

Isso acaba com o meu coração então deixe-me saber o que faz com o seu.



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