Método Único escrita por NathyGravonski


Capítulo 4
Capítulo 3 continuação




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Mia


— Ah, ainda bem que não perdemos o desse horário. Iria demorar pra caramba o próximo e eu estou morrendo de fome. – disse David aliviado.
Entramos no metrô e, no meio do caminho, entre uma conversa e outra, escutei alguém falando alto. Virei o rosto para trás, vendo um cara baixinho discutir algo no celular. Mas o que me surpreendeu, foi ver lá no fundo, ninguém menos que meu novo tutor.
Voltei o rosto para frente, rapidamente.
— O que foi? – perguntou David, achando graça do meu movimento.
— Nada.
Então continuou a falar, mas pareceu desconfiado.
Ué, ele sempre pegou esse metrô?
Assim que chegamos na nossa parada, prestei atenção se ele desceria também e... Ele desceu! Continuei caminhando e, por incrível que pareça, ele fez o mesmo caminho até chegarmos na rua do David.
— Te vejo amanhã! – disse se despedindo.
— Sim... – respondi, olhando de canto de olho, Érick parar pra comprar algo numa barraquinha da esquina
— Tome cuidado!
Prestei minha continência de sempre e voltei a caminhar. Mas não sem perceber que, coincidentemente, ele voltou a andar também.
Fiquei na dúvida se ia falar com ele ou não, mas ele me assustava um pouco, por algum motivo.
De vez em quando, olhava para trás, e lá estava ele.
Será que está me seguindo? Será que é mesmo um pervertido?!
Decidi entrar em uma rua qualquer e esperei um tempinho. Quando comecei a andar de volta, para retomar meu caminho, vi de longe ele virando a esquina, então recuei. Resolvi fingir que iria tocar a campainha de uma casa qualquer, para disfarçar e vê se ele ia embora. Mas não adiantou, pois continuou andando em minha direção.
Quando estava próximo demais, virei de frente para a entrada da casa e dei as costas para ele, apertando os olhos, com o rosto colado a porta. E comecei a torcer para que ele passasse reto.
— O que está fazendo? – perguntou logo atrás de mim.
Virei com cautela. — Ah... Eu resolvi passar na casa de uma amiga.
— Ela mora aqui? – perguntou com ar divertido.
— Ah... é! – sorri amarelo.
Então ele sorriu daquele jeito assustador. — Impossível... – se aproximou mais de mim, se curvando.
Então apertei freneticamente a campainha, rezando para que quem morasse ali viesse me socorrer.
Mas de repente, ouvi barulho de chave, e quando abri meus olhos, ele estava destrancando a porta.
— Não vai sair? – perguntou sem paciência.
Dei licença, automaticamente, dando um passo para o lado. Então ele entrou e, sem hesitar, fechou a porta em seguida.
Sem chance... E-ele mora... Essa casa é dele?!
...
Ha. Ha, ha.
(pausa para recapitular como agi)
Ah, eu sou tão burra! É lógico que ele mora por perto! Por que ele me seguiria?
Isso... Foi bem vergonhoso -->chorosa


Érick


Aposto que pensou que eu a estava seguindo.
Ri comigo mesmo. Tinha sido um bom troco.
Depois que almocei, Sr. Brown veio com alguma dúvida sobre o computador de novo. Não sei qual a dificuldade em entender que não se deve abrir e-mails desconhecidos. Mas ele insistia em fazer isso, e lá estava eu, tentando resolver o problema, e explicando pela milionésima vez, que devia tomar cuidado, pois esses e-mails podiam trazer vírus.
— Ah, então até as máquinas ficam doentes...
Espero mesmo que esteja falando no sentindo figurado.
Voltei para casa, peguei minhas coisas e fui logo para a casa de Mia.
Como esperado, ela me atendeu novamente com uma roupa que mais parecia pijama, mas dessa vez usava um agasalho de um panda comendo bambu, e o cabelo preso no mesmo coque mal feito de ontem.
Já no quarto, vi a mesa cheia de papeis espalhados, a cama com o lençol e edredom embolados e o uniforme pendurado no encosto de uma das cadeiras. Por que ontem estava tudo tão arrumado? Passou algum furacão por aqui durante a noite?
Dei meia volta e comecei a descer as escadas.
— O-o que houve? Já vai embora?
Parei e me sentei no sofá. — Arrume aquele lixo que você chama de quarto e, quando estiver descente, começaremos a aula.
— Lixo? Ei, o que está dizendo?
— Só para você saber, não vou deixar de cobrar esse tempo do pagamento.
Aposto que pela a ausência da tia ela deixou aquele lugar uma baderna. E aonde estava essa tia afinal? É mesmo, ela era enfermeira, provavelmente tinha pego plantão.
Ela resmungou algumas coisas e subiu as escadas pisando duro. Depois do que pareceu uma eternidade, ela gritou de cima que estava tudo organizado, meio impaciente notei. Bem, comparado a antes, até que estava bem melhor.
Sentei-me e ela fez o mesmo, porém sentando-se a minha frente. Ela estava falando sério mesmo sobre contato físico.
Espera.
— Onde estão os papéis que estavam aqui?
— Que papéis?
— Aqueles que estavam espalhados por toda a mesa. Você fez exercícios? De qual matéria? Deixe-me dar uma olhada.
Encolhendo-se um pouco e desviando o olhar para o outro lado, disse em voz baixa que não eram exercícios.
— Eram o que então?
— Coisa minha.
Ora, sua pirralha...
— Pois não deveria estar fazendo nada além de estudar. Você tem um longo caminho pela frente para saber, pelo menos, um pouco. Anda logo e me entregue seu caderno, quero ver as anotações da aula que mandei fazer ontem.
— Sim! – ela disse com convicção – Copiei cada vírgula que o professor dizia.
Suspirei. — Você não sabe nem tomar nota de uma aula? Você é um gravador por acaso? Não copie tudo que o professor diz. Preste atenção e tente realmente entender o que ele está explicando, e aí sim voxê anota o que entendeu. Só assim virão as dúvidas.
Ela parecia frustrada, há pouco tempo estava tão orgulhosa de si mesma. Fazer o quê? Ela mesma me pediu para ser duro. Em poucos dias vai me implorar para ser bonzinho de novo.
Respirou fundo e endireitou a postura. — Entendi! – disse sem deixar escapar sua convicção de antes.
Com certeza essa garota é estranha.
Peguei o livro de biologia e, depois de dar uma explicação por cima, mandei que ela resolvesse o dobro de exercícios de ontem. Mas dessa vez, cronometrei o tempo.
— Não estou entendendo essa questão... O que isso...
— Por que está falando comigo? Na hora da prova acha que poderá perguntar para seu professor? Para algum colega do lado?
Ela negou com a cabeça de vagar, parecendo meio sem jeito. Mas de repente, escancarou os olhos, soltou um “Ah, ok” e levantou os polegares, aprovando o que eu estava fazendo. Depois voltou a resolver o resto dos exercícios.
Será que ela tinha um parafuso a menos?
Fui corrigir os exercícios e ela tinha conseguido errar 60% das questões. Isso era realmente incrível. Tentei explicar as questões que ela tinha errado, mas nas três primeiras, ela parecia longe.
— Você entendeu?
Ela fez cara de dor e colocou a mão na barriga. — Tô com fome... Acho que vou pegar algo para comer. – disse começando a se levantar.
Peguei seu braço e a puxei de volta para não sair da cadeira.
— Não vai a lugar nenhum. Concentre-se no que estou falando e, depois que responder essas questões corretamente, ai sim iremos comer.
Parecia horrorizada, mas concordou. Apoiou a bochecha na mão, com uma cara mau humorada, e disse para eu continuar.
Reclamou de fome mais algumas vezes, mas eu só a liberei depois que conseguiu acertar mais da metade das questões refeitas.
— Não vai comer? – perguntou ela quando fui em direção a porta.
— Não, quero ir para casa logo. Hoje foi bem cansativo. Prepare- se para vermos matemática amanhã.
— Matemática?
— Sim. – abri a porta eu mesmo – Já vou indo.
Estava satisfeito. Aposto que ela estava assustada o suficiente para pedir... não, para implorar pelo meu jeito de antes. Até porque, ser bajulador cansa, mas ser mau assim, também. Estou quebrado, faminto e acho que amanhã amanhecerei rouco. Falei demais hoje, mais que o normal.
Qual o problema dela entender de primeira? Ela só conseguia entender na décima vez que eu explicava. Amanhã sendo matemática não teria que falar tanto.


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