Método Único escrita por NathyGravonski


Capítulo 17
Capítulo 12




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Mia


— Melhore essa sua postura, vamos! Suas provas bimestrais começam dia 30 e hoje já é dia 23.
— Eu sei, eu sei...
Espera.
— Hoje é dia 23?
— É. E já são 18h.
23 de Março? Hoje?! Levantei a cabeça rapidamente.
— Ai, não!
— O que foi?
Levantei da cadeira num pulo, peguei meu casaco e desci as escadas correndo. Sensei veio atrás de mim, gritando para que esperasse, e se eu tinha enlouquecido de vez ao ponto de fugir assim de estudar.
Corri até a loja de suvenires mais próxima que tinha, mas eles fecharam a porta praticamente na minha cara.
— 5 minutos? – fiz com a mão.
A mulher disse não. Apontei 3, 1, mas ela só apontou para a plaquinha: FECHADO.
Sem perder mais tempo, fui para o outro lado.
— EI! PARADA AI!
Sensei me gritou tão alto que me fez realmente parar. Ele veio até mim.
— Por que essa maratona de repente? Ficou louca? Odeia matemática tanto assim?
SIM! Mas esse não é o caso agora.
Apoiei-me em cada ombro dele. — Hoje... é aniversário da titia!
— Você... – ele apertou os olhos e passou a mão no cabelo, voltando a olhar para mim – Esqueceu o aniversário da própria tia?
Neguei desesperadamente com a cabeça e apontei para o outro lado. — O presente...
As outras lojas também estavam fechadas. Fui às três mais afastadas e, pelo horário, só confirmei o que eu já sabia: tudo fechado!
Sentei-me na escada da última loja. Estava exausta e comecei a bater na minha cabeça. — Idiota, idiota, idiota!
— Ei, pare com isso! Fica ainda mais patética fazendo algo assim.
— Eu sou uma péssima sobrinha...(chorosa)
Ele sentou ao meu lado. Devia estar cansado também.
Como eu pude esquecer da titia...
— Sensei tem razão.
— Han?
— Eu sou mesmo um peixe...(chorosa)
Ele riu. — Que bom que notou.
Juntei os joelhos e apoiei a testa neles.
Ah, o que eu faço? E ele deveria negar e me apoiar, que tipo de Sensei ele é?
— Francamente... Use sua criatividade! Não tem outra forma de presentear sua tia não?
Outra...forma?
Levantei a cabeça dos joelhos. — Acho que tive uma ideia! – e levantei num pulo.
— Lá vamos nós de novo... – disse ele mal-humorado.
Fomos direto para o mercado. Faria uma jantar para ela! Só precisava achar sua carne preferida. Procurei no cardápio do açougue.
Carne X: 30, 00 U$
— 30?! – acho que falei alto demais, todos na fila me olharam assustados, até o açougueiro.
Ok. Não vai rolar.
— Segunda preferida... – corri o dedo pela tabela.
— Segunda? – perguntou Sensei, se abaixando para ver o quadro também.
Se não estivesse tão desesperada, teria ficado incomodada por ele estar tão perto agora.
— É, a primeira opção está cara. – continuei a procura – Aqui, achei.
Oh, nossa! Essas carnes têm ouro dentro ou o quê? Esse mercado é tão caro! — Tenho que arranjar um emprego...
Ah, o que eu faço? Agora não tenho mais ideia, não tem mais saída. Eu tenho que aceitar o fato de que sou a pior sobrinha de todos os tempos!
— Eu te empresto.
— Hein?
— Estou com o cartão aqui.
Cartão? Ah, é verdade, me esqueci que ele era de família rica.
— Mas não vou poder devolver quando chegar em casa. Talvez nem tão cedo...
— Estamos no mesmo colégio, você tem até o final do ano para me devolver.
Olhei desconfiada para ele. — Sem juros?
Ele pareceu surpreso. — Francamente... O que acha que eu sou, um doido avarento?
Coloquei as mãos para trás. — Desculpe... – dei um sorriso esticado e segurei em suas bochechas – Você é a pessoa “mais boa” que existe!
Sensei fechou os olhos por um tempo. Sabia que o tinha irritado.
— E você precisa estudar mais gramática. – haha, com certeza o irritei – A propósito, aquele seu sorriso é assustador também.
— Assustad-... Meu sorriso? Por que?!
Ele começou a pedir a carne por mim.
INCRÍVEL! Ele é realmente a melhor pessoa!


***


Sensei me ajudou a colocar as compras na mesa.
Ok. Preciso dar meu melhor.
Procurei a receita na internet.
— Isso parece complicado...
— Você pelo menos sabe cozinhar?
— Mais ou menos. – disse sem garça – Mas o que vale é a intensão né?
Ele suspirou e começou a arregaçar as mangas. — Está bem, eu vou te ajudar.
— Han? Sensei sabe cozinhar?
— Sim, eu moro sozinho lembra?
— Eu lembro, mas... (pensei que só comesse comidas prontas congeladas) Sensei é mesmo incrível...
Opa. Falei isso alto?
— Pare de falar e comece a se mexer.
— Yes, Sir!
Peguei um avental e comecei a procurar o extra.
— O que foi?
— Acho que está por aqui... Ah, achei. – e tirei ele da gaveta.
Desdobrei, me aproximando de Sensei, e coloquei a parte de cima, passando sua cabeça, como se pusesse um colar. Peguei as pontas do avental, e passei por entre seus braços. Foi aí que parei, percebendo que estava praticamente indo o abraçar. Ainda arqueada, e sem olhar para ele, dei a volta, até me deparar com suas costas e ai sim dei um laço.
— Você... Vai cortando a cebola e o alho. – mandou, sem se virar para mim, caminhando até a pia, e começou a mexer na carne já em cima da tábua.
Pouco tempo depois...
Snif. Snif.
— O que foi, se cortou?
— Cortar cebola é mesmo cruel.
— Mas é claro que vai arder, com essa lentidão...
Parou de cortar a carne, lavou as mãos e as enxugou. Veio direto na minha direção e colocou sua mão sobre a minha que segurava a faca. — Você tem que ser mais rápida, seus movimentos têm que ser mais ágeis... e...
Aaaaaah! Ele está tão perto!
Suas mão seguravam as minhas delicadamente, a voz grave dele perto do meu ouvido estava tão intensa, seu peito esquentava minha costas...
........SILÊNCIO.......
Ai, Meu Deus! Eu não escutei nada o que ele disse! Ele me perguntou alguma coisa? Por que ele está estático e calado também?
— Ah, ok, ok! – disse de repente e tão alto que acho que o assustei – E-eu entendi, obrigada!
Sensei se afastou e devagar voltou ao seu lugar de antes. Senti seus olhos em mim por um tempo, acho que para verificar se eu faria o certo dessa vez.


Érick


Isso me surpreendeu. Sempre me empolgo cozinhando, e quando percebi já estava colado nela.
Ai, meu ouvido... Ela é tão escandalosa.
Por um momento achei que ela tinha ficado nervosa quando a toquei. Eu...também fiquei.
Mas que merda é essa? Ela é só... Uma tonta!


Mia


Assim que terminei o macarrão, Sensei me pediu para jogar a cebola e o alho na panela da carne, mas pelo fato do alho em conserva estar soltando muita água, assim que o joguei, começou a espirrar óleo para todos os lados. Minha mão não teve chance.
— Ai, isso dói! – no susto eu caí no chão
— Você é idiota?! - veio depressa ao meu socorro.
Minha mão estava realmente ardendo, não era hora dele ficar bravo comigo!
— Tks! – ele estalou a boca e me levantou rápido, colocando minha mão embaixo da torneira.
Ah... bem melhor.
Sensei estava com uma expressão tão séria. Será que eu... — Eu derramei alguma coisa?
— E isso importa agora?
Han? Não importa? Então por que está com a testa franzida de novo?
Ele achou a pomada para queimaduras e começou a passar em mim, mesmo que eu tenha dito que podia fazer aquilo. Mas ai ele me chamou de enrolada e começou a passar ele mesmo.
Sensei suspirou. — Você tem que tomar mais cuidado quando está mexendo com panelas no fogo. – sua voz era serena agora, mas ainda continuava sério.
— De-desculpa...
Na verdade, eu nem sei porque estava me desculpando, mas ele estava com uma cara tão... Como se eu tivesse magoado seus sentimentos ou algo assim.
Deve ser isso. Claro que o magoei! Eu estava a observá-lo o tempo todo, era inevitável, e ele parecia tão leve... Dava para ver nitidamente que cozinhar era algo prazeroso para ele, algo que o relaxava... E eu arruinei esse momento.


Érick


Argh, eu fiz de novo... Ela está com aquela expressão de novo, como naquela noite no metrô. Não deveria ter ficado tão bravo...
Tentei falar gentilmente agora, mas ela pediu desculpas... de novo? É um estoque de desculpas, Meu Deus!
— Por que está se desculpando?
— Percebi que você curte esse momento de cozinhar e eu acabei o tumultuando.
Ela estava me observando? Desde quando?
— Sensei, era para estar saindo espuma da panela?
Han?
A CARNE! Droga. Espero que não tenha passado do ponto.
Experimentei e estava boa.
— Quero experimentar também.
— Certo – e entreguei-lhe uma carne espetada – Mas cuidado que está...
— QUENTE!
........ SEM COMENTÁRIOS.......


Mia


Tudo ficou pronto a tempo. Até Camila e David chegaram antes da titia. Graças ao Sensei! E ele também cuidou do meu ferimento. Acho que estou lhe devendo mais que o dinheiro da carne...
Quando titia chegou, corri para abraça-la, desejando toda a felicidade do mundo. David já conhecia titia muito bem e também a abraçou, já Camila a parabenizou com seu jeito sério de sempre, mas não tão formal quanto Sensei, achei graça disso. Mas fiquei chocada quando ele começou a pegar suas coisas para ir embora.
— O que acha que está fazendo? – rangi os dentes, tentando manter o sorriso.
— Sinto muito, mas eu tenho que-
— Não tem não. – o puxei pelo braço e o sentei na cadeira da mesa de jantar.
— Minha nossa, que mesa mais linda! – titia disse encantada.
— Ele que fez tudo! – apontei para o Sensei.
Ela colocou a mão no peito. — Muito obrigada, meninos. Mas não precisava se incomodar, querido.
Sensei parecia sem graça. — Não foi nada...
Titia estava feliz. Muito feliz...


***


Depois de comermos muito, David foi deixar Camila na estação por conta do horário. Titia apagou rapidinho. Era seu aniversário e mesmo assim teve que trabalhar tanto... Espero que hoje tenha sido especial de algum jeito. Sensei teve que leva-la para cama. Pedi mil desculpas por aquilo, mas no final ele achou graça por ela dormir tão rápido e tão pesado.
Acho que é coisa de família. Mamãe era do mesmo jeito e eu também.
— Eu te acompanho até sua casa.
— Não precisa.
— É? Mas é perigoso, já está tarde!
Me mandou um olhar significativo. — Por isso mesmo.
— Então... vou te ver indo até a esquina.
Ele riu. — Está bem, está bem. – e começou a andar com as mãos nos bolsos como de costume.
Eu queria lhe agradecer, mas só dizer “obrigada” parece ser tão pouco.
— Desculpa pelo incômodo, Sensei!
Ele já estava um pouco a frente, mas acho que ouviu, já que acenou com a mão, ainda de costas.
Mas não é isso que eu quero realmente dizer...
— Vou te pagar o mais rápido possível!
Um pouco mais longe, mais um aceno.
Saco. Como eu poderia lhe agradecer? Ele me ajudou tanto. O sorriso da titia... ele era o único responsável por aquele sorriso, pelo dia dela não ter passado em branco.
Ele já estava quase virando a esquina. Comecei a correr.
Que seja. Só palavras não bastam, mas por enquanto é melhor que nada.
Assim que o alcancei lhe abracei por trás.
— Muito, muito obrigada, Érick! Por tudo.
Ele ficou estático.
O soltei e, sem dizer uma palavra, ele continuou a andar.
— Vejo você amanhã!
Ele acenou mais uma vez e por fim sumiu na esquina.
Meu coração estava a mil.
....
Jesus! Tenho que sair do sedentarismo, só uma corridinha dessas e estou com o coração na boca?!


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