Prólogo

O rei Aegon caminhava a passos acelerados pela fortaleza de Maegor, ele ia em direção ao seu quarto, afinal um visitante ilustre o esperava. Ele tinha uma série de idéias em mente, ele estaria encontrando um amigo, mas sabia que não poderia demonstrar fraqueza em frente a ele.

Ele usava um gibão negro com o dragão Targaryen cosido no peito, sua capa era vermelha e o dragão que estava no meio era negro, suas botas de couro faziam um leve baque quando batiam no chão de pedra da fortaleza, o rei andava sempre em posição ereta, ele gostava de mostrar todo o esplendor de seu corpo. Em uma das mãos ele trazia uma maça, na outra tinha uma pequena adaga, a qual ele tirava pedaços da apetitosa fruta.

Sor Loras Tyrell, que tinha o seu rosto deformado por conta de uma armadilha em Pedra de Dragão, durante a guerra dos cinco reis, abriu a porta do quarto do rei e ficando em posição ereta, Aegon preferiu não olhar para o rapaz, que preferia usar seu elmo branco toda hora e sempre abaixava a viseira, pois simplesmente não tinha coragem de mostrar seu rosto horrendo para as pessoas.

Lá dentro, apenas um homem solitário estava na sacada do quarto, parecia observar Porto Real com as mãos para trás. Aegon entrou e retirou sua capa, que apesar de não ser pesada, incomodava o rei dragão.

— Chegou mais cedo do que eu esperava – disse Aegon, o homem então virou e mostrou-se ser o rei Trystane Martell, ele tinha uma pele morena e cabelos pretos e lisos, era baixo e um pouco magro, mas Aegon sabia que todos os dorneses eram assim.

— Não tivemos nenhum imprevisto, e os cavalos pareciam estar bem dispostos – disse Trystane com um sorriso no rosto, logo Aegon lhe deu um longo abraço.

— Estava com saudades de você meu amigo – disse o rei dragão, os laços de amizade dos dois era muito forte.

— Eu também – respondeu o dornês, os dois se separaram e Aegon o convidou para irem até a sacada, lá os dois se sentaram em poltronas e o rei dragão lhes serviu vinho da Árvore.

— Então, conseguiu acabar com os ataques dos piratas em sua costa? – perguntou Aegon, fitando Trystane com seus olhos violetas.

— Sim, mas perdi bons homens – respondeu Trystane, fitando o horizonte – a senhora Jynessa Blackmont perdeu dois filhos, um de dezoito e outro de dezesseis anos, agora lhe sobrou apenas seu filho Falt Blackmont de treze anos de idade e a pequena Lyra Blackmont, de dois anos de idade.

— Muito triste, eu gosto dos Blackmont, minha ama de leite me dizia que eles foram fundamentais na batalha final contra os caminhantes brancos, batalha a qual Perros Blackmont perdeu a vida – lamentou Aegon, afagando sua barba rala e prateada.

— Descobrimos o acampamento dos piratas na costa dornesa e ataquei com cavalaria, em torno de duzentos homens, a maioria deles escolhida a dedo por mim – contou o dornês, bebendo o bom vinho dos Redwyne – por fim, foi uma vitória fácil, mas perdemos duas dúzias de homens e tivemos mais dez feridos, aqueles desgraçados tinham arqueiros.

— Piratas nunca são fáceis de lidar, mas sabe de onde eles vieram? – perguntou o rei dragão.

— Ainda não, mas meus espiões desconfiam que eram de Pyke, o que faz sentido, porque a maioria eram homens barbados e com rosto fechado, muito provavelmente eram homens de ferro – confessou Trystane.

— Os Greyjoy realmente não sabem ser um reino independente, Victarion está velho e não consegue sequer andar com as próprias pernas, seus filhos não vêem a hora dele morrer para governarem Pyke – analisou o dragão, com uma careta de desaprovação.

— Realmente – disse Trystane – talvez os reinos mais estáveis sejam o Norte, a Campina o Vale e aqui.

— Talvez – disse Aegon pensativo.

— Mas, qual foi o motivo de você me convidar para esta conversa? – questionou o Martell.

— Bom – começou o Targaryen, se ajeitando melhor em sua poltrona, o dia estava nublado e com um clima agradável – lembra que você me prometeu que me ajudaria em tudo?

— Sim – confirmou Trystane, estranhando aquela conversa de Aegon.

— Então, não pretendo que minha vida seja esta monotonia sem graça alguma, quero ficar marcado na história, por ser o segundo a conquistar os reinos de Westeros e reunificá-los – disse Aegon, encarando o dornês com firmeza nos olhos.

— Imagino que queira que eu me alie a você e declare guerra contra o restante dos reinos – analisou Trystane.

— Sim, mas não estaremos sozinhos - disse Aegon – convidei Tyrion Lannister para vir a Porto Real com sua família.

— Acredito que Tyrion não se juntará tão facilmente a você – disse Trystane.

— Talvez, mas eu tenho muitas coisas a oferecer que Tyrion dificilmente recusará – argumentou o Targaryen – mas e você? Se juntará a mim Trys?

— Você sabe que sim – disse Trystane, batendo sua taça na de Aegon, os dois secaram elas logo em seguida.

— Mas você é filho de Daenerys Targaryen e de Jon Stark, antes conhecido como Jon Snow – disse o dornês, coçando os cabelos – você tem um pouco de sangue Stark, atacará o norte?

— Claro que atacarei – disse Aegon – eu não escolhi meu pai, quis o destino que fosse assim, mas odeio nortenhos tanto quanto odeio homens do vale e das terras fluviais.

— Vai ser uma guerra difícil – disse pensativo Trystane – afinal não temos dragões como seu antepassado Aegon possuía.

Aegon então levantou e pegou a jarra de vinho, encheu sua taça novamente e bebeu tudo em só gole. Em seguida, pegou sua maça comida e deu um chute nela, acertando incrivelmente a cabeça de um guarda que rondava a muralha da fortaleza, o mesmo ficou desnorteado.

— Repita isso – disse Aegon para Trystane

— Não temos dragões como seu antepassado Aegon possuía – repetiu Trystane, um pouco confuso com o que o Targaryen queria exatamente.

— Por hora meu caro amigo – disse Aegon, se escorando na sacada e observando Porto Real, uma leve brisa batia em seus cabelos prateados, os fazendo revoar com delicadeza – por hora.