Fruto da Estupidez Harperiana escrita por Lili Rosen
Notas iniciais do capítulo
Olá, pessoal!
Sofri um pequeno, mas doloroso acidente.
Tadinha da minha pobre mãozinha, ainda me arde pela queimadura.
Como tal, precisava descarregar a frustração em alguém, mas à falta de quem me quisesse aturar, tive de arranjar uma vítima que não se pudesse queixar ou fugir.
Espero que gostem desta pequena loucura.
Beta-Read: Clara
Fruto da Estupidez Harperiana
Owen era bem conhecido pelas suas atitudes bobas e aparvalhadas, pelo que não era de todo inusual que este ignorasse as advertências que os restantes membros de Torchwood lhe davam sistematicamente. Assim sendo, quando Toshiko analisava um estranho e misterioso artefacto de origem desconhecida, mas obviamente alienígena, ninguém se admirou quando este pegou na estatueta sem recorrer ao uso de luvas protetoras.
― Quantas vezes já te disse para teres cuidado, Owen? Não sabemos os efeitos que o artefacto pode ter sobre os seres humanos, pelo que não deverias tocá-lo com as mãos nuas ― ralhou a japonesa, sendo a sua sentença descartada por Owen-Eu-Sou-Melhor-Que-Vocês-E-Vocês-Sabem-Harper.
― Para quê tantas mariquices? Não passa nada, vês!?
O médico começou a examinar a estatueta que representava uma criatura, presumivelmente feminina, a julgar pelos seios avantajados, cuja parte superior do corpo era semelhante ao de uma mulher humana, mas com pele escamosa e no lugar onde deveriam estar um par de pernas encontrava-se um longa cauda que se enrolava sobre si mesma, formando a base que suportava o peso da escultura.
― Esta “coisa” é muito esquisita, já para não dizer que é feia… Nada de especial! Não vejo porque é que se preocupam tanto…
A equipa abandonou o Hub, sem se aperceber do brilho alaranjado que a estatueta originalmente amarelada emitia.
― Pagarás pelo desrespeito, macaco! ― ressoou uma cavernosa voz feminina nas instalações despejadas de quaisquer sinais de vida.
oOo
Na manhã seguinte, todos os membros da equipa se haviam apresentado a tempo e horas para o início de mais uma jornada laboral. Todos, menos o médico, claro. Os colegas de Owen Harper questionavam-se do motivo por detrás do seu inusual atraso.
― Owen nunca se atrasa. É pontual como um relógio!
― Gwen tem razão, Jack ― concordou Ianto, sendo secundado por Toshiko.
― Terá acontecido alguma coisa grave?
Toshiko tentou ligar para o telemóvel de Owen, mas este estava desligado e o telefone de casa dava sinal de ocupado. Temendo que a situação fosse mais grave do que esperavam, a equipa dirigiu-se ao apartamento do médico durante o decorrer da hora de almoço.
oOo
― Deixe a comida à porta! Já paguei por multibanco ― disse Owen do outro lado da porta.
― Somos nós, Owen! ― disse Gwen ― Está tudo bem?
― Sim! Tudo ok… Podem ir. Amanhã ou além regresso ao trabalho, agora mesmo tenho um… um assunto entre mãos. Quando estiver resolvido volto.
― Esquisito! ― murmurou a japonesa, apenas para os colegas, sem que Owen alcançasse escutá-la.
Jack desconfiado das circunstâncias inusitadas, pegou na arma e fez sinal de que iriam forçar a entrada, pois Owen poderia estar em perigo. Os subordinados do Capitão Harkness levaram as mãos às próprias armas e colocaram-se de cada um dos lados da porta. O imortal bateu com o pé na porta, derrubando-a e seguiu em frente, sem esperar pelos reforços.
― Mas o que…? ― A pergunta inacabada e o som de algo a partir foi a detonante para que os restantes membros entrassem, portando as suas armas prontos ao ataque para defender os valiosos membros daquela estranha e nada funcional equipa.
― Isso… Isso é o que eu penso? ― A questão de Gwen permaneceu sem resposta.
― Haaaaa!!… ― gritou Owen, ao sentir uma repentina dor no seu ventre.
― O que é que fazemos? O que é que fazemos? ― Nunca ninguém teria sequer imaginado que um dia veriam o grande Jack Harkness em completo pânico. ― Uma bacia! Sim, uma bacia com água quente… Gwen, arranja uma!… Mais… Mais… O que é que precisamos? ― O imortal parecia uma barata tonta. ― Ianto, toalhas! ― ordenou, enquanto ajudava o médico a chegar ao quarto e a deitar-se na cama. ― Toshiko, preciso da tua ajuda!
― Minha ajuda? Para quê?
― És mulher! ― sentenciou como se fosse óbvio ― Deves saber o que fazer numa ocasião como esta…
― Uma coisa não tem nada haver com a outra! ― exclamou a asiática indignada.
― Haaaaaa! Parem com as vossas tontarias e façam alguma coisa! ― gritou Owen totalmente fora de si ― Esta coisa quer matar-me… Haaa!
― Certo! Hmm… Temos de despi-lo!
― D-Desp-pi-lo?! ― O rosto de Toshiko atravessou uma diversidade exorbitante de tons, desde a mais pálida tonalidade rosada até atingir um vermelho escarlate extremamente vivido.
― De que outra forma poderemos fazer isto? ― interrogou o Capitão.
― Ok!
Entre ambos procederam a despir o homem. A japonesa demasiado envergonhada para observar a anatomia da sua crush, desviava os olhos sistematicamente, resultando num obstáculo para a execução da tarefa, uma vez que obstruía em vez de auxiliar o seu superior na sua auto-imposta missão.
― Pronto! E agora?
― Eu é que sei!? ― respondeu Jack.
― Foste tu que disseste para o despir… E agora?
― Já basta! Tragam-me alguém competente! ― gritou Owen com lágrimas escorrendo pelo seu rosto carmesim, pelo esforço de não gritar pela dor excruciante que o embargava ― Não acredito que vou dizer isto… Tragam-me a Martha Jones!
oOo
Após horas de dúvida, a equipa por fim assistiu Martha sair do quarto com um embrulho nos braços.
― É um menino ou menina… Não sei realmente! Tenho de realizar alguns testes, mas está em perfeito estado de saúde. Owen está a descansar. Tive de sedá-lo para a cesariana e ainda não despertou. O que a julgar… ― A mulher desceu os olhos encarando o pequeno e adormecido bebé. ― Talvez seja melhor. Devemos prepará-lo para a notícia…
oOo
Owen despertou, recebendo sorrisos de constrangimento por parte dos membros de Torchwood.
― O que foi?
― É um… uma… Ainda não sabes o género? ― questionou Gwen com um sorriso trémulo no rosto, fitando a Dra. Jones, que realizava alguns exames no infante.
― Terminei! É uma menina linda e saudável. Considerando as circunstâncias da gestação e do parto… É um perfeito exemplar da espécie…
― Espécie? ― perguntou Owen desconfiado ― Quero vê-la! O que é que me estão a esconder?
Os colegas do papá afastaram-se, dando espaço a Martha, que se aproximou com um pequeno vulto. Esta destapou a cabecita…
― Desmaiou! ― exclamou Jack.
― Era de prever… Não te recordas do que disse sobre o artefacto? Imagina ver uma cria ao vivo e a cores! ― exclamou Ianto.
― Oh! Mas é uma coisinha tão fofa! ― exclamaram as mulheres, admirando a cabecinha coberta por pequenas e brilhantes escamas amareladas com reflexos dourados.
oOo
No Hub, a voz cavernosa fez novamente ato de presença.
― Bem-vinda, minha filha! Princesa Ethelinda…
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