Emily Scott – 02/02/2017

Hoje é o dia 02 de Fevereiro de 2017, mais precisamente, o primeiro dia de aula na escola Manhattan High School – Intensive Learning. Já era 09:20 h. Eu já deveria estar acordada – Na verdade estava – e tomando um bom banho, mas decidi que não iria no primeiro dia de aula. Estaria tudo perfeito se não fosse esse maldito celular apitando a cada 1 minuto. Quem é o maluco que manda mensagem as 09:20 h? Peguei o aparelho e desbloqueei a tela, vendo que eram mensagens da minha melhor amiga, Alicia.

Alicia(BFF) – 9h21.

Acorda.

Acorda.

Acordaaaaaaa.

Emily – 9h24.

Vc se lembra que posso quebrar

seu pescoço, né?

Pq eu estou pensando nisso… SERIAMENTE.

EU JÁ FALEI QUE NÃO IA NO

PRIMEIRO DIA DE AULA! Que saco!

Alicia(BFF) – 9h25.

E você se lembra que posso fazer

um feitiço que faz cair teu cabelo,

né?

Vc vai pra aula sim.

Para de drama. Vai poder

encontrar o namorado ( ͡° ͜ʖ ͡°)

Emily – 9h26.

Tá bom!

Saco -_-

Respondi Alicia e que com muito – muito mesmo – custo fui para o banheiro tomar um banho.

Meus banhos nunca foram demorados, não tem muito o que fazer dentro do box. Me ensaboei, passei shampoo no meu cabelo, condicionador e todas as outras coisas para deixar meu cabelo do jeito que deve sempre estar: Lindo!

Saí do banheiro e escolhi uma roupa normal para o primeiro dia de aula. Uma camisa regata vermelha com um desenho de dragão, uma saia xadrez azul e preta que ficava um palmo para cima do joelho, um mini colete sem mangas de couro branco, e claro, meu clássico All Star preto. Deixei tudo em cima da cama e fui para a tarefa mais chara, secar meu cabelo. Graças a Deus existem secadores. Cinco minutos depois, já havia secado meu cabelo e me vestido. Como ainda faltava uma hora e meia pra ir pra escola, decidi conversar mais um pouco com Alicia.

Emily – 10h30.

Já saí do banho!

Como foram os treinos? Já

aprendeu a voar? *u*

Alicia é uma bruxa, ou feiticeira, como ela mesma gosta de chamar.

Alicia(BFF) – 10h31.

Eu sou uma bruxa, não uma fada…

Mas aprendi a levitar, só que gasta

muita energia ;-;

é um saco. Queria tanto ajudar nas

patrulhas ♥

Emily – 10h33.

Já conversamos sobre isso.

Vc não vai nas patrulhas

enquanto não aprender a

controlar seus poderes.

Alicia(BFF) – 10h36.

Nossa, vocês são chatos demais -_-

Emily – 10h37.

Se querer manter minha amiga

viva, é ser chata, então eu sou mesmo.

Alicia(BFF) – 10h39

Já entendi -_-

Posso pelo menos te ajudar a

treinar?

Aprendi a fazer umas poções que

podem ser usadas como granadas

de luz solar. Ajudaria muito xD

Emily – 10h41.

Ok, pode me ajudar a treinar.

Mas não vai fazer mais nada além disso!

Preciso ir, vou tomar café e te encontro na escola. Bjs!

Alicia(BFF) – 10h45.

Ok! Nos vemos lá. Bjs!

Depois de conversar com Alicia, resolvi ir tomar café da manhã. É a refeição mais importante do dia, e eu preciso me alimentar muito bem.

Saí do meu quarto e quando ia descer as escadas, acabei parando e pensando.

“Vamos lá, tenta. Ele também vai estudar com você, talvez esse ano seja mais fácil. Tudo bem, vamos. O máximo que pode acontecer é ele fechar a porta na sua cara, como já fez milhões de vezes”

Depois de ficar um minuto pensando, resolvi agir. Fui em direção a porta do meu irmão adotivo. Batei três vezes e esperei ele atender… E ele atendeu… E ainda não a fechou na minha cara, então é um avanço.

— Oi, Luke. – Sorri. – Vim saber se você quer ir comigo para a aula… – Perguntei fitando o chão.

— Não vou no primeiro dia de aula. Pensei que você também não iria. – Falou.

— É, eu não ia, mas a Alicia começou a me encher o saco, então não tive escolha. Sabe como ela é, né? – Falei sorrindo. – Tem certeza que não quer ir? – Perguntei.

— Tenho. – Falou e fechou a porta na minha cara. Dois segundos depois abriu a porta de novo. – Fala pra eles que não vou tomar café agora, depois eu me viro. – Disse e fechou a porta de novo.

— Tá… – Falei olhando para a porta.

Luke foi adotado a dois anos. Quando criança, ele foi vendido para vampiros pelos próprios pais. Os vampiros se alimentavam dele, deixando sempre um pouco de sangue para que não morresse. Nunca o transformaram. Depois de anos vivendo com aqueles vampiros, ele conseguiu fugir, correu muito até achar um hospital. Ele correu tanto que quando foram vê-lo, o mesmo estava com os pés sangrando. Minha mãe é médica, então ela o atendeu. Ele tinha tanto medo, que atacava qualquer um que chegasse perto. Mas minha mãe sempre teve um dom para lidar com crianças e adolescentes. Ela conquistou um pouco da confiança dele. Depois de alguns dias internado, ele contou o que havia acontecido. Minha mãe acreditou em tudo, afinal ela sempre soube da existência de vampiros e outros demônios. Ela cuidou muito bem dele, e com uma certa relutância, conseguiu convencê-lo de deixar-se ser adotado por meus pais. Por causa do trauma, é difícil conseguir a confiança dele, mesmo em dois anos convivendo juntos, ele ainda não se abre muito. Não o culpo, se tivesse passado metade do que ele passou, tenho certeza que estaria pior do que ele. O considero um sobrevivente, e não importa quantas vezes ele bata a porta na minha cara, não desistirei dele.

Depois ter a porta batida na cara, resolvi ir tomar meu café da manhã. Desci as escadas e percebi que meus pais já estavam sentados a mesa.

— Bom dia. – Falei puxando uma cadeira.

— Bom dia, querida. – Mamãe falou sorrindo. – Pensei que não iria a aula hoje.

— Uma palavra, e começa com A. – Falei colocando uma panqueca em meu prato.

— Alicia. – Papai disse sorrindo. – Ninguém aguenta ir contra ela. – Falou bebendo um gole de seu café.

— E eu não sei? Ela tem me perturbado bastante. Vive insistindo que está pronta para a patrulha, mas ainda tenho medo que ela possa se machucar. – Falei antes de levar um pedaço de panqueca a boca.

— Bom, Edward tem me dito que ela tem avançado bastante nos treinos. Tecnicamente ela já poderia ir para a patrulha com você, mas ele também tem um pouco de medo. – Papai falou me fitando.

— E eu adoraria uma ajuda. Tem aparecido bastante vampiros nesses últimos meses. – Falei bebendo um gole de suco. – Tá parecendo epidemia.

— Realmente. O conselho tem entrado em contato conosco avisando do aumento vampírico. Os números têm subido demais, mas as caçadoras estão conseguindo dar conta. – Papai falou terminando seu café.

— E o trabalho mamãe? Tem aparecido muitas vítimas? – Perguntei.

— Olha, tem diminuído bastante também. Mas sempre tem um ou outro que aparece. Pelo menos não tem aparecido nenhum que tenha bebido do sangue de quem o mordeu. Isso já é um ponto a nosso favor. – Respondeu.

— Isso é ótimo! – Falei animada. – Assim as patrulhas não precisam ir até tarde. Tenho voltado muito cansada. A fome então… Eu comeria até um leão. – Falei pegando uma segunda panqueca.

— Estou vendo. – Minha mãe falou sorrindo. – Só cuidado para não engordar. Não quer ser uma Caçadora obesa, não é mesmo? – Perguntou.

— Ha, ha! – Ri sarcástica.

— Vai de carro no seu primeiro dia? – Meu pai perguntou.

— Claro! Não ganhei um carro pra ficar de enfeite. – Falei terminando a panqueca.

— Será que Luke vai demorar pra descer? – Mamãe perguntou olhando para a escada.

— Ah, me esqueci de avisar. Ele disse não viria tomar café. Falou que depois se virava. – Falei fitando seu olhar triste. – Calma, mãe. Uma hora ou outra ele se abre mais.

— Eu sei, é que já faz dois anos… Mas não posso culpá-lo, ele sofreu muito. É difícil confiar nas pessoas de novo.

Eu já havia comido quatro panquecas. Peguei meu celular e vi as horas. Me espantei, já estava devia ter partido a vinte minutos. Beijei meus pais, fui até meu quarto pegar meu material, depois parei na porta do quarto de Luke e bati duas vezes.

— Até mais tarde, Luke. – Falei para a porta, mas sabia que ele estava ouvindo.

Desci as escadas correndo. Cheguei na garagem e entrei em meu Camaro, saí e deixei a porta da garagem aberta, pois sabia que meus pais ainda sairiam. E enfim, fui ao meu primeiro dia do último ano.

~ o ~

Em meia hora eu já estava deixando meu caro no estacionamento da escola. Graças a Deus não peguei transito. Fui andando no meio daquela multidão de alunos. Era estranho ver tudo isso no primeiro dia. Fui andando mais um pouco até achar quem eu queria, corri até ela e a abracei forte.

— Ah, que saudade de você, tampinha. – Falei a apertando.

— Ai! Calma aí, Caçadora. Você tem superforça, eu não. – Alicia falou tentando sair do abraço.

— Ah, desculpa se eu estava com saudades da minha melhor amiga. – Falei a soltando e fingindo indignação.

— Nossa, como é dramática. – Falou me beliscando. – Eu também estava com saudade. – Falou me abraçando de novo.

— Bom mesmo. – Falei.

— Olha só. – Alicia disse me mostrando suas unhas. – Linda essa cor, não?

— Gente, que linda. Me empresta esse esmalte. – Falei impressionada.

— Ah, sinto muito mas não posso. É uma coisa só minha, sabe. – Disse me mostrando as unhas de novo, só que dessa vez elas estavam mudando de cor.

— Você tá treinando pra pode me ajudar, ou só pra ficar pintando a unha quando bem quiser? – Perguntei arqueando uma sobrancelha.

— Ah, não posso usar meus poderes pra me beneficiar um pouco? – Perguntou com uma carinha triste.

— Pode… Mas só se pintar a minha de lilás – Falei levantando as mãos com um sorriso.

— Interesseira. – Falou passando suas mãos por cima da minha. – Pronto.

— Ah! Ficou lindo… – Falei e depois ouvimos o sinal.

— Hora de ir, Caçadora! – Alicia falou batendo continência.

— Vamos logo! – Falei a puxando pelo braço.

~ o ~

Fomos para todas as aulas, e nem os professores faltaram. O pior foi que das sete aulas que tivemos, cinco professores passaram trabalhos logo no primeiro dia de aula. Como nenhuma de nós tinha os livros que precisávamos, resolvemos ficar na biblioteca da escola e já adiantar a metade dos trabalhos. Já passava das 19;00h. E ainda tínhamos feito só metade dos trabalhos. Resolvemos pegar nossas coisas para irmos para casa.

— Me dá uma carona? – Alicia perguntou juntando suas coisas.

— Claro! Ou você poderia dormir em casa. – Falei já com meu material em mãos.

— No carro eu converso com meus pais. Vamos. – Disse indo na frente.

Estávamos caminhando pelos corredores da escola até que ouvimos um barulho de janela sendo quebrada.

— Você ouviu isso? – Alicia perguntou assustada.

— Sim. Vem, me segue. – Falei a puxando pelo braço.

Fomos até uma das salas de aula e bloqueamos a passagem com um armário que tinha na sala.

— Você fica aqui. Se escutar algum barulho, é para se esconder. – Falei abrindo minha mochila e retirando uma Besta da mesma. – Se ver alguém que não seja eu, corra. Não faça nada além de correr. – Falei.

— Mas eu posso ajudar. Eu estou pronta. – Falou fazendo bico.

— Ali, isso nós vamos decidir em um duelo entre nós duas. Mas isso, se conseguirmos sair vivas dessa. Então me obedeça. – Falei indo em direção a segunda porta da sala. – Feche essa porta quando eu sair.

— Tudo bem… Boa sorte. E volte viva. – Falou me abraçando.

Depois de deixar Alicia segura na sala, fui pelo corredor com a Besta em mãos, também peguei algumas facas, e duas estacas. Ouvi um barulho vindo do refeitório, fui até lá e não achei ninguém. Quando menos esperava, ouvi o grito de Alicia, quando ia me virar para voltar para sala, me vi de frente com um Vampiro de dois metros de altura com um sorriso sádico no rosto.

— Olá, Caçadora… – Falou me fitando. – Sinto muito, mas sua amiga já está acompanhada. Que tal fazer companhia comigo? – Disse botando as presas de fora e transfigurando o rosto.

— Ótimo primeiro dia de aula. – Falei andando para trás.

Continua...