Sombras do Futuro - Final escrita por Cary Monteiro


Capítulo 1
A outra Mônica




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— Pindarolas! Estou atrasado para a escola! - Cebola saía correndo na rua, uma torrada na boca. - Só espero que o Licurgo não invente nenhum teste surpresa e-

         Um clarão irradiou a estrada um pouco mais a frente de onde Cebola deveria passar. Ele parou abruptamente no mesmo instante, um misto de curiosidade e medo correndo por suas veias. Quando o clarão diminuiu, uma silhueta humana foi se formando no lugar. Cebola abaixou lentamente as mãos que o defendia da claridade, observou a luz por um instante e arregalou os olhos descrente do que via. Era a Mônica numa roupa de amazona e um semblante seríssimo.

    - Mônica?! Por que você está vestida assim? Quer dizer, nada contra, tá parecendo até a Moça-maravilha, mas… Tem alguma peça teatral rolando no colégio que eu não estou sabendo?

          A garota que até então não havia identificado a presença de Cebola finalmente percebeu que o mesmo falava com ela e virou-se para encará-lo. Ela nada disse e sua feição tornou-se mais amedrontadora. Cebola suou frio. Ele já tinha visto a Mônica com cara de raiva um milhão de vezes, mas aquela feição era diferente e o pior de tudo é que isto o paralisava.

         Mônica andou calmamente na direção dele, mas o máximo que Cebola pode fazer foi dar um passo para trás. Ele percebeu que ela trazia consigo um longo bastão e o girava no ar com a destreza de um mestre. Desde quando Mônica sabia fazer isso?

    - Fique parado e talvez isso não doa tanto. - Ela sussurrou e parou de girar o bastão, preparado-o para um ataque frontal. Cebola sentiu uma gota de suor descer até seu pescoço. Ele queria correr, mas não conseguia. Toda aquela aura de terror lhe dizia que ele estava em perigo, mas se mantinha estático. Aquela definitivamente não era a Mônica.

    - O que não vai doer tan-

              Cebola tentou dizer antes de ser atingido por uma dor dilacerante na têmpora. Tudo ficou escuro.

        No colégio, as aulas com o professor Licurgo já haviam dado início. Mônica observou a carteira vazia do Cebola um pouco preocupada. Cebola não costumava atrasar tanto, mas ela não queria pensar o pior.

    - Hora do teste surpresa! - Licurgo gritou alegremente para a turma que por sua vez o respondeu com um grito de queixa em uníssono. - Como fazem isso? Bem, de qualquer forma, espero que todos estejam afiados com astronomia, porque é o que vai cair! Salsinha, qual a massa da estrela HD 152079?! - Licurgo perguntou enquanto apontava para a carteira vazia de Cebola. - Oh, ele não veio? Que sorte a dele… Xaveco, responda!

          Xaveco estremeceu em ser chamado e começou a balbuciar. Algumas carteiras na frente, Mônica, Magali e Cascão se entreolharam desconfiados.

    - Galera, o Cebola não retorna minhas ligações. - Cascão comentou.

    - Tentou ligar pra casa dele? - Magali perguntou preocupada.

    - Sim, a dona Cebola disse que ele saiu de casa para vir pro colégio tem um tempinho já.

    - Isso é muito estranho, será que algo aconteceu no caminho? - Mônica perguntou-se intrigada.

    - De qualquer forma só poderemos sair daqui e procurar por ele no intervalo. O Licurgo hoje está agitado, bem mais que o normal. - Magali comentou. O professor ainda chamava outros alunos e os fazia perguntas sem noção quando percebeu os três alunos que conversavam um pouco mais a frente.

    - Magali! O que aconteceria se aparecesse uma versão sua do futuro aqui no seu presente momento e te tocasse?!

          Magali levou um susto em ser chamada e tremeu.

    - Uh, eu não sei… Nada?

    - Exato, queridinha. Absolutamente nada! Cento e vinte e um pontos para você!

    - Puxa, obrigada profs, mas por que não aconteceria nada?

    - Pergunta boa essa, eu deveria usá-la com outro aluno, mas vou ser bonzinho e respondê-la eu mesmo. - Licurgo disse. A sala inteira deu aquele sonoro suspiro de alívio. - Se acontecesse de você esbarrar com alguém do seu futuro no seu dado presente, nada aconteceria porque esta pessoa é você, mas não é mais você!

    - Isto é um tanto confuso… - Magali falou, receosa.

    - Que loucura! - Cascão respondeu, surpreso.

    - Eu não sou louco! Digo… Não é loucura nenhuma. É ciência!

    - Pensei que ciências fosse com o professor Rubens… - Mônica comentou, cética.

    - Quieta, vou explicar! O universo está em constante movimento e nada se mantém no mesmo local de início. Desde que eu comecei a dizer isto, já nos movemos no espaço mais de três mil quilômetros. - A turma parecia toda entretida com o que Licurgo dizia, bem como ele queria. - Toda vez que tomamos ou deixamos de tomar uma grande decisão na vida, o universo cria uma ramificação de si mesmo, um universo paralelo onde, por exemplo, o Salsinha teria chegado na hora e levado zero na prova.

    - Professor! Não fale assim do Cebola, pode ter acontecido algo no caminho para ele não estar aqui! - Mônica queixou-se, irritada.

    - Não importa, ele continua com zero. - Ele respondeu sem pestanejar. Mônica voltou ao seu assento de braços cruzados e bufando baixo.                

       Quando o sinal do intervalo finalmente bateu, Mônica saiu da sala tão rápido quanto um foguete. Magali e Cascão precisaram acelerar o passo para se manterem próximos da morena.

    - Vou procurar por ele, gente. Tenho o pressentimento ruim que algo sério está acontecendo! - Mônica comentou.

    - Tudo bem, amiga, vamos com você.

    - É! Também estamos preocupados com o Cebola. Não é dele sumir assim do nada…

    - Vamos refazer os passos até a casa dele, talvez encontraremos alguma pista! - Mônica explicou, olhando para os amigos enquanto corria e batendo de cara com o que ela achou ser uma parede.

    - Isso não será necessário. - Uma voz estrondosa disse. Magali e Cascão estremeceram o ver o grande vulto a frente deles. Mônica balançava a cabeça e se recuperava da batida. Quando olhou pra cima procurando o dono daquela voz, viu um elefante verde, andando como um humano.


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Notas finais do capítulo

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