Recebi sua ligação hoje.

Foi algo inesperado, obviamente. Você não me ligava desde fevereiro, e eu sentia tanta falta da sua voz, mas nunca percebi isso; pelo menos, não até hoje. Não até escutar ela novamente, mesmo que tenha sido por telefone, e por alguns minutos antes de você perceber que tinha sido engano. Como sempre era antes daquela noite de fevereiro.

Eu lembro de poucos detalhes daquela noite, para ser completamente honesta. Me lembro de gritar e das duzentas borboletas que voaram no meu estomâgo e saíram pela minha boca antes de você ir embora, mas elas voltaram assim que eu mandei a primeira mensagem. Hoje também percebi o quanto sentia falta das suas mensagens, das palavras com gosto de chá com mel que me faziam responder rápido e sorrir quando o celular vibrava.

Você era minha notificação favorita. Era uma notificação além do celular, daquelas que tocam o coração. Era a vibração de quando seu olhar cruzava com o meu por mais de três segundos, e o alarme que me fazia acordar apenas para ter a chance de te encontrar em alguma esquina. Mas eu te coloquei no silencioso sem querer, e você não lutou para sair daquilo; ao invés disso, você trocou de alarme.

Mas lembrei também que esqueci de perguntar algo quando a ligação acabou.

Eu era sua notificação favorita também?