Sydney Opera House escrita por Luali Carter


Capítulo 1
Capítulo 1 - Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Acho que tudo que eu precisava falar já está nas notas da história.
Só irei acrescentar... Escrevo uma fanfic com o Luke aqui no site, se estiverem interessados, o link estará nas notas finais.



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Eu sei que pareço uma turista louca em pé aqui, na frente desse monumento, mas eu não passo de uma estudante fazendo o trabalho da faculdade. O meu professor de design fez meu curso de arquitetura valer a pena.

Uma curva aqui, outra ali e meu esboço do exterior do Sydney Opera House está quase pronto. Esse anfiteatro é uma obra de arte de um gênio chamado Utzon. E eu sou realmente apaixonada por todos os detalhes desse espaço.

Tento traçar mais algumas linhas da parte superior da construção, o sol da manhã banhando meu rosto. Uma dor repentina atinge meu braço. Quem foi o estúpido que esbarrou em mim?!

Olho para frente e vejo um ser humano loiro, magro e de pernas compridas correndo e adentrando pela porta da frente.  E o otário nem se desculpou! Cadê a educação?

Viro-me para meu esboço completamente destruído e jogado no chão. Não posso acreditar! Ele é realmente um estúpido!

 - QUE ÓDIO! – grito para o vento, pois o alvo das maldições na minha cabeça já havia desaparecido.  – Está tudo estragado! VOCÊ SABE QUANTO TEMPO EU PASSEI DESENHANDO ISSO?

Seguro as lágrimas que ameaçam cair de meus olhos e me empenho em refazer todo o trabalho. E mais uma hora de curvas e traços se estende, juntamente com o sol da primavera que aquecia minha pele cada vez mais conforme a tarde ia se aproximando.

Finalmente termino meu desenho e, apenas para garantir, saco minha câmera fotográfica e tiro uma foto da fachada. Junto meus materiais e parto para o saguão de entrada. Todas essas janelas de vidro, permitindo a luz solar iluminar o salão. Mesas pequenas e altas com dois banquinhos altos perto da Cafeteria. E ali sentado, está um rapaz de cabelos verde alface, olhando contemplativo o lado de fora e bebendo refrigerante no canudinho.

Vou até o balcão de pedidos e peço um chá gelado, olho em volta e todas as mesas estão ocupadas. Apenas o banco na frente do garoto de cabelo verde está vazio. Aproximo-me e conforme o faço, percebo que ele não me é estranho.

 - Com licença? – anuncio-me e o garoto pálido me olha assustado. – Desculpa. – sorrio sem graça. – Posso me sentar aqui? Os outros lugares estão ocupados.

 - Tudo bem. E estou quase terminando. – ele sorri tranquilamente.

 - Não tem problemas. – sento-me de frente para ele e volto meu olhar para a vidraça ao nosso lado, em seguida volto meu olhar para ele. O rapaz se vestia praticamente todo de preto, com exceção da estampa do Green Day em sua camiseta. Até o piercing em sua sobrancelha era preto. – Por acaso eu já te vi em algum lugar? Você não me é estranho.

 - Eu acho que nunca nos encontramos. – ele sorri desculpando-se.

 - Ah! – dou de ombros, deve apenas ser impressão minha. – Sou Mary! – estendo minha mão para ele.

 - Michael. – ele aperta minha mão. – É um prazer.

 - Igualmente. – então o assunto encerra e volto meu olhar para fora mais uma vez e bebo um pouco do meu chá. – A propósito, ótima banda, hein?

 - O quê? – ele me olha meio surpreso.

 - Green Day. Eu adoro as músicas deles. – aponto a camisa que ele vestia.

 - Ah, sim! Eu também gosto muito. Eu e meus amigos nos inspiramos um pouco no estilo deles. – ele dá de ombros.

 - Você toca? – surpreendo-me.

 - Guitarra. – ele sorri orgulhoso.

 - Uau! E o que faz aqui? – pergunto mostrando o ambiente que estávamos.

 - Tentando me inspirar e descansar. – ele responde calmamente.

 - Entendi. – encolho meus ombros pensando que posso estar atrapalhando. – Não quero incomodar.

 - Não está. É bom conhecer pessoas novas. – ele sorri tranquilizante. – E você? O que faz aqui? – Ele repetiu meu gesto.

 - Trabalho da faculdade. – eu olho ao redor ainda admirada pela beleza do lugar.

 - Faculdade? – ele ergue as sobrancelhas de maneira fofa.

 - Estudo arquitetura na Universidade de Sydney. – e eu sei que meus olhos estão brilhando de orgulho.

 - Que incrível! – ele olha para mim, mas em seguida olha a tela do celular e arregala os olhos. – Olha a hora! Está na hora do ensaio! Desculpa, Mary. Tenho que ir.

 - Sem problemas. – sorrio para ele. – Foi muito bom conhecer você, Michael.

 - Obrigado pela companhia, Mary. Nos vemos por aí. – ele sai correndo e acenando para mim e eu aceno de volta.

Continuo ali e aproveito para tirar algumas fotos do interior do Opera House. É tão incrível! Passo mais alguns minutos bebericando meu chá e decido ir ao banheiro antes de continuar meu trabalho.

Sigo as plaquinhas que indicam o caminho. E assim que abro a porta, deparo-me com a situação mais estranha e engraçada da face da Terra. Um garoto alto, vestindo calça skinny preta rasgada, camisa branca, bandana vermelha. E segurando um pacote de absorventes por cima da porta da cabine. Não me seguro e solto uma gargalhada alta.

 - Opa! Fui pego! – ele solta os absorventes e ergue os braços se rendendo.

 - O que foi isso, Ashton Irwin? – uma voz feminina soa dentro da cabine.

 - Chegou alguém aqui, baby. – ele se apressa em explicar.

 - Espero que não tenha problema por estar ajudando sua belíssima namorada com uma pequena emergência. – a garota tinha uma voz meiga e levemente preocupada.

 - Não se preocupem. Eu não conto pra ninguém. – sorrio para o garoto a minha frente. Ele parece familiar. Essas covinhas nas bochechas e o cabelo loiro escuro e ondulado.

Balanço a cabeça e vou até as pias e lavo as mãos. O garoto continua parado, esperando a namorada sair da cabine e me encarando curioso.

 - Posso ajudar com alguma coisa? – pergunto quase incomodada.

 - Não é nada. – ele se aproxima e estende a mão para mim. – Sou Ashton.

 - Eu sou a Mary? – respondo meio confusa.

 - Ash, você trouxe o remédio que eu pedi também. – a garota sai da cabine fazendo massagem no ventre.

 - Claro que sim, Lexi. – ele mostra a sacola para a garota e beija a testa dela.

 - Olá, eu sou Alexia. A namorada dessa coisa fofa aqui. – ela aperta as bochechas de Ashton e estende sua mão para mim.

 - Mary. – devolvo o aperto. – Tenho que ir. Preciso terminar meus esboços.

 - Foi um prazer te conhecer e obrigada por não falar pra ninguém do grandão aqui no banheiro feminino. – ela pisca para mim.

 - Sem problemas. Até mais. – aceno e saio do banheiro. E assim que alcanço a porta juro que o ouço rindo para a garota e dizendo algo como: “Ela não me reconheceu, Lexi.”.

Ignoro a sensação de que eu deveria saber quem eram aquelas pessoas e traço meu caminho até as portas do palco principal. Mas paro nas portas duplas. Um aviso de todo o tamanho anunciando um ensaio fechado estava colado na madeira.

Olho ao redor e reparo, por todos os lados, cartazes anunciando um show. 5 Seconds of Summer. Esse nome não me é estranho...

Como consigo reparar em cada detalhe desse lugar e não vejo os anúncios que diziam que eu não poderia visitar o palco principal?

Decepcionada, viro-me para a saída, já calculando quantos dias eu ainda para entregar o trabalho finalizado. Eu ainda tinha seis dias para terminá-lo. E eu sacrificaria minhas horas de estudo para a prova de Cálculo, mas terminaria esse desenho nem que minha vida dependesse disso.

Distraída, colido com alguém. Olho para cima para pedir desculpa e um moreno, alto, de olhos puxados me encara por debaixo do boné preto, que combinava perfeitamente com todo o resto de suas roupas.

 - Me desculpa! – pedimos ao mesmo tempo.

 - Não tem problema. – respondi. – Eu estava distraída.

 - Eu estou atrasado para o ensaio. – ele disse sorrindo e desviando de mim.

 - Ah! Você é integrante dessa banda? – ergo uma sobrancelha e analiso cuidadosamente seu rosto.

 - Sim. Sou o baixista. – ele sorri orgulhoso.

E como uma luz, todos aqueles rostos familiares do meu dia tomam forma e passam a fazer sentido. Primeiro Michael, depois Ashton e agora esse moreno. Ainda falta mais um, o loiro. Qual é o nome deles mesmo?

 - Calum! – alguém o chama atrás de mim. Sigo a voz com o olhar e vejo os cabelos verdes de Michael. – Mary?

 - Vocês se conhecem? – o moreno olhou do Cabeça de Alface para mim.

 - Não muito. – eu falo antes de qualquer um. – Acabamos de nos conhecer na Cafeteria.

 - Cal, essa é a Mary. Mary, esse é o Calum. – ele nos apresenta.

 - Prazer. – estendo minha mão para o moreno que abre um sorriso gigante.

 - Mary? – Ashton também se aproxima junto com a namorada. – Está tudo bem aqui?

 - Ah, claro! – eu dou de ombros. – Eu já estava indo embora.

 - Conseguiu terminar seu trabalho? – Michael pergunta.

 - Não. Terei que voltar outro dia. Não posso entrar na sala de apresentação. Está tendo ensaio de uma banda. – olho acusatoriamente para o guitarrista.

 - Você realmente não nos reconheceu? Ou nunca ouviu nossas músicas? Ou estava apenas fingindo não nos conhecer? – ele devolve o olhar acusatório, mas trás um pouco de dúvida nas suas palavras.

 - Eu gosto de algumas das suas músicas. Mas sou péssima fisionomista e devo ter visto fotos suas apenas um par de vezes, portanto não me recordei de vocês mesmo, até ver o bochechudo ali. – explico calmamente.

 - Não estamos acostumados com isso. – Ashton diz desconfortavelmente. – Desculpa.

 - Não tem porque se desculpar. – sorrio delicadamente. – Mas agora tenho que ir e vocês também.

 - Por que não assiste ao ensaio e termina seu desenho? – Calum oferece.

 - Não gostaria de incomodar ninguém. – recuso hesitante, seria muito bom terminar esse trabalho hoje.

 - Não seria nenhum incômodo. – Ashton nega.

 - E seria ótimo ter uma companhia enquanto eles estão entretidos com a música. – Alexia engancha o braço no meu e me puxa para dentro da sala de teatro sem me dar tempo de sequer recusar.

E é só colocar os pés dentro do ambiente que eu fico totalmente deslumbrada e perco totalmente a linha de pensamento. E juntamente com toda aquela visão dos arcos e cadeiras e colunas e as luzes, o som de uma guitarra e de uma voz masculina firme e suave ao mesmo tempo completam todo o cenário perfeito daquele teatro.

Ao centro do palco principal, de costas para a entrada um rapaz toca seu instrumento e dali ele parece familiar. Não por ser o quarto integrante da banda, mas aqueles ombros largos destacados pela roupa preta, os cabelos loiros e as pernas compridas me lembravam o do cara que me fez destruir meu primeiro esboço.

 - Ei! – grito para o loiro sem pensar. – Você aí com a guitarra!

Imediatamente o loiro se vira e somado ao olhar curioso dele, mais quatro pares de olhos me observam.

 - Você está falando comigo? – ele aponta o próprio peito e ergue uma sobrancelha. – Quem é você afinal?

 - Quando você esbarra em alguém, deve se desculpar, não importa o quão atrasado esteja, Senhor Guitarrista Famoso! – me aproximo do palco conforme vou dizendo as palavras. – Por sua causa, um dos meus esboços foi arruinado e eu precisei refazê-lo! Esse projeto vale metade da minha nota!

 - Do que você está falando? Está louca? – ele começa a ficar vermelho, se de raiva ou vergonha, não sei dizer.

 - Você esbarrou em mim e nem se desculpou! – eu digo revoltada.

 - Mary, tá tudo bem? – Michael se aproxima e toca o meu ombro como se para me acalmar. – Explique o que aconteceu, por favor?

 - Claro! – limpo a garganta e começo a falar. – Eu estava fazendo meu esboço lá fora e quando estava quase terminado, um idiota loiro, magro e de pernas compridas passou por mim, quase arrancou meu ombro fora e ainda me fez estragar meu desenho. Eu estava trabalhando naquilo há horas e ele simplesmente estragou tudo!

 - Tem certeza de que foi o Luke que esbarrou em você? – Ashton fala apaziguadoramente.

 - Não vi mais ninguém nesse teatro com ombros tão largos, pernas tão compridas e vestido de preto da cabeça aos pés. – ralho.

 - Tem razão! Nosso Baby Hemmings tem características muito únicas. – Calum diz pensativo.

 - Hemmings, peça desculpa para a nossa amiga, por favor! – Ashton pede em tom brincalhão e mandão ao mesmo tempo.

 - O quê?! – ele diz revoltado. – Eu não fiz nada!

 - Não seja mimado, Luke! – Michael pede. – O filho único sou eu!

 - Mas... – ele tenta falar, porém Alexia o interrompe.

 - Luke Hemmings, não me faça ligar para Liz para te ensinar boas maneiras!

O loiro bufa frustrado, desce do palco e vem até onde estou. Ele olha pra mim atentamente e eu devolvo o olhar. Ele tem olhos profundamente azuis. Olhos pelos quais sou atraída. Os lábios são rosados e marcados por um piercing preto. E aquele cabelo que está arrumado em um topete totalmente bagunçado é incrivelmente sexy.

Espera! O que eu estou pensando?! Eu estou com raiva dele! Não deveria estar me derretendo pela beleza dele! Quem ele pensa que é para me confundir assim?!

Balanço a cabeça para voltar a me concentrar. O loiro estende a mão e me olha de maneira arrependida e ainda sustentando um ar leve e descontraído.

 - Peço desculpas, sinceramente. Eu estava atrasado e totalmente afobado, você é toda pequena e delicada. Não devo tê-la visto e mal percebi que esbarrei em você. Desculpe-me. – ele continuou com a mão erguida entre nós e abriu um pequeno sorriso convidativo.

 - Tudo bem. – aperto a mão dele, que é grande e fina, embora forte e quente. O toque do loiro me afeta mais do que eu esperava. – O segundo esboço ficou melhor, então te perdoarei.

 - Obrigado! Posso recompensá-la de alguma forma? – ele pergunta prestativo.

 - Só preste mais atenção por onde anda e em quem você esbarra. Isso pode te causar muita confusão. – rio imaginando a cena de Luke esbarrando em um brutamonte musculoso.

 - Sim, senhora! – ele bate continência. – Mas ainda sinto que devo fazer mais alguma coisa.

 - Não precisa... – nego desconcertada.

 - Que tal ingressos para o show? Vocês podem fazer isso. – Alexia sugere.

 - Você gostaria de assistir? – Luke questiona. – Está esgotado, mas consigo acesso ao backstage pra você e mais uma pessoa, o que acha?

 - Se vocês insistem... – aceito hesitante.

 - Por favor! – ele sorri docemente e então percebo que o garoto à minha frente é completamente gentil. – Agora vamos terminar esse ensaio, porque já enrolamos demais!

Os quatro garotos seguem para o palco e me deixam ali junto com Alexia. Ambas sentamos nas poltronas e acompanhamos os meninos com os olhos. A garota ao meu lado me olha sorridente e me diz para não me preocupar com ela e para desenhar o que precisava, apenas obedeço. Mas sinto que ela está inquieta, querendo falar alguma coisa.

Assim que termino os traços do chão, o olhar que Alexia reveza entre mim e o palco me desconcerta e não consigo continuar meu trabalho.

 - Está tudo bem? Quer falar sobre alguma coisa? – pergunto para conseguir focar nos meus esboços.

 - Nada! É só que eu estou empolgada por ter outra garota junto comigo. Geralmente eu passo a maior parte do tempo rodeada pelos meninos. – ela conta. – Espero que possamos ser amigas.

 - É tão fácil assim se tornar amigo de alguém por aqui? – pergunto abismada com a declaração da garota.

 - Não, mas você parece ser uma boa pessoa. – ela dá de ombros. – Além disso, o Luke não para de olhar pra você. – e abre um sorriso malicioso.

 - Como assim?! – assusto-me e engasgo com o próprio ar. – Não viaja, Alexia!

 - No mínimo ele te achou bonita. – ela continua sua linha de raciocínio. – No máximo ele se apaixonou e foi amor à primeira vista!

 - O quê?! – fico totalmente desconcertada com as coisas que ela fala.

 - Por acaso você têm namorado? – ela pergunta aleatoriamente.

 - Ahn... Não. – respondo cautelosa.

 - Perfeito! O Luke também é solteiro, sabe? – ela me olha sugestivamente.

 - Do que você está falando, Alexia? – eu ergo a sobrancelha considerando verdadeiramente procurar algum hospital psiquiátrico para internar essa louca.

 - Não me chame de Alexia, é muito formal! Parece minha mãe quando está brava. Pode me chamar de Lexi. – ela pede.

 - Tudo bem. – concordo ao menos com isso, tenho a impressão de que todos os futuros pedidos dessa criatura serão absurdos.

Volto meu olhar para o palco e meus simples olhos castanhos cruzam com os vibrantes olhos azuis dele. Luke sorri e não somente com os lábios, todo seu corpo parece contente por alguma razão. A voz envolvente do loiro enche meus ouvidos e meu coração. E cada verso das letras das músicas é escrito permanentemente em minha memória.

Tento concentrar meus esforços em terminar meu trabalho, mas sempre um formigamento preenche meu corpo. Sem conseguir ignorar, procuro qualquer fonte de incômodo, mas apenas percebo o olhar de um certo loiro em cima de mim.

Traço as colunas e os arcos, as fontes de luz e, por fim, o palco. Quando estou terminando os últimos detalhes, ouço a voz de Calum e Mike agradecendo ao microfone uma plateia imaginária. Alexia aplaude de pé.  Eu sorrio e olho para os garotos sentindo uma nova sensação.

Os quatro se aproximam e olham o papel que tanto rabisco. Assim que apago o último ponto que está fora do lugar, eles batem palmas e comemoram o fim do meu trabalho.

Junto meus tubos e meus lápis. Alexia e Ashton vão saindo do palco e se beijando, como o casal meloso que são. Calum, Michael e Luke me acompanham até o exterior. Olho no relógio e percebo que já passou muito do meu horário de almoço e por isso estou com fome.

 - Estou faminto! – Michael emite em voz alta meus pensamentos. – Vamos chamar Lexi e Ash para comermos uma pizza?

 - Vamos! – Calum bate na cabeça de Mike e sai correndo, obrigando o de cabelos coloridos a correr também.

E ficamos eu e Luke para trás, em um silêncio desconfortável. Eu varro minha cabeça em busca de algum assunto, mas tudo que penso ou parece ridiculamente bobo ou iria tornar a conversa mais constrangedora.

 - Você tem talento desenhando. – ele elogia. – Estuda arquitetura?

 - Sim. – concordo. – Você também tem talento cantando.

 - Por que você não se parece com uma fã? – ele arqueia as sobrancelhas.

 - Talvez porque eu não seja uma. – dou de ombros. – Quer dizer, gosto das músicas, mas nem sabia como vocês se pareciam até hoje.

 - Sério?! – ele parece intrigado. – Nunca pensei que pudesse existir alguém assim.

 - Isso é bom, certo? – fico confusa.

 - Diferente, com certeza. – ele sorri. – Você pode me passar seu nome completo para que eu reserve seu passe para o backstage?

 - Você sabe que não deve se preocupar com isso, certo? – dou uma chance para ele voltar atrás. – Não precisa se desculpar.

 - Eu quero fazer isso! – ele pede veementemente.

 - Por quê? – pergunto com uma pontinha de esperança.

Esperança de quê?! Não sei.

 - Porque tenho a impressão que se você não vier nesse show, nunca mais irei te ver e seria uma pena se isso acontecesse. – ele fala levemente corado.

 - Por quê? – repito como uma tola.

 - Não sei. Só sinto que não posso perder a chance de te ver de novo. – ele dá de ombros, mas continua com o pescoço e as orelhas coradas. – Só me diga que virá, por favor.

 - Ok. Eu virei então. – sorrio o tranquilizando. Pego na minha bolsa um bloquinho de notas e a minha caneta e anoto meu nome completo e meu telefone. – Aqui está meu nome e meu número, caso precise de mais alguma coisa, é só me ligar.

 - Mary Thomas. – ele sorri para o papel. – Não vou me esquecer desse nome.

 Sinto minhas bochechas esquentando, mas ignoro a sensação e sinto meu telefone tocando no meu bolso. Olho na tela e vejo que é Gabriela, minha amiga que divide o apartamento comigo.

 - Ei, Mary! Estou aqui do lado de fora, vamos comer alguma coisa?— ela solta assim que atendo o telefone.

 - Claro! Só vou me despedir de umas pessoas aqui e já estou indo. – olho para Luke. – Dez minutos?

 - Claro!— ela concorda e desliga em seguida.

 Guardo o celular e o bloco de notas na minha bolsa e me viro para o loiro à minha frente.

 - Eu tenho que ir, minha amiga está esperando por mim. – sorrio para ele.

 - Ah! Você quer levar ela também ao show? – ele pergunta, evitando que eu vá embora.

 - Bem, seria legal. Ela também gosta do som da banda, mas se não conseguir, sem problemas. – falo e continuo meu caminho para o exterior.

 - Vou fazer isso. – ele olha ao redor e procura por alguma coisa.

 - Cadê os outros meninos? – olho mais a frente e vejo as outras quatro pessoas. – Vamos? Quero me despedir.

 - Vamos. – e andamos lado a lado até alcançarmos as outras criaturas.

 - Vou indo nessa, pessoal. Minha amiga está me esperando. – falo para todos.

 - Não vá, Mary! E eu? – Alexia olha como cachorrinho que caiu da mudança.

 - Desculpa, ela está me esperando para comermos. – explico.

 - Também estamos indo comer. Por que não a chama? – Calum sugeriu.

 - Vocês são famosos, caramba! Não parece certo... – eu tento negar. – Como duas estudantes universitárias de Sydney terminaram almoçando com os garotos da 5 Seconds of Summer?

 - Fala sério! Você está preocupada com isso? – Ashton pergunta, parecendo não dar a mínima.

 - Vocês mal me conhecem! Só eu estou achando isso aqui meio esquisito? – tento argumentar, mas cada vez que abro a boca, não vejo porque não almoçar com eles.

 - Ok. Parece meio rápido, mas sinto que já te conheço. Você não? – Michael olha pra mim inquisidor.

 - Tudo bem! – dou-me por vencida. – A Gabe está lá fora. Podemos ir?

Todos os cinco abrem sorrisos triunfantes. Eu vou na frente e encontro Gabriela sentada na escadaria. Pulo na frente dela e assusto-a. Antes que ela se recupere, os meninos aparecem atrás de mim e ela fica paralisada.

 - Você estava conversando com caras gatos e não me chamou para fazer parte disso, Mary Thomas? – ela sussurra para mim, assim que se recupera.

 - Acabei de conhecê-los, Gabe! – repreendo-a e me viro para os garotos e Lexi. – Pessoal, essa é a Gabriela. Dividimos o apartamento e somos amigas desde a terceira série. Gabe, estes são Michael, Ashton, Lexi, Luke e Calum. – fui apontando para cada um enquanto falava. – Eles tem uma banda que nós conhecemos.

 - Sério?! Qual? – pergunta curiosa, mas seu olhar não desgrudava de Calum.

 - 5 Seconds of Summer. – eles mesmo respondem.

 - Aquela que canta Amnesia? – ela pergunta sorridente e meio melancólica. Ela ouviu essa música por cinco dias de fossa quando o ex terminou com ela.

 - Exatamente. – confirmo. – eles nos chamaram para almoçar com eles, topa?

 - Claro! Por que não? – ela dá de ombros.

 - Foi o que perguntamos para ela. – Calum sorri galante para minha amiga.

 - É o que eu sempre pergunto para ela! – Gabe revira os olhos e sai de braços dados com um baixista todo conquistador.

 - Agora podemos ir? – Luke pergunta.

 - Claro! – passo meus braços pelos de Luke e de Michael. – Vamos!

E vamos os sete até a pizzaria mais próxima.

~*~

3 meses depois

 - Onde você está? – pergunto a Luke pelo celular.

 — Estou chegando! Calma!— ele responde meio ofegante. – Já estou te vendo! Cuidado que um cara vai esbarrar em vo...

Antes de ele terminar a frase, sinto uma dor no meu ombro e meu celular quase cai da minha mão. Olho para o idiota que esbarrou em mim, ele está apenas rindo como se estivesse assistindo uma comédia.

 - Ei, seu idiota! Não olha por onde anda! Meu namorado vai te dar uma surra! – ameaço o ser que está se matando de rir. Quando ele recupera o fôlego, chega mais perto de mim e me abraça.

 - Será que vai mesmo? – ele ergue uma sobrancelha. – Ele não parece inclinado a me bater, até porque seria masoquismo.

 - Ah, claro! Desculpa, namorado. Erro meu. – sorrio vingativa. – Então você quer levar uma surra da sua namorada?

 - Só nos meus sonhos mais selvagens, você sabe disso. – ele sorri malicioso.

 - Cala a boca, Luke Robert Hemmings! – dou um leve soco em seu ombro. – Você pediu para que eu viesse aqui para passearmos ou para ficar me machucando?

 - Desculpa, anjo. Não resisti em lembrar de quando nos conhecemos. – ele sorri nostálgico.

 - Tudo bem. Eu te desculpo. – passo meus braços ao redor do pescoço dele.

 - Mas acho que devo te recompensar de alguma forma. – ele descansa a cabeça no vão entre meu ombro e meu pescoço, isso quer dizer que estou na ponta dos meus All Star Converse pretos.

 - Você sabe que não precisa, certo? – sorrio me lembrando de como chegamos aqui.

 - Eu insisto! – ele aperta mais o abraço e beija a pele do meu ombro.

 - E o que poderia ser? – afasto minha cabeça para olhá-lo nos olhos.

Aqueles incríveis olhos azuis.

 - Que tal isso?

E em seguida me beija. Um delicioso beijo que desperta o melhor de mim.


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Notas finais do capítulo

Heartbreak Girl: https://fanfiction.com.br/historia/709115/Heartbreak_Girl/



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