Estrela da minha noite escrita por Geovanna Machado


Capítulo 3
Capítulo 3 - Enfrentando a realidade


Notas iniciais do capítulo

Nem vou declarar nada aqui. Aproveitem a leitura.



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Acordei no outro dia já era meio dia, minha cabeça doía, minha barriga doía. Me encarei no espelho do meu quarto, meu cabelo claro, quase branco, estava tão bagunçado que parecia um ninho de rato. Ainda dava para ver maquiagem no meu rosto, e meus olhos estavam muito inchados.

— Maria. _ Daniela abriu a porta rapidamente  me encarando.

— Daniela. _ Sorri forçado para ela e logo o sorriso se desfez em meu rosto.

— Onde esteve ontem? Te mandei tanta mensagem. _ Olhei para o chão tentando me lembrar da noite de ontem.

— No bar. _ Levantei a cabeça encarando-a.

— Só?

Me lembrei dos garotos dançando comigo na pista, de eu vomitando em um banheiro estranho e de um homem, e a dor. Parei de respirar por alguns segundos.

— O que que foi? _ Ela fechou a porta atrás de mim e se aproximou sentando na beirada da cama.

— Acho que transei com alguém ontem.

— Acha?

— Eu estava bêbada.

Olhei para o lado onde estava minha bolsa.

— Droga Maria, devia ter te arrastado comigo, vai ser estúpida assim lá longe.

Fui até minha bolsa e revirei, meu celular estava lá dentro, minha carteira e todo meu dinheiro. Verifiquei minhas mensagens para descobrir com quem tinha ficado ontem, mas não tinha nenhuma mensagem e nenhuma ligação.

— Droga. _ Joguei o celular em cima da cama.

— E agora? _ Daniela me encarou.

— Vou tomar um banho.

Aquele com certeza foi o banho mais longo que eu tomara em toda minha vida, estava me sentindo  suja. Estava me sentindo como aquelas vadias que vão ao bar para procurar macho. Passei uma hora ou mais dentro do banheiro.

Saí, Daniela ainda estava lá, deitada na minha cama mexendo no celular.

— Está se sentindo bem?

— Não. _ Me virei encarando-a.

— Vamos sair?

— Não.

— Quer que eu vá?

— Sim, por favor. _ Me virei de costas para ela e peguei meu pijama dentro do guarda-roupa, me desenrolei da toalha e o vesti.

— Tá, quando estiver melhor e precisar de uma amiga me chama. Beijinhos. _ Ela pulou da cama e saiu do quarto.

Eu amava a Daniela, ela era meiga, amiga, e toda vez que eu precisava ela estava lá. Mas eu estava cansada e com raiva do mundo, nem mesmo ela seria uma boa companhia para mim agora. Só queria ficar sozinha, pensar na burrada que Brian fez comigo e pensar na burrada que eu mesmo fiz comigo.

Passei o dia deitada na cama, mexendo no celular, no notebook, fazendo algumas lições de casa do colégio. Minha mãe era rígida, mas acho que ela tinha me entendido, porque em nenhum momento ela discutirá comigo, me questionara, mesmo passando várias vezes no meu quarto para saber se eu estava bem ou levar alguma coisa para eu poder comer.

No domingo, acordei as seis da manhã, a primeira coisa que eu chequei foi meu celular. Tinha umas 20 ligações perdidas do Brian e várias mensagens que diziam.

"Me perdoe, eu te amo."

"Me atende."

"Vou até a sua casa."

"Maria, abre a porta."

"Sua mãe não quis me deixar entrar."

"Maria, foi um erro, você é muito importante para mim."

E o domingo passou mais lento do que eu gostaria que passasse. O máximo que fui, foi na cozinha, pegar um saco de batatas para comer. Demorou, mas ele passou.

Segunda acordei as sete, arrumei meu cabelo em um rabo de galo. Coloquei meu uniforme do colégio. Peguei minha mochila em cima da mesinha e desci as escadas. Minha mãe estava com um terninho preto, encostada na mesa, conversando com meu pai e rindo de alguma coisa. Meu pai estava sentado a mesa, mas quando me viu levantou e sorriu para mim.

— Estamos indo trabalhar, quer carona? _ me aproximei da mesa, peguei uma maça da fruteira e dei uma mordida.

— Sim. _ Ele se levantou da mesa, e eu os acompanhei até a garagem, entrei dentro do carro. Logo estávamos em direção ao meu colégio. 

Eu sabia que hoje seria um dia difícil, teria que ver Brian, aquela vadia que ele estava transando. E enfrentar tudo como se nada tivesse acontecido.

Desci do carro dos meus pais, de longe eu já tinha visto Daniela conversando com Carlos, nosso colega de sala.

— Oi bebês. _ Abracei Daniela por trás. Carlos se esticou até mim, soltei Daniela e o abracei também.

— Oi Maria. _ Ele sorria e olhava para a Daniela, acho que esses dois tinha alguma coisa.

— Carlos, me empresta minha melhor amiga? _ Pisquei para ele e ele balançou a cabeça positivamente. Abracei ela de lado e a arrastei para longe do Carlos.

 

— Primeiro eu quero te pedir desculpas por ser uma chata com você.

— Aceitas. _ Ela sorriu

— E te agradecer, porque sem você ia continuar sendo a babaca da relação que ama sozinha e é fiel sozinha.

— Por nada. _ Ela riu baixo e seguimos em direção para dentro do colégio.

Estudei em colégios particulares a minha vida toda, e Daniela era minha amiga de infância, sempre estudávamos juntas. O colégio era enorme, uma construção antiga e muito bem conservada.

— Eu decidi, que vou esquecer aquele babaca. Afinal esse é meu último ano nesse colégio estúpido e ano que vem vou para faculdade e não vou precisar ver ninguém aqui.

— Aí eu gostei garota. _ Ela riu alto. 

Os corredores estavam cheios de adolescentes.

Fui até meu armário e peguei alguns livros de matemática e coloquei dentro da mochila.

Me virei e Brian estava ali, bem na minha frente, me encarando com seus enormes olhos castanhos, e seu corpo másculo apertando o jeans.

— Maria.

 Olhei para os lados, e tinha muita gente perto, pra eu poder surrar a cara dele até ele não conseguir mais respirar.

— Brian, não fale comigo. Não se aproxime de mim, nem se dirija a palavra a mim.

— Maria eu te amo.

— Não, você é um babaca que só quer trepar com qualquer garota que apareça na sua frente. _ Percebi que estava falando um pouco alto, as pessoas ao redor já nos encaravam.

— Maria, eu cometi um erro, podemos conversar em outro lugar? _ Ele também percebeu a quantidade de pessoas que se formavam entre nós.

— Não Brian, não podemos. Alias, você nunca mais pode nem se quer se aproximar de mim. E eu se fosse você não faria mesmo isso, porque nesse momento eu estou desejando que você morra. Faz um favor, vai fazer outra pessoa de trouxa, porque eu cansei. _ Me virei e sai andando, esbarrando nas pessoas que tinham se formado a minha volta.

 


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