Estrela da minha noite escrita por Geovanna Machado


Capítulo 22
Capítulo 22 - Ethan ♥




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Chegamos no hospital do meu pai alguns minutos depois. Minha mãe e  Charlie estavam mais nervosos do que eu. Eu estava preocupada porque ainda não estava na hora do bebê nascer, faltava algumas semanas. Entramos no hospital e logo uma enfermeira apareceu com uma cadeira de rodas e nos guiou até um leito.

— Maria? _ Um senhor vestido de branco entrou no quarto me encarando.

— Sim? 

— Vamos fazer uma cesária tá? A enfermeira vem fazer alguns procedimentos em você e vai te preparar para o pré-operatório.

— Porque? Não iria ser parto normal? _ Charlie se levantou da cadeira ao meu lado.

— Seriá, mas é um parto pré-maturo. Tem riscos. E o bebê não deve estar posicionado, a enfermeira vem fazer uns exames para ver qual a posição do bebê, mas independente disso vamos para um parto cesária tudo bem?

— Tudo.

Ele saiu da sala, em meio a tanta dor e técnicas de respiração que minha mãe estava tentando me ensinar para evitar que eu sofresse ainda mais. A enfermeira fez vários exames e procedimentos para eu poder ir para a sala de operação. Meu pai passava de cinco em cinco minutos no quarto para saber se estava tudo bem e Charlie ficava no canto do quarto olhando tudo. E ele sorria para mim entre um momento e outro, mas estava preocupado, até seu sorriso denunciava isso.

Algumas horas de sofrimento depois a enfermeira me levou para a sala de parto. Minha mãe e Charlie se prepararam e entraram logo depois de mim, eles iam acompanhar tudo.  Eles me anestesiaram, não conseguia sentir meu corpo do peito para baixo. Eu estava calma, não estava nervosa, a presença dos dois ali na sala segurando minha mão me tranquilizava.  Minutos depois dentro daquela sala de cirurgia. Eles me entregaram meu bebê em meus braços. Ele era muito pequeno e frágil. E eu chorei de emoção no momento em que senti ele no meu peito, no meu colo, mexendo os pequenos bracinhos. Ele era lindo. E eu soube naquele momento que mesmo não estando preparada para ser mãe, eu tentaria ser a melhor para aquele bebê.

— Ele é tão lindo. _ Charlie acariciou a pequena cabecinha do bebê e eu sorri. Soube naquele momento que essa era a vida que queria levar em diante para mim. 

Logo pegaram ele dos meus braços para leva-lo para encubadora, ele ainda era muito pequeno e frágil para poder ir para o quarto comigo. Eles me levaram para o quarto  depois de um certo tempo. Eu estava tão cansada e sob efeito da anestesia que dormi logo após. Acordava de cinco em cinco minutos. Todas as vezes que acordei Charlie estava do mesmo jeito. Sentado na poltrona com um grande copo de café na mão, me encarando e toda vez eu ganhava um sorriso como recompensa.

Eu passei uma semana no hospital, Charlie ia me visitar todos os dias e sempre me trazia uma comida que me agradava ou um filme para me ententer. Eles levavam o bebê para amamentar de três em três horas e Charlie sempre fazia questão de pega-lo no colo.

Charlie estava com o bebê no colo acariciando-o seu delicado rostinho, ele olhava para ele e nem piscava. Era a melhor cena que eu poderia ver.

— Ethan. _ Ele se mexeu nos braços do Charlie que estava em pé no meio do quarto do hospital balançando-o devagar.

— O que? _ Eu disse baixo, eu sorria como uma boba encarando aqueles dois.

— Ethan significa força, resistência, coragem, vitória. _  Ele não desviou o olhar do pequeno bebê em seus braços nem por um segundo. Eu sabia que o filho não era dele. Mas o sentimento que Charlie tinha por ele. Era mais forte do que um pai tinha por um filho.

— Então o nome dele será Ethan. _ Ele levantou a cabeça me encarando e sorriu.

— É um belo nome, não é mesmo Ethan? _ Ele voltou a olhar o Ethan em seus braços.

E dias depois eu estava em casa, com o meu pequeno Ethan em meus braços. Minha mãe arrumava as roupinhas dele dentro do guarda-roupa que estava no meu quarto, enquanto eu balançava Ethan nos meus braços. Charlie estava na aula.

— O Charlie tem sido um pai incrível. _ Ela disse virada de costas para mim guardando as roupas uma por uma.

— É, tem mesmo. Ele comprou uma casa para morarmos. _ Ela se virou rápido me encarando. _ E me pediu em casamento.

— O que? _ Ela perguntou de olhos arregalados.

— Eu não aceitei, nem me casar e nem morar com ele. Eu não estava preparada.

— E agora está? _ Ela se aproximou de mim.

— Meu sentimento por ele aumenta a cada sorriso que ele me dá. _ Franzi a sobrancelha e encarei Ethan.

— Eu achei que não amava o Charlie.

— Eu também achava. _ Voltei a olhar para minha mãe.

— A filha, deixa as coisas acontecerem. Não fica se privando de um amor assim. Ainda mais agora que tem es  bebê lindo juntos. 

Meu celular tocou, olhei em cima da cama, era o pai do Charlie me ligando. As irmãs do Charlie tinham ido me visitar várias vezes. Mas o pai do Charlie não havia aparecido por lá. Charlie disse que ele havia viajado para um congresso em uma cidade vizinha. Fiquei com receio de atender o telefone, mas após duas ligações e minha mãe me questionando se eu não ia atender resolvi atender.

— Oi senhor Pascuali.

— Onde está o Charlie? _ Ele falava alto no telefone, estava chorando ou eu não sei. Ele parecia apavorado.

— Na escola eu acho, o que houve?

— Ele não está. _ Ele começou a chorar pelo telefone.

— Senhor Pascuali, o que houve?

— A casa pegou fogo, eu sai por duas horas e deixeis as meninas sozinhas. A casa tá em chamas, não tem como eu entrar. _ Ele gritava e chorava, ouvi vozes em volta dele. De muitas pessoas e gritos. Passou alguns segundos e ele não disse nada, tudo que eu ouvi era barulho de alguma coisa caindo e muitos gritos. Desliguei o telefone.

— O que aconteceu querida?

— Incêndio na casa do Charlie, as irmãs dele estavam lá dentro.

— Vamos lá. _ Ela saiu na minha frente e eu sai logo atrás com o Ethan no colo.

Fui o caminho todo tentando ligar para o Charlie, mas caia direto na caixa postal. Fiquei com medo de perde-lo. Cada vez que aproximávamos da casa deles, mais o meu coração palpitava.

O carro entrou na rua da casa. Dava para ver a fumaça negra de longe. A casa queimava, mas restava apenas o pó e pouca madeira que estava desmourando ao chão aos poucos. Havia dois carros de bombeiros na porta e os bombeiros estavam andando ao meios os escombros.

Desci do carro, eu sabia que algo muito ruim estava acontecendo. O pai do Charlie estava ajoelhado no chão e gritava e chorava, enquanto um policial o segurava nos braços tentando acalma-lo.

— O que houve? _ O polícial a minha frente me encarou.

— Encontramos o corpo das duas filhas do senhor Pascuali.

— Corpo? _ Eu olhei a poeira onde ficava a casa

— Sim

— Elas estão mortas? _ Meu coração saltou do peito e meus olhos se encheram de lágrimas. E eu pude entender o desespero dele.

— Sim, conseguimos reconhecer o corpo apenas pelo tamanho dos ossos. 

— Aí meu Deus. _ Minha mãe se aproximou de mim e pegou o Ethan do meu colo e me abraçou.

— Cadê o Charlie?

— O senhor Pascuali não conseguiu localiza-lo. Você é da família? _ Balancei a cabeça positivamente, minhas lágrimas escorriam pelo meu rosto eu não conseguia dizer mais nenhuma palavra se quer.

— Sinto muito.

Escutei o barulho do Jeep do Charlie se aproximar, olhei para a rua. Ele parou o carro no meio da rua e desceu correndo olhando a casa. 

— Cadê minhas irmãs? _ Ele gritou para um policial que o segurou para não entrar na casa. _ Cadê as minhas irmãs? _ Ele parou e me olhou de longe e depois olhou para o pai. _ Não, cadê elas? _ Ele gritou, e gritou várias vezes perguntando cadê elas. Mas ninguém teve forças para responder. Nem os bombeiros, nem o pai, nem o policial e nem mesmo eu. Que apenas o abracei no momento em que ele parou de gritar. E os corpos saíram de lá. Dentro de dois sacos pretos. Os médicos os levaram para dentro da ambulância. E levaram o corpo das duas para longe de nós. Nunca mais a veríamos a última lembrança que teria delas era de elas brincando na praia, correndo uma atrás da outra. E as meninas que Charlie sempre amou e protegeu, havia ido para sempre.


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Notas finais do capítulo

Me desculpem leitoras, não chorem por favor. ♥



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