Estrela da minha noite escrita por Geovanna Machado
Os dias passaram depressa. Duas semanas se passaram desde que descobri que estava grávida. Eu estava me sentindo inchada, meus peitos estavam maiores e minha barriga estava começando a dar uma diferençazinha.
Charlie marcou minha primeira consulta para o pré-natal na cidade vizinha porque meu pai era chefe do único hospital que tinha na cidade, mesmo eu lutando muito para não ir. Ele sabia ser chato e insistente quando queria.
Ele me buscou em casa cedo, com a desculpa que iriamos a uma festa na fazenda de uns amigos dele.
Chegamos na clínica quase atrasados. A recepcionista já estava nos olhando com cara feia quando chegamos.
— Maria? _ Levantei o olhar, a recepcionista já estava me chamando para entrar, então Charlie se levantou e acompanhou nos duas. Entramos na sala e a recepcionista saiu, o médico era alto, velho e sem cabelos.
— Maria. Tudo bem? _ Ele apontou para a cadeira a frente a mesa dele, então eu me sentei e Charlie se sentou ao meu lado na outra cadeira.
— Sim.
— Então, o que tem para nós?
Eu fiquei sem jeito de começar.
— Doutor, ela está grávida. Provável mente de uns quatro meses. E não fez nenhum exame ou pré-natal.
— Porque?
— Porque foi um acidente.
— Sabe que por lei poderia ter feito um aborto a dois meses atrás né?
— Eu não sabia que estava grávida a dois meses atrás. _ respirei fundo e me ajeitei na cadeira.
— Tá, deita na maca por favor Maria. Vamos fazer um ultrassom. _ Me levantei da cadeira e fui até a maca onde tinha um ultrassom ao lado.
Ele veio, levantou minha blusa, jogou um gel gelado e começou a passar o ultrassom na minha barriga.
— Papai vem cá. _ Ele se virou encarando o Charlie, e Charlie ficou meio confuso por alguns segundos
— A... _ Ele se aproximou da tela do ultrassom.
— Esse é seu bebê, e esse é o coraçãozinho dele. Forte como um touro. _ Charlie sorriu olhando pra tela, e depois me encarou.
— O bebê é lindo, se parece com você. _ Eu ri baixo.
— Como se desse pra perceber.
— Vou pedir alguns exames pra você, pra gente ver como tá sua saúde. Vou te passar algumas vitaminas também. Mas pelo que já percebi ta tudo bem. _ Ele limpou minha barriga e se levantou, sentei na maca, calcei meus sapatos e levantei.
— Eu moro em outra cidade, dá pra programar um parto cesária? _ Me virei encarando-o.
— Veremos. _ Ele prescreveu uma receita e me entregou. Vai voltar daqui duas semanas pra gente ver o resultado desses exames.
— Tá bom. Obrigada. _ Saímos do consultorio, e fomos ao láboratorio onde foram feitos varias coletas para o exames, pegamos o carro no estacionamento e fomos embora.
— Você precisa contar a seus pais o quanto antes, sua barriga já está aparecendo. _ Ele estava concentrado na estrada. Já estavamos quase chegando na casa dele.
— É, sei.
— Quer ir almoçar em casa? _ Desviei o olhar da estrada o encarando.
— Meu pai vai dar um almoço na praia pra família, quer ir?
— Não vou encomodar?
— Sua presença vai ser boa.
— Tudo bem.
Em poucos minutos chegamos na casa do Charlie, eu escutava os gritos e risadas das meninas do jardim. Entramos, pelos fundos para entrar direto a praia. As meninas estavam correndo na areia, brincando com uma pistolinha de água.
— Pai. _ Charlie e eu aproximamos do pai dele que estava sentado na areia com as pernas cruzadas lendo um livro.
— Oi filho, Maria que bom te ver. _ Ele estendeu a mão para mim e eu o cumprimentei com um aperto de mão.
— Tudo bem Maria? Parece preocupada. _ Só então percebi que não estava com uma cara muito boa.
— Sim, só alguns problemas. _ Revirei os olhos e sorri sem graça.
Charlie se sentou ao lado do pai.
— Vou brincar com as meninas. _ Me afastei deles, me aproximando das garotas. Que me viram, então pararam de correr e se aproximando de mim ainda sorrindo.
— Maria, eu e minha irmã apostamos que está namorando meu irmão. Você está? _ Ana perguntou rindo e a pequena riu também.
— Não, o que?
— A está sim, não mente. _ Eu ri baixo.
— Somos apenas amigos.
— Ele tem passado muito tempo com você e da última vez que isso aconteceu ele acabou arrumando uma namorada.
— Não estamos namorando.
— Melhor mesmo, você não o conhece quem ele é realmente.
— Não?
— Não.
— Ele está melhor hoje? _ Ana perguntou.
— Está normal, porque?
— Os aparelhos da Melissa vão ser desligados amanhã.
— O que?
— Achei que ele surtar como da última vez, mas ele parece bem.
— Ele não me contou.
Ela ergueu uma sobrancelha me encarando. Me virei e sai andando em direção ao Charlie.
— Quero falar com você. _ Ele levantou o olhar me encarando.
E só então percebeu que eu estava brava, então ele se levantou, abanou a areia da calça e veio andando até chegar em mim, então eu me virei me afastando mais de todo mundo, andamos até chegar em uma pedra enorme. Me encostei nela.
— Porque não me contou que os aparelhos da Melanie vão ser desligados amanhã?
— A... _ Ele respirou fundo e encostou na pedra também. _ Eu não quero pensar nisso até amanhã.
— Charlie, somos amigos. Eu chorei no seu ombro quando precisei. Quando precisar de mim estarei aqui. Por favor precise de mim porque ainda vou precisar muito de você. _ Encostei a mão na minha barriga, ele acompanhou minha mão sorrindo, ele se virou de frente para mim e me abraçou.
— Dói muito, mas eu sofri o suficiente da primeira vez. Eu não vou surtar agora. _ Ele disse baixo quase sussurrando. Encostei minha cabeça no seu ombro.
— Vai ficar tudo bem, eu prometo. _ falei baixo, ele cheirava a café.
— O almoço está pronto. _ Ana gritou de longe. Me soltei do Charlie antes que ela nos visse abraçados. E fomos almoçar.
Terminamos o almoço e Charlie me levou para casa., me deixou na porta e foi embora descansar pro dia longo que ele teria amanhã.
Entrei em casa meus pais estavam sentados no sofá juntos assistindo televisão. Então eu respirei fundo e fui, não sabia o que ia fazer e nem falar.
Desliguei a televisão e eles me encararam.
— Eu vou ser direta. Eu estou grávida. De quatro meses, quase cinco.
Minha mãe arregalou os olhos e colocou a mão no peito. Meu pai se mexeu no sofá.
— Como assim?
— É isso.
— Quem é o pai, o Brian? Vou matar aquele desgraçado. _ Meu pai se levantou do sofá de uma vez e saiu andando.
Eu fui andando atrás dele.
— Não é o Brian. _ Ele se virou me encarando e depois voltou a ficar mais nervoso do que estava.
— Isso significa que foi o Charlie, filho da puta, confiei nele, botei ele dentro de casa.
— Eu peguei ele no seu quarto tantas vezes. _ Minha mãe veio atrás gritando.
— Pelo amor de Deus. Não é ele.
— Então quem é?
— Eu não sei.
— Não vem com desculpas para não por a culpa nele Maria eu te conheço.
— Pai, não. _ Meu pai saiu pela porta e bateu ela atrás de mim.
— Mãe, não é dele. _ Eu gritei antes de ela sair e bater a porta.
— Droga. _ gritei alto sozinha. Subi as escadas correndo. Peguei o celular e liguei para o Charlie. Ele atendeu no primeiro toque.
— Seus pais estão aqui, o que falou pra eles?
— Nada, eu juro que nada Charlie, me desculpa. Eles...
— Vou falar com eles, te ligo de volta. _ Ele desligou o telefone.
— Que ódio. _ Senti uma pontada na barriga
— Desculpa bebê. _ Passei a mão na barriga e me sentei na cama tentando me acalmar.
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