The Red Glow of Love escrita por Sereny Kyle


Capítulo 1
one-shot


Notas iniciais do capítulo

Para minha irmã, que sempre me faz fics Solangelo/ Stucky/ the GazettE quando eu não estou bem e para a Junebug, que soprou sua vontade de me ler escrevendo Solangelo!
Ahhh e pra musa Caliope, que eu acho que só nunca me machucou por não lhe agradecer toda inspiração porque sabe que eu já fui amaldiçoada pelo Apolo…



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Era a noite do meu terceiro dia de “castigo” na enfermaria e eu só estava observando Will arrumar tudo antes de sairmos. Tinham sido três dias muito bizarros, com certeza!

O filho de Apolo parecia mais à vontade com a minha presença do que eu mesmo em toda a minha vida e sorria daquele jeito sonhador, que parecia querer me dizer algum segredo.

É claro que, como eu bem esperava, os outros campistas tinham estranhado minha presença por ali, afinal, ninguém gosta da morte rondando enfermarias… Mas ele não parecia se importar com os olhares que seus irmãos lhe lançavam quando achavam que eu não podia lhes ver. E sua reação quebrava um pouco meu sentimento de rejeição.

— Hoje foi um dia tranquilo! - ele disse, sorrindo abertamente e me despertando de meus devaneios. Mesmo sendo muito bom no que fazia, Will ficava ainda mais feliz em dias que não precisava se desdobrar entre muitos feridos e doentes por ali. Por que é mesmo que semideuses precisavam se machucar o tempo todo?

— Foi sim - concordei, mais porque ele não gostava quando eu ficava por muito tempo em silêncio do que por necessidade de falar algo. Ele riu e indicou a porta aberta para mim com a cabeça e eu caminhei na sua frente para sairmos.

— Então - ele suspirou, me alcançando e andando ao meu lado. Ainda faltava muito para o jantar e eu me perguntava o que faríamos naquele momento.

— Então o quê? - perguntei, sem entender e ele riu. Eu tinha feito Will rir muito da minha falta de jeito para interagir, o que me deixava um pouco nervoso, por detestar que as pessoas percebessem minhas falhas, mas também fazia borbulhar em meu estômago aquele sentimento desconhecido que seu riso produzia em mim, toda vez que eu o escutava.

— O que pretende fazer com seu primeiro dia de liberdade? - ele brincou, puxando levemente meu braço para me guiar para a praia.

Eu gostava da maneira como Will me puxava, me guiando para os lugares; ele sabia que eu não era o maior fã de contato humano, por isso mesmo, seus toques eram sempre gentis e rápidos e na maior parte do tempo eu os achava até rápidos demais, mas era um tipo de respeito pelas minhas limitações que eu gostava de perceber em outra pessoa. Não era, por exemplo, da maneira como Jason fazia, ele se travava todo e ficava sem jeito quando queria muito me abraçar, o que fazia a situação ficar ainda mais desconfortável e às vezes engraçada. O filho de Apolo raramente ficava sem jeito, mesmo quando eu grunhia incomodado com alguma coisa, ele só dava risada e continuava o que estava fazendo.

Nós dois nos sentamos na areia e eu ainda não sabia como responder sua pergunta. Eu também gostava que ele não ficava me pressionando para dizer as coisas, o silêncio que ficava entre nós dois não era opressor, me relaxava. Aqueles três dias tinham realmente me feito bem, apesar de que eu não querer admitir.

— Talvez, começar a arrumar o chalé de Hades, eu não sei… - dei de ombros, olhando de esguelha para ele, que olhava pra frente, para o pôr-do-sol de tirar o fôlego no horizonte.

— Deixá-lo habitável? - ele brincou e eu ri. Will também era capaz de me fazer rir e eu estava aprendendo a gostar daquilo.

— Pois é. Já que alguém vai finalmente viver por ali, acho que é uma boa ideia, né?

— Fico feliz por você estar animado em ficar no Acampamento!

— Não força a barra, Solace - revirei os olhos.

— Foi muito ruim conviver comigo nos últimos três dias? - ele brincou novamente e parecia muito bem humorado naquela tarde.

— Quem diria que um filho de Hades poderia ter alguma coisa em comum com um filho de Apolo? - zombei e ele mordeu seu lábio inferior de um jeito que me fazia lembrar como sua boca tinha um formato bonito.

— Filhos de Apolo são como bolachas recheadas, sempre vai ter um sabor que você vai gostar! - fiquei constrangido com aquela resposta e ele também pareceu um pouco sem jeito.

Nós ficamos em silêncio, mas eu também tinha uma pergunta que queria fazer e não consegui guardá-la pra mim.

— Posso te fazer uma pergunta? - ele se virou para me encarar, com um sorriso muito contente pra alguém que não tinha ideia do que eu ia perguntar.

— Mas é lógico que pode, Nico! - o jeito como me olhava me deixou novamente sem jeito e quase sem coragem, mas eu já tinha começado e não podia voltar atrás.

— Você já tinha mesmo percebido minha presença por aqui? - não consegui encará-lo nos olhos depois perguntar.

Ele não respondeu prontamente, como costumava fazer. Passou seus dedos por seus cabelos dourados e por um momento eu me esqueci de como respirar.

— Quer a resposta curta ou a longa? - ele riu sem jeito e piscou um olho pra mim, me fazendo revirar os olhos.

— A curta já serve - zombei e ele fez uma careta.

— Não tem como alguém não perceber você, Nico!

— Ah, tá. O filho de Hades esquisito… - encolhi os ombros, com um sentimento ruim esfriando meu estômago, que parecia escurecer o ar em volta de mim, emanando sombras do meu corpo.

— É claro que não foi isso que eu quis dizer! - ele colocou sua mão por cima da minha, me fazendo olhá-lo. - Eu sei que você passou por muita coisa e que foi muito machucado, mas seria bom que se lembrasse às vezes que não é o único semideus que passa por maus bocados! Todos nós estamos sempre correndo perigo, sofrendo e perdendo pessoas queridas! Se tem alguém que pode entender o que você passa, somos nós!

Sua resposta me deixou sem fala. Claro que eu sabia que todos por ali estavam sempre em algum tipo de provação, mas era bem mais fácil achar que ninguém entenderia as coisas que tinham me acontecido e me machucado.

— Acho que, por você ter todo esse seu lado aventureiro e heroico desde muito cedo - ele continuou e estava claramente tentando me fazer rir - você intimida as pessoas! Eu mesmo, me lembro da primeira vez que te vi, depois da batalha contra o Kronos, você parecia tão mais velho e mais maduro do que eu. Tudo o que eu queria era conseguir te dizer alguma coisa, mas eu ficava envergonhado demais pra chegar perto de você…

— É meio difícil de te imaginar com vergonha de chegar perto de mim - zombei. - A maior parte do tempo, eu acho que você não entende o conceito de “espaço alheio” - Will fez uma careta muito bonitinha.

— Nos últimos três dias não conta! Você estava na minha enfermaria. Todo espaço lá é meu espaço! - eu ri. - Eu sei que, se você baixar um pouco sua guarda, vai perceber que as pessoas querem se aproximar! E eu, mais do que todos! Se você deixar!

Fiquei olhando sua mão ainda sobre a minha e por algum motivo aquilo me deixou feliz. Ele deslizava o dedo lentamente sobre minha pele, um movimento quase imperceptível.

— Quer dizer que vai me prender mais vezes na enfermaria? - eu brinquei, erguendo os olhos para encarar os seus.

— Não, se você realmente acha que eu te prendi lá nos últimos dias, com certeza não! - ele franziu o lábio, erguendo minimamente a mão e fazendo seus dedos caminharem até o começo do meu braço. - Mas eu vou ficar muito feliz se você quiser aparecer por lá…

— Prender foi um modo de dizer… - tentei corrigir.

Will abriu um pequeno sorriso, ainda deslizando sua mão lentamente por minha pele. Ficamos daquele jeito por um tempo, o suficiente para que ele tocasse meu rosto com cuidado e fizesse um carinho gostoso em meu cabelo. Ele se inclinou na minha direção por um momento e eu prendi o ar, mas só ficou parado, com o rosto próximo ao meu, tão próximo que eu era capaz de ver cada detalhe de sua beleza, a profundidade do azul de seus olhos, a textura macia de sua pele, o contorno de seus lábios…

— Eu não quero fazer nada que você não queira - ele sussurrou pra mim, ainda fazendo carinho em minha nuca e percebi que olhava pra minha boca como eu olhava para a dele.

— E o que você quer, Will? - eu perguntei, mal conseguindo respirar.

— Eu acho que você sabe exatamente o que eu quero - ele sorriu, se ajeitando ainda mais próximo de mim. - Mas não tem problema se não for o que você quer…

— Eu não sei se eu mereço o que eu quero. Não sei se é algo que eu possa ter - respondi, deslizando minha mão debaixo da dele, entrelaçando pouco a pouco nossos dedos. Ele pareceu gostar da minha resposta, porque terminou de cobrir a distância entre nós e colou nossos lábios, ainda acariciando minha nuca.

Aquela era mais do que uma experiência nova pra mim, era maravilhosa e libertadora e eu já não sentia mais meu corpo, eu era todo feito de ar, que se misturava aos raios de sol que vinham dele. Levei minha mão livre a parte de trás da cabeça dele também e perdi meus dedos entre seus fios de cabelo dourado, massageando com cuidado e satisfazendo aquela vontade que eu sentira desde meu primeiro dia na enfermaria.

— Isso - suspirei, ainda com os lábios dele deslizando lentamente nos meus. - Por que demorou tanto tempo pra fazer isso? - Will deu risada.

— Bom, era o que eu queria, mas você é tão difícil de ler às vezes - ele brincou, voltando a me beijar e se empolgando de verdade, jogando seu corpo sobre o meu e me fazendo cair deitado na areia, segurando-o pela nuca e apertando nossos rostos um contra o outro. - Às vezes, parece que você quer, outras vezes, parece que eu só estou me enganando…

— Você não está se enganando! - acariciei seu rosto, deixando mais um selinho em seus lábios. - Você consegue me ler melhor do que qualquer outra pessoa. Às vezes, eu tenho medo que consiga ler o que eu penso…

— Quem me dera - ele sorriu mais lindo do que eu jamais tinha visto antes, o que me deixava alegre. Eu nunca tinha me imaginado alegre daquele jeito antes.

Will caiu ao meu lado, ainda muito próximo de mim, apertando sua mão na minha, sua cabeça inclinada para o meu ombro, nós dois olhando para o céu agora completamente escuro e salpicado de estrelas, mais bonito do que as noites de toda a minha vida.

— Não acredito que a gente tenha de ir jantar - ele lamentou, se virando pra mim, enganchando minha nuca e puxando meu rosto para me dar um novo beijo, que eu garanti não ser tão curto.

— Eu é que não acredito - resmunguei, fazendo carinho em seus cabelos. Eu me sentia diferente, à vontade com seu toque, com vontade de tocá-lo, de abraçá-lo e não soltar. - Eu tenho de ficar sozinho na minha mesa, você me deixou mal acostumado, Solace, eu gostava de ficar sozinho, sabia?

Ele deu risada, se levantando e me oferecendo a mão pra me ajudar a levantar da areia também.

— Nós podemos pensar melhor sobre como resolver isso - seu sorriso sapeca me deu esperança, o que não era algo com o que eu estava familiarizado,  e nós fomos juntos para o pavilhão dos refeitórios, ainda de mãos dadas.


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews???



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