Red Angel - Sonho de um anjo escrita por Malina Endou


Capítulo 19
Capítulo 19- Capitão


Notas iniciais do capítulo

Yo!

Consegui acabar este capítulo bem depressa! É um capítulo um pouco triste, mas gostei muito de o escrever!
Espero que gostem!



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Malina

—Até logo! - agarrei na mala e levantei-me para sair.

—Ah, Malina! - voltei-me para trás, vendo a minha mãe correr até mim.

—O que se passa? - entregou-me o telefone de casa, sorrindo – Sim?

—Parabéns, meu amor! - podia jurar que fiquei surda por uns instantes – Desculpa só poder ligar agora, mas acabei o trabalho e consegui arranjar um tempo para te ligar!

—T-Tudo bem pai. - A minha mãe só se ria baixinho.

—Já sei que vocês estão na final! Com certeza foi graças à minha bebé! A Raimon têm a deusa da vitória do seu lado, é normal. - Ele acabava sempre por exagerar, mas não consegui evitar rir.

—Nem um anjo sou, quanto mais uma deusa.

—Mas és sempre o anjo do pai.

—Sim, sim. Pai, eu tenho de ir senão vou chegar atrasada à escola.

—Oh sim! Desculpa, querida. Tem um bom dia e bom treino!

—Obrigada, pai. E descansa. - Ri-se um pouco antes de desligar. Aquilo só queria dizer que ele não ia descansar. Perguntava-me à quanto tempo não tirava férias – Contaste-lhe? - entreguei o telefone à minha mãe, que negou com a cabeça, sorrindo.

—Soube pelas noticias. Apesar de estar longe, ele sabe sempre o que se passa aqui, principalmente em relação à Raimon e a Inazuma. - Sorri. Tinha sem dúvida uns pais fantásticos.

Despedi-me novamente da minha mãe e saí de casa a correr. Pensei que o Mamoru tivesse desistido de esperar por mim, mas quando virei a esquina onde costumamos encontrar-nos, quase tive um susto ao ver a sua cara. Tinha umas olheiras enormes além de a cara e estado de espírito dele não eram, de todo, os melhores. Cumprimentou-me assim que o alcancei, mas o resto da conversa limitou-se a vários suspiros. E assim que chegamos à escola e encontramos os nossos amigos, ele puderam notar logo a maneira como ele estava.

—O que se passa? E essa cara…

—É inútil - Nem respondeu à Aki. Limitou-se a dizer o mesmo que dissera pelo caminho, para além dos suspiros, claro – Completamente inútil.

—Inútil? - o Ichinose e o Kazemaru olharam para mim. Encolhi os ombros. Desconhecia completamente a razão – O que é inútil?

—A God Hand não pode deter os remates da Zeus. - E porque razão não me tinha dito isso quando lhe perguntei?!

—Isto não é próprio de ti. - O Kidou tinha uma certa razão, mas talvez a preocupação do meu primo não fosse por nada – Na verdade é o oposto do que sempre dizes; que não sabemos até tentarmos e tudo isso. - O meu primo simplesmente coçou a cabeça.

—Mas é que não podemos perder esse jogo! - e voltou a encarar o Kidou – Isso de que não sabemos até tentarmos já não funciona, não conseguem ver isso? - ele estava realmente estranho. O Kidou até se afastou um pouco, chocado.

—Endou, perdeste a confiança em ti mesmo depois do jogo de ontem? - será que o Goenji podia ter razão? Comecei a sentir-me um pouco culpada? Será que eu ter ido ajuda-lo deu nisto?

—Não, o que se passa é que estou preocupado e nervoso. Passei toda a noite a dar voltas sobre o que podia fazer e não dormi nada, por isso agora estou cansado. - Começou a andar, passando por todos nós sem dizer uma só palavra.

—Não suporto vê-lo assim. - Parti-me o coração ver o meu melhor amigo naquele estado e não poder fazer nada.

—Ele já tinha estado assim em alguma ocasião?

—Não. Nunca tinha visto o Mamoru assim.

Os meus amigos chamaram-me à realidade para irmos para a aula. Estava prestes a começar e não nos podíamos atrasar. Na aula, o meu primo ficou sempre de cabeça baixa. Quando o professor fez a chamada, tive que lhe dar um cotovelada para que respondesse. Ele estava muito pensativo e sério. Nem prestava atenção ao seu redor… Não queria imaginar como seria nos treinos.

—Vamos ver que poder resolver este problema… - escondi-me atrás do livro. Só esperava que não fosse eu. Sempre fui péssima a matemática – Endou Mamoru. - Sentia um alivio enorme por não ser eu a ser chamada, mas assim que o olhei para o nomeado, vi que nem ouvira o professor a chamar – Endou? - nada – Endou Mamoru! - após o grito, ele levantou-se num salto.

—Presente! - que tonto.

—Deixa de pensar no dia de ontem e resolve esta equação.

—Sim! Vou já! - saiu do lugar a correr, em direção ao quadro.

Não demorou muito até ele voltar para o lugar. Tal como eu, o meu primo não era bom em matemática. Gostava de pensar que era de família. Passei toda a aula a pensar no que podia fazer por ele. Sentia-me muito inútil. Nada me surgia. Sabia que chegar à final era um grande feito, principalmente para uma equipa que inicialmente não tinha nada mais que sete jogadores, e que começaram apenas com o goleiro e a ajudante. Queria poder arranjar-lhe uma solução, mas no momento, tudo o que podia fazer era observa-lo e apoia-lo como podia, por muito pouco que fosse.

Quando a aula terminou, os rapazes para a sede do clube e eu dirigi-me ao wc feminino onde troquei o uniforme escolar pelo equipamento do clube. Assim que saí de uma das cabines, vi algumas das raparigas que lá estavam olharem para mim antes de sussurrarem umas para as outras. Preferia pensar que o facto estava amarrotado por ter passado o dia todo dentro da mala e não o facto de comentar eu ser a única jogadora da equipa. Saí a correr do prédio escolar. Já estava atrasada!

Na sede, o ambiente não era o melhor. Entrei e vi o Mamoru, o Goenji e o Kidou sentados em volta da mesa, com o caderno em cima e uma aura negra por cima deles.

—Que deprimente… - a porta por trás de mim foi novamente aberta enquanto colocava tudo dentro do meu cacifo.

—Desculpem o atraso. - Eram o Ichinose e o Domon.

—Mas que ambiente… - concordava com o nosso defesa. Pior não podia ser.

—E o treino?

—O Someoka e o Kazemaru estão a tratar dele. - fechei o cacifo e dirigi-me para junto dos três.

—O Ichinose contou-me o que se passa. Ao que parece há muita preocupação por causa da God Hand. - Após aquelas palavras, o dono da técnica bateu com a cabeça no caderno do nosso avô – Já vi que é muito grave.

—Kidou, tu és o único que pode ver a Zeus jogar e conheces a sua força. Achas que a God Hand poderia com os seus lançamentos ou não? - por muito que adorasse o Goenji… Não era hora para aquele tipo de perguntas!

—Bom… Não sei. Acho que agora mesmo sou incapaz de calcular a força da Zeus como deve ser. Mas…

—Mas? - estava intrigada.

—Há algo que tenho a certeza. Os remates da Zeus são muito mais fortes que a Triangle Z dos irmãos Mukata.

—Mamoru, não tens a certeza sobre conseguir parar os remates, é isso, não? - por muito duro que fosse perguntar aquilo, tinha de o fazer.

—Ontem só consegui parar o remate graças a ajuda do Kabeyama e do Kurimatsu, mas sei que o jogo contra a Zeus será o mais difícil que já tivemos até agora e não posso tê-los a ajudar-me o jogo todo.

—Sim, não podemos ter sempre três jogadores a fazer de goleiro.

—Assim não sou útil para nada, nem como capitão nem como goleiro. - Isso era exagerar!

—O que é isso? O caderno do vosso avô? Não haverá por aí alguma técnica muito melhor que a God Hand?

—Sim. - Peguei no caderno. Já que ele parecia não querer mostrar, eu pus-me à procura dela.

—Aqui está. - Pousei o caderno novamente sobre a mesa, mostrando a técnica.

—O é isso? É ilegível. - Esqueci-me que o Ichinose nunca tinha visto aquele caderno.

—Mas o Mamoru e a Malina podem ler. - O Ichinose ficou espantado.

—Chama-se Majin The Hand. Segundo o nosso avô é a técnica mais poderosa que um goleiro pode utilizar.

—Uau! Isso é ótimo, não é? - o Mamoru não respondeu ao Domon, limitou a apontar para um dos desenhos onde um grande circulo vermelho estava sobre o lado esquerdo do boneco.

—É aqui. A chave está aqui.

—Aqui? No peito?

—Eu penso que se está a referir ao coração, mas não diz exatamente isso. - Na verdade não tinha grande coisa escrita, apenas os desenhos.

—E isso é tudo? Não há mais? - pensei exatamente como o Kidou ao início. Pus-me a vasculhar o caderno mas não encontrei nada.

—Não, mais nada.

—Capitão! - só quando o Kurimatsu o chamou é que vi os rapazes do primeiro ano todos à porta, antes de entrar a correr com um sorriso no rosto.

—Vá lá! Tens de vir treinar. - O Shourinji e os rapazes não pareciam querer desistir da ideia.

—Estão todos à tua espera. - Talvez o Shido e os outros lhe dessem animo.

—Não queremos perder o espírito que conseguimos!

—Nós do primeiro ano prometemos que conseguiremos ganhar o torneio. - Kurimatsu…

—Nada pode deter a Raimon, não é?! - até o Kabeyama.

O Someoka, o Kazemaru e o Megane limitava-se a ficar à entrado, deixando os do primeiro ano falar. Olhamos todos para o nosso capitão. Estava de cabeça baixa até que de repente se levantou, sorrindo… Era um sorriso tão falso.

—Muito bem! Vamos treinar. Estávamos aqui a pensar em novas táticas, não é? - encarou o Goenji que ficou meio sem saber o que dizer.

—É… Sim. - Mas lá acabou por mentir.

—Vamos derrotar a Zeus.

—Sim!

Após as palavras do capitão, saíram todos a correr. Só os que já estávamos na sala é que ficamos para trás. O Mamoru podia fazer-se de forte em frente aos do primeiro ano, mas sabíamos bem o que se estava a passar.

—Acho que o Endou se encontrou com uma parede. - Assenti com as palavras do Kidou.

—Sim.

—Quanto mais soube se soube de nível, mas alta é a parede que se encontra adiante e para supera-la é preciso subi-la muitíssimo mais ou desistir. - Sorri. Desistir? Isso não parecia típico dele.

—Sim, mas alguém que é incapaz de dar-se por vencido, não vai desistir com tanta facilidade! - o Ichinose posou-me a mão sobre o ombro. Tanto ele como o Domon já se tinham equipado.

—E nós vamos estar aqui para apoia-lo assim como fizeram o Kurimatsu e o Kabeyama no jogo contra a Kidokawa. - Encarou – Assim como tu, Malina. - Ri-me.

—Sim, mas comigo marcaram-nos um golo. Não fui de grande ajuda.

—Mas foi algo feito com o coração e isso também importa. - Agradecia as palavras do Domon.

—Talvez se refira a isso... - O Ichinose tinha a mão sobre o coração – Quando no caderno se refere que a chave está aqui. - O Domon colocou o braço sobre os ombros do Ichinose, rindo.

—Então realmente estavas a pensar em como resolver isso, não é?! - tentei sentir-me um pouco melhor com a animação deles, mas era difícil. O meu primo estava mal ainda que disse o contrário e senti-me um pouco culpada por isso. Nesse instante, senti uma mão pousar sobre o meu ombro.

—Não te preocupes. - Olhei para o Goenji. Tinha um sorriso nos lábios – Ele vai ficar vem. - Senti agarrem-me na mão, deixando-me surpresa.

—Sabes melhor que nós o quão forte ele é.

Fora o Kidou. A outra mão também foi agarrada… Pelo Goenji, e quando dei por mim, ambos me estavam a puxar para o campo, para treinar. Era bom poder contar com os amigos em momentos assim e eu agradecia imenso por os ter a meu lado.

Neste momento compreendia que não podia fazer nada mais que observar. De certa forma entendia-o. Ele sempre foi capaz de superar todos os obstáculos sem ajuda de ninguém, só com a sua força de vontade e eu só podia ficar a vigia-lo para nada lhe acontecesse, cuidando dele da melhor forma. No entanto é duro… É duro vê-lo sorrir daquela maneira. Tinha noção que sobre ele recaía a responsabilidade enorme, não só como goleiro, mas como capitão e ele queria mostrar que tudo estava bem, que não se passava nada, não queria preocupar principalmente os do primeiro ano, mas era a primeira vez que via um sorriso tão triste na face do Mamoru.

*

Passaram-se várias horas desde que o treino terminara. Aliás, passaram-se várias horas desde que eu e o Mamoru viemos para o parque da torre Inazuma treinar sozinhos, como fazíamos por vezes. Estávamos ambos fartos de levar com os pneus e cair ao chão, mas não desistíamos. Nenhum de nós pretendia fazê-lo, não assim tão cedo. Pelo menos, até que o Mamoru parou.

—O que se passa? - vi-o bater com o punho no peito.

—Aqui está a chave. Aqui está a chave… Mas que raios significa isso? - não me respondeu limitando-se a empurrar novamente o enorme pneu, que o atirou de novo ao chão, com imenso força.

—Mamoru! - corri até ele. Aquilo foi um exagero.

—Desculpa, mas tenho de me tornar mais forte. - Ajudei-o a levantar – Sei que estás preocupada, mas vai ficar tudo bem, eu prometo. - Soltou a minha mão e sorriu, antes de voltar a fazer o mesmo – Sou o goleiro da Raimon! Se não consigo tornar-me mais forte, não venceremos o jogo.

Continuamos o treino e não lhe disse nada mais. Tinha que me concentrar no meu treino. O Mamoru precisava de se resolver com os seus demónios sozinho e nisso eu não podia ajudar. Apenas podia ficar a seu lado como prima e, principalmente, amiga.


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Notas finais do capítulo

Reviews?!
Kissus!



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