Florence: Entre dois reinos escrita por Vihzau


Capítulo 6
Capítulo V: Florence


Notas iniciais do capítulo

Olá, boa tarde, tem alguém aí? Estou adiantando o capítulo dessa semana. Está Editado e creio eu que sem erros, haha. (Caso ache algo errado, comente, por favor)
Boa leitura!



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“Até quando você consegue amar alguém?”

Ninguém sabia o que realmente havia acontecido com Ambre Oeste: Seu corpo estava intacto mesmo com seu pulso frio, não havia nenhum arranhão ou sinal de luta, porém sua alma não estava ali, havia virado um casco sem conteúdo. Zara e suas fadas fizeram diversos feitiços para tentar trazê-la novamente a vida, mas sem alma não teria jeito. Depois de ter forçado o parto de Florence, Zara juntamente das fadas cobriu todo o corpo de Ambre com um pano branco e a colocaram em um caixão de madeira. Jogaram-se flores brancas por cima do corpo e assim que fechou o caixão, a levaram para a casa das fadas, onde morava a “mãe” que cuidava de todas as fadinhas. Zara queria guardar o corpo para caso conseguisse trazê-la de volta a vida, entretanto, ainda assim teria um enterro para que Oliver fosse se conformando da perda.

— Callus roubou a alma de Ambre para trazer de volta Hadassa... — Zara resmungou olhando Florence dormindo na cama de sua falecida amiga. — Ele vai voltar atrás de você, pequena... Espero que se torne forte como sua mãe.

Caíram-se lágrimas de seus olhos, dessa vez não era de felicidade.

— Desculpa por não tê-la salvado. Agora só me resta esperar Callus nos devolvê-la.

Oliver estava na floresta rosada juntamente de uma caixa de madeira onde ele havia colocado todos os pertences de Ambre, desde roupas até objetos mágicos, como sua varinha. Cavou um buraco fundo perto de uma árvore enorme e enterrou a caixa, jogando logo em seguida flores brancas por cima.

— Adeus!

Ficou meia hora observando aquela cena e desejando que tudo fosse um sonho ruim em que ele acordaria no dia do seu casamento. Solar o viu, mas preferiu não se aproximar, de longe ela conseguia sentir sua energia negativa. Doía vê-lo sofrendo e não poder fazer nada.

Oliver teria que cuidar de um neném sozinho, e não fazia ideia de como faria isto. Era jovem e desde então nunca havia cuidado de crianças. Zara conversou com ele e prometeu que o ajudaria a cuidar do crescimento da nova feiticeira de Viena, assim como também o ajudaria a superar a dor da perda.

E assim foi feito: Durante bastante tempo Oliver criou Florence sendo supervisionado por Zara, aprendendo como preparar mamadeira, como por para dormir, como dar banho, como segurar, entre diversas coisas que ela o ensinou. Isso fez com que Florence crescesse saudável e feliz como qualquer criança comum.

Depois de certo tempo, Zara teve que ordenar as fadas: Quando a fada mãe morre, sua filha toma posse de pôr ordem e ela havia ganhado este poder. A fada mãe tinha que cuidar de todas as fadas pequenas e certificar-se de que elas cresceriam bem e se tornariam fadas poderosas para continuar sua tribo, que no caso eram as cores. Cuidaria de todas as fadas que nascesse independente de sua cor, para que quando crescessem cada uma fosse para seu lugar.  No começo era difícil para ela ter que tomar conta de tantas fadas e acabou tendo que se afastar bastante de Oliver e Florence.

Contudo, Oliver não ficou sozinho, Solar havia começado a se aproximar, pois ainda era apaixonada por ele e queria ajudá-lo a criar Florence, por mais que não houvesse reciprocidade, estar com ele a fazia feliz.

Florence foi crescendo e se mostrando uma cópia visual de Ambre, tanto os seus cabelos, como a cor da pele e feições do rosto eram parecidas, o que mudava eram seus olhos negros. Porém, sua personalidade era contrária, Florence não costumava demonstrar sentimentos e era considerada uma pessoa séria.

Oliver dedicou esse tempo para aprender feitiços e ensiná-la. Não queria que ela soubesse que era um príncipe, mas sim apenas um feiticeiro, assim foi crescendo achando que seu pai era apenas isto, como sua mãe também era. Florence ouviu muitas histórias de sua mãe ao decorrer de seu crescimento e estabeleceu como meta ser como ela, a melhor feiticeira de Viena.

Com 10 anos, Florence sabia alguns feitiços que seu pai havia lhe ensinado, como feitiços de proteção, de preparar comidas, de atacar um inimigo de longe, e os mais básicos: Como derrubar frutas de árvores. Ele não queria ensinar coisas mais pesadas para ela, para que Callus não pudesse ver o poder de sua filha, sua meta era sempre protegê-la, mesmo sabendo que a magia de Florence era muito mais forte, pois estava em seu sangue. Zara havia o alertado para tomar cuidado, pois a magia de sua filha teria tendência a ser muito maior do que a de Ambre, pois ela havia nascido com o sangue da realeza, o chamado dourado.

Algum tempo depois...

— Vamos Analu! — Florence ordenou que a fada descesse da árvore azul. — Largue de ser medrosa!

— Florence, você não entende!!!! Se a mãe Zara souber que estamos na floresta ela vai me castigar!!— gritou tremendo. — Seu pai mesmo disse que não quer a gente em florestas!!

— E o meu pai precisa saber? — Sorriu. —Vamos logo!!! Nós já temos quinze anos, não podemos ficar presas em aldeias oeste por muito tempo.

— Não, Florence!!!

— AAAAAH! Você está me irritando com esse seu medo idiota! — Respirou fundo.

Ela apontou sua varinha branca feita de diamantes, sussurrando algumas palavras, logo, uma luz avermelhada fez com que Analu caísse da árvore.

— Larga de ser idiota, Analu! — resmungou.

— Você sabe que a Annie vai contar tudo, não é? Ela nos odeia. Especialmente você!!

— Ah... Eu dei um jeito! — Sorriu.

(...)

— Oi Annie. — Aproximou-se da fada rosa que estava pegando laranjas das árvores. — Não se meta no meu caminho, ouviu?

— E você acha que eu tenho medo de você, Florence? — Sorriu.

— Acho... — respondeu apontando sua varinha e sua luz avermelhada saiu radiante.  — Bum-de-dane!!

Uma explosão de gomas coloridas foi em sua direção, grudando-a sobre o tronco da árvore.

— E se você reclamar... Coloco-te invisível para ninguém te tirar!

— Volte aqui sua filha de ganço!!!!!— Annie gritou irritada.

— Fique fora do meu caminho. — disse lhe lançando um olhar de desdenho.

(...)

— Ela está bem ocupada, Analu...

— O que você fez Florence?! — perguntou com medo.

— Vamos logo, temos muitas florestas para desvendar. — segurou com o dedo mindinho a mão de Analu, e juntas foram andando para a floresta amarela.

Analu é a única filha de Anabel, e ás vezes ela a deixava brincando com Florence, o que causou esta amizade. Analu é medrosa e segue a risca as regras da mãe Zara e de sua mãe verdadeira. Sendo uma das poucas fadas verdes, junto de sua mãe, quer comandar a tribo, por isto está sendo cuidada por Zara. Seu rosto lembra o de um bebê, pois por mais que sua idade avance, não perde o rostinho desde então. Sua pele é macia e é em um tom negro claro, seus cabelos são cacheados e castanhos, seus olhos de mesma cor.

 Ela e Florence são aquelas que chamamos de ‘Melhores amigas’, por mais que Florence não demonstre tanto assim, gosta muito de Analu.

A feiticeira-mirim e a fadinha foram andando pelas florestas, explorando a região e percebendo o quão diferente são as frutas de cada região.

— Queria morar no Norte, aqui é mais bonito. — Analu disse sorrindo.

— A Solar mora por aqui... Não podemos nos esbarrar com ela. — respirou fundo.

— Ela e seu pai são namorados?

— QUÊ? Não... Não... São apenas amigos! — irritou-se.

— Ah! Não é possível!— Riu.

— Cala-te... Esse assunto é entre eles.

— Em falar nisto... — Analu se sentou sobre um tronco de uma árvore anão. — Está interessada em alguém?

— Analu! — Virou-se e a encarou, irritada.

— Ah, amiga! Eu gosto do Tritan Sul... Além de ele ser bonito, gosto do cabelo dele ser azul. — Suspirou com um olhar apaixonado. —Não é possível que não goste de ninguém, Florence!

— Não achei ninguém que fosse capaz de me interessar até agora... — Riu.

— Você é muito difícil de lidar... — resmungou.

— Agora vamos! — respondeu mudando de assunto.

Analu ficou bastante irritada, demonstrando isso através de sua expressão que havia ficado tensa, porém, continuou atrás da amiga.

(...)

— Não acredito que deixou Florence sair desse lado!!! — Oliver gritou com Zara.

 — Opa! A culpa não é minha se você é incompetente!!! — revidou.

— Eu estava ocupado trabalhando na criação da nova aldeia Oeste!!! — gritou mais alto. — Fora que ela foi com uma de suas fadas!!

— CALMA GENTE! — Solar gritou os interrompendo. — Elas não foram muito longe, brigar não adianta nada!

— É verdade... — Zara disse recuando e Oliver fez que sim com a cabeça.

— Acho que Annie deve saber onde elas estão... Ela é muito observadora.

Eles foram até a casa das fadas, onde Zara mora e ordena tudo. Procuraram Annie por todos os cantos e nenhum sinal dela na casa. Até que finalmente Zara a achou presa em uma árvore quase criando raízes.

— ANNIE! O QUE ACONTECEU? — gritou assustada.

— Florence... — Murmurou.

— Isso é magia negra... — Oliver arregalou os olhos.  — Não sabia que Florence aprendera isso.

— Ela roubou o livro, Oliver? — Zara respirou fundo.

— Provável...

— Nós estamos criando um perigo!! — Solar gritou nervosa.

— Ela não é perigo nenhum, é apenas uma adolescente... — Revirou os olhos.  — Vamos logo atrás delas!

— Para onde elas foram, Annie? — Zara perguntou a tirando da árvore.

(...)

— LENTETINO! — Florence gritou apontando a varinha para uma porta que trancava o lado negro da floresta azul. Logo, a porta transformou-se em pó.

— Você anda treinando bastante, hein. — Analu sorriu.

— Eu vou te ajudar depois a aprender esses feitiços.

Elas entraram no lado negro, onde Callus certamente morava, porém não havia evidências de que ainda estava lá. Florence sentiu calafrios e marcas negras em formato de raízes foram aparecendo em seus braços. Foi sentindo queimar o quanto mais elas subiam sua pele e isso a deixou nervosa, o que a fez balançar o braço sem parar.

— O que é isso? — Analu se assustou. — Você já teve isso antes?

— Não... Eu não sei o que é isso... — respirou fundo escondendo o medo que sentia.

Ás marcas logo parou de subir, se posicionando da ponta de seus dedos até a dobra de seus braços.

— Acho melhor voltarm...

— NÃO! Eu quero conhecer a casa do estrume que matou minha mãe... — Florence apertou seus passos para chegar mais rápido.

Viu que por de baixo de toda a neblina que circulava o lugar, havia o castelo negro que provavelmente seria de Callus.

— Não Florence... Eu estou com medo!

— Que medo o que, Analu?! Vamos logo!

— Você não está com medo?! — gritou nervosa.

— Não. — respondeu friamente.

Florence continuou andando em direção ao castelo, queria poder ver além daquelas rochas enormes que formavam o castelo negro, queria poder ultrapassar a porta de ferro que despertava sua curiosidade. Querendo ou não isso tinha haver com sua origem, isso tinha haver com a morte de sua mãe e os porquês que ela pensava de vez em quando. Queria entender Callus, queria ver se ele era isso tudo que as pessoas falavam.  Não sentiu nenhum medo e as veias negras que habitavam sua pele a fizeram se sentir mais forte ainda.

Sentiu-se mais firme em seus passos e quanto mais perto chegava à porta sentia-se aliviada em tirar sua curiosidade. Analu havia ficado para trás, andando como tartaruga, pois sentia medo de se aproximar. Florence tocou sua mão direita na maçaneta e neste mesmo instante abriu-se um portal ao seu lado. Porém, não era o que ela queria, saiu do portal o braço de seu pai, que a puxou para dentro, chamando Analu, que correu antes que o portal se fechasse.

Florence abriu os olhos e estava em sua casa de madeira velha, um ar irritado abriu-se em sua expressão.

— Não!!! — gritou se levantando do chão.

— NÃO DIGO EU! Você está ficando maluca?!— Ele agarrou o braço direito dela. — Eu disse para você não andar por aquele lugar!!!

— Eu tenho direito de conhecer a pessoa que matou minha mãe!!! — gritou. — Ela iria querer isto!

— Iria querer isso? Você não faz ideia da besteira que está falado! Nunca que Ambre iria querer isso!! — respondeu gritando também.

— Eu vou me tornar mais forte para derrotar Callus e você não irá me impedir!!! — gritou virando-se em direção ao seu quarto.

— Devolva-me o livro, Florence! — estendeu sua mão para ela.

— Que livro? — respirou fundo.

— O livro de feitiços que você roubou!

Ela observou seus braços e percebeu que as marcas das raízes haviam saído e deixando apenas a cor pálida de sempre.

— Não... Não pai... Preciso dele! Não vou me tornar uma feiticeira de verdade com os feitiços que você me ensinou. — correu para seu quarto.

— Você não tem idade para isto! — Oliver foi atrás dela, pegando o livro que estava escondido debaixo do travesseiro.

— Você não entende... A magia está em minhas veias... Elas ficaram negras... — murmurou.

— Negras? — Oliver estranhou.

— Raízes pai... Quando eu estava lá, raízes negras nasceram em meus braços e eram bonitas... Era magia!

— Não me desobedeça mais!! — gritou saindo do quarto e fechando a porta com força.

Por mais que Oliver tentasse proteger Florence, sabia que não poderia a privar de ter contato com magia, ela estava destinada a ser uma feiticeira dourada, porém o que se temia era se o lado negro de sua magia iria domina-la.

Florence se jogou em sua cama, sentindo-se triste, porém esforçou-se para não deixar nenhuma lágrima cair de seus olhos. Pensava em sua mãe, desejou tê-la conhecido, estaria feliz hoje em dia.

— Eu vou me tornar a melhor feiticeira de Viena... — murmurou. — Eu prometo.

Seus olhos negros estavam cabisbaixos. Ela tinha que tentar convencer Oliver de que precisava aprender os feitiços mais fortes do livro, já estava em tempo.

(...)

Lembranças do passado,

— Papai! Papai! — gritou correndo atrás de Oliver pela casa. — A história... Você esqueceu-se de contá-la.

Ele sorriu a pegando no colo e levando-a para a cama. Cobriu-a com um cobertor fofo e ajeitou seu travesseiro.

— Bem... Diz à lenda que quando uma fada chora de alegria, nasce um bebê...

Florence adorava dormir ouvindo Oliver contar essa história. Talvez seja porque ela ouvia isto quando estava na barriga de sua mãe, ou apenas coincidência. Mas, sentia-se feliz ao ouvir a voz de seu pai dizendo que ela havia sido obra de um amor verdadeiro.

— Pai... A Annie diz que eu sou fria e esquisita. — murmurou.

— Quê? Que nada!— sorriu para ela. — Você é toda feita de amor... É normal algumas pessoas terem mais dificuldades em mostrar o que sente.

— Feita de amor? — sorriu aliviada.

— Completamente feita de amor.

Oliver a abraçou e logo a pequena Florence adormeceu em seus braços.

(...)

— Raízes... Raízes negras, Zara! — Oliver disse assustado. — Isto é magia negra, não é?

Zara o encarou completamente sem reação.

 


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