Minha Carta Póstuma escrita por Day Silva


Capítulo 1
Lembranças da minha vida


Notas iniciais do capítulo

Esse é um breve texto que escrevi para fazermos uma reflexão sobre a nossa vida. Leiam até o fim e espero que gostem.



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Tinha um vestido, ele era azul. Assim como o céu.
Eu amava usa-lo, era meu predileto. Me sentia como uma princesa nele.
Toda tarde eu ia para baixo de uma árvore que tinha no meu quintal. Ela era enorme.
Suas folhas verdes balançavam toda vez que o vento soprava forte, algumas caíam, as outras que resistiam ficavam lá esperando seu momento de cair e se juntar às que estavam no chão.
Sentada ali embaixo eu escrevia  em meu diário, contava a ele como tinha sido meu dia, e nas folhas de trás eu escrevia meus planos para o futuro:
Comprar aquela calça que tava na moda;
Dar o meu primeiro beijo (me dava um frio na barriga só de imaginar);
Ter uma festa de debutante, como nos sonhos de qualquer garota;
Me formar como veterinária para poder cuidar dos animaizinhos;
Me casar e ter uma família... Coisas simples, né? Mas que eu nem imaginava que seriam impossíveis de realizar...
Lembro do meu primeiro sutiã, que mamãe comprou quando eu fiz onze anos.
Eu estava ficando uma moça e logo me tornaria uma mulher.
Tinha acabado de entar na pré- adolescência e não via a hora de fazer todas aquelas coisas que adolescentes fazem.
Eu amava a minha mãe. Apesar de as vezes ficar irritada quando ela vinha encher meu saco me dando conselhos e me colocando de castigo.
Agora entendo mãe, que tudo aquilo que você falava e fazia era para meu próprio bem.
Desculpas se as vezes a fiz chorar. Me perdoa também aquele dia que eu gritei com a senhora quando você me repreendeu por eu te chegado um pouco tarde da casa da Ana.
Desculpas, mamãe...
Eu queria ter feito tantas coisas.
Queria ver minha irmãzinha, a Clarie, crescer. Eu iria ensina-la a andar de bicicleta, ajudar nos seus deveres de casa, coisas de irmã mais velha.
Queria ter indo àquele show da minha banda favorita que ia ser na semana seguinte. Mas não pude ir.
Também não pude comprar aquela calça que tanto queria.
Não pude dar o meu primeiro beijo, aquele momento que eu tanto esperei e que jamais teria.
Não pude ter minha festa de quinze anos.
Não pude me formar.
Não pude me casar... Não pude construir uma família, ter filhos nem nada disso.
Sonhos e planos que foram esquecidos e que agora não passavam de palavras escritas em uma folha velha, manchada com os anos.
Um vestido azul largado e jogado no canto de um quarto que um dia me pertenceu.
Fotos de verão qualquer em cima de uma mesinha...
Em uma sala vazia ouvia-se uma melodia com um som melancólico, poeiras dançando ao seu ritmo.
No tempo várias lembranças, risos e converssas jogados ao vento.
No coração uma dor, uma vida que foi roubada...
Quem eu sou?
Meu nome é Lizy, Lizy Madeline.
Ou pelo menos era...
Eu tinha doze anos quando fui brutalmente assassinada em um beco escuro numa noite de outono.
Um monstro roubou meus sonhos. Roubou minha família. Roubou meus amigos. Roubou minha vida.


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