Sempre ao seu Lado escrita por Aquela Trouxa


Capítulo 16
16 de Julho ➶


Notas iniciais do capítulo

Oi,oi gente! Pois é, finalmente alguma produtividade concluída com essa quarentena, já estou cansada de não ter mais minha rotina matinal, mas tudo por uma causa maior, né... Eu fiz outra capa para a fic ♥ , me deu um baita trampo para ajustar o tamanho, mas ficou bonzinho até... Agora estamos entrando em outro patamar da fic, o que está me dando muito motivo para implantar muitas horas em pesquisas para poder escrever algo coerente e lógico... Bom, aproveitem beem a leitura, e bem vindos novos leitores, obrigada por terem paciência comigo ♥



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Sempre ao Seu lado 

 

Capítulo 16 

 

“ Tic-Tac; Tic-Tac; Tic-Tac". O relógio dentro da minha cabeça soava me alertando de que já estava mais do que na hora de eu abandonar o cantinho da banheira no qual eu havia me encolhido. A água já estava fria e sem espuma, meu corpo estava arrepiado de frio, o tecido de meus dedos enrugado e meu cabelo grudando na minha bochecha e na sonda. Eu estava me sentindo um vidro quebrado em vários pedaços e com medo. Muito medo. 

 Após meu momento, onde eu pude sentir o bebê em tão poucos dias corridos da gravidez, mesmo sabendo que seu desenvolvimento diário era válido por mais de oito, o peso que isso acarretou dentro de mim foi perturbador, era como se toda a atenção trágica do mundo estivesse dentro de mim pulsando agudamente dentro de minha cabeça mal me permitindo pensar em alguma outra coisa, meu psicológico não era estável o bastante para isso. Eu apenas me perguntava o porquê; Por que eu havia sido violada? Por que está acontecendo tudo isso? Por que eu não poderia ser capaz de criar minha filha em paz? O meu medo estava voltado apenas nas questões do meu próprio destino. Onde meu passado ainda poderia influenciar na minha vida? Tudo era tão incerto e impossível de se anteceder ao meu ver, que a única forma que eu encontrava para me consolar era me perguntar os porquês. 

Percebi ter perdido a noção do tempo novamente quando as perguntas tornaram a me atormentar causando uma leve dor de cabeça. Pisquei meus olhos apenas pela necessidade e parei de encarar a água da banheira. Olhei ao redor, percebendo que tudo estava em seu devido lugar e suspirei. Me movi lentamente fazendo a água gelada se agitar sob meu corpo, me fazendo tremer de frio e me apressei para finalmente sair de dentro da banheira, ativei o botão que havia na lateral para que a água fosse descartada. Peguei a toalha do suporte para me secar e puxei a menor para secar meus cabelos também, procurei pelo potinho de creme que eu havia colocado dentro do balcão e apliquei uma boa quantidade nos fios. Peguei o secador de cabelo e os pentes de dentro da gaveta do balcão e me concentrei nessa tarefa, quando apenas as pontas do meu cabelo estavam úmidas eu desliguei o secador e o guardei ao lado dos pentes, inspecionei o local para não deixar nada fora do lugar e fui para o closet. A primeira peça que eu tive necessidade em pôr no corpo foi uma botina de tricô vermelho antiga que eu trouxe comigo e a lingerie.  

A parte desgastante foi procurar alguma roupa que ficasse decente com ela, eu já havia descartado várias opções, desde moletons à jeans que ficaram apertados e antes que eu ficasse mais frustrada e decidisse nem sair do closet eu me deparei com um vestido que eu usei durante as gestações passadas, o corpo do vestido era cinza, já sua saia rodada e as mangas que iam até aos cotovelos era xadrez em preto e branco. Fiquei admirando o vestido por mais algum tempo até pegá-lo e estendê-lo no pufe mais próximo. Caminhei até a penteadeira e me sentei no assento disposto do móvel, analisei meu rosto vendo as bolsas avermelhadas abaixo dos olhos e a minha expressão de desanimo. Murchei. Não queria me apresentar assim para a minha filha, eu sou o porto seguro que ela sempre teve de que tudo ao seu redor ficaria bem, partia meu coração perceber que mesmo ela tendo tão pouco tempo de vida sua intuição natural já mostrava ter uma noção mesmo que infantil de que ela sempre esperava que eu pudesse ter a solução das dificuldades que passávamos, eu não poderia começar a definhar agora, nunca poderia tornar-me irresponsável assim com ela! Nunca! 

 Me apressei para vasculhar as gavetas da penteadeira e coletei o que eu iria precisar naquele momento e me atentei apenas a isso. Separei uma parte do lado esquerdo do meu cabelo e dividi em três, a cada mecha separada eu fui torcendo rente a raiz e prendi para trás com grampos, logo depois passei corretivo apenas nas áreas afetadas abaixo dos olhos, apliquei a máscara de cílios incolor e hidratei meus lábios com o primeiro produto que peguei, a sonda no meu rosto não ajudava muito, mas as manchas estavam cobertas o suficiente para que eu ficasse um pouco melhor. Passei meu creme hidratante pelo corpo e por último eu coloquei o vestido o passando por minhas pernas já que eu não consegui manter o fôlego o suficiente para colocá-lo da maneira tradicional. Seu caimento ainda estava perfeito, mesmo a barriga ainda estando, de certa forma, grande...  Afastei esses pensamentos; nos próximos possíveis dias eu poderei lidar com a expansão drástica da barriga, e do bebê também. “Meu bebê...”, vaguei meus pensamentos sobre nosso ocorrido a quase três horas atrás. Passeei minhas mãos sobre minha barriga sem pretensão de senti-lo novamente e pensando em Hilary, eu saí do closet carregando o bendito suporte atrás de mim. 

 Passei pela cama dando uma rápida olhada para as caixas com meus pertences ainda ali, abri a porta do quarto e saí dando de cara com Emmett a frente da porta. 

 

 — AAH! — soltei um grito tão agudo e dolorido de susto que quase joguei o suporte nele. Emmett riu da minha reação — Não se pode aparecer do nada assim, Emmett! — vociferei a ele. — Meu Deus do céu, — coloquei minha mão esquerda acima dos seios, sentindo meu coração palpitar dolorosamente. Emmett tentou se aproximar, mas o parei ao direcionar minha mão em sua direção — Meu Deus, — arfei percebendo que todo meu corpo estava descompassado pelo susto. Me encostei no batente da porta e me concentrei em normalizar a respiração. Emmett se encostou na parede de frente para mim e esperou que eu me acalmasse, agora ele parecia preocupado. — Por favor, não faça mais isso. — olhei em seus olhos em tons de amarelo. Vi ele voltar a sorrir — É sério, — reforcei — eu estou grávida, e tenho um coração que pode parar de bater a qualquer segundo. — justifiquei. — Pela dor que eu ainda estou sentindo, eu poderia ter enfartado. — Emmett ficou envergonhado depois disso e demoramos algum tempo para que voltássemos a dialogar. Mantive minhas mãos massageando a pele na região interna dolorida para tentar normalizar os batimentos, mesmo sabendo que isso não mudaria em nada. 

 

 — Me desculpe Amberli, — ele tornou a se aproximar de mim, mesmo estando visivelmente receoso — Não esperava que você se assustaria dessa maneira... Apenas um pouco. Eu subi até aqui para ajudá-la a descer com esse suporte, que você não suporta. — ele pontificou e sorriu acentuando suas covinhas que o deixavam mais lindo ainda.  

 

 Sorri sem jeito para ele e acenei confirmando que eu o desculparia e empurrei o suporte em sua direção. 

— Por favor, me ajude a levar esse suporte, do qual eu não suporto.  

 

 Dessa vez, Emmett gargalhou como se eu tivesse lhe contado a melhor piada do dia enquanto fechava sua enorme mão sobre a base do suporte e me indicava com sua mão livre para seguirmos até a escadaria. Caminhei com ele ao meu lado ainda risonho e descemos os lances de escadas até a cozinha. O ambiente estava calmo; Hilary estava sentada no tapete junto de Rosalie e seus brinquedos na sala íntima no espaço mais distante do cômodo, Emmett logo se afastou de mim e juntou-se a sua esposa. Esme estava com Carlisle papeando escorados no balcão da ilha, seus belos rostos estavam tão próximos, quase se tocavam, pareciam uma bela escultura de mármore, impossível de não se admirar. Com eles estava disposto sobre a pedra brilhante da ilha, a maleta já aberta. Eles estavam me aguardando para iniciarmos a lavagem da sonda e reposição da bolsa para o meu “jantar”.  

 

 — Boa noite, Amberli. Está diferente, é bom vê-la assim...— cumprimentou Carlisle partindo sua bolha de beleza e romance com sua esposa e andou para perto de mim — Soube que hoje houve algumas, revelações suas nessa tarde. Obrigado por confiar na minha família e se sentir segura em compartilhar acontecimentos que marcaram sua vida. Esme me deixou a par de tudo que você relatou. Sinto muito por Angie. — agradeceu, e expressou condolência. 

 

 — Obrigada. — agradeci me sentindo dolorida, ainda pelo susto. Vi Hilary se levantar do tapete após ter abraçado Emmett e caminhou na minha direção com seus bracinhos estendidos. Analisei a roupa que ela estava usando, a calça jeans clara, uma camisetinha manchada de tons rosa e uma bota de caninho curto também rosa. Seus cabelos estavam bagunçados e junto dos brinquedos dela estava uma touca rosa, que possivelmente antes estava em sua cabeça. Dessa vez ela estava realmente usando roupas que já eram suas. Afastei alguns fios de seu rosto e penteei seus cabelos para trás, usando meus dedos, — Mas há muito a dizer sobre mim. Creio que terei dias o suficiente para que tudo seja esclarecido.  

Estendi meus braços em sua direção, sentindo minhas mãos estarem geladas e me agachei para pegar Hilary que havia abraçado minhas pernas colocando seus dedinhos nos nós da botina, mas parei antes que conseguisse alcançá-la, ao perder o fôlego sentindo minha cabeça formigar. Abri minha boca para poder falar que alguma coisa não estava bem em mim, mas não consegui saber se eu havia realmente o feito, apoiei rapidamente minha mão esquerda em minha coxa para que eu não viesse a cair, Hilary foi afastada de mim e no fundo pude ouvir seu choro. Com a mão direita procurei por Carlisle, assim percebi que ele já estava me socorrendo antes de eu pensar em tocá-lo. Pisquei meus olhos um pouco perturbada pela minha visão turva, ainda me sentindo mal, estando com a cabeça formigando. Fui sentada com o auxílio de Esme que estava me mantendo no lugar. Uma faixa foi enrolada em meu braço e aos poucos ela foi sendo apertada, demorei alguns segundos para notar que a faixa era do aparelho de medir pressão. 

 

 — Continue o alfabeto, minha querida... — falava Esme para alguém próximo de nós. Me senti estar fora de mim, como se estivesse desmaiando e me esforcei para recuperar meus sentidos; comecei a piscar meus olhos de maneira rápida, fazendo pressão nas pálpebras e consegui enxergar e me situar — ...Amberli me diga todas as letras do alfabeto! — ela tornou e exclamar chamando a minha atenção. Agora percebi que ela estava falando apenas comigo; tornei a abri minha boca e mesmo sem entender fiz o que ela me mandava. 

 

 — I, j, k... — falava sentindo a boca muito seca e respondendo ao seu comando bem devagar. “Quando eu havia começado a recitar o alfabeto para ela?” me perguntei.  Movimentei minha cabeça para a sua direção, mas ela não permitiu que eu o fizesse me mantendo o mais certa possível na cadeira. — Eu estou seguindo a ordem certa? Eu não me lembro de ter começado... 

 

 — Está certo Amberli, continue, ocupe-se em pensar apenas nisso. — me incentivou a continuar e fiz o que ela me pediu repetindo novamente o alfabeto, até que eu conseguisse falar todas as letras sem erro, por duas vezes. 

 

 — ... U, v... Não quero mais fazer isso, preciso de água. — Esme suspirou e aos poucos suas mãos relaxaram sobre minha pele e suas mãos desceram por meus pescoços e as descansou em meus ombros. Carlisle não estava mais medindo minha pressão, mas ao fundo eu havia percebido que ele vinha e voltava para o cômodo em uma velocidade absurdamente impressionante, olhei ao redor, percebendo que Emmett, Rosalie e Hilary não estavam ali e que eu não conseguia ouvir nenhum barulho que me dessem pistas de qual local da mansão elas poderiam estar. Tornei a me lembrar de que minha garganta estava seca e tornei a pedir água. Esme contornou meu corpo e parou na minha frente apenas olhou em meus olhos, piscou os seus e se afastou sem que eu entendesse o que ela queria me dizer, se é que ela tenha tentado me falar algo através do olhar. 

 

   — Sua sede física não é totalmente de água. — me informou Carlisle ao voltar a me examinar. Voltei meus olhos para ele, que estava com suas mãos nas laterais da sua maleta, uma bolsa de sangue maior do que as que eu já usei estava dentro junto aos demais utensílios que eu não fazia ideia do que era. — Sua pressão caiu muito rápido, mas se recuperou mais rápido ainda o que ocasionou em uma elevação perigosa. O susto que você levou a alguns minutos atrás pode ter algum envolvimento com isso, fora outras observações em que eu estive analisando... Vou informar o básico necessário de todo o procedimento que farei agora, apenas para que você não se sinta mais desconfortável e perdida. — nos olhamos e eu assenti, mantendo-me atenta a cada palavra sua. — Eu troquei o tipo sanguíneo padrão que eu estava usando na sua alimentação, pensei que só usando o sangue O+ seria suficiente para que a dieta fosse concluída durante todos os dias seguidos mas creio eu que agora o sangue A e B sejam os principais para a sua dieta. Infelizmente eu só posso deduzir o que pode estar acontecendo... —  ele pausou sua fala parecendo estar um pouco perdido com a sua própria teoria. Em suas mãos, ele manuseava perfeitamente uma seringa para fazer a simples lavagem da sonda — ...Mas acredito que o compartilhamento ininterrupto do sangue O+, de alguma maneira tenha sido percebido por ambos os corpos de que ele não faz parte da ação natural do seu corpo. Talvez o bebê não queira um sangue que pareça ser tão diferente do seu... Prefere que seja o sangue AB, assim como o seu. Sorte que eu havia mantido essa bolsa AB+, caso algo te acontecesse, não estive contando precisar usá-lo durante a dieta, pelo fato de ser difícil de encontrá-lo... — fez o descarte da seringa e tornou a conectar os tubos entre a minha sonda e à bolsa de sangue que estava em suas mãos. — Mas ainda temos mais duas bolsas desse sangue, ainda posso conseguir com certa urgência mais algumas, caso precisemos de mais. Estarei intercalando entre o sangue AB+, A e B, e até mesmo tentarei manter o tipo O entre eles, estarei observando mais atentamente durante esses dias. — pendurou a bolsa no suporte e tornou a ficar pensativo — É uma pena não poder saber sobre o feto... — lamentou por poucos segundos. — Amberli, preciso que ainda fique por aqui, descanse até que esteja bem. Apesar de tudo, quero manter a dieta estável.  — findou. 

 Assenti sem contestar continuando sentada na cadeira que Esme me colocou, depois de uns cinco minutos, ainda em observação, eu me sentei no sofá e no mesmo segundo Emmett estava ao meu lado com seus braços estendidos sobre as costas do móvel, como se nunca tivesse sequer saído dali. 

 

— Como é que?... — abri a boca para perguntar, mas desisti de terminar ao me lembrar das palavras de Rosalie sobre a natureza deles. Era quase fácil me esquecer disso, mas não tanto quanto me lembrar também. Emmett demostrando sua extrema rapidez, como se eu estivesse super acostumada era um belo exemplo disso. Me encostei no sofá e ficamos um ao lado do outro em silêncio, apenas ouvindo os sons que Esme fazia na cozinha. 

 

 — Amberli, é sério. — Emmett me chamou — Me desculpe, me desculpe mesmo, você realmente poderia ter morrido. 

 

 — Por causa do susto? — perguntei olhando seu rosto lindo, mesmo aparentando estar triste, que acenou sutilmente um sim — Claro que te desculpo Emmett, eu estou aqui, não estou? — lhe respondi séria erguendo minha mão para tocar em seus ombros, num gesto inconsciente. 

 

 — Já parou pra pensar que... — ele contestou, mas não terminou, desistindo de falar ao ver minha expressão de quem não queria continuar com esse assunto — Certo, não falo mais sobre isso. Prometo apenas cuidar de Hilary e nunca mais te assustar assim. — cedeu. Tornamos a ficar em silêncio por mais algum momento até ele tornar a falar comigo. — Rose está lá embaixo com sua pequenina. Ela nos tem na palma de suas pequenas mãos. — riu, o acompanhei no riso em silêncio — Como é ser mãe Amberli? — me perguntou. 

 

 Pensei por um momento sobre isso e mantive nosso contato visual ... 

 

— Nunca me fizeram essa pergunta. — admito surpresa — Ser mãe... É uma palavra tão pequena para descrever a mudança permanente que temos na vida. Poder carregar meu mundo nas mãos, conduzi-la em amor. Dói profundamente quando ela fica doente, ou quando chora sem que eu saiba o motivo, não consigo trocar de lugar com ela e sentir sua dor. Tenho medo de errar, de ensinar princípios errados, mas também tenho orgulho de poder ensiná-la a ser melhor que eu... Só em pensar na Hilary, eu já me ilumino, ela é meu raio de sol. Vivo por ela, sabe? Sei que tenho minha vida, que também devo persistir em sonhos, mas ela fazendo parte de mim, como agora, já é a primeira e principal etapa, ela é uma parte da minha vida, e eu amo completamente essa parte, mais do que a mim...  

 

 — O amor incondicional... — ele concluiu como se já tivesse ouvido relatos semelhantes. Seus olhos se moveram pelo ambiente, mas logo tornou a estar sob os meus — Você tem pensamentos parecidos com o de Esme. Ela nos ama como se tivesse nos gerado.  Sou grato a ela — o volume de sua voz abaixou e me concentrei em ouvi-lo com mais atenção — Seria horrível da nossa parte se não retribuíssemos nem uma pequena parte do que ela faz com o coração para nós. Até mesmo Bella não foi a mesma depois da gravidez... Ela e Rose se uniram, pareciam uma só, ela pôde viver um pouco da experiência conturbada da Bella, como se fosse sua. Renesmee a mudou também, fez com que ela se sentisse mãe... Viva. E isso está acontecendo novamente com ela; depois que você entrou por aquela por porta desacordada nos braços de Edward, Rose consolava uma bebê chorosa e assustada chamando pela mãe; nesse momento eu vi nos olhos da minha esposa o mesmo olhar maternal que ela tem ao olhar para Renesmee, ela se sente responsável por suas vidas. — confidenciou para mim.  

  

Pisquei meus olhos, desfazendo nosso contato visual para refletir lentamente sobre o que ele revelou para mim. Eu não descartaria a possibilidade da veracidade que essas informações tem, eu senti isso, junto com Rosalie no quarto quando nos abraçamos, aquilo não foi apenas uma explosão de emoção momentânea, eu sabia que não. Era tão fácil me esquecer que por trás desses rostos jovens, eles eram seres com muitos anos de vivência e Rosalie não se deixaria enganar, ou até mesmo se iludir. Balancei a cabeça, ainda estando aérea do mundo a minha volta, apenas analisando cada mínimo pensamento que eu tinha a respeito dessa atual conversa. Olhei para Emmett, que me correspondeu mantendo seus olhos sob os meus novamente; eu acreditava em cada palavra que havia saído por seus lábios e o peso que elas tinham também. 

 

 — Acredito em cada palavra que me disse, não vi motivos para duvidar de vocês em momento algum, não é agora que terei. — afirmei. Encostei meu corpo no sofá e relaxei. Segundos depois ouvi passos de pessoas subindo as escadas em direção ao cômodo. 

 

Jacob foi o primeiro a aparecer com seu semblante relaxado, logo atrás dele estavam Renesmee com Hilary em seus braços com suas mãozinhas enganchadas nos cachos dela e Rosalie, que sorriu para mim assim que me viu. 

 

 — Só para te lembrar, — Emmett sussurrou com um sorriso sacana em seus lábios — Ela ouviu toda a nossa conversa. — levantou e caminhou em direção a ela. 

 

 Respirei bem fundo e franzi a testa pensando “o quão boa é a audição de todos eles?!”. Disfarcei minha expressão rapidamente ao perceber Renesmee vindo na minha direção com minha filha nos braços, seu sorriso perfeito parecia resplandecer em seu belo rosto sempre alegre. Ela parecia deixar todo o ambiente mais feliz. 

 

 — Uau! É muito bom vê-la com uma aparência melhor, gostei do vestido... E da botinha de crochê vermelha, ela é, diferente. — sentou onde Emmett havia estado e acomodou Hilary em suas pernas, a mesma me olhou de cima a baixo analisando tudo com seus olhinhos espertos e sorriu para mim erguendo sua mão que ainda segurava as mechas de cabelo de Renesmee. — Sua filha é maravilhosa! É tão fofo perceber o quanto ela aprende; um pouquinho por dia! Não vejo a hora dela falar frases corretas e completas para conseguir termos uma conversa bem longa e divertida! — disparava Renesmee totalmente encantada com a minha pequena. — Em quantos dias ela vai conseguir fazer isso? — me perguntou.  

 

 — Fazer o que? — perguntei sem entender. 

 

 — Ah, você sabe, frases completas. —  respondeu como se isso não fosse obvio — Eu sabia que bebês humanos demoravam um pouco para conseguir, mas não pensei que levaria quase um ano completo ou mais. Consegui fazer isso em tão poucos dias de vida... — disparou suas reflexões. Ergui minhas sobrancelhas em surpresa ao assimilar o que ela havia acabado de dizer. Não era possível, nunca que um bebê falaria em dias de vida! — Tenho uma memória perfeita. Lembro de tudo com uma facilidade, que isso as vezes me surpreende... 

 

 — Está falando sério?! — a interrompi — Não, não é possível, um bebê não pode falar em poucos dias de vida! 

 

 — Hã... Estou sim. —  respondeu com simpatia ajeitando Hilary em seu colo mais uma vez, agora a equilibrando em pé sobre suas coxas — Você já deve saber que minha mãe era humana e frágil como você ao engravidar. Isso foi surpreendente para toda a minha família, até porque, era impossível de uma criatura como eu realmente existir. Não fique paranoica pensando nisso, tá legal? — brincou um pouco, acompanhei seu sorriso tentando relaxar — Mas só para te preparar, já estou avisando; quando o bebê estiver com a mesma idade dessa coisinha linda aqui, — gesticulou para minha filha — ele irá aparentar ter o dobro, ou mais. Sem contar com a inteligência... Será muito bom auxiliar a Hilary com seu desenvolvimento com os estudos anuais. — cogitou olhando atentamente aos movimentos que Hilary fazia. 

 

 — Eu tento não pensar muito no futuro...  — soltei a frase em um suspiro, me sentindo desconfortável — enquanto eu estiver nessa situação, me recuso a pensar no futuro da minha filha. É doloroso pensar nisso sem a certeza de que estarei presente. 

 

 — Então não vamos pensar. — sugeriu, umedecendo seus lábios com a ponta da língua — E quanto a nomes? — gesticulou sua mão levemente em direção a minha barriga — Têm alguns em mente?  

 

 — Nenhum ainda... Me parece ainda mais complicado quando não sei o sexo, não consigo sequer ter uma suposição. — ri. 

 

 — Pelo menos você não estará apostando suas fichas em uma suposição errada — piscou um olho — Minha mãe achava que eu seria um menino. Eu teria olhos verdes e me chamaria Edward Jacob. — rimos de sua ironia, logo percebi que Rosalie estava próxima de nós e prestava a atenção na conversa — Dá para acreditar? Enquanto meu nome é tão original na versão feminina... Realmente o nome do meu pai já não estava na moda fazia algum tempo. 

 

 — Não deixe sua mãe saber que anda rindo dela pelas costas, Nessie. — Rosalie falou encostando seu corpo no sofá . 

 

 — Tem razão tia não quero causar uma competição interna de quem ri da mamãe quando ela está longe. — tornou a dar risada e Hilary gargalhou também mesmo não sabendo do quê — Tio Emmett já tem seu posto por muitos anos, não quero ousar interferir nisso. Sabe quando eles vão voltar? 

 

 Deixei de prestar a atenção na conversa no momento em que Hilary estendeu seus bracinhos para mim.  Ergui minhas mãos para pegá-la e Renesmee a soltou quando ela já estava com minhas mãos seguras em seu corpo. A sentei em meu colo, mas logo ela forçou suas perninhas para ficar em pé e estendeu sua mão gordinha na primeira mecha de cabelo que ela viu, a sustentei e deixei que ela alisasse a mecha, ela fazia isso todos os dias desde que conseguiu manter as coisas por muito tempo em suas mãos, mas também era a certeza que ela tinha de que eu estaria ali, quando eu passava um raro dia com ela e na maioria das vezes em que ela dormia em meus braços quando estávamos em casa. A casa do qual já não temos mais e também não desejo voltar. Meu lar é a Hilary, onde ela estiver comigo, esse será meu lar. Claro, eu não viveria para sempre de favor na dependência da família Cullen, mas viveria bem tranquila nessa cidade pequena. Sem passados, sem luto... Uma nova vida com certeza. 

 

 — O que você acha? — perguntei baixinho para a minha filha, como se ela realmente estivesse ouvindo meus pensamentos. Ela levantou a cabeça e me encarou sem entender — Você gosta desse lugar? — gesticulei para ela, que olhou ao redor e sorriu — Não preciso ouvir suas palavras para te entender meu amorzinho. — encostei meu rosto em sua cabeça fechando os olhos e cheirei seus cabelos macios e senti também o cheiro do jantar que Esme estava preparando. Beijei o topo de sua cabeça e mantive ela perto do meu corpo num abraço. É claro que ela adoraria morar por aqui, havia mais pessoas para alegrar seus dias e fazê-la sorrir junto comigo. 

 

 Nosso abraço não durou tanto quanto eu gostaria que durasse, havia até pensado que ela estava dormindo, mas ela quase pulou de meus braços quando Emmett passou por nós se estendendo na conversa de Renesmee.   Havia perdido o calor da minha pequena para ele que sequer havia pedido sua atenção, confesso que essa boba inocência quase me chateou e por um momento eu quis rir de mim. As vezes a beleza, competência e o poder que essa família exala ter me deixa insegura, talvez eu estivesse entrando em um covil de cobras maior do que cultamente aparenta e não conseguisse sair. Meu maior medo, é que ao fim dessa gravidez eu perca Hilary e também o bebê; pois apesar de tudo ele ainda é meu filho, ou filha. 

 

 — Porque está tão pensativa? — Rosalie perguntou. Olhei para ela, notando agora que Renesmee não está mais ao meu lado e sim ela, que me olha esperando por uma resposta. 

 

 — Pensando no que não deveria pensar. — respondi apenas. Qualquer pensamento que envolvesse a gravidez e ao bebê era algo a não ser pensado, apenas sentido e vivido. 

 

— Não deveria tratá-lo assim. — opinou entristecida. Percebi que sua fala atraiu a atenção dos demais discretamente, mas não o suficiente para que eu não tenha notado — É um bebê, ele sente tudo o que a mãe sente, não o trate assim... 

 

 — Não estou rejeitando o bebê, se é isso que está pensando Rose. —  contrapus ofendida — É claro que não estou! Não fiz isso enquanto ainda tinha tempo saudável de escolha para seguir com minha vida apenas tendo Hilary como prioridade; não perderia meu tempo para conseguir ajuda de um médico que trabalha na cidade onde supostamente nasci e muito menos ter dirigido para cá apenas para começar a rejeitá-lo. — me defendi. Ela acenou a cabeça balançando seus fios loiros e se desculpou, a essa altura, nem Renesmee, Emmett ou Jacob se importavam de estarem prestando total atenção em nós e eu menos ainda, até porque a maioria de nós ouvia bem melhor que eu. Respirei e continuei a falar — Eu apenas tenho medo do que pode acontecer a mim e aos meus filhos! Todos os futuros que eu não temi tiveram um fim trágico. Eu não quero que isso me aconteça novamente. É por isso que eu não quero pensar, pois é isso que eu mais fazia; pensava idealizava e planejava, mas para quê? —perguntei para eles retoricamente — Para a mulher que eu tinha como mãe, morrer? Para minha primeira filha morrer? Para que a única pessoa que eu considerava ser minha família seguir sua vida sem mim? É por isso que eu não quero pensar. É menos doloroso viver por poucos meses na ignorância do que passar anos sobrevivendo com um futuro impensável, isso causa uma frustração muito dolorosa para se viver; e eu não quero viver isso novamente. 

 

 — Eu devo concordar, ninguém aqui quer que torne a viver uma vida de merda, Amberli. Bom, nem mesmo eu. — manifestou-se Jacob, para a minha surpresa. 

  

— É por isso que eu quero viver a maior parte da vida com o inesperado. —sorri agradecida. 

 

 — Com Hilary sempre ao seu lado. — Jacob pontificou de maneira divertida, foi quando senti mãozinhas abraçarem minha perna. 

 

 — Sim, sempre ao meu lado. — confirmei, me apegando nessas palavras olhando com todo meu amor para ela. 

 

 — É maravilhoso ter você em nossa casa Amberli. — Esme disse parecendo estar comovida e caminhou até nós saindo da área da cozinha e Carlisle a acompanhou— Você e Hilary foram uma mudança inesperada em nossa rotina. Uma mudança maravilhosa. — ela ergueu Hilary para que eu não precisasse me abaixar e colocou-a em meus braços. 

 

 — Assim como o cheiro desse jantar... — falou Renesmee aspirando o cheiro do ar — É uma pena eu já ter jantado com os garotos vovó... Mas pelo menos eu e o Jake ainda estaremos por aqui... Aqui não, na sala; vamos assistir alguma coisa. — se despediram e desceram a escada. Logo a cabeleira de Renesmee apontou novamente — Vovó, podemos chamar os meninos para assistirem com a gente? Prometo que eles tentarão ficar em silêncio.  

 

 Todos olharam para Esme, que demorou para dar a resposta a ela. 

— Só se eles quiserem que eu faça as pipocas! — propôs ela. 

 

 — Isso! — gritou Renesmee em comemoração — Já disse que a senhora é a melhor avó de todo o mundo?! — perguntou retoricamente enquanto descia correndo os degraus da escada — ... Sim ela deixou! — consegui ouvi-la já na sala. 

 

   — Vejo que já está na hora do meu jantar então. — tentei não soar irônica ou até mesmo desanimada.  

 

 — Também. — concordou Carlisle ao lado de Esme. — Mas seria conveniente que você se esforçasse para se alimentar melhor, não quero que se mantenha apenas do que essa embalagem oferece. — se referiu à bolsa de sangue ainda fechada que estava pendurada no suporte. Mantive minha expressão serena, mas por dentro eu revirei meus olhos, eu não estava com nenhuma vontade de comer comida caseira, talvez se fosse algo de algum fastfood mais próximo eu concordaria. — Quero que seu corpo absorva o máximo possível de nutrientes para que durante e após o parto, seu corpo se recupere melhor. Eu já me antecipei em manter Esme ciente do cardápio que eu estive averiguando ser melhor para você. 

  

 — Como já percebeu, preparei seu jantar querida. Queremos que você aproveite todos os pratos selecionados para a melhora da sua saúde. Já quer comer? — pronunciou Esme, para o meu desanimo. É impossível negar algo vindo dela. 

 

 — Querer eu não quero. —  Falei sendo sincera e sorri envergonhada. — Mas é praticamente impossível negar algo vindo de você, Esme. — Esme sorriu. Ajeitei Hilary nos meus braços a sentindo mais pesada, percebi que ela já estava querendo dormir por estar a tempo demais acordada. — E como isso irá funcionar? — perguntei. 

 

 — Estive analisando... — respondeu Carlisle — É viável que você jante primeiro para depois agregarmos a dieta do sangue AB+ algumas horas depois. Durante a manhã faremos seu desjejum, depois de um pouco mais de duas horas conectaremos outra bolsa, e assim sucessivamente, sempre após as refeições introduziremos a bolsa de sangue. Claro,  —  ressaltou —  dependendo da sua condição diária, se houver alguma complicação faremos cortes na refeição priorizando o sangue, mas a ideia é não retirar seu padrão de alimentação diário, mesmo que você não esteja com fome. — acrescentou olhando diretamente em meus olhos, avisando que nenhuma desculpa me safaria. — E isso começaremos hoje. — ele tornou a falar ao olhar as horas em seu maravilhoso e caro relógio e acenou um sim com a cabeça dando a Esme liberdade para trazer o prato que ela já havia preparado a mesa. — Por mais que já esteja tarde você tem que jantar. — ele se direcionou para mim, quase se desculpando. — Depois de quase duas horas após sua janta nós incluiremos o sangue. Não se preocupe se dormir antes disso, nós faremos o procedimento pois sua digestão estará em funcionamento lento, isso não irá causar nenhum mal-estar. E se causar, tem minha palavra de que não é por conta disso. 

 

 — Tudo bem, doutor. — acatei às suas prescrições verbais beirando ao sarcasmo. Mas logo me arrependi, ao perceber que isso poderia tê-lo ofendido. — Me desculpe por replicar desse jeito... — tratei de logo me justificar pelas palavras. 

 

 — Sei que essa não foi sua intenção, isso não me chateou. — sua voz chamou minha atenção calmamente. Senti Hilary segurar uma mecha de meus cabelos.  — Não estou orientando isso apenas por ter a posição de doutor, mas também por me importar com sua vida e a vida da família que se dispôs a ter. Não nos esquecemos de que você não tinha a menor ideia de que nossa espécie sequer existisse, Bella foi uma exceção imprevisível, mas que já havia contato com o nosso mundo, que escolheu com quem queria viver e o porque. Você não teve essa oportunidade, e mesmo assim se dispôs a gerar essa vida. E não vamos te renuir nos dias em que estiver em crise, você precisa de todo o apoio e compreensão possível, é para isso que nós estamos com você. — ele findou com seus olhos amarelos fixos nos meus; parecia até uma promessa. 

 Senti o amargor em minha boca e minha consciência gritou dentro de minha cabeça o quanto eu estava agindo de maneira desesperançada. Hilary se mexeu em meus braços se despertando repentinamente atraindo nossa atenção para ela, ajeitei-a em meu colo e percebi que não estava mais satisfeita em estar em meus braços quando estendeu seus bracinhos para Carlisle e resmungou alegre para ele, que não hesitou nem um segundo para tê-la em seus braços. Ela estava livrando-se de mim apenas para não dormir. Bem espertinha!  

 — Essa é uma das poucas vezes que estive com ela em meus braços. — Carlisle declarou sorrindo. — Não costumo ter contato com crianças humanas com tanta frequência... São fascinantes. — Hilary sorriu para ele, que logo priorizou sua atenção totalmente a ela. 

 

 —  Agora fique à vontade para jantar, Amberli. Preparamos um salmão ao forno, purê e legumes assados. — Esme retornou com um prato quadrado vermelho em suas mãos trazendo um cheiro maravilhoso que me fez esquecer de que eu estava sem fome. A segui até a mesa de jantar e me sentei na cadeira. Esme colocou delicadamente o prato a minha frente e sentou-se do outro lado da mesa— Coma tudo, querida. — incentivou estendendo os talheres para mim. 

 

 Iniciei meu jantar começando pelos legumes assados muito bem temperados dispostos no prato, logo Rosalie se juntou a nós na mesa trazendo um copo e uma pequena jarra com suco de maçã e sentou mantendo uma postura impecável. Começamos aos poucos papearmos a respeito da minha infância, Carlisle manteve-se por perto acompanhado de Emmett distraindo Hilary, que em alguns momentos soltava seus gritinhos animados e gargalhava deliciosamente para eles e eu me perdia no monólogo quando apreciava bobamente esses momentos preciosos da minha filha. 

 Demorei mais do que o esperado para terminar de comer toda a comida no prato, pois muitas vezes me sentia imensamente cheia, até mesmo com mal-estar, então eu descansava os talheres no prato, tentava respirar fundo, algo que percebi estar me esforçando a conseguir fazer e tentava relaxar na cadeira para tornar a acrescentar mais algum relato da minha vida. “Um passo de cada vez...”, eu pensava quando elas perguntavam sobre algo que me deixava desconfortável, que eu ainda não estava disposta a comentar, me esquivava sutilmente das perguntas e retornava a pegar os talheres e continuava meu jantar; minha sorte foi que a comida não chegou a esfriar durante todos esses minutos. 

 

  — Sabe Amberli, — chamou-me Rosalie, assenti com a cabeça de que estava prestando atenção e peguei o copo para tomar mais um pouco do suco quase intocado — minha mãe e eu estivemos nos perguntando se já tem alguma preferência de nomes, ou até mesmo já se perguntou se poderia estar gerando dois, ao invés de um.  

 

 Minha respiração travou ao sentir-me engasgar com o suco, juntei fortemente meus lábios para que eu não cuspisse nada na direção delas. Antes que eu percebesse, Esme estava atrás de mim dando tapinhas em minhas costas. Engoli em seco o líquido tendo uma crise de tosse, sentindo meus olhos arderem em lágrimas pela ação inesperada de quase engasgo, sem contar com o susto não expressado de ter Esme atrás de mim. Rosalie apertou seus olhos em uma expressão estranha que não combinava com seu rosto lindo, do qual eu não consegui entender e se ajeitou parecendo desconfortável no assento. Coloquei o copo na mesa com cautela. Esme afagou minhas costas por mais algum tempo até perceber que eu já estava bem novamente e tornou a sentar na cadeira, dessa vez em uma velocidade que eu pudesse ver. Emmett e Carlisle não apenas observaram a cena trocando olhares entre si, onde: Emmett cairia facilmente no chão e choraria de rir e Carlisle pronto a me entubar, se fosse preciso; como entretinham Hilary para que isso não a assustasse. Quando tudo se acalmou, eles se voltaram completamente para minha menina com todos aqueles brinquedos, que eu havia até esquecido de estarem ali e eu fiz o mesmo ao encará-las um pouco pávida. 

 

 — Ás vezes eu mal quero me lembrar de que este bebê está dentro de mim, será um menino ou uma menina. — tornei a tossir — Quem dirá pensar em dois! Minha nossa Rose! Da onde você tirou isso?! — perguntei assustada, com medo dessa possibilidade. 

 

 — Nós ficamos curiosas, — respondeu tranquila inclinando-se para frente a fim de estar mais próxima de mim, mesmo estando do outro lado da mesa— e você como a pessoa responsável por esse desenvolvimento, pensei que estivesse pensando sobre isso também. 

 

 — Quanto eu menos penso, melhor. — a lembrei e encerrei o assunto. Tornei a pegar o copo, ergui-o indicando que iria tomar o suco, dessa vez, sem que eu pudesse morrer engasgada. Rosalie esperou impaciente que eu tomasse todo o suco do copo para tornar a argumentar. 

 

 — Nisso eu peço que você tente pensar. Quanto menos você pensar, mais próximo são os dias em que terá que lidar com tudo isso. Seja qual for a quantidade e os sexos do bebê, não terá dias o suficiente para isso. — contrapôs séria antes mesmo que eu tornasse a colocar o copo a mesa. Sua fisionomia mudou e logo ela estava sorrindo para mim amavelmente — Vamos, não é tão difícil assim pensar em possíveis nomes... — me encorajou a focar-me nisso — Há Matteo, Alexander, Isaac, Maia, Loren, Julie, Audrey... — parou pensativa — Há muitos nomes para pensar. Sabia que Maia é o nome de uma estrela? 

 

 — Sim Rose, da constelação de Tauro. — respondi a respeito do nome me lembrando de todos os estudos que Anna tinha sobre as constelações. Ela amava estrelas. — Assim como Adhara, aquela estrela sim, é de me encher os olhos. Ethan é um bom nome, Luigi, Caleb é interessante. Mas não quero decidir isso agora. — parei para respirar fundo, mesmo percebendo que isso não parecia ser o suficiente para meus pulmões. Descansei minha mão esquerda na barriga — Talvez, amanhã, eu comece a pensar no assunto, Renesmee parece querer me ajudar com os nomes também. 

 

 — Prometemos não te pressionar tanto com isso Amberli. — Esme ergueu suas sobrancelhas olhando sugestivamente para a lateral onde estava Rosalie, assim, me assegurou de que estaria amenizando a pressa da filha. Seus olhos e o de Rosalie mudaram de direção e movi os meus para o mesmo lugar que os delas por curiosidade. Hilary estava caminhando apressada com suas perninhas na minha direção como das outras vezes. 

 

 — Olá mamãe! — saudou-me com um sorriso cheio de amor que mostrava o terceiro e quarto dente despontando para a parte superior, logo os seguintes estariam ali também. Hilary parou ao lado da cadeira e descansou suas mãozinhas em minhas coxas. 

 

 — Olá bebê. — sorri para ela me sentindo derreter por dentro com o calor que nós tínhamos uma pela outra — Quer sentar? — a convidei dando tapinhas em minhas coxas. Isso chamou a atenção dela, que analisou minhas mãos ainda em movimento e logo seus olhinhos castanhos passaram a encarar um pouco confusa minha barriga. 

 Mesmo parecendo estar resistente ela aceitou e acomodou-se muito satisfeita, por mais que ainda olhasse com estranheza para minha barriga. Carlisle e Emmett já não estavam mais conosco, creio eu que também foram para a sala assistir com Renesmee, o que também não negaria de fazer, isso é, se ela e seus amigos irão mesmo assistir. Ela é uma garota maravilhosa, tão alegre, que por um breve momento eu desejei estar com ela na sala e relaxar um pouco, mas tão rápido como o desejo veio, logo o descartei. Atentei-me a minha filha ninando em meus braços acariciando seus cabelos tendo consciência dos olhos atentos de Esme e Rosalie. Conforme os minutos foram passando com as três em silêncio, a carícia que eu fazia apenas em seus cabelos foi traçando o contorno de seu rostinho delicado, passando por suas bochechas, descendo por sua testa e passando por seu nariz. Aos poucos Hilary foi cedendo até estar adormecida, passei meus dedos suavemente por suas pálpebras claras o suficiente para ver as veias azuladas naquele pequeno espaço e a ajeitei em meus braços para que ficasse deitada.  

 

 — Ela é tão parecida com você... — disse Esme com ternura e Rosalie concordou, desfazendo o silêncio em que estávamos. — Mas e Angie, como ela era? Tem alguma foto de recordação dela? 

 

 —Devo ter algumas ainda comigo... — respondi ainda mantendo meus olhos sobre Hilary — Quando o pai delas seguiu seus sonhos eu fiz questão de que levasse todas as fotos dela, eu devo ter duas ou três fotos de Angie, nossa separação definitiva ainda é recente... Mas as vezes parece que se já passaram anos... Angie era a cara do pai, ao contrário de Hilary — sorri nostálgica com a lembrança nunca esquecida de como ela era linda — poucos fios loiros na cabeça, a pele seria bem branquinha e sensível, mas por ser recém-nascida, ela estava bem vermelhinha ainda, e os olhos eram bem claros, eles variavam entre o verde e o azul, mas eu tinha muita certeza de que firmariam num tom claro de verde, assim como era do pai, talvez suas outras fisionomias físicas pudessem mostrar alguma parte minha escondida nela, mas isso eu deixava por conta da minha imaginação. Terei que procurar a foto entre as coisas que eu trouxe, irá demorar um pouquinho para achar. 

 

 — Não se preocupe, teremos mais dias para falarmos sobre isso, se quiser conversar. — ofereceu Esme se levantando da cadeira e estendeu seus braços para pegar o prato e o copo.  

 

 — Tudo bem. — concordei observando ela contornar a mesa de jantar e caminhar até a pia da cozinha para lavar os utensílios que já havia usado. 

 

 Passeei meus olhos pelo cômodo, observei Esme terminar de lavar o que precisava ser lavado, para depois ela pegar os novos ingredientes que usaria para fazer as pipocas, como ela havia combinado, afastei meus olhos dela demorando um pouco sobre a escada que leva para o andar de baixo, onde Renesmee está. Me senti incomodada por estar ansiosa em querer estar lá também e desviei os olhos da escada. Rosalie me observava atenta em silêncio, seus olhos desviaram de mim para a escada e ela se levantou da cadeira se aproximando. 

 

 — Não há nada de errado em querer se distrair um pouco... — comentou ao parar ao meu lado, ergui um pouco a cabeça para olhar em seus olhos — Dê ela a mim, vou colocá-la no berço, — pediu — Emmett pode te ajudar a ir para a sala, se desejar. — se abaixou para pegar Hilary em seu colo. Do outro lado, Emmett aparecia subindo os últimos degraus da escada — Eu estarei em seu quarto, cuidando da sua menina. Fique o tempo que precisar, Renesmee irá te auxiliar com qualquer coisa que precisar. E — abaixou-se um pouco para poder falar no meu ouvido —  não se apegue a eles, você já está lidando com pessoas além do seu natural o suficiente, não acha? — aconselhou me parecendo um pouco sarcástica. Mas, realmente, já conheci pessoas o suficiente para toda a minha vida. Rosalie deu-me um sorriso fechado, virou e caminhou em direção as escadas, antes, parou para falar algo a Emmett e subiu para o quarto com Hilary num sono pesado em seus braços. 

 

 — Acho que sou seu mordomo particular, contratado especialmente para levar o insuportável. — Emmett chegou me ajudando a levantar da cadeira. 

 

 — Insuportável? — franzi a sobrancelha confusa. 

 

 — O suporte, do qual você não suporta. — respondeu estendendo sua mão enorme na base do aparelho que estava mencionando. 

 

 — Ah, claro. Eu realmente não o suporto. — concordei alongando minhas costas e suspirando. — Agora sim, podemos ir. 

   

 

Renesmee já havia preparado um lugar para mim na sala, os sofás do cômodo pareciam acomodar todos que ainda não haviam chegado, mas por via das dúvidas, ela preferiu me manter longe da bagunça que eles causariam comigo no mesmo móvel que eles. “— Não quero que aconteça algo com você e muito menos com o bebê!”  Foi o que ela disse para me manter quietinha na poltrona aguardando os garotos chegarem; Jacob havia ido buscá-los na reserva onde moram, de acordo com ela, logo estariam todos aqui na promessa de que tentariam fazer o mínimo de barulho possível e eu contava com isso, não quero que Hilary acorde zangada por causa de marmanjos que não conseguem falar sem gritar.  

  

 — Confesso que nem me passou pela cabeça, que você também gostaria de relaxar e tentar assistir junto com a gente. Fico feliz, você parece ser mais jovem do que aparenta e passou por tanta coisa... Bem corajosa. — admitiu arrumando o novo tapete grosso e felpudo que ela havia colocado no chão — Está se sentindo confortável? Acho que consegue se sentar na posição de lótus.  

 

 — Posição de lótus? Acho que por nome eu não sei qual é. 

 

 — Relaxa, é a mais comum, a maioria não sabe o nome, eu uso porque é mais fácil de descrever — sentou-se no tapete e cruzou suas pernas juntando seus calcanhares. Ah, essa é a posição que eu mais me sento e eu nem sabia o nome. — Está vendo? Eu sabia que você conhecia a posição. — aprovou, em uma rapidez que eu não tenho mais ela se levantou e se aproximou da parede de vidro — Eles chegaram! Por favor não tenha medo deles, para você, eles são inofensivos. — disse de maneira divertida. 

 

 — Já chegaram? Não estou ouvindo nada... — comentei procurando ouvir algum indício do barulho de alguma condução se aproximando, mas nada. Continuei procurando ouvir atentamente por alguma coisa quando comecei a parecer captar sons. Depois de mais poucos minutos tentando ouvir alguma coisa, um som baixo bem distante chegou a meus ouvidos, algo parecido com assovios e homens conversando — Não me parecem garotos... — respondi desconfiada. 

 

 — Calma, agora você vai conhecê-los. — piscou um olho para mim e caminhou em minha direção sentando na ponta do braço do sofá. Assim como ela, esperei ansiosa para que eles entrassem, mesmo que os motivos não fossem os mesmos. Aqui estando ao lado dessa garota, eu percebi; parecia que estava aguardando por esse momento o dia inteiro. 

 


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Notas finais do capítulo

Fique a vontade para comentar o que achou, fazer perguntas ou até mesmo sugestões! Até o próximo capítulo ♥



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