Raio de Sol escrita por Lola Royal


Capítulo 1
Dias


Notas iniciais do capítulo

Eu tentei fugir dessa história, juro que tentei. Tive a ideia para ela algum tempo atrás, mas estava me recusando a escrever, até que na segunda-feira a ideia voltou a minha mente e eu percebi que ou colocava ela para fora de uma vez, ou ela ficaria me ‘assombrando’ por muito tempo.

Apesar do tema, apesar da dor, apesar de toda a realidade e apesar de toda a carga pesada presente no texto que lerão, eu precisa escrevê-lo. Gostei do resultado final, doeu muito escrever isso, mas gostei, então espero que gostem de ler, mesmo que doa em vocês também.

Os comentários e minha caixa de mensagens estão abertos, se precisarem desabafar sobre qualquer coisa que essa história possa fazê-los sofrer, eu estou aqui para conversar como uma amiga. Tenham uma boa leitura! ♥



—- AVISOS ---

• É uma fanfic Beward, mas alguns podem não considerar o final um feliz.

• Sobre angst/darkfic, termos usados para fanfics com cargas de dramas em excesso.

• Sobre Deathfic, termo usado para fanfics onde há morte de ao menos um personagem principal.



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Dias Cinzas

O céu estava cinza, completamente cinza. Nenhum feixe de luz traspassando as nuvens, nenhum raio de Sol, nada. Apenas a melancolia do cinza, apenas a dor.

Eu a sentia, a dor, espalhando-se por meu corpo. Das pontas dos dedos dos meus pés, percorrendo por cada osso, nervo, veia, órgão. Tudo doía, eu estava entregue a dor.

Por quê?

Eu me questionava.

Por quê?

Eu gritava em minha mente.

Por que com ele? Por que comigo? Por que com a gente?

Eu fazia perguntas que não podiam ser respondidas.

Há cinco dias meu mundo tinha desabado, há cinco dias eu não sabia mais o que fazer da minha vida, há cinco dias eu tinha perdido meu marido. O meu companheiro gentil, divertido, apaixonado e compreensível.

— Tem certeza de que quer continuar aqui, Bells? — Ouvi papai perguntar ao meu lado.

Não consegui responder, falar era difícil demais com toda aquela dor espalhando-se por meu corpo.

O que eu faria sem ele? Como eu iria aguentar viver em um mundo que Edward não existia?

Pensar no nome dele fez com que eu chorasse, não estava chorando antes. Estava apenas parada naquele cemitério, em pé, encarando a cova e o caixão, onde o corpo dele ficaria para o resto do nosso para sempre.

— Bells — papai lamentou, afagando minhas costas, eu me esquivei dele, querendo ficar só, mesmo na dor.

Ninguém me consolaria como Edward, nos últimos anos ele tinha sido responsável por varrer para longe de mim qualquer dor. Então, ele partiu, cedo demais, sem um aviso prévio, deixando-me sofrer só, sem tê-lo mais ali para me ajudar a espantar a tristeza.

— Bells, vamos até o carro por um minuto — papai insistiu, segurando em meu braço, tentando mover meu corpo.

— Não! — gritei com ele, tirando os olhos do caixão. — Não me tire de perto dele! — exigi.

— Filha...

— Ei, eu estou aqui, Bella — Jasper se uniu a gente. — Você pode ficar com o Tony, Charlie — falou para meu pai.

A referência a Tony fez a dor aumentar, eu não sabia como ela podia multiplicar, porém multiplicou naquele momento. Olhei ao redor, procurando por meu garotinho, o encontrei no colo de Jacob, que falava com ele em um tom de voz baixo. Eu podia ver o corpinho de Anthony balançando, enquanto ele chorava.

— Certo — papai concordou com Jasper, afastando-se até Anthony e Jacob.

— Bella, eu estou aqui — Jasper repetiu, segurando minhas mãos, o choro em meu peito tornando-se devastador.

Eu não aguentei, não aguentei ver a dor no rosto do meu filho quando ele passou do colo do padrinho para o do avô. Então, soltei-me de Jasper e caminhei para longe do túmulo de Edward.

— Eu preciso dele, Jazz, eu preciso dele. — Cai de joelhos no chão, enterrando minhas mãos na grama, já sem forças de ir mais longe. — Não quero ficar aqui sem ele, eu não quero — falei, apertando a grama molhada entre meus dedos.

— Bella, você precisa — Jasper disse suavemente, afagando meus cabelos. — Olhe para mim — pediu.

Eu olhei, focando em seus olhos cor de mel, mesmo com dificuldade, já que os meus estavam repletos de lágrimas.

— Pelas crianças e por você, Bella — ele falou sério, mas também parecia devastado.

Edward era seu melhor amigo, amigos desde que tinham oito anos de idade e se tornaram colegas de equipe de futebol. Os dois, desde então, estavam juntos para cima e para baixo, sempre unidos.

Mas, não estariam mais, pois Edward estava morto.

— Não, não, não — repeti, balançando a cabeça. — Eu não aguento, Jasper! — exclamei, socando a grama. — Não quero, eu não vou ficar aqui sem ele.

— Bella, Edward não iria querer que você desistisse.

— Ele desistiu primeiro — acusei, sentindo raiva de Edward naquele momento.

— Bella. — Jasper suspirou, soando exausto.

— Ele devia ter lutado — continuei acusando meu marido. — Ele foi socorrido, ele foi para a mesa de cirurgia, devia ter suportado mais, devia ter insistido por mim, pelas crianças. Eu preciso dele, Jazz — sussurrei, a acusação deixando minha voz no final.

— Você é forte, Bella. — Jasper me abraçou, deixando com que eu chorasse em seu peito.

Eu não era, não sem Edward ao meu lado. Ainda assim, deixei que Jasper colocasse-me de pé, fazendo com que eu retornasse ao funeral de Edward, onde todos esperavam por mim, a viúva.

Do outro lado do túmulo, podia ver minha sogra e cunhada abraçadas. Cerca de cinco anos separavam as grandes perdas das vidas das duas, eu não sabia como elas eram capazes de continuar de pé, mantendo-se tão fortes.

— Bella? — Jasper me chamou quando me soltei dele novamente, eu apenas o ignorei, indo até Rosalie e Esme.

— Oh, Bella — a doce voz da minha sogra foi a última coisa que ouvi antes de abraçá-la. — Eu sei, sei como se sente, meu bem.

Ela sabia, eu tinha conhecimento daquilo.

— Eu tenho certeza de que ele está em um lugar bom agora, Bella — Rose falou, eu virei-me para olhá-la, vendo seu rosto preso em dor também.

Por que o lugar bom não podia ser ali comigo? Com nossos filhos, com nossas famílias e amigos? Por que Deus precisou dele em qualquer lugar bom e me deixou ali sofrendo?

— E que está com o papai. — Rose fechou os olhos, abraçando a mãe também, nós três formando um abraço coletivo em meio à dor.

Doía tanto, além da minha dor sentia a dor delas também.

— Mamãe?

O chamado me despertou, eu me soltei de Rosalie e Esme, olhando para trás, vendo meu garotinho no colo do meu pai. Não precisei de mais nada para esticar meus braços, tomando Anthony em meu colo.

— Mamãe, eu quero o papai — ele falou, agarrando-se a mim.

Eu também queria.

— Amo você, meu lindo — foi tudo que falei para Anthony, beijando sua bochecha molhada pelas suas lágrimas.

Seus olhos e seus cabelos tinham os mesmos tons de castanho que os meus, porém seu rosto era repleto das expressões de Edward. Era como estar olhando para os álbuns de fotografia de quando meu marido era uma criança, suas feições doces e divertidas copiadas com sucesso para o rosto do nosso primogênito de sete anos de idade.

— Amo você também, mamãe. — Anthony beijou minha bochecha de volta, fazendo com que eu chorasse ainda mais.

Eu não suportaria aquela dor, um dia ela acabaria me derrubando e sabia que não demoraria nada para isso acontecer.

— Mãe?

— Sim? — Consegui responder, mesmo com os pensamentos angustiantes em minha mente.

— Eu ainda sinto o papai — ele falou, pegando-me de surpresa.

— Sente? — Anthony concordou com um aceno de cabeça, apontando um dedo para seu peito, indicando seu coração.

— Aqui — ele falou, com sua voz cheia de dor, mas com um pequeno sorriso crescendo em se rosto. — Eu sinto o papai no meu coração, mamãe.

Apertei Anthony contra mim, nós dois chorando juntos, enquanto eu via o caixão de Edward ser colocado debaixo da terra. Eu inspirei fundo, nunca mais o veria.

A diversão, o desejo, o mistério, o receio, a paixão, tudo que senti quando o vi pela primeira vez e que se repetiu ao longo dos nossos anos juntos nunca mais se repetiria. Ele tinha ido, levando o Sol consigo, deixando-me para trás com dias cinzas e solitários.

Dias Claros

O Natal estava chegando, mas a neve não esperou muito para aparecer, dando as caras muito cedo naquele ano. Eu choramingava enquanto andava pelas ruas de Seattle, junto do meu melhor amigo, querendo fugir de toda aquela neve e quem sabe ir parar em uma quente ilha do Caribe, de preferência com um cara mais quente ainda junto comigo.

— Droga — reclamei em voz alta, chamando a atenção de Jacob que estava distraído olhando as vitrines decoradas para o Natal.

— O que foi, Swan?

— Eu preciso de um namorado — afirmei, sabendo que a verdade sobre minha irritação não tinha nada a ver com a neve, sim com o fato de estar a três meses solteira, sem sequer um beijo na boca. — Com certeza preciso beijar alguém.

— Me erra — Jacob falou.

— Credo, como se eu fosse beijá-lo. — Meu rosto se contorceu em uma careta. — Eu te conheço desde que éramos bebês, Jacob Black, já te vi em todas suas fases contestáveis, incluindo o piercing no mamilo, nunca iria me relacionar com você, amigo.

— Obrigado pela parte que me toca, Isabella — ele disse, rindo, abrindo a porta da cafeteria para onde estávamos indo. — E, para sua informação, eu também nunca beijaria a garota que fez um boquete em Paul Lahote.

— Ele foi um sortudo — declarei, entrando na cafeteria.

Jacob falou algo, mas não consegui prestar atenção. No instante que pisei naquela cafeteria ouvi a música, os acordes seguros de um violão e uma voz enrouquecida e baixa soando pelo local, cantando You’re My Sunshine.

Sem parar para tirar meu casaco, eu caminhei para o salão da cafeteria, deixando o hall de entrada que me impedia de ver o pequeno palco que tinham ali. Então, eu o vi pela primeira vez.

Sentado em um banquinho, com um violão preto em mãos, um microfone diante de si em um tripé. Seus cabelos tinham um tom de cobre, eram bagunçados e algumas mechas caiam por sua testa. Sua pele era quase tão branca quanto a minha, mas ele definitivamente ficava sexy usando calça jeans desbotada, coturnos e uma camisa quadriculada, no melhor estilo lenhador com o acréscimo de sua barba por fazer.

Ele cantava de olhos fechados, compenetrado na música, parecendo senti-la a cada nota. Eu estava fascinada, atraída, deslumbrada.

Ainda em transe, caminhei até a mesa vazia mais próxima do palco, tirando meu casaco e sentando em uma das duas cadeiras vagas ali. O cara no palco continuava de olhos fechados, cantando sobre seu raio de sol que tinha partido, deixando-o só.

Quem era aquele cara?

Jacob se juntou a mim, falou algo, mas continuei sem dar bola para ele. O projeto de Johnny Cash no palco era tudo que eu conseguia enxergar e ouvir, tão sedutor, sem nem ao menos se esforçar para isso.

Eu precisava conhecê-lo, precisava mesmo. Porém, pensar em ir até ele quando seu show acabasse, me dava medo, eu estava surtando do cara sequer me dar ouvidos.

Então, ele abriu os olhos e eu suspirei alto demais. Mesmo com a distância fui capaz de ver o tom verde em seus olhos, o que casou perfeitamente com todo o resto de sua bela face.

Em algum momento, quase no fim da música, seus olhos pousaram sobre mim sentada a lateral do palco. Um sorriso involuntário nasceu em meu rosto e me peguei acenando para ele, sem conter-me, sem conseguir pensar mais no receio de ser esnobada.

Para minha grande alegria, ele sorriu de volta, a dor em sua voz enquanto cantava a música desaparecendo. Eu pouco me importei de ele estar estragando sua performance, estava feliz em ter sido notada.

Fiquei ainda mais feliz quando ele terminou de cantar a música, agradeceu as pessoas que bateram palmas e saiu do palco rapidamente, andando em direção à mesa que eu estava com Jacob. Meu amigo estava olhando com curiosidade de mim para o cara ruivo, ele com certeza já tinha sacado qual era a minha, ou melhor, a nossa.

— Primeiro: você é namorado dela? — o cara, com seu violão em mãos, perguntou para Jacob sem rodeios.

— Não, não sou — Jacob respondeu prontamente, até mesmo rindo um pouco. — O caminho está livre, cara — falou, pegando seu copo de café, que em algum momento pediu a uma garçonete enquanto estive focada demais no cara ruivo. — Eu vejo você depois, Bella.

Concordei com um aceno de cabeça, o deixando ir.

— Olá! — cumprimentei o cara ruivo, ele sorriu largamente para mim.

— Olá! — Ocupou a cadeira que Jacob esteve antes. — Edward Cullen. — Estendeu a mão para mim, sem hesitar, eu coloquei minha mão na sua, sendo contemplada por um toque quente e firme.

— Isabella Swan — sussurrei meu nome.

Meu coração batia tão alto, eu temia que ele conseguisse ouvir meus batimentos cardíacos de onde estava sentado.

— Então — comecei, inclinando-me sobre a mesa, ficando mais perto dele, logo podendo sentir seu perfume. — Você foi deixado por seu raio de Sol, ou o quê, Edward Cullen? — era minha forma mais sutil de perguntar se ele tinha uma namorada.

Ele riu, passando a mão por seus cabelos bagunçados, inclinando-se sobre a mesa também.

— Sem raio de Sol algum, Isabella. Apenas um cara cantando uma música triste em uma cafeteria qualquer — respondeu, levando uma mão ao meu rosto, mexendo na franja que eu tinha cortado recentemente. — Mas. — Seu sorriso torto balançou meu mundo naquele momento. — Eu adoraria conhecê-la melhor.

— Eu também adoraria conhecê-lo melhor — concordei, sorrindo de volta para ele.

Edward sorriu ainda mais, afastando-se para recostar suas costas em sua cadeira. Seu violão estava recostado a mesa, seus olhos focados no meu rosto, o resto da cafeteria não parecia existir para nós dois.

— Bom, acho que podemos começar isso com meu nome — falei. — Eu me chamo Isabella, mas prefiro que me chamem por Bella...

— Eu tenho uma ideia melhor — Edward me interrompeu, lançando-me um olhar desafiado.

— É, qual? — o confrontei, sem conseguir deixar de sorrir por um instante que fosse.

— Chamá-la de Raio de Sol.

O sorriso em meu rosto morreu, meu coração bateu ainda mais rápido do que antes. Não sabia quase nada sobre Edward Cullen, mas me arriscava a dizer que eu tinha me apaixonado à primeira vista por ele.

— O meu Raio de Sol — ele continuou a falar, parando de sorrir também, apenas olhando para mim com atenção. — É um dia cinza, não? — Apontou para a grande janela atrás de mim, eu segui seu olhar, vendo o dia de fato cinzento lá fora. — Mas. — Eu voltei a olhá-lo. — Você parece tão iluminada, Raio de Sol.

Ele já tinha me conquistado naquele momento, mesmo sem saber, eu já tinha entregado meu coração a ele naquele instante. Então, nós dois passamos o resto do dia sentados à mesa da cafeteria, conhecendo mais um do outro.

Eu era Isabella Swan, vinte anos de idade, nascida e criada em Forks. Filha única, meus pais eram um policial e uma professora de educação básica. Estava em Seattle estudando na Universidade de Washington, pretendendo me formar em Medicina Veterinária. Nas horas vagas eu matava meu tempo lendo, ou assistindo filmes em preto e branco.

Ele era Edward Cullen, também vinte anos, nascido e criado em Seattle. Filho caçula, seus pais eram um médico e uma enfermeira, sua irmã mais velha uma futura médica. Ele continuou em Seattle, também estudando na Universidade de Washington, pretendia se formar em Psicologia. E, nas suas horas vagas ele matava seu tempo cantando em cafeterias, junto de seu antigo violão que ele apelidou de Han Solo em homenagem ao personagem de Star Wars.

— O que pretende fazer agora, Raio de Sol? — Edward perguntou, quando fomos expulsos da cafeteria no fim daquela noite.

Eu caminhei para longe da cobertura da cafeteria, aparando em minhas mãos alguns flocos de neves caindo do céu. Olhei para Edward, que olhava para mim com carinho.

— Agora? — Ele assentiu para minha pergunta, eu limpei a neve de minhas luvas, voltando até ele. — Certo, agora eu pretendo beijá-lo. — Toquei em seu rosto. — Em longo prazo eu pretendo beijá-lo mais.

— Só beijar?

— Oh, com certeza não, Edward. Nós vamos muito além de beijos, pode apostar.

— Não posso, apostar contra você, Raio de Sol. — Tocou em meu rosto também. — Não posso porque eu também quero mais que beijos junto a você.

— Nós teremos. — Aproximei-me dele, ficando nas pontas dos pés para alcançar seus lábios, mas ainda sem beijá-lo.

— Não fará como a música, não é, Raio de Sol?

— Deixá-lo? — Nossos olhares se encontraram. — Isso não está em meus planos, Edward.

— Ótimo. — Nós dois sorrimos.

— Ótimo — fiz coro.

— Pode me beijar agora, Raio de Sol.

Então, eu o beijei, o primeiro beijo de muitos.

Dias Cinzas

Uma semana tinha se passado desde o enterro de Edward, uma semana e cinco dias que eu não sabia mais o que era viver sem minha outra metade. Os dias eram cinzas, todos eles.

Eu não fazia nada, minha única preocupação era dar de mamar para Renesmee. Ou, nem isso, já que só de tê-la em meus braços eu desabava. A garotinha com seus seis meses de idade, tinha os mesmos olhos de Edward, eu não podia olhar muito para ela sem querer chorar sem parar, pensando em seu pai que tinha nos deixado sem um aviso de que estava partindo de nossas vidas para sempre.

— Isabella! — Ouvi a voz de minha mãe, então as luzes do meu quarto se acenderam. Eu me encolhi na cama, puxando o cobertor para cima de mim, querendo evitar a luz artificial de me cegar.

— Não, nem pensar. — Renée puxou o cobertor para longe de mim. — Já é sete da noite, Isabella, você não saiu desse quarto o dia inteiro.

— E não pretendo sair — anunciei, mantendo-me de olhos fechados, sem querer olhar muito para o quarto onde Edward nunca mais entraria.

— Precisa ir ver um pouco as crianças — Renée insistiu. — Jasper, Alice, Jacob e Leah estão aqui hoje com os filhos deles para distraí-los, mas Anthony e Ness precisam da mãe!

— Precisam mesmo? — minha pergunta saiu em um tom debochado. — O que eu posso fazer por eles? Sentar lá e deixá-los questionando-me o motivo do pai deles nunca mais voltar?

— Filha, olhe para mim — Renée pediu, relutante, eu olhei.

Mamãe e eu éramos parecidas, com a diferença em nossos olhos. Os dela eram claros, os meus escuros. Como tudo a minha volta, eu não via mais uma luz, não via mais esperança.

— Você precisa superar, Bella — mamãe falou.

— Eu não quero superar nada! — exclamei entre dentes, irada com a sugestão patética que ela me deu. — Eu perdi o meu marido, o pai dos meus filhos, a minha metade. Não quero superá-lo!

— Bella — Renée suspirou alto.

— Saia! — ordenei.

— Bella, vamos conversar melhor — ela pediu.

Eu sentei na cama, encarando seu rosto preso em tristeza.

— Eu sei que dói, filha...

— Não, mamãe, você não sabe! — rebati, gritando. — O papai está vivo, né? Você nunca enterrou o homem que ama, nunca viu seu marido morto, nunca precisou escolher o caixão dele, nunca precisou contar ao seu filho de sete anos de idade que o pai dele estava morto, nunca precisou pegar seu bebezinho de seis meses no colo e dizer a ela que nunca irá conhecer realmente o pai incrível que ela tinha.

— Bella...

— Saia, Renée. — Apontei para a porta, ela não arredou o pé de onde estava. — Certo, se você não vai sair, eu saio — falei, pulando para fora da cama.

Estava usando um moletom de Edward, que tinha o cheiro dele, então apenas me enfiei em uma calça jeans e peguei as chaves do meu carro. Rumei para fora do quarto, com Renée me seguindo, questionando para onde eu estava indo.

— Bells, o que você vai fazer? — Charlie, que assim como Renée estava passando um tempo em Seattle comigo, perguntou quando eu alcancei o fim da escada, chegando ao primeiro andar.

A casa estava cheia, meus amigos na sala junto com seus filhos. E, meus filhos ali também. Leah, minha sócia na clinica veterinária e esposa de Jacob, tinha meu bebezinho adormecido em seu colo. Porém, Tony estava bem acordado montando um quebra cabeças com Jasper, Alice — esposa de Jazz — e as outras crianças.

— Mamãe! — ele exclamou, feliz a me ver, correndo até mim, abraçando minhas pernas. — A vovó Renée disse que você estava com muita dor de cabeça, por isso não sairia do quarto hoje. Mas, você saiu! — comemorou. — Vem brincar comigo, agora, não é?

— Eu preciso sair, Anthony — respondi, agachando-me junto dele e depositando um beijo em sua testa.

— Bells, é melhor você ficar — papai falou, mesmo sem saber para onde eu ia, nem mesmo eu sabia qual era meu destino naquela noite. Só queria ir, eu precisa ir.

— Vamos brincar, mamãe — Tony pediu novamente.

— Outro dia, Tony. — O soltei, colocando-me de pé, vendo o olhar severo dos meus pais sobre mim, mas encontrando-me com o compreensível de Jacob.

— Sua mãe precisa ir agora, garoto! — Jacob pegou Tony no colo. — Nós podemos voltar a brincar, tudo bem? E, vamos pedir aquela pizza que você tanto queria.

— Pizza? Eba! — Anthony comemorou. — Tem um cardápio da pizzaria lá na cozinha, eu sei onde o papai guardava — ele disse, eu me encolhi ao escutar aquilo.

— Excelente, vá lá buscar. — Jacob o colocou no chão, deixando Anthony correr até a cozinha.

— Para onde você vai, Isabella? — meus pais voltaram a questionar, eu não os respondi, indo até a saída de casa, Jacob me seguiu até o lado de fora, segurando a porta do carro antes que eu pudesse partir.

— Você vai voltar, não é?

Eu queria, voltar para as crianças, mas também queria ir junto de Edward. Era confuso, assustador, doloroso.

Forcei a porta a bater, sem responder nada a Jacob, partindo.

Dirigi por uma hora ou duas, sem ter um lugar para ir, apenas rodando pela cidade. As pessoas passavam por mim como um borrão, enquanto eu apenas dirigia, concentrada apenas em You’re My Sunshine que tocava no som do carro, obviamente fazendo com que eu pensasse em Edward.

Sem perceber, eu acabei estacionando diante a casa de Esme. As luzes do primeiro andar estavam apagadas, mas eu podia ver a luz do quarto dela acessa.

Sai do carro, correndo até a porta e tocando a campainha com certo desespero. Um tempo depois, que eu sei que racionalmente foi rápido, mas para minha mente pareceu uma eternidade, Esme abriu a porta, enrolada em um roupão.

— Como você aguenta? — perguntei, sem me importar em cumprimentá-la, apenas jogando a questão em seu colo.

— Entre, meu bem — Esme falou, indicando o interior de sua casa.

Eu entrei, pensando no jovem Edward que morou ali até assumir um dormitório na faculdade. Ou, quando ele me levou aquela casa para conhecer seus pais, gritando pelo pai para avisar que estava apaixonado.

— Você quer comer ou beber algo? — Esme me perguntou quando chegamos à sala.

— Um chá, talvez — respondi, sem fome alguma, mesmo que não tivesse comido nada aquele dia.

Ela concordou, seguindo até sua cozinha.

Olhei para as inúmeras fotos que Esme tinha sobre sua lareira, desde que ela e Carlisle eram jovens, até fotos dos netos. Eu peguei um porta retrato com uma foto de Edward com o pai, no dia da formatura do colegial do meu marido. Os dois tinham sorrisos idênticos no rosto e Carlisle segurava o diploma de Edward, seu orgulho estampado na fotografia.

Meu sogro tinha morrido cinco anos antes, vitima de uma doença que não pode ser vencida. Foi um dos piores choques da minha vida, claro que um dos piores momentos para Edward também.

— Aqui. — Esme retornou com minha xícara de chá. — Eu amo essa foto — ela comentou, olhando para a fotografia do marido e do filho juntos. — Eu não sei, Bella.

— Desculpe? — perguntei sem entender sua fala.

— Como eu aguento. — Ela me olhou. — Não sei como aguentei quando Carl se foi, não sei como estou aguentando agora que Edward também não está mais aqui. — Suspirou, lágrimas rolando por seus olhos verdes, verdes como os de Edward eram.

Esme tocou carinhosamente na foto, fechando os olhos por um minuto.

— Eu acho que estou aguentando por Rose, pelas crianças, por você, meu bem. — Voltou a me olhar. — Quando Carlisle estava internado, quase no final. — Ela fungou baixinho. — Ele pediu que eu não desistisse, pediu que eu fosse forte e lutasse para ficar bem, mesmo quando ele partisse.

— Vocês puderam se despedir — eu falei, sentindo-me terrível por invejar aquilo.

— Eu lamento, muito, que você não tenha tido tempo de se despedir de Edward, meu bem. — Ela afagou minhas costas. — Eu também gostaria de ter me despedido. — Esme começou a chorar. —— Uma mãe não deveria enterrar um filho, isso é cruel. — Ela se abraçou.

Eu deixei a xícara de chá sobre a lareira junto as fotos, abraçando Esme.

— Eu não vou aguentar, Esme, eu não vou — chorei em seu colo. — Não consigo sem ele, nada mais faz sentido.

— Você vai encontrar sua força, meu bem, só precisa de tempo — ela disse gentilmente para mim.

Eu não disse nada, não disse que não tinha mais forças nenhuma, não disse que ela era uma mulher excepcionalmente forte para conseguir lidar com tudo aquilo, enquanto eu não conseguia mais encontrar um meio de voltar a encontrar a luz em minha vida.

Dias Claros

Eu acordei no meio da noite, deparando-me com o lado da cama que Edward ocupava vazio. Rapidamente levantei, enfiando meus pés nas minhas pantufas com orelhinhas de gatinhos — um presente do meu marido no meu último aniversário —, saindo do quarto atrás de Edward.

Fui até o quarto de Anthony primeiro, o pequeno dormia tranquilamente em sua caminha, tínhamos o tirado do berço alguns meses antes e ele se acostumou rápido ao novo local de dormir. Ele era uma criança incrível, muito inteligente e adorável.

Já que Edward não estava ali, eu continuei seguindo pela casa, partindo direto para o primeiro andar. Assim que cheguei lá ouvi o som do violão soando da sala, para onde foi meu destino final.

Edward estava sentado no sofá, com o violão em mãos, cantando baixinho uma velha canção. Meu marido amava tocar e cantar, desde criança aprendeu tocar piano, então violão. Ele ficou realmente chateado quando seu antigo violão, o Han Solo, precisou ir para o lixo por não prestar mais, porém, ficou empolgado em adquirir a Princesa Leia como uma substituta.

Uma vez, no começo do nosso namoro, questionei Edward sobre a música e o papel dela em sua vida.

— Você realmente quer ser um psicólogo? — eu indaguei, afagando seus cabelos, após o sexo, enquanto Edward deitado sobre mim beijava meu pescoço e rosto com afinco.

— Sim — respondeu, soando confuso, virando-se para me olhar. — Por que a pergunta?

— Porque você é um músico incrível, canta e toca tão bem. Eu me questionei se está realmente fazendo o que quer estudando para ser um psicólogo — comentei, apertando a ponta do seu nariz, ganhando um sorriso dele. — Você sabe, eu te acho muito sexy falando todos aqueles termos da Psicologia comigo, mas se quiser ser um músico, eu vou te apoiar e te achar igualmente sexy.

— Primeiro, que bom que você me acha sexy de qualquer jeito. — Ele beijou meus lábios por um instante. — Segundo, eu amo música, mas não poderia transformá-la em um negócio, sabe? Não é uma coisa que me abra os olhos, me tornar um músico profissional, não quero tornar meu hobby preferido em uma obrigação. E, eu amo psicologia, é estressante ainda quando um estudante, será ainda mais quando um psicólogo de fato, mas eu me sinto muito bem estudando tudo isso, pesquisando sobre e estagiando. É o que quero como um trabalho, ajudar as pessoas, me tornar um pesquisador para ajudar outras. — Mais um beijo em meus lábios. — Vou manter a música em meu coração, sempre. — Sorriu novamente. — Bem ao lado do espaço que você ocupa nele, Raio de Sol.

Entrei na sala, deixando com que Edward me visse e ouvisse, quando ele parou de cantar What A Wonderful World. Sorri para ele, sentando ao seu lado no sofá, ele tinha um olhar cansado e triste. Deitado aos seus pés estava nosso cachorro, o Sushi, um Border Collie que adotamos um ano antes de Anthony nascer.

— Você não conseguiu dormir? Podia ter me chamado — falei, afagando seu rosto, sabendo que estava sendo um mês difícil para ele com a morte de seu pai.

— Não, eu estava dormindo — ele respondeu, colocando o violão ao seu lado vago no sofá. — Acordei com mamãe me ligando, ela tinha tido um sonho ruim, que Rosalie e eu estávamos, você sabe... — Não precisou completar sua frase, eu a entendi perfeitamente.

O puxei para meu colo, deixando com que deitasse sua cabeça em mim.

— Ela está melhor?

— Sim, eu consegui que ela se acalmasse. — Ele apertou os olhos, suspirando alto. — Eu sinto muito a falta dele.

— Eu sei, amor, eu sei. — Afaguei seu braço. — A música que estava tocando era a preferida de Carlisle, não é?

— Sim. — Edward deu um sorriso saudoso. — Ele foi quem me ensinou a tocá-la no violão.

— Ele era incrível, um excelente marido, pai, sogro, avô — falei, continuando a afagar o braço de Edward.

— Eu fui muito feliz com ele — Edward disse baixinho, ainda sorrindo, sua mão levando a minha aos seus lábios. — Estou feliz que ele tenha conhecido você, tenha conhecido Tony também.

— E nós falaremos dele para nossos próximos bebês, amor — prometi, beijando seu rosto.

Edward se remexeu no sofá, voltando a me olhar, seus olhos fixos nos meus.

— A morte do papai me fez pensar em algo sobre o futuro de Anthony.

— O que quer dizer? — perguntei confusa.

— Se algo acontecer com nós dois...

— Não, Edward, não! — exclamei rapidamente, encolhendo-me ao ouvir aquilo. — Eu não posso lidar com a ideia de partirmos e deixarmos Tony sozinho, ele é tão pequeno, tão indefeso.

— Raio de Sol, está tudo bem, estamos aqui, vivos. — Edward afagou meu rosto. — Mas, nós precisamos nos munir de cuidados, eu quero que Tony esteja protegido e seguro, mesmo sem a gente por perto.

— Edward — choraminguei, ele me puxou para seus braços, beijando minha cabeça.

— Está tudo bem, Raio de Sol, tudo bem — repetiu. — Eu só quero que nós dois definamos tutores para ele, nada vai acontecer, mas eu gostaria de fazer isso.

— Rose e Emmett — eu disse de primeira, sem parar para pensar.

Meus pais, ou Esme, cuidariam de Tony com muito amor, mas não queria sobrecarregá-los, mesmo que eu rezasse para que aquilo nunca acontecesse. Jasper e Alice, assim como Jacob e Leah também seriam excelentes, mas a irmã de Edward e nosso cunhado seriam as pessoas ideais para assumirem a guarda de Anthony em um universo alternativo onde não estaríamos lá por nosso garotinho.

Levantei o olhar para Edward, que assentiu.

— São as primeiras pessoas em minha mente também — ele falou, beijando minha bochecha. — Não se preocupe, você sempre estará aqui para ele, Raio de Sol.

— Você também!

Edward sorriu.

— Eu também, mas se...

— Edward, não!

— Mas se — ele insistiu. — Eu me for antes de você, quero que seja forte, Raio de Sol.

— Não, não me peça por isso — exigi, engolindo em seco. — Eu não sei como viver sem você.

— Viveu sem mim por vinte anos, Raio de Sol.

— É diferente, eu não sabia da sua existência, te perder depois de te conhecer seria o fim da minha vida.

— Não, não seria. — Mais um beijo no meu rosto. — Você iria ser forte, determinada, seria tudo o que sempre foi, uma mulher incrível, que consegue superar tudo. — Afagou minha face, levando algumas lágrimas para longe. — Iria encontrar outro cara.

— Ninguém seria como você, amor.

— Eu gostaria que você vivesse — Edward falou sério, assumindo sua pose de psicólogo. — Iria detestar vê-la deprimida, isso não combina com minha garota cheia de luz, nunca deixe a escuridão apagá-la, Raio de Sol.

— Então, nunca se vá — falei firme.

 Ele se colocou de pé, indo até o som da sala, colocando uma música tranquila para tocar.

— Me concede essa dança, Raio de Sol?

— Sempre. — Fui com ele, nós dois nos movendo lentamente pela sala escura.

— Eu amo você, Raio de Sol. — Beijou meus lábios, ouvimos um latido, então Sushi pulava na gente, querendo participar da dança. — Eu amo você também, sua coisa peluda! — Edward se voltou para o cachorro, segurando nas patas dianteiras dele, o movendo com cuidado de um lado para o outro.

Eu sorri para a cena, Edward estava ali, ele nunca iria a lugar algum sem mim.

Dias Cinzas

Na segunda semana depois da morte de Edward, eu me tornei um zumbi. Isso queria dizer que, de alguma forma ainda estava viva, mas não estava vivendo de verdade.

Era a semana que antes de tudo, eu tinha planejado voltar ao trabalho, depois da licença maternidade por ter Renesmee. Porém, com Edward partindo, eu não tive coragem alguma de voltar ao trabalho, dizendo a Leah que ela deveria se virar sozinha por mais um tempo, talvez para sempre, eu já não via graça nem mesmo em ser uma veterinária, que era meu sonho desde criança.

— Mamãe, vamos jogar vídeo game? — Anthony me perguntou aquela noite, enquanto eu dava de mamar para Nessie, sob o olhar atento de Renée.

Meu pai tinha voltado para Forks no dia anterior, já sem conseguir se ausentar mais tempo do trabalho. Renée também teria de voltar em breve, então, as crianças e eu ficaríamos sozinhas naquela grande casa, sem Edward.

— Não — respondi para Tony, sem medir o tom de minha voz.

— Mas, por favor, mamãe — ele implorou.

— Eu não quero jogar, Anthony! — exclamei com raiva.

No segundo seguinte me arrependi daquilo, vendo o olhar triste no rosto do meu garotinho.

— Tony, me...

— Você está muito chata! — ele acusou, interrompendo-me. — Eu queria que o meu pai estivesse aqui! — gritou, correndo para fora da sala, eu fiz menção de ir atrás dele, mas Renée foi mais rápida.

— Eu falo com ele, depois você pode ir lá, termine de dar de mamar a Nessie — ela disse, seguindo o neto.

Eu afundei no sofá, tomando cuidado para não apertar Renesmee demais contra mim, ela continuava mamando, seus olhinhos verdes fixos em mim. Tão pequena, ela não entendia nada daquilo, ela nunca se lembraria de Edward, tudo que teria eram fotos e vídeos, mas nunca se lembraria da sensação de receber um abraço e beijo do pai que tanto a amava. E, isso doía, era dilacerante.

— Isso é tão difícil, bebê — falei para ela, enquanto as grossas lágrimas rolavam por meu rosto.

O som da campainha me despertou, exausta, eu me arrastei até a porta da frente. Sem sequer me importar em olhar pelo olho mágico, eu abri a porta, deparando-me com Rosalie.

Assim como eu, ela estava pálida e tinha grandes olheiras abaixo de seus olhos. Ela forçou um sorriso para mim, olhando rapidamente para Renesmee em meus braços.

— Eu vim do hospital, mas estou com roupas e mãos limpas, posso pegá-la? — pediu, com certo tom de desespero na voz.

Ao ouvir a voz da tia, Renesmee já tinha desistido de mamar, então foi fácil passá-la para os braços de Rose. O sorriso dela foi genuíno quando pegou a sobrinha no colo, beijando a testa de Renesmee.

— Oi, anjinho — falou carinhosamente com a sobrinha.

Eu arrumei minha roupa, mandando que Rosalie entrasse.

Nós seguimos até a sala, sentando lado a lado no sofá. Ela continuava perdida em Renesmee, falando apenas com ela.

— Como você está? — Eu sabia que era uma pergunta idiota, mas foi tudo que consegui falar.

Rosalie começou a chorar, colocando Renesmee no carrinho ali para não assustá-la. Ela já devia ter se acostumado, já que eu estava sempre chorando.

— Eu estou bem, quando estou no hospital — Rosalie respondeu. — Quando estou ocupada cuidando das crianças lá. — Mas, quando volto para casa, quando vejo Lucy e Carl. — Ela suspirou. — Eu vejo a mim e Edward neles, vejo meu irmão, me lembro do meu pai, eu não sei como lidar com essa merda toda. Eu mal tinha superado a partida do papai, então Edward se foi sem...

— Um aviso — completei sua fala, ela assentiu, escondendo o rosto atrás das mãos.

— É muito difícil, dói demais.

Eu concordei, entendendo perfeitamente o que ela tinha dito.

— Emmett me fez prometer que iria buscar por ajuda profissional. — Ela bufou. — Irônico, né? Eu preciso de um psicólogo, quando meu irmão era um.

— A ética da profissão não permitira que ele te atendesse.

Rosalie riu, mesmo que eu não tivesse dito aquilo como uma piada.

— Deus, ele era fodidamente ético — Rosalie resmungou, foi minha vez de rir. — Não faça isso, não faça aquilo, não diga isso...Porra, eu não acredito que ele não está mais aqui. — Olhou ao redor. — Como consegue ficar nessa casa? Já jogou algo dele fora? Ou doou?

— Não, nada — neguei rapidamente. — E eu acho que nunca conseguirei sair daqui. — Dei de ombros.

— Eu sinto muito, Bella — Rosalie falou, suspirando. — Eu não tenho sido de ajuda nenhuma para você e as crianças, Emmett também não. Mas, eu tenho me refugiado no hospital o máximo de tempo possível na tentativa de esquecer, o que faz Emm se dobrar em dois para lidar com Lucy e Carl.

— Nós estamos bem.

— É uma mentira — Rosalie acusou. — Ninguém está, eu falei com Jasper ontem, ele mal conseguia dizer uma palavra sem chorar.

— Ele esteve aqui hoje — murmurei. — Passou um tempo com Tony.

— Tony e Ness vão ter todo o apoio do mundo, Bella. — Rosalie afagou meu braço. — E você também. Eu vou tentar melhorar, tentar lidar com isso melhor, eu sei que meu irmão iria querer que eu te ajudasse com os meninos.

— Eu não quero mais viver sem ele. — Explodi em um choro, o que fez Rosalie rapidamente me abraçar.

Eu chorei por um longo tempo em seus braços, até que Rosalie me convenceu a subir para meu quarto, quando mamãe apareceu para ficar com Renesmee, anunciando que Anthony tinha dormido. Eu deixei Rose me levar para cima, ainda chorando sem parar, ela me deitou na cama, então deitou ao meu lado, afagando meus cabelos.

— Eu chorei por um dia inteiro quando papai se foi — Rose sussurrou. — Queria ter sido forte, mas não consegui, eu me tranquei no meu banheiro e chorei.

Assenti, lembrando daquilo.

— Edward foi até você.

Ela assentiu de volta, dando o mesmo sorriso saudoso que Edward tinha.

— Ele não disse nada, nem mesmo perguntou nada, apenas me abraçou e fez com que eu sentisse que estaria ali por mim. E agora ele não está mais, porque uma peça errada do destino o levou de nós. — Ela começou a chorar mais alto também. — Não sei como vamos superar isso, Bella, mas eu sei que precisamos ficar bem.

— Eu não acredito que isso seja possível.

— Psicólogos, grupos de apoio, Edward começou a correr depois da morte do papai, lembra? Ele dizia que ajudava a extravasar energia, a liberar endorfina.

— Eu odeio correr — resmunguei.

Rosalie era forte, assim como a mãe, ela conseguiria se manter de pé, tudo que eu queria era apenas cair. Ou, por um milagre, ter meu marido de volta.

— Vamos ficar bem, Edward está em algum lugar torcendo pela gente — Rosalie sussurrou, enquanto eu caía no choro e por fim terminava dormindo, o que virou rotina desde que Edward faleceu.

Quando acordei, no meio da madrugada, Rosalie tinha ido embora, deixado para trás um bilhete sobre o travesseiro que um dia foi de Edward.

“Edward não nos disse um adeus, mas eu sei que se fosse para ter dito qualquer coisa a você uma última vez, seria que você era o Raio de Sol dele, que ele te amava. Não está sozinha, Bella. E, eu espero que também possa fazer com que eu me sinta menos só agora.

Com amor, Rosalie”

Eu apertei o bilhete dela contra meu peito, implorando que aquilo fizesse a dor passar magicamente. Não passava, não resolvia, eu ainda estava sofrendo.

— Ei, oi, Sushi. — Fui pega de surpresa com meu cachorro pulando na cama, Rosalie provavelmente tinha deixado a porta do quarto aberta, o que permitiu que ele entrasse ali.

Por mais que Edward e eu amassemos loucamente nosso cachorro, desde que o adotamos o ensinamos a dormir em sua caminha na sala, para manter nosso quarto livre de pelos. Porém, sempre que podia, Sushi se infiltrava na suíte para conseguir um pouco da cama de casal.

— Eu sei, não tenho te dado muita atenção — falei quando ele começou a lamber meu rosto, fazendo com que eu risse um pouquinho.

Ele parou, farejando o moletom que vestia, outro de Edward. Sushi latiu, continuando a sentir o cheiro de seu dono na roupa.

— Sinto a falta dele também, amigo. — Afaguei a pelagem de Sushi, que latiu mais uma vez, o que fez com que Renesmee em seu quarto acordasse chorando. — Sushi, você acordou o bebê — reclamei, cansada.

Minha mãe dormia no escritório de Edward, onde tínhamos um sofá cama, já que com duas crianças não possuíamos um quarto de hospedes. E, eu sabia que ela estava cansada também, vinha dando tudo de si para lidar comigo, com as crianças, com Sushi e com a casa que eu não cuidava mais.

Renesmee continuava chorando, então respirei fundo e me forcei a sair da cama, com Sushi me seguindo até o quarto dela. Porém, eu parei na porta quando vi que ela não estava só lá dentro.

Em pé junto ao seu berço, estava Anthony, falando com ela.

— Eu sei que é ruim não ter o papai aqui com a gente, Nessie — ele dizia, parecendo muito maduro. — Sinto a falta dele, muitão! — Tony fungou. — Ele era o melhor pai, ele fazia as panquecas de chocolate mais gostosas do mundo, estava me ensinando a tocar piano e violão, ele me deixava comer doces escondidos da mamãe antes do jantar e sempre ria das minhas piadas. A mamãe disse que ele precisou ir para o céu, que ele faleceu como nosso vovô Carlisle, aquele loiro das fotos. Hoje eu perguntei para o tio Jazz se eu podia ir para o céu também, porque quero muito ver nosso papai e conhecer o vovô Carlisle, já que não me lembro dele, ele disse que eu não poderia, que era cedo demais para eu ir.

Tony fungou novamente, Ness tinha parado de chorar e mesmo no escuro do quarto eu podia vê-la olhando atentamente para o irmão.

— Tio Jazz também disse que eu preciso ficar aqui, para ajudar a mamãe a cuidar de você, ele falou que sou o homem da casa agora. Não sei o que isso quer dizer, mas eu acho que é importante. Sabe, quando você nasceu e o papai e a mamãe te trouxeram pra cá, eu não gostei, mas o papai disse que eu era o seu irmão mais velho, que eu tinha de proteger  e amar você, que mamãe e ele sempre me amariam.

Anthony suspirou.

— Eu amo o papai e a mamãe também, Nessie. Você ama eles, né? O tio Jazz falou que vai demorar bastante para a gente reencontrar o papai, mas que nós precisamos ser pacientes. Eu falei que a mamãe só sabe chorar e chorar, ele falou que é normal, que ela está triste porque o papai está longe dela. Eu também estou triste com ele longe, muito triste. Ainda acho que ele está brincando com a gente, que vai aparecer e dizer que não estava no céu coisa nenhuma.

Eu entrei no quarto ao ouvir aquilo, mas Anthony não notou minha presença.

— Não sei o que vai acontecer, Renesmee. — Ele tocou na mãozinha dela por entre as grades do berço. — Mas, se o papai disse que eu tinha de te proteger, eu vou fazer isso. E, eu te amo também, mesmo quando você só chora e solta puns fedorentos. Nós vamos cuidar da mamãe também, né? Vovó Renée falou que ela precisa que a gente ame muito ela, já que ela tá sofrendo muito sem o papai.

— Papá — Ness balbuciou, para meu completo deleite e de Tony também.

— Isso, papai! — Anthony comemorou entusiasmado. — Você pode falar de novo? O papai ia ficar muito feliz em te ouvir falar!

— Papá. — Ness acatou o pedido do irmão.

Eu chorei com aquilo, pensando em como Edward realmente ficaria entusiasmado em ouvi-la chamar por ele.

— Mãe? — Tony se virou para mim.

— Mamá — Ness cantou do seu berço.

Eu fui até ela, pegando meu bebê no colo, lhe dando um grande beijo no rosto. Então, me voltei para Anthony, ele parecia culpado, como quando era flagrado obtendo doces antes do jantar.

— Vem comigo — chamei por ele, segurando Ness em um braço, estendendo a mão livre para Anthony, que prontamente uniu sua mão a minha.

Eu levei os dois para meu quarto e de Edward, com Sushi nos seguindo. Deitei com Renesmee em meu colo, colocando Anthony ao nosso lado, Sushi se acomodou em nossos pés.

— Eu amo vocês — falei para Anthony e Renesmee, ela me olhava como se pudesse entender tudo.

— Amo você também, mamãe. — Anthony sorriu para mim.

— Está sendo muito difícil sem o papai aqui, Anthony — falei diretamente para ele, que assentiu. — Mais difícil do que eu posso suportar, mas prometo que vou tentar, por você e por sua irmã.

— O papai te amava — Anthony disse com tanta confiança, com tanta sabedoria. — Ele dizia que você era o Raio de Sol dele.

Eu voltei a chorar diante as palavras do meu filho.

— Não chora, mamãe — Tony pediu, abraçando a mim e Ness. — A gente tá aqui, a gente vai amar e cuidar de você, eu prometo.

Não falei nada, não sabia o que dizer. Eu apenas estive ali com os dois, os beijando e os abraçando, querendo que Edward estivesse com a gente também.

— Tony? — chamei por ele, quando o garotinho estava quase adormecendo.

— Sim, mamãe?

— Você ainda sente o seu pai? No seu coração?

— Sim. — Ele abriu os olhos, apontando para seu peito. — Ele tá bem aqui.

Eu peguei a mãozinha de Nessie, que estava bem esperta para a madrugada, colocando a sua e a minha mão sobre o peito de Anthony. Nós podíamos sentir o coração de Tony batendo, onde ele dizia que o pai estava, eu queria sentir aquilo também, mas desde a noite que perdi Edward, eu me sentia vazia.

Dias Claros

Um beijo na minha bochecha.

Um beijo na minha testa.

Um beijo no meu queixo.

Um beijo no meu ombro.

Um beijo no meu pescoço.

Abri os olhos, ainda sonolenta, mas sorrindo quando vi Edward sobre mim, distribuindo beijos em meu corpo.

— Bom dia, amor — saudei.

Ele abriu um grande sorriso para mim, beijando meus lábios antes de responder.

— Bom dia, Raio de Sol!

— Você acordou animado hoje — comentei, afagando seu rosto. — Vamos transar? — Coloquei minhas pernas ao redor de seu quadril, puxando Edward mais para mim.

Edward riu, beijando minha bochecha outra vez.

— Eu adoraria isso, mas Tony já está acordado, Ness logo acordará e eu tenho de sair em pouco tempo para deixá-lo na escola e ir trabalhar.

— Ah não — choraminguei. — Eu quero você — pedi manhosa, ele riu novamente, distribuindo novos beijos no meu rosto, pescoço e ombros.

— Você me terá de noite, Raio de Sol, é uma promessa.

— Eu mal posso esperar pela noite. — Mal tinha acabado de falar e Edward me tirava da cama com rapidez, carregando-me em seu colo. — Uou, o que foi isso?

— Vê-la em nossa cama sem poder transar com você é tentador demais, eu precisava tirá-la daquela cena provocativa — falou, colocando-me no chão. — Você é linda, eu te amo tanto, Raio de Sol — disse, emendando uma fala na outra, começando a me beijar outra vez.

— Amo você também, amor — falei quando ele liberou meus lábios. — Amo muito...

— Mamãe! — Tony chamou por mim.

— Hora de cuidar do meu garotinho. — Soltei-me de Edward, que sorria para mim.

— Você cuidará de mim mais tarde, senhora Cullen?

— Edward! — Soquei seu ombro, nós dois rindo. — Claro, eu cuidarei muito bem de você essa noite, meu amor. — Pisquei para ele. — Termine de se arrumar para o trabalho, depois cheque Renesmee, certo?

— Certo — ele concordou prontamente, jogando para mim meus shorts, para que pudesse cobrir minhas coxas nuas que o moletom dele que eu usava não cobria.

Eu me vesti, deixando nosso quarto. Na ponta da escada Anthony e Sushi esperavam por mim para descermos, o cachorro começou a lamber meus pés, enquanto Tony já vestido para a aula, iniciou seu falatório.

— Bom dia, mamãe!

— Bom dia, meu garotinho.

— Mamãe, nós podemos assistir Homem Aranha hoje? O papai falou que ia tentar chegar mais cedo do trabalho para assistir com a gente.

— Podemos sim, filho — respondi, descendo a escada com ele. — O que acha de pipoca doce e salgada para acompanhar?

— Sim, mamãe, por favor — ele respondeu empolgado. — A Ness vai comer também?

Eu sorri, afagando seus cabelos.

— Ela é nova demais para pipoca, filho, irá comer quando for maior.

Fui preparar nosso café da manhã, ouvindo Anthony contar sobre seu sonho daquela noite. Ele era um pirata, que lutava contra um dragão da água, era bem criativo, eu amava como a imaginação dele funcionava.

— Alguém precisa da mãe. — Edward entrou na cozinha bons minutos depois, com Ness em seu colo, ela choramingava um pouquinho.

— Oi, meu bebê! — falei com ela, pegando-a em meus braços, enchendo seu rostinho de beijos.

Edward puxou minha costumeira cadeira à mesa para que eu sentasse, deixando com que eu desse de mamar para Renesmee. Enquanto isso, ele terminava de servir Anthony, servindo a si e a mim também.

— Você consegue falar papai, pequeninha? — Edward perguntou a Renesmee, quando ela voltou aos braços dele, para que eu pudesse comer algo.

Como resposta ela apertou o nariz dele, fazendo Edward rir. A risada dele ecoou por toda a cozinha, eu amava como era animado mesmo durante as manhãs.

— Papai — ele falou com Nessie novamente, ganhando outro apertão em seu nariz.

— Amor, melhor vocês irem logo, ou Anthony e você se atrasarão — comentei, odiando quebrar o momento dele com Renesmee, mas sabendo que nem ele, nem nosso filho, podiam se atrasar.

— Certo, nós voltaremos isso mais tarde, garotinha — ele disse para Nessie em um tom sério, forçado, o que não durou nada quando ela apertou seu nariz outra vez. — Deus, como você pode ser tão doce? —– Beijou a bochecha dela. — Amo você, filha!

— Vem pra mamãe. — A peguei no colo quando ele a passou para mim.

— Papai, você me ama também? — Tony perguntou, aos poucos ele vinha controlando o ciúmes por não ser mais filho único, mas às vezes voltava à tona.

Edward sorriu, levantando-se e indo até Tony, agachando-se ao lado dele.

— Se eu te amo?

— É! — Anthony exclamou.

— Deixe-me pensar. — Edward esfregou seu queixo, olhando para cima, enquanto pensava. — Claro que eu te amo, filho! — exclamou por fim, começando a fazer cocegas em Antonhy, que começou a gargalhar. — Amo você, amo sua irmã e amo sua mãe.

Meu coração bateu mais rápido ao ouvir aquilo.

Eu tinha a melhor família do mundo.

— Amo você, papai!

— Papá — Ness disse do meu colo, apertando meu nariz daquela vez.

— Claro, comigo te carregando você não fala. — Edward olhou para Ness em meus braços, voltando-se para Tony. — Hora de ir escovar os dentes, Anthony.

— Me carrega nas suas costas, papai? — Tony pediu.

— Vamos lá. — Edward o colocou em suas costas como pedido. — Você e sua mãe vão acabar com minha coluna, você com o cavalinho, ela com posições estranhas...

— Edward! — chamei a atenção dele.

— O quê? — Ele me lançou um olhar desentendido. — Qual é, Bella, ele não entende o que estou dizendo.

— Entendo sim — Anthony teimou. — Você está dizendo que mamãe tem posições estranhas no Twister.

— É, Twister. — Edward gargalhou.

Eu escondi meu rosto atrás de Nessie, sem querer me envergonhar na frente do nosso filho.

— Vamos, ou iremos mesmo nos atrasar.

— Nós vamos assistir Homem Aranha hoje, né? — Ouvi Anthony perguntar quando eles deixaram a cozinha.

— Eu não perderia Homem Aranha por nada — Edward respondeu.

Algum tempo depois, com os dois prontos para saírem, eu os acompanhei até o carro de Edward. Aproveitando também, para que Nessie pudesse ter um pouco de banho de Sol, mas as nuvens estavam contra nós aquele dia.

— Volte cedo — pedi a Edward, depois de ele colocar Tony em seu lugar no banco de trás. — Iremos assistir Homem Aranha, depois jogar Twister.

— O Twister do Tony, ou o nosso? — Me lançou um sorriso malicioso.

— O nosso. — Pisquei para ele, ganhando um beijo em minha testa.

— Hey, sinta isso — falou baixinho, quando sentimos o Sol finalmente dar as caras.

Edward uniu sua mão na minha, olhando para ela, fazendo com que eu olhasse também. Os raios solares iluminavam as duas, fazendo com que a aliança de casamento dele brilhasse.

— Olá, Raio de Sol.

— Olá! — Toquei seus lábios com os meus por mais um minuto. — Vá agora, não demore a voltar para mim.

— Nunca — ele prometeu. — Amo você...Vocês — se corrigiu, olhando para Renesmee entre a gente. — Vejo vocês mais tarde, garotas. — Beijou nós duas, antes de entrar no carro com Tony, colocando o tema do Bob Esponja para trocar no som do carro, ambos cantando juntos com a música.

Eu acenei para os dois, deixando com que eles fossem para mais um dia.

— Ei, você gosta do Sol, bebê? — perguntei a Nessie quando ficamos sozinhas.

— Papá. — Ela apontou para o carro de Edward que dobrava a esquina.

— Ele estará de volta pela noite, bebê. — Beijei seus cabelos.

Era o que eu pensava, foi um dia claro, até Edward não voltar e tudo virar cinza. Ninguém assistiu ao Homem Aranha aquela noite.

Dias Cinzas

Edward e eu nos conhecemos em Seattle, aos vinte anos de idade. Começamos a namorar não muito depois e, cerca de três anos após isso nos casamos.

O casamento ocorreu numa praia do Havaí, apenas com nossos familiares e amigos mais próximos testemunhando o enlace. Emmett, marido da irmã de Edward, tirou uma licença na internet para comandar a cerimônia, já que nenhum juiz aceitou nossa proposta de realizar o casamento no começo da manhã.

Literalmente começo, enquanto as pessoas queriam um casamento durante o pôr do Sol, Edward e eu queríamos ao nascer. Fazia mais sentido para a gente, começar nossa vida de casados junto com um novo dia.

Foi incrível, intimista, tranquilo e do jeito que queríamos. Casamos de pé na areia, cercados pelas pessoas que mais amávamos e que nos amavam, com o Sol nos abençoando.

Uns dois anos depois, Edward e eu tivemos nosso primogênito. Aquela altura eu já tinha minha sociedade na clinica veterinária, Edward seu consultório e um cachorro nomeado com o nome de nossa comida favorita.

Amávamos Antonhy de uma forma que não era possível descrever, Edward às vezes parava tudo que estava fazendo apenas para observar nosso garotinho, ele poderia passar horas quieto vendo-o dormindo e não se cansaria. Nós queríamos outro, outros, mas decidimos manter Tony filho único por algum tempo para que pudéssemos organizar a ideia de sermos pais antes de expandirmos a família.

No meio disso, Carlisle morreu. Deixando filhos, esposa, genro, nora e netos para trás. Edward quebrou naquele dia, eu não sabia como ele conseguiu se reerguer tão mais forte do que antes, mas conseguiu.

Anos depois, dando um hiatos para superar a perda de Carlisle, nós concebemos Renesmee. Ela nasceu trazendo mais amor e mais doçura para nossa casa, quando eu fui para o quarto após a cirurgia — já que uma cesárea foi necessária —, Edward estava com a garotinha ao lado da minha cama, sorrindo largamente para mim. Nossa ideia de ter mais filhos foi interrompida, eu precisei ter meu útero retirado, estava triste com aquilo, mas quando Edward falou comigo sabia que nós seriamos capazes de superar aquilo também.

— Ela e Anthony são tudo para a gente, Bella — ele disse confiante. — Nós podemos ser uma família de quatro, iremos ser muito felizes, eu prometo.

— Cinco — o corrigi.

— Cinco?

— Sushi.

Edward riu, beijando minha testa.

— Cinco, Raio de Sol.

— Talvez seis, se você me deixar ter um gatinho.

— Quem sabe.

Então, em um dia que tinha tudo para ser só mais um dia comum da nossa rotina, Edward foi levado da nossa família de cinco, talvez de seis. Foi o pior dia da minha vida, até os outros dias cinzas que o sucederam aparecerem à minha porta repetitivamente.

Eu estava em casa com as crianças, esperando Edward voltar do trabalho para que pudéssemos assistir Homem Aranha como Anthony tanto queria, quando recebi a ligação. A pior ligação da vida, aquilo era uma certeza.

Edward tinha sofrido um assalto, quando esteve saindo de seu consultório no centro da cidade e durante a ação um dos criminosos atirou contra ele. Meu marido foi levado às pressas para um hospital, precisando passar por uma cirurgia.

Em desespero, mas crente de que tudo aquilo se resolveria, eu segui para o hospital. Era de noite, eu estava apressada, o que me fez irracionalmente levar as crianças para aquele lugar também. E, soube que tinha algo de muito errado quando uma enfermeira se voluntariou a ficar com meus filhos, no momento que uma psicóloga disse que queria conversar comigo em particular.

Eu sinto muito, senhora Cullen, o seu marido não resistiu.

Morto, Edward estava morto. O meu Edward.

Sem mais beijos, sem mais músicas, sem mais danças, sem mais as melhores panquecas de chocolate. Sem mais seu sorriso, sem mais seu carinho, sem mais seu conforto. Sem mais seus braços, sem mais o carinho de suas palavras, sem mais seu amor.

Eu me encarei no espelho da suíte, sentindo-me tão morta quanto Edward. Três semanas tinham se passado, eu acordava todo dia dizendo que tentaria ser forte, mas no final acabava voltando para cama e chorando, sem saber como lidar com a vida sem Edward nela.

Minha mãe iria embora para Forks em dois dias, eu tinha de tentar ser mais forte ainda por mim e pelas crianças, ou ao menos por elas. Mas, não conseguia, não conseguia ser forte como Esme, como Rosalie e com certeza como Edward foi quando vivo.

Tão fraca, tão inútil.

— Bella, o advogado está aqui. — Emmett apareceu na porta do banheiro.

— Certo, certo — assenti, deixando o local.

Seria a abertura de testamento de Edward, ele tinha algumas coisas em seu nome que foi deixado por seus avôs e pai, então nós saberíamos como seria a distribuição disso. Eu sequer sabia que ele possuía um testamento, até o advogado ligar perguntando se já estávamos prontos para passar por aquilo.

Eu devia ter adivinhado que sendo muito cuidadoso com tudo, Edward com toda certeza teria feito um testamento, para assegurar a mim e as crianças. Ele não sabia que ia morrer, mas como quando decidimos sobre a guarda de Anthony anos antes, ele também pensaria em todo o resto.

— Precisa de algo? — Emmett me perguntou.

Meu marido, ele era tudo que eu precisava. Porém, Emmett não poderia fazer nada quanto aquilo. Ele já tinha feito muito cuidando de todo o funeral, junto de Jasper e Jacob, quando eu entrei em pânico quando me vi escolhendo um caixão para Edward.

— Não, tudo bem — menti.

Não estava nada bem, nunca mais estaria.

— O delegado ligou mais cedo, falou que...

— Não, por favor, não — pedi, sem ter condições de ouvir sobre aquilo.

Os homens que assaltaram e mataram Edward tinham sido presos, no dia seguinte a tirarem a vida do homem que eu mais amava no mundo. Eu não sabia seus nomes, suas idades, absolutamente nada. Eu só podia esperar que a justiça fosse feita, mas sabia que ela também não me daria Edward de volta.

— Certo, desculpe — Emmett pediu, afagando meu braço. — Melhor ir agora.

Eu concordei com um aceno de cabeça, indo me reunir ao advogado e os outros na sala de jantar. Foram chamados Esme, Rosalie e Jasper. Minha mãe e Emmett ficariam com as crianças enquanto passávamos por aquilo, a divisão de bens do meu marido.

Sentei junto de Jasper, ele sorriu para mim. Beijando minha cabeça, limpando uma lágrima que fugiu de meus olhos. Forcei um sorriso para o melhor amigo do meu marido, querendo que as coisas voltassem a ser como antes, quando todos nossos sorrisos eram sinceros.

O advogado e o oficial de justiça também presente começaram a falar e a falar, eu me esforçava ao máximo a ouvir tudo. Casa, dinheiro, consultório, carro, Edward tinha pensado em tudo, ele nomeou até mesmo as instituições de caridade que deviam receber seus pertences que deveriam ser doados.

Levantei com rapidez da cadeira quando o testamento terminou de ser lido, querendo ir vomitar e rastejar de volta para meu quarto. Ele tinha ido, suas coisas estavam sendo repartidas, ele nunca mais voltaria para contestar nenhuma delas.

— Ainda há algo mais, Bella — Jenks, nosso advogado de longa data, falou.

— Tem? — Eu voltei a sentar.

O que mais tinha? Edward tinha definido quando iriamos superar sua perda?  Tinha escolhido quando deveríamos parar de nós lembrar dele a cada segundo? Pois eu precisava daquilo, porque ele tinha nos abandonado!

— Edward escreveu cartas.

Eu paralisei diante a fala de Jenks.

— Uma para cada um de vocês, assim como para as crianças.

Distribuiu cartas para a gente ali, uma para Jasper, para Rose, para Esme e para mim. E, uma para Nessie, outra para Anthony.

— Deus — falei em choque. — Qu-Quando? — perguntei para Jenks.

— Ele as entregou para mim quando fez as últimas mudanças no testamento, após o nascimento da Nessie. Como as cartas foram anexadas ao testamento, eu não pude as entregar antes, espero que entenda, Bella.

— Eu entendo, acho — falei confusa, olhando para a carta diante de mim na mesa.

Seu nome e o meu, escritos ali no envelope que guardava as últimas palavras dele para mim.

De: Edward Cullen

Para: Isabella Cullen

— Preciso de um pouco de ar — falei, colocando-me de pé, levando a carta comigo.

Rosalie e os outros perguntavam para onde eu estava indo, mas eu apenas disse novamente que precisava de um ar. Peguei as chaves do meu carro, dirigindo para longe de casa.

Algum tempo depois, percebi que estava dirigindo para Forks, com a carta de Edward posta no banco do carona ao meu lado. Um lembrete de que ele nunca mais estaria junto de mim, nunca mais.

Três horas separavam Forks de Seattle, mas eu não percebi o tempo passar. Quando me dei conta, já estava chegando ao destino que minha mente impôs.

Era uma trilha, que levava a uma campina. Eu costumava ir lá desde que tinha meus dez anos.

Segui a trilha, chegando sem dificuldades ao local. A última vez que estive ali foi antes de engravidar de Renesmee, mais de um ano antes. Edward foi comigo, desde que o levei ali pela primeira vez, eu nunca mais fui ali sem ele.

Dias Claros

Era julho, verão em Forks. Edward e eu estávamos juntos por uns sete meses aquela altura. Nós viajaríamos para Flórida em alguns dias com nossos amigos, mas decidimos fazer uma parada de um fim de semana em Forks, para que eu pudesse ter algum tempo com meus pais.

Naquele domingo, antes de deixarmos Forks, eu falei que o levaria a um lugar especial. Um lugar que eu gostava de ir para tirar minha mente de qualquer outra coisa, um lugar calmo e iluminado.

— Uau! — Edward exclamou quando chegamos à campina.

— Eu sei, parece um pedaço do paraíso, não é?

Sentei no chão, indicando que ele sentasse ao meu lado e assim Edward o fez.

— Eu gostaria de ter trazido o Han Solo — comentou, olhando ao redor, seus olhos por fim parando sobre mim. — Seria um lugar incrível para tocar.

— Uma próxima vez — falei, fechando os olhos, absorvendo o calor do Sol me iluminar.

— Bella? — Abri meus olhos, vendo Edward com o olhar fixo sobre mim, um sorriso indecifrável em seu rosto.

— Sim?

— Você fica tão linda sobre o Sol — disse, tocando na minha bochecha com a ponta dos dedos. — Eu amo você.

— Amo você também, Edward.

— Casa comigo? — A pergunta me pegou de surpresa. — Não agora, não amanhã, nem depois — ele se explicou rapidamente. — Mas, um dia.

— Edward...

— Seja meu Raio de Sol eternamente — pediu, olhando para mim como...Como se estivesse vendo a mim pela primeira vez novamente.

— Eu sempre serei seu Raio de Sol, Edward — prometi. — Sempre.

Dias Cinzas podem se tornar Dias Claros

Cai de joelhos sobre o chão da campina, chorando desesperadamente.  Ele não estava ali, não estava mais em lugar nenhum. Era o fim, eu não conseguiria mais ir em frente, não conseguiria mais seguir sem Edward.

Não devia doer tanto, deveria? Mas, a dor em meu peito era esmagadora.

Apertei a carta em minhas mãos, só ali me lembrando da existência dela. Com dificuldade, eu me movi até estar deitada na campina, abrindo a carta e podendo lê-la de uma vez, chorando mais a ver a letra de Edward.

“Olá, Raio de Sol!

Eu sei, se você está lendo isso é porque algo aconteceu e não estou ao seu lado. Você está com raiva? Está triste? Está cansada? Uma mistura de isso tudo e mais?

Costumo pensar que sei como você funciona, então, vá para um lugar silencioso ler isso, certo? Vamos deixá-la o mais confortável possível.

Pronta? Vamos em frente!

Primeiro, desculpe-me por ter partido antes de você, Raio de Sol. Sei que estou descumprindo dois dos meus votos de casamento mais importantes: estar com você eternamente e ser o cara que você vai fazer de motorista, pois odeia dirigir. Isso foi uma tentativa de fazer piada, não me julgue por tentar ser engraçado mesmo aqui.

Certo, eu não sei o que aconteceu comigo para que você precisasse ler essa carta. Eu realmente espero que esteja tudo bem, que eu esteja escrevendo essas palavras para o nada, pois você nunca precisará ler elas, pois nós morreremos juntos, com uns duzentos anos de idade em uma nave espacial indo para Marte.

Porém, eu precisava deixar tudo em ordem, você entende? Sei que iria reclamar se me ouvisse falar sobre testamento, mas eu precisava deixar tudo acertado caso eu partisse de suas vidas sem um aviso. Meu pai organizou tudo antes de partir, quero pensar que posso deixar você e nossa família o mais segura caso eu me vá também.

Se você está lendo isso, quer dizer que já sabem sobre o testamento. Espero que não tenha ficado brava por eu ter deixado minha coletânea de vinil para Jasper, mas ele realmente amava aquilo como eu e muitos daqueles discos, me ajudou a escolher.

Eu gostaria de te pedir algumas coisas, Raio de Sol, não me ache um idiota por estar fazendo pedidos quando não estou mais ai, mas você precisa fazer algumas coisas por mim.

A primeira é: lembre-se sempre de desligar as luzes antes de dormir, você já viu quanto pagamos em energia?

Okay, agora é sério, vou tentar parar de fazer piadas que com certeza não devem estar te fazendo rir.

Certo, a primeira coisa oficial que tenho de te pedir é: verifique como minha mãe está, ela tem sido muito forte desde que o papai se foi, mas eu tenho medo de como Esme pode estar agindo com tudo isso se parti antes dela. Sabe que ela te ama, então vocês duas podem ser grandes aliadas nesse momento.

A segunda coisa é: minha irmã, eu não faço ideia de como Rosalie está, principalmente depois da morte de papai que foi um grande golpe para nós dois. Então, você pode enfrentar uma Rosalie com bruscas mudanças de humor, de carinhosa a raivosa em um piscar de olhos. Ela sempre reage à mesma coisa de diferentes maneiras, até conseguir se adequar a situação. Eu, por muitas vezes, fui o responsável por ajudá-la a se encontrar, espero que você a ajude agora, Raio de Sol.

A terceira coisa: nossos amigos, eu gosto de pensar que nós temos um ciclo limitado de amigos, mas que eles são os melhores. Nós temos sorte, muita sorte, Raio de Sol. Encontramos pessoas incríveis em nossos caminhos, pessoas que estão ai ao seu lado para ajudá-la com qualquer coisa. Quando Ness nasceu e nomeamos Jasper e Alice os padrinhos dela, eu os fiz prometerem que eles nunca deixarão vocês sozinhas, sei que todos nossos outros amigos também cumprirão isso sem mesmo terem prometido. Então, não os afaste, mantenha os perto de si, sempre.

A quarta coisa: nossos filhos, eu não quero imaginar como isso deve estar sendo para eles. Mas, deixei cartas para ambos também, ainda assim, eu quero que me prometa apenas uma coisa sobre Renesmee e Anthony, Raio de Sol, prometa dizer a eles que eu os amava, preciso que você não os deixe se esquecerem disso.

A quinta coisa: você, meu amor. Você e apenas você aqui, certo? Eu não quero que desista, Isabella Marie Swan Cullen, a garota de nome comprido que preferiu assim, pois amava demais o nome dos pais para jogá-lo fora quando se casou. Eu preciso, Bella, preciso mesmo, saber que você se manterá firme se um dia eu me for.

Sabe, quando eu te vi pela primeira vez naquela cafeteria, enquanto eu bancava o projeto de Johnny Cash, como você me disse um tempo depois, não tinha ideia de onde chegaríamos. Eu não podia esperar que casaríamos, que teríamos duas crianças lindas, nem nada disso.

Entretanto, não faz ideia de quão feliz você me fez. Todo dia ao seu lado não era um dia a menos na minha vida, era um dia a mais ao lado do meu Raio de Sol.

Obrigado, Bella, por estar ao meu lado, nos bons e nos maus momentos. Obrigado por nossos filhos incríveis. Obrigado por ter brigado, chorado, rido, cantado e tudo mais comigo. Obrigado por ter usado branco no Havaí e ter dito sim. Obrigado por ter confiado em mim, obrigado por ter me entregado seu coração, obrigado por ter me dado seu amor.

Eu serei eternamente grato a você, Raio de Sol.

Agora, já que eu fui e você ficou, quero que continue a viver. Um dia, você me disse que não saberia viver sem mim, querida, você sabe.

Como eu sei disso? Pois, bem, quando eu te vi naquela cafeteria, com seu sorriso iluminado e toda sua luz própria, sabia que você era uma garota diferente das outras, sabia que você era a garota mais fascinante do mundo no primeiro momento. Eu entreguei meu coração a você sem nem me dar conta disso, ainda naqueles primeiros segundos.

Você é forte, é corajosa, determinada, irritante, divertida, esperta, você é mil defeitos e mil qualidades. Você é real, meu Raio de Sol. Uma mulher fascinante, que erra e acerta, mas que comigo acertou tanto que por isso eu nunca gostaria de vê-la triste eternamente por eu ter a deixado.

Desculpe-me por isso, eu teria impedido a morte se fosse possível. Mas, você continua viva, Raio de Sol, então viva.

Apaixone-se novamente — sem problemas quanto a isso, por mais enciumado que eu vá ficar no lugar que estarei, quero que tenha alguém novamente se você quiser —, ame nossos filhos, divirta-se com nossos amigos e família, cuide de seus preciosos animais na clinica, adote um gato, brinque com Sushi na chuva. Viva, Raio de Sol, continue iluminando tudo a sua volta.

Essa é a quinta coisa, certo? Eu quero que você continue vivendo, mesmo sem mim fisicamente ao seu lado.

Se os dias tornarem-se cinzentos demais, lembre-se que o Sol sempre volta.

Amo você, Raio de Sol, amarei eternamente.

Com todo amor do mundo, seu marido, Edward.”

Ainda chorando, eu beijei a carta em minhas mãos, querendo meu marido que tinha a escrito. Fechei os olhos, desejando que o Sol aparecesse naquele dia cinza. E, como um milagre, senti o calor dos raios de Sol em meu corpo.

Tornei a abrir os olhos, surpresa com aquilo. O dia estava muito nublado, até aquele momento, feixes de luz ganhavam espaço entre as nuvens.

— Sol — sussurrei, sentindo-o aquecer meu rosto. — Edward? — chamei por ele baixinho. — Você pode me ouvir onde está, meu amor?

Apertei sua carta contra meu coração.

— Eu amo você, Edward, amo você — declarei. — Eu irei — prometi, para ele, para o Sol, para nossa campina. — Eu irei continuar vivendo, eu prometo.

Fechei os olhos, continuando a sentir mais dos raios solares em mim. Edward estava certo, um dia cinzento podia se tornar um dia claro. E, eu irei cumprir cada um dos pedidos dele, Esme, Rosalie, nossos amigos, nossos filhos e eu, nós estávamos sofrendo, mas nós iriamos conseguir seguir em frente.

— Sempre serei seu Raio de Sol, Edward. Mas, a partir de agora, você sempre será o meu também, meu amor.

Eu sorri, pensando em Edward, pensando na vida. Meu coração ainda dolorido voltou a senti-lo ali, eu voltei a sentir seu amor, quente, mas especial como um raio de Sol.


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Notas finais do capítulo

Eu espero que não tenham chorado muito, eu realmente não queria ter escrito essa história, mas é algo que foi além de mim, ela precisava ser contada e não poderia deixá-la criando teias de aranha no computador. Eu realmente chorei com ela, em cada cena, nos dias cinzas e nos claros, foi sem dúvida alguma a história mais difícil de escrever e a mais próxima da realidade que já fiz.

Como é de se esperar, não teremos nenhum tipo de continuação de Raio de Sol. Mas, eu gosto de pensar que Bella, Anthony e Ness, os familiares e amigos de Edward continuaram suas vidas e que estão lidando com a perda da melhor forma possível e que cada um tenha reencontrado a luz e a paz em seus corações.

Muito obrigada a você que leu a one, que está lendo isso agora. Um beijo, um abraço e um lencinho para secar as possíveis lágrimas que caíram enquanto lia essa história.

Até a próxima!

Lola Royal.

07.06.17



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