— Tome cuidado, Sirius não pertence a você e a ninguém — advertiu James, dando tapinhas calorosos em suas costas e deixando-o com os próprios pensamentos.

Marlene Mckinnon sempre soube. Dorcas Meadowes sempre soube. Remus Lupin sempre soube. E todas as meninas e meninos sempre souberam.

Não havia necessidade de fala, mas James gostava de inteirar que Sirius Black sempre pertenceu a ele mesmo e a mais ninguém.

— Você é extremamente instigante, Sirius, mas você nunca cede da maneira que as pessoas esperam — refletia Remus, sorrindo-lhe fracamente.

E o que as pessoas esperam, exatamente? Um relacionamento duradouro? Sorrisos falsos e palavras estimuladoras, porém tão falsas quanto o sentimento amoroso inexistente?

Black nunca fora bom com relacionamentos, não importa o quanto os ansiava, não importa o quanto James lhe achava masoquista por querer que alguém o machucassem, quebrasse seu coração em pedaços, lhe deixasse noites em claros, sentindo tristeza e saudade e não só desejo.

Não importa o quanto ansiava sentir, jamais teve coragem e espontaneidade para entregar-se a alguém.

— É quase engraçado, porque você parece gostar das pessoas, mas há algo, em algum momento, que faz você parar, como se tivesse medo de perceber que pertencesse a outro alguém — murmurava Peter, julgando-o com olhos silenciosos e pequeninos.

E por que deveria pertencer a alguém senão a si mesmo? Sirius tinha quase certeza de que ninguém o machucaria caso não se entregasse, mas não percebia o quão machucado encontrava-se agora por não ser humano e errôneo o suficiente para ser de alguém.

Talvez fosse medroso, talvez fosse Black. De qualquer forma, Sirius sempre harmonizaria melhor consigo mesmo.