A tarde dava lugar a noite quando ela foi liberada pelos médicos. Agradeceu toda a atenção de Hirst por ela nas últimas 48 horas e todos os direitos que ela enfim havia ganhado. Ela voltou pra sua casa, não sabendo bem ainda se gostaria que aquele lugar fosse a sua casa porque ela tinha recordações agridoces agora que seu irmão havia ido embora. Ela não queria pensar muito nisso, porém.

Ela estava tão exausta de tudo com o qual ela teve que lidar nas últimas horas, incluindo hospital e toda a papelada. Ela se permitiu jogar em cima da cama e tudo começou a girar em sua cabeça. Tudo pelo qual ela havia passado. Tudo havia acabado. Ela sussurrou somente com ela o quanto ela estava grata e naquele momento era como se ela tivesse tirado o mundo de suas costas.

O que irei fazer agora? Ela pensou, não sabendo ao certo a resposta, mas cansada demais para responder essas e tantas outras perguntas agora. Ela também sabia que havia outra pergunta que ela tinha que responder. Não era dela e nem para ela, mas para ele. E ela não tinha dúvidas de que já sabia a resposta.

Encorajada a responder nem que fosse somente aquela pergunta aquela noite ela levantou-se determinada a vencer o cansaço e cuidou de si, colocando depois uma camisa vermelha que Zapata tinha dado a ela algumas noites atrás. A morena havia dito que ela precisava de alguma roupa “mais arrumada” pro caso de alguma eventualidade e ela sorriu ao sentir o tecido deslizar em seu corpo e perceber que a tal eventualidade finalmente havia chegado.

A rua estava escura, mas estava quente então ela levou o casaco nas mãos.

Ela sabia exatamente o que tinha que dizer, mas não sabia como. Ela era boa em tantas coisas, mas naquele momento achava que era péssima com palavras. Porém isso não a fez voltar atrás, nada a faria voltar depois que eles chegaram onde chegaram, depois que ele disse a ela que a amava. Ela sorriu involuntariamente ao pensar nisso, sentindo até seu estômago sorrir.

Parou alguns centímetros da porta da casa dele, lembrando do primeiro beijo deles e voltou a sorrir. Tanta coisa tinha mudado, mas a pureza de seus sentimentos sobre ele permaneceram intactas. Ela sabia que o time estava lá, mas isso não a impediu de continuar até que ela se viu abrindo a porta da casa dele.

***

O que mais você precisa agora? Sandstorm foi parada e agora sua vida pode voltar ao normal, seu pensamento lhe dizia, mas ele odiava seu pensamento naquele momento. Quando tudo se foi, ele percebeu exatamente o que ele queria que estivesse ali o tempo todo com ele. Ele nunca tinha sentido falta de alguém, mas ao não vê-la ali, ele percebeu o quanto estava incompleto sem ela.

Seus melhores amigos estavam com ele, com saúde apenas dos ferimentos corporais e emocionais em cada um deles, mas estavam todos felizes. Então porque diabos ele não poderia estar feliz também? Por que diabos ele estava se sentindo tão vazio, deslocado? Por que então ele se sentia fraco?

Era por causa dela. Porque ela mostrou a ele quem ele era realmente e depois havia transformado ele numa melhor versão dele mesmo e agora ele não sabia sequer onde ela tava. E se ela tivesse ido?

Ele tentou ignorar aquele pensamento, tentando-se convencer que em algum momento ela iria aparecer. Ela tinha que aparecer, porque algumas horas atrás ele havia dado seu coração inteiro a ela, mas ele não queria viver sem o seu coração. Não queria viver sem ela. Não depois de tudo que eles passaram.

A risada de seus amigos ecoavam pela casa e ele estava grato por isso então ele resolveu ir a presença deles. Foi quando ele foi até eles que ela finalmente apareceu.

***

Ela parecia tão nervosa, mas tão segura do que tinha que fazer.

Ele não pôde deixar de sorrir, mas ele também estava nervoso.

E se ela tivesse ido apenas para avisar que estava indo? Para avisar que ele teria que suportar uma vida sem ela?

Ele sequer gostava de pensar nisso então ele tentou se concentrar apenas no que ela tinha a dizer, embora ele tivesse com medo de escutar. Havia uma ansiedade por trás daquilo tudo.

Ele fechou a porta atrás deles e tudo se silenciou entre eles. Ambas as respirações estavam pesadas e ambos se perguntaram mentalmente porque eles estavam tão nervosos. Até nisso eles estavam tão interligados! Ela o olhou e ele encostou-se na parede, buscando apoio ao ver sua boca se mexer.

Ela havia dito que poderia ir para qualquer lugar e então depois ela encontrou seus olhos e então sabia exatamente onde deveria e onde queria estar. Ele estava tão grato por aquilo Naquele momento o mundo girou ao redor dele e finalmente o peso do mundo caiu dos ombros dele. Ele mal se recuperou daquilo e havia aberto alguns centímetros de um sorriso quando ela também disse que o amava.

Ela o amava.

De repente todo o vazio que havia nele havia se completado, e todas as dúvidas que ela tinha haviam sido respondidas. Quando seus lábios se colaram novamente eles sabiam: Eles pertenciam um ao outro e ninguém mais poderia atrapalhar isso entre eles.