Olhos cor de Mell escrita por MailyCullen
Notas iniciais do capítulo
Hello, mais um cap ♥
Acordei na terça de manhã com Jully pulando em cima da minha cama. Olhei para ela que ainda estava de pijama e tranças.
— Bom dia.
— Bom dia. — falei ainda sonolento.
— Acorde e se apronte antes que a mamãe dê a louca. Vieram te buscar para as sessões. — avisou a mim.
Resmunguei escondendo a cara entre os travesseiros. Grande merda!
— Avise a ela que não irei. — pedi a Jully que riu pulando da cama.
Me virei de costas para ela e apaguei a luz. Voltei a dormir, mas um barulho de um dinossauro furioso ecoou pelo quarto.
— Maaaeeee...
— Ande logo. — entrou em meu quarto puxando a coberta da minha cara quase me fazendo ficar cego já que a luz estava novamente acesa. — Vamos, vamos. — jogou uma calça tactel na cama. — Não temos o dia todo. — avisou a mim me sentando na cama.
— Eu não quero ir, não é capaz de respeitar isso?
— Não. — respondeu seca vestindo uma blusa e uma calça em mim como se eu fosse um bebê. — Vamos. — colocou a cadeira de rodas na beira da cama.
Também com a sua ajuda me sentei e fui até o banheiro. Escovei os dentes, lavei o rosto e deixei meu cabelo bastante bagunçado para deixar bem claro que eu queria permanecer em casa. Tomei meu café e calcei meu chinelo. Voltei ao quarto e escovei os dentes. Quando cheguei ao lado de fora, uma van branca estava a minha espera. Encarei minha mãe que estava de braços cruzados me encarando junto a minha irmã.
Eu não poderia fugir!
Entrei nela e fui levado até o manicômio.Fiquei na sala de espera por poucos segundos e fui chamado rapidamente. Entrei na sala e as duas mulheres loiras, Samantha e Sandy, me atenderam. Elas eram bastante gentis e durante toda sessão elas ficaram fofocando, única coisa que me incomodava. Depois de meia hora de exercícios eu já estava pensando em desistir, estava sendo cansativo!
— Parem. — pedi a ambas que pararam. — Quero descansar. — avisei a elas. — Cuidem de outro por enquanto. — pedi a elas que se encararam.
— Vamos, só mais um pouco.— insistiu.
— Eu não consigo. — falei por fim.
— Não consegue ou não quer? — outra pessoa disse.
Olhei para a porta e bufei.A garota, da noite desastrosa, estava encostada na porta nos encarando. Estava toda de branco, com um jaleco, um coque no alto da cabeça e lábios pintados de vermelho. Parei de fitá-la mesmo com ela ainda me encarando. Eu não estava acreditando naquilo.
— Deixem que eu cuido do resmungão. — avisou a elas que concordaram se retirando do local.
Joguei a cabeça para trás e bufei. Como as coisas podiam piorar de uma hora para a outra.
— Bom dia. — sorriu entrando na sala.
— Não vai largar do meu pé?
— Sério que você sentiu que estou no seu pé? — perguntou segurando em meu pé aparentemente o apertando.
— Estava parecendo uma prostituta parada ali, quase acreditei na teoria do meu irmão de você ser uma stripper. — me encarou e sorriu.
— Obrigada.
— Está aceitando isso como um elogio? — questionei surpreso.
Mas era uma completa sem noção!
— Claro. A maioria das prostitutas são sexys! — riu se sentando na cadeira ao lado da cama. — Na minha opinião, pelo menos as que conheço. — A mesma me encarou e virei a cara. Se eu pudesse eu sairia correndo dali. — Então mocinho… Por que andou faltando esses dias?
— Porque eu não estava afim de vir. — respondi da forma mais seca possível.
Aquilo não era do interesse dela, era uma completa intrometida.
— E por que não queria vir? — insistiu.
— Isso não está adiantando nada, estou apenas perdendo tempo nessas sessões. — expliquei a ela me deitando na cama.
Aquilo estava mais parecendo uma consulta com psicólogo, faltou apenas ela estar bom óculos e um bloquinho.
— Talvez não esteja adiantando porque você não tem uma motivação. — sugeriu.
Olhei para ela que ainda estava sentada, com as pernas cruzadas e mãos apoiadas nos braços da cadeira. Tentei não focar em seus olhos, mas era impossível!
Eu queria sair correndo.
— Acho que agora tenho uma motivação. — contei a ela.
— E qual é? — indagou contente.
— Ter você bem longe de mim. — respondi a ela que gargalhou, uma gargalhada tão estrondosa que ecoou pelo local.
— Perfeito! — sorriu se levantando. — Ficarei tratando de você até que esteja andando para poder correr de mim. — passou o dedo no meu nariz.
Bufei.
Inacreditável!
Aquela garota era irritante. Deus estava me castigando por completo. Primeiro o acidente e depois a garota.
— Aliás, eu sou a Mellanie. — sorriu. — Será um prazer viver em guerra com você Brian. — piscou para mim indo até o pé da cama.
Respirei fundo passando a mão por meus rosto impaciente. Já poderia cair um meteoro em cima de mim naquele momento e acabar com tudo, eu não me importaria nem um pouco.
Fitei a mesma que levava as mãos e tirava um anel do dedo..
— Sério que você trabalha aqui?
— Na verdade estou estagiando, estou aqui apenas meio horário. — explicou ficando de frente a cama.
— Tomara que não te contratem. — sorriu.
— Tão ignorante! — suspirou. — Prende a ferradura pois ela está solta. — avisou a mim. — Vamos lá. — dobrou minha perna. — Lindas pernas! — revirei os olhos. A fofoca das gêmeas era melhor do que a falação daquela garota. — Tente empurrar. — pediu a mim e fiz força, mas nada. — Vamos parir esse menino. — Pediu e a encarei.
A mesma estava entre minhas pernas, sendo que uma delas estava igual a de mulheres na sala de parto. Não me aguentei e comecei a rir.
Meu Deus! Aquela garota era uma demente.
— Vamos, seu filho irá morrer sufocado com o líquido. — avisou a mim ainda segurando minha perna.
Tentei novamente mover a perna, mas nada.
— Acho que ele irá morrer. — tentei novamente, mas nada.
Olhei para ela que me encarava. Novamente seus olhos me chamaram a atenção. A mesma conseguia hipnotizar qualquer pessoa sem esforço algum, apenas a encarando. Seus olhos eram bastante chamativos!
— São lentes? — a mesma me olhou e negou.
— Defeito genético. — riu.
— É um defeito genético muito bonito!
Encarei novamente seus olhos que mais parecia uma nebulosa.
Mellanie riu.
— Obrigada. É diferente! São bastante chamativos e às vezes me incomoda.
Permanecemos por mais meia hora até que pedi um momento de descanso. Mellanie saiu do local e logo depois voltou com uma jarra de água e dois copos. Peguei um e tomei bastante água. Eu estava com sede. Ela se sentou ao meu lado enquanto me esperava. Olhei novamente para ela que encarava o lençol branco em cima de uma mesinha e eu estava novamente focado em seu erro genético.
— Podemos? — Perguntou a mim e concordei.
Lhe entreguei meu copo de água e ela o pôs sobre a mesa.
—Vamos lá. — Sorriu dessa vez dobrando minha outra perna.
— Quer ajuda? — Uma das loiras que antes estavam na sala perguntou a garota que negou e me encarou.
— Hoje não! Ele está com a ferradura solta. — sorriu de lado.
— Tudo bem. — se retirou nos deixando novamente sozinhos.
— É sempre sarcástica? — questionei a ela que concordou. — Não acha isso irritante?
— Querido, eu sou irritante! — sorriu.
—Ainda bem que sabe. Percebi aquilo desde aquela noite.
— Qual noite? Aquela que saímos bêbados da boate? — a encarei assustado. Ela gargalhou e soltou minha perna. — Onde está seu irmão mente podre?
— Não fale assim dele. — ralhei.
— Tudo bem. Onde ele está?
— Não lhe interessa. — respondi a ela que deu de ombros.
— Como quiser.
Depois disso se manteve calada e apenas me instruiu no que fazer, mas não havia acontecido nada. Eu novamente havia fracassado. Quando acabou o garota soltou minha perna e me encarou me fazendo novamente focar e fica cada vez mais deslumbrado com seus olhos perfeitamente defeituosos.
— Espero lhe ver amanhã, mais humorado e menos ignorante. — avisou a mim.
Levou minha cadeira de rodas até a maca e com sua ajuda me sentei. A mesma me guiou até o sala de espera e sorriu.
— Tenha um bom dia. — se retirou.
Logo depois o motorista me levou para casa. A primeira coisa que fiz quando cheguei foi ir para meu quarto. Eu queria um pouco de paz! Me enfiei debaixo das cobertas e escutei meu telefone tocar.
— Olá. — era meu irmão
— Oi.
— Como foi hoje? — perguntou entusiasmado.
— A mesma merda só que 50% pior.
— Por que?
— Sabe aquela garota da noite da boate?
— A perturbada? — comecei a rir.
— Sim.
— O que tem ela?
— Ela faz estágio na clínica e irá comandar meu tratamento. — expliquei ainda não acreditando.
— Caramba que má sorte!
— Nem me fale, agora que realmente quero desistir. — puxei o Blackout.
— Não desista Brian, seja forte, você voltará a andar. Basta você querer.
— Não sei de onde tiram tanta fé.
— Eu não arrumei uma namorada? Mesmo dizendo que eu jamais namoraria e seria pai? Se as coisas mudaram pra mim elas irão mudar pra você também. Acredite. — gargalhei.
— Realmente foi um milagre você e Lucy estarem juntos. — ele gargalhou.
— Sim, estou feliz agora, mesmo que nada disso estresse em meus planos.
— Eu percebi.
A escutei gritar do outro lado da linha.
— Tenho que ir Lucy está passando mal.
— Melhoras pra ela e até mais.
— Até.
Desliguei o telefone e o joguei em cima da cama. Puxei minha coberta e me virei para dormir.
— Briaaaan. — minha irmã entrou no quarto e acendi o abajur.
— Sim. — me virei para ela.
— Olha o que ganhei. — me entregou um papel se deitando ao meu lado.
O desdobrei e havia um desenho da minha irmã sorrindo, um desenho tão perfeito que até mostrava o detalhe da pinta em uma de suas sobrancelhas.
— É lindo! Foi você que fez? — ela que negou freneticamente.
— Não, foi um colega de classe. — olhei para ela que encarava a foto e só depois percebeu que eu a fitava. — O que foi? — continuei a olhá-la.
— Colega de classe?
— Ai Brian. — riu de nervoso começando a ficar vermelha. — Somos amigos. — concordei.
— E ele é um bom amigo? — concordou.
— Sim, ele é bem legal!
— Estou vendo. — lhe entreguei o papel.
— Ele é muito inteligente também! — completou.
— Isso é bom!
— Ele chegou semana passada. É um refugiado, sua família fugiu do seu país por causa de uma guerra civil. — olhei surpreso. — Tem apenas eu de amiga, as outras pessoas ficam o criticando e ele também não é tão sociável.
— Foi bacana da sua parte fazer amizade com ele. — sorriu.
— Tenho pena dele por o criticarem, por causa da cultura dele. Pra mim devemos conhecer a pessoa antes de criticá-la. Talvez ela não seja aquilo que pensamos. — suspirou. — Me sinto mal por ter pensado que no primeiro dia de aula dele, que o mesmo daria a louca e mataria todos por sua religião. E agora… Ele está sendo a melhor pessoa daquela escola para mim.
— Exatamente, não devemos julgar.
— E como foi o seu dia.
— Tedioso. — riu.
— Por que? As pessoas de lá são legais!
— Nem todas.
— Quando fui com a mamãe ontem à tarde me diverti bastante com uma garota. Você deve conhecer, ela usava um jaleco e tinha lentes maravilhosas.— revirei os olhos.
— É eu conheço.
— Me matei de rir com ela ontem.
— Não vejo graça nenhuma nela. — assumi.
— É porque você não a viu caindo no meio do corredor. O piso estava molhado e ela deslizou como um pinguim. Quando chegou na recepção ainda agradeceu a Deus por ter chegado mais rápido. — gargalhou.
— Típico dela.
— Ela é legal!
Não me pronunciei. Não queria discutir sobre aquilo. Era desnecessário!
— Brian, e eu…
Minha mãe bateu a porta atrapalhando nossa conversa.
— Do que tanto riem?— questinou se escorando na porta.
— Estava contando a ele sobre a garota que escorreu.
— Ah sim, foi um belo tombo pobrezinha. — mamãe riu. — Vamos almoçar?
— Estou sem fome. — falei.
— Quer que eu traga aqui? — neguei. — Você tem que comer algo.
— Quando eu sentir fome eu como algo, não se preocupe. — garanti a ela.
— Tudo bem. Você vem Jully?
Minha irmã concordou descendo da cama.
— Daqui a pouco volto. — concordei a ela.
Me deitei e me cobri, encostei a cabeça no travesseiro e acabei adormecendo.
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Ficou bom?