Reunião Uchiha! escrita por Graciela Pettrov


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

É uma one Nonsense voltada apenas para o humor.
Boa leitura.



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Mais um dia tranquilo havia chegado ao fim em Konoha. Ninjas saiam em missões, outros retornavam. Os aldeões cuidavam de seus afazeres como todos os outros dias, nada de incomum.

Isso era o oposto do que acontecia não muito longe dali, no Distrito Uchiha.

Todos os anos, há séculos e séculos, algumas gerações Uchiha se reuniam para, digamos, colocar o papo em dia. Pois "fofocar" era um termo muito deselegante, principalmente quando as pessoas reunidas em si eram todas do sexo masculino e, claro, do clã Uchiha.

As conversas não variavam muito de ano a ano, eram, na verdade, quase sempre as mesmas coisas triviais, tais como: quem havia conseguido arrancar o olho de quem; quem havia ficado cego; quem sucumbira à maldição Uchiha e ficara louco; quem havia conseguido derrotar seu melhor amigo; quem havia massacrado sua família na semana; quem realizara pequenas vinganças; quem tinha mais ódio no coração; quem estivera fingindo-se de morto quando, na verdade, tomara outra identidade.... Enfim, coisas corriqueiras para os Uchihas.

Naquele dia em especial encontravam-se seis gerações do renomado clã. Sasuke, sendo o mais novo do bando, era o subordinado a buscar xícaras e mais xícaras de chá. E Madara, obviamente, ficara na poltrona mais confortável enquanto os demais se espremiam no pequeno sofá. A reunião naquele dia estava sendo realizada na residência de Sasuke e todos tinham que falar baixo, pois a pequena Sarada de nove anos estava dormindo no andar de cima.

Madara não gostou da questão do silêncio, afinal ele queria gargalhar diante dos fracassos de seus parentes insignificantes. Mas, em nome da paz e tranquilidade do mundo, ele se contentava em mandar muitos emojis de "rindo até chorar" acompanhados de mais uns vinte "K" no WhatsApp dos outros.

[...]

Estava ficando tarde e já fazia mais de duas horas que Shisui, o último membro da reunião, chegara. No entanto, ninguém ainda não havia dito uma palavra, nenhum deles queria ser o primeiro a falar, afinal Uchihas eram seres taciturnos e de poucas falas no script da trama.

Depois de quase vinte saquinhos de chá, Sasuke se deu por vencido e começara a reunião, até porque sua esposa chegaria dali uma hora e ela não tinha ciência do que acontecia em sua casa àquela noite.

— Hn. — O Uchiha anfitrião falou ao vir da cozinha com mais uma levada de chá.

Estava iniciada a reunião.

Fugaku pegou uma xícara antes mesmo do filho colocá-la sobre a mesinha de centro.

— Bom. — Shisui se pronunciou pela primeira vez ao provar um pouco do chá.

Com um aceno de agradecimento para o melhor amigo de seu irmão pelo elogio, Sasuke foi entregar uma xícara a Madara, que era folgado, ou velho demais para se mover para frente e pegar uma. O homem soprou a fumaça que saia da xícara e bebericou um pouquinho do liquido fazendo um barulho estranho, no entanto ninguém comentou sua deselegância, claro.

— Hmm — murmurou, ainda na fase de experimento do chá. — É um bom chá. — Disse por fim, dando de ombros.

— Qual a erva? — Obito se pronunciou após encher sua xícara pela segunda vez.

Sasuke, que estava sentado no braço do sofá ao lado de Fugaku, pois não havia lugar para ele no sofá, respondeu:

— Capim limão. — Sua voz saiu fria e comedida como deve ser, mas por dentro, o homem estava mais ou menos assim: HAHAHAHA O PODEROSO MADARA APROVOU MEU CHÁ! TOMA ITACHI! ELE QUASE CUSPIU NA SUA CARA O QUE VOCÊ FEZ NA SUA CASA! HAHAHAHAHA

— Hn. — Itachi falou, gravando mentalmente o nome da especiaria para comprá-la depois no mercadinho de Konoha.

Todos beberam o chá. O bule já estava quase vazio e Sasuke temia que tivesse de ir preparar mais. Também pegava-se olhando vez ou outra para o relógio, se Sakura chegasse—

Os pensamentos do Uchiha mais novo foram interrompidos pela voz de Itachi.

— Então, papai, fiquei sabendo de rumores de que os Uchihas querem controlar Konoha. — O sabichão questionou e todos voltaram sua atenção para Fugaku.

— Bem... — pausa para um gole do chá — talvez, na verdade ainda não decidimos. Por enquanto é apenas fofoca. — Deu de ombros.

— Hn. — Todos os outros ponderaram.

[...]

Cinco minutos de silêncio até Shisui falar:

— Agora que se pronunciou, Itachi, pensei que você estivesse cego.

Itachi virou-se raivoso para o melhor amigo que estava ao seu lado, o Sharingan já ativado. E Shisui tratou logo de se defender:

— É o que andam dizendo por aí.

— Pois na Akatsuki rola o boato de que você está é morto mesmo. — Obito disse casualmente.

Ao ouvir tal besteira, Itachi levantou-se de supetão, assustando Madara que cochilava na poltrona.

— QUEM OUSA—

Tão rápido quanto falou, foi uma mão tapando sua boca. Era Sasuke.

— Shhhhhhhhi. Fale baixo, minha filha está dormindo! — Itachi acenou afirmativamente para que o irmão caçula tirasse a mão de sua boca.

Sasuke o soltou, e então revelou:

— E foi eu quem espalhou os boatos, você não saia do meu pé, e Naruto e Sakura estavam loucos para me trazerem de volta. — Disse como se isso fizesse todo sentido.

— Mas como conseguiu esses olhos? — Fugaku perguntou, muito interessado. Ele também queria ter um Sharingan estiloso, os seus estavam ultrapassados.

— Isso? Pfff, são lentes, comprei em Suna, são bem vagabundas até — Sasuke então tirou as lentes de cores diferentes e os entregou para o pai — Pode ficar com essas, tenho várias, Gaara me emprestou o cartão Gold ilimitado dele de Kazekage.

Fugaku guardou as lentes sentindo-se muito, muito feliz. Mas não esboçou um sorriso sequer, claro.

— Viu Itachi? Você nem precisaria tentar arrancar meus olhos, idiota! — Shisui exclamou, indignado.

— Eu sucumbi à loucura e à sede por poder, você sabe. — Itachi disse, revirando os olhos e fazendo pouco caso do chilique do amigo.

[...]

E lá se foram mais cinco minutos de silêncio tedioso. As reuniões dos Uchihas eram sempre um tédio, na verdade. Eles nem mesmo sabiam o porquê de fazer aquilo, talvez fosse o orgulho e vontade de esfregar seus méritos na cara dos outros.

Méritos esse que sequer existiam uma vez que: um fora derrotado por toda uma vila, outro estava com o rosto deformado, outro tivera o melhor amigo tentando matá-lo para obter seus olhos, outro massacrara o próprio clã e era caçado pelo irmão, outro estava destinado a ser morto pelo próprio filho, e por fim, o último que acabou sem um braço esquerdo.

A verdade é que estavam todos lascados e compareciam para não serem motivos de chacota. Mas, para todos os fins, a reunião era para manter viva a tradição Uchiha. Ponto.

Madara, que até então estava pescando na poltrona e perdera toda a contagiante conversa anterior, resolveu falar.

— Então, Obito, soube que andou fantasiado de idiota, apesar de que não precisa de muito para isso.

Todos os olhos voltaram-se para o moreno que estava sentado na outra ponta do sofá, em expectativa, querendo ver a desgraça alheia.

Obito engoliu em seco, mas colocara a mão no pescoço para ninguém perceber seu nervosismo.

— Não sei do que está falando. — Disse escondendo o tremor na voz. Era preciso ser muito Uchiha mesmo para isso.

— Estou falando disso! — Madara exclamou com um brilho diabólico no olhar e virando a tela de seu celular de última geração para os demais olharem.

Todos ativaram seus Sharingans automaticamente para terem uma visão melhor e não precisarem se aproximar da tela do celular, afinal tinham que fingir que não se importavam. Apenas Itachi tivera que desnuviar a vista e estreitar os olhos um pouquinho, sua visão estava meio embaçada.

A tela mostrava um grupo no WhatsApp intitulado "Akastuki" no qual mostravam várias fotos de Obito como "Tobi" em sua máscara horrenda alaranjada. O grupo, aliás, fora criado por Deidara, caso queiram saber.

— Só estava trabalhando a seu favor, senhor! — Obito disse, firme.

Madara estreitou o olhar, seu Sharingan ativado e trabalhando a toda. Por um momento, Obito achou que o homem o colocaria em um genjutsu poderoso do qual ele jamais conseguiria sair, mas então o olhar de Madara desceu para a parte da cintura dele e se demorou ali.

Todos já estava achando a situação toda bastante não-Uchiha quando, assustando a todos, Madara ergueu-se da poltrona e se aproximou de Obito, enfiando a mão em suas vestes.

Cinco pares de Sharingan olhavam arregalados para a cena do Uchiha-todo-poderoso.

— AHÁ! Aqui está! — Tirando a mão do local constrangedor, Madara trazia consigo a prova do crime: A máscara laranja em formato de pirulito.

— Não é o que está pesando.... — Obito dizia, num fiapo de voz. Ele não queria se desfazer da máscara, até havia colado os pedaços com super bonder!

— Então não se importa se eu queimá-la... com um Amaterasu!

Madara estava com a face diabólica e Obito quase desfalecera. Os outros apenas acompanhavam o desenrolar da trama, cada um ao seu modo Uchiha: Shisui roía as unhas, aquilo estava saindo melhor que suas novelas; Itachi estreitava os olhos, tentando enxergar direito a máscara e tudo mais à sua volta, sua visão estava REALMENTE ruim; Fugaku bebericava o chá, mas acompanhava tudo de rabo de olho; e Sasuke estava colocando os bofes pra fora de tanto nervosismo, pois tudo indicava que a sala de sua casa seria incendiada pelo fogo negro.

Foi aí que a tragédia aconteceu. Nunca em nenhuma reunião, que era realizada há séculos, coisa semelhante ocorrera.

Obito avançou para tomar a máscara das mãos de Madara, que em toda sua astúcia e começo de reumatismo nas mãos, a soltou fazendo com que batesse na xícara que Fugaku tinha em mãos. Como o recipiente encontrava-se cheio de chá quente fumegante, o homem se livrou da mesma e acabou derrubando o líquido quente em cima de Itachi, que, sem enxergar nada, levantou-se do sofá e pisou na máscara. A máscara deslizou do pé de Itachi acertando em cheio o olho esquerdo de Shisui. Bravo, o rapaz empurrou o melhor amigo novamente que tombou o corpo para cima da mesinha de centro, sobre a qual estava a bandeja com o bule e as xicaras. Sasuke, em toda sua velocidade, segurou irmão há tempo de evitar que seu jogo de xícaras preferido fosse destruído, sentou-o novamente no sofá entregando sua capa para que pudesse se enxugar, depois pegou a maldita máscara causadora de todo o rebuliço e a segurou com ódio.

Ufa, nenhum dando fora causado à sua sala.

— Chega! — Sasuke exclamou, erguendo o único braço que segurava a máscara, e alto como ele era, sua mão acabou por alcançar a lâmpada que pendia no teto forrado.

CRASH!

Um tique nervoso no olho direito do Uchiha mais novo iniciou-se ao ver os cacos da lâmpada irem ao chão e a sala mergulhar em uma semiescuridão.

— Ihh, melhor ir buscar outra lâmpada. — Madara disse simplesmente, voltando a se aconchegar na poltrona.

— Gente... Acho que... hm... estou cego de vez. – Sasuke ouviu o irmão murmurar enquanto saia da sala em direção à cozinha levando seu precioso conjunto de xícaras. Chega de chá, eles que fossem tomar no inferno!

[...]

Dois minutos depois seis Uchihas encontravam-se de pé em volta da mesinha de centro, em cima da qual havia uma lâmpada novinha em folha. Todos encaravam seriamente o objeto e apenas uma pergunta crucial rondava suas mentes geniosas de Uchiha:  quem trocaria a lâmpada?

— Eu não posso, só tenho um braço. — Sasuke tirou logo seu time de campo. Todos o olharam, como se ele estivesse mentindo sobre o fato de não ter um dos braços.

— Hnn. — Todos concordaram que era verdade.

Menos um Uchiha, agora restavam cinco.

— Sabe.... — Shisui começou e logo todos os pares de Sharingan estavam voltados para si — Nas novelas... hnnn... quer dizer, nas lutas que eu assisto eles não mostram as trocas de lâmpadas, simplesmente pulam para a parte em que já tem uma nova no lugar. Falando nisso, minha luta preferida já vai começar, fui! — E sumiu em um redemoinho de fumaça.

Restavam quatro.

— Gente, é sério, eu tô cego?

Bom, restavam três.

— Lâmpada eu ordeno.... — Madara começou, depois parou para um pigarro e engrossar a voz, afim de torna-la mais ameaçadora: — Lâmpada! Eu ordeno que vá para seu devido lugar e realizar a função da qual é incumbida! — Exclamou ferozmente com um dedo apontando acusadoramente para a lâmpada.

Todos os remanescentes na sala o olhavam de forma estranha, provavelmente concordando que o homem havia caducado de vez.

Vendo que, obviamente, sua tática não iria funcionara, Madara voltou para a adorada poltrona.

Agora eram apenas dois.

— Bom, está ficando tarde e você sabe como sua mãe fica se não chegamos para o jantar. Até mais, filho.

E assim Fugaku agarrou pelo braço um Itachi desorientado e sumiram.

Sasuke ficou alguns segundos encarando o lugar que antes estava seu pai, ele era sua última esperança para fazer tal trabalho. O homem que era seu modelo de vida acabara de lhe deixar na mão. E Itachi mostrara-se um imprestável, que bela família essa...

Falando em família, o Uchiha mais novo voltou-se para Obito e tomou um baita susto ao deparar-se com o homem usando a máscara horrenda.

— Obito... — Sasuke balbuciou entredentes, tudo aquilo havia sido por culpa daquela maldita máscara!

— Eu ser Tobi. Tobi é um bom garoto, fui! — E sumiu fazendo um joinha para Sasuke que praticamente pulara em seu pescoço.

Sasuke fechou os olhos com força e apertou a ponte do nariz, já sentia a dor de cabeça vindo. Aquela era a primeira missão de longa data que Sakura fora desde o nascimento de Sarada, era a primeira vez que Sasuke ficara encarregado de cuidar da casa e então acontece isso! Sabia que era uma péssima ideia a reunião ser realizada em sua casa, mas infelizmente perdera no palitinho e não pudera fazer nada além de chá.

Abrindo os olhos observou Madara que agora dormia e roncava ruidosamente. O poderoso Uchiha de uma figa! Arg! Sasuke poderia apertar-lhe a garganta e...

— Papai? — Sarada aparecera na base da escada esfregando os olhos para que se acostumasse à escuridão da sala. Avistou o pai em pé de frente para um homem que estava sentado na poltrona preferida dele.

— Está tudo bem, querida, pode voltar para o seu quarto.

Contrariando o pedido de Sasuke, a menina se aproximou dos dois e então avistou a lâmpada sobre a mesinha de centro. Sua mente geniosa de um Uchiha entendera a situação em fração de segundos. Então, deixando um Sasuke totalmente boquiaberto, Sarada pegou a lâmpada, usou a concentração de Chakra sob a planta dos pés e, de ponta cabeça, colocou a lâmpada em seu devido lugar no teto.

Logo que a sala voltara a ser um local iluminado, Sarada foi ao solo habilidosamente e se aproximou do pai, puxando-o pela manga solta da camisa para que o mesmo se abaixasse.

— Boa noite, papai. — Deu um beijo na bochecha do pai, uma espiadela no homem que dormia na poltrona, porque esse sempre fora seu objetivo principal, e voltou saltando de dois em dois degraus para seu quarto sem fazer um ínfimo ruído.

Sasuke ainda olhava estático para a lâmpada acessa no teto, quando Madara abriu um dos olhos e exclamou:

— Funcionou! Até uma mera lâmpada está sujeita às minhas ordens! HAHAHAHAHA — E voltou a cair no sono.

O Uchiha anfitrião se afastou do mais velho, divagando sobre o fato de sua filha ter trocado a lâmpada. Era algo que ele jamais poderia imaginar que acontecesse quando se tinha seis dos Uchihas mais poderosos da história presentes para executar tal tarefa.

Falando em Uchiha poderoso... O que martelava na cabeça de Sasuke agora era como ele explicaria para Sakura quando ela voltasse e encontrasse Madara Uchiha roncando em sua sala.


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