Você é meu destino -Quileutes -pós Saga Crepúsculo escrita por Karina Lima


Capítulo 40
A new one




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Meus olhos doeram com a luz forte que batia contra eles.

—Ahhhh, que tortura. – resmunguei, cobrindo minha cabeça com o cobertor.

—Esquecemos a cortina aberta antes de dormir. – a voz rouca do meu marido soou em meu ouvido, e logo em seguida o senti se mover da cama.

—Não precisa fechar. – dispensei. – Já despertei.

—Então ao menos vou chamar o serviço de quarto para trazer nosso café da manhã, que tal?

Aquele ser humano maravilhoso se encontrava apenas de cueca. Deixando visível seu corpo musculoso. Seus braços fortes, seu peitoral malhado, seu abdome com gominhos. Sentado na cama, apoiado em um cotovelo enquanto me encarava, eu me sentia a mulher mais feliz do mundo.

—Soa perfeito. – sorri, preguiçosa.

Decidi tomar um banho enquanto esperávamos.

—Se importa se não saímos hoje? – perguntei, o assistindo do chuveiro jogar no videogame.

Decidimos que não nos importávamos de tomar banho com a porta aberta. Era até mais confortável.

—Não, saímos quatro dias seguidos. – ele respondeu, sem tirar os olhos da TV.

Me incomodando com aquilo, resolvi fazer um teste.

—Amor, pode passar sabonete nas minhas costas? – pedi de forma inocente. – Eu não alcanço de jeito nenhum...

O ouvi suspirar, e o jogo sendo pausado. Ele entrou no box e pegou a esponja da minha mão.

—Eu queria deixar você tomar um banho em paz, menina. – murmurou, sua voz de repente sexy. – Mas você não ajuda me chamando para te ensaboar.

E então ele passou no teste. Pensei, me arrepiando quando entrou debaixo do chuveiro, ainda de cueca, e mordiscou de leve meu pescoço.

—E se eu não quiser ser deixada em paz? – provoquei, colando meu corpo ao teu.

Sua mão estava na minha barriga nua, e eu ofeguei ao que ela descia lentamente...

Serviço de quarto!

Suspirei, frustrada.

—Não se mova. – ordenou, pegando um roupão, o colocando e fechando a porta.

Segundos depois voltou, e eu pude ver o carrinho cheio de comida nos esperando. Ao sentir todo aquele cheiro delicioso, minha barriga roncou. Me olhou, interrogativo.

—Com certeza a comida pode esperar. – rosnei, o devorando com o olhar.

—Só preciso disso.

Em um passo, ele estava na minha frente, me tomando em seu colo. Imediatamente senti seu membro duro lutar contra a cueca, e aquilo só fez a minha vontade se espalhar igual fogo em meu corpo.

Me colocou contra a parede, e eu me esgueirei para rasgar o único pano que o impedia de me levar nas nuvens. Porém minhas mãos fraquejaram. Felizmente ele entendeu o que eu queria, e rasgou como se fosse um pedaço de papel.

—Droga, Seth. – choraminguei, rebolando para acha-lo.

—O que você quer? – murmurou contra o meu queixo, agarrando minha bunda.

—Quero você. – grunhi, delirando.

Levou sua boca até o pé do meu ouvido, o hálito que bateu em minha pele fez minha espinha tremer. Arqueei minhas costas com isso.

—O que exatamente?

—Você. Dentro de mim. Agora.

E meu desejo foi concedido. Seth o fez, o que me fez ser mais barulhenta do que eu gostaria.

...

Aquela torrada entrando na minha boca era um deleite. Eu estava exausta, e comer só de calcinha e regata em cima daqueles lençóis egípcios me deixava com vontade de dormir outra vez.

—Você acordou selvagem e faminta hoje. – ele observou.

—Você é gostoso. – acusei. – Ninguém mandou aparecer no banheiro só de cueca.

Ficou boquiaberto com a minha queixa. Bem, eu não chamaria de queixa exatamente...

—Você me chamou. – estreitou os olhos.

—Você estava me ignorando. – revidei. – Ficou no estúpido videogame. Temos um em casa, sabia?

—Eu estava tentando deixar você tomar um banho em paz. – riu alto. – Não ficou chateada de verdade, ficou?

Engoli a torrada a força, desviando o olhar.

—Lav? – chamou, mas não respondi. – Sério, amor? Não fique chateada. Se te dá algum consolo, tive que lutar com todas as fibras do meu ser, com todos os meus pensamentos, que só queriam que eu me juntasse a você no banho.

Sorri, emocionada.

—Desculpa, foi bobo da minha parte. – sorri.

—Uau, ficou tão chateada que seu coração acelerou tanto? – sorriu de lado, deitando com o ouvido em meu peito.

De súbito, ele congelou ali.

—Seth, algo errado?

Sua cabeça se afastou devagar. O olhar em seu rosto era puro choque. Comecei a ficar preocupada.

Antes que eu fosse capaz de questionar, me fez uma pergunta intrigante.

—Quanto tempo faz que você não se transforma?

Me obrigando a ser paciente, procurei em minhas memórias alguma resposta para lhe dar.

—Poxa, faz um tempo. – cocei a cabeça, surpresa de não ter uma resposta melhor. – Você lembra, Jake me dispensou para focar no casamento. Só ficaram Brady, Collin, Andrew, Bruno, Embry, Quil, Leah, você e ele.

Sam, Paul e Jared haviam parado pouco depois da minha formatura na escola. Envelhecer ao lado de quem eles amam era tudo o que importava, ainda mais com a família que todos eles construíram. Com isso, Jake virou o alfa das duas matilhas, que se tornaram uma única. Eu continuava a segunda no comando, entretanto escolhi Leah para me substituir nas minhas noites de núpcias.

Meses?— indagou, incrédulo.

—Seth, você está me assustando. – confessei.

—Meu amor. – falou, se colocando de joelhos na cama e sentando em suas pernas. – Largue essa comida um momento. Feche os olhos. Ouça.

—Ouvir o que?

—Apenas... preste atenção ao seu redor.

Fiz o que ele pedia. Meus sentidos captavam os carros do lado de fora, denunciando que não vedamos devidamente a janela antes de deitar. Ela era a prova de som. Me esforcei mais. Eu podia ouvir alguns pássaros piando ali perto, e era lindo. Nossas respirações não estavam tão calmas.

Fiquei confusa. Nada soava tão perto quanto deveria.

—Não entendo... – encontrei seu olhar, perdida.

—Você não consegue ouvir... – falou mais para si mesmo, chocado. – Amor...

Colou sua testa na minha, meus olhos se fechando na mesma hora com seu toque.

Pegou minhas duas mãos, colocou uma em meu peito, e a outra no seu.

—Consegue sentir nossos corações?

Nossos corações não pareciam bater rápido como ele dizia. Estavam acelerados pelo momento, claro. Mas estávamos calmos e concentrados...

De súbito meus olhos se abriram, e duas gotas fugiram deles. Agora eu estava em choque. Meus lábios divididos.

Olhei nos olhos daquele que eu amava. Também haviam lágrimas ali. E pelo rastro molhado nas maçãs de seu rosto, não foram as primeiras.

Olhei para baixo, analisando minha barriga reta. Engoli o nó em minha garganta, guiando minha mão trêmula para o meu ventre.

—Tem outro coração acelerado entre nós. – falou com sua voz embargada.

—Conseguimos. – sussurrei. – Tem um outro coração batendo dentro de mim.

Seth começou a chorar, e me agarrou num abraço.

—Vamos ser pais. – comemorou, afundando o rosto em meu pescoço.

Eu ainda estava congelada. Todos aqueles sentimentos ruins me envolvendo. E se eu não conseguir? E se eu tiver um ataque de fúria e me transformar?

Fechei os olhos com força, me obrigando a me livrar disso.

—Seth. – o chamei, sem diminuir o aperto.

—Sim?

—Precisamos de Carlisle.

...

A viagem tinha sido mais relaxante do que eu imaginei. Dormi a maior parte dela.

Abri a cortina da janela, me deliciando com a visão de estar acima das nuvens. Eu estava de pijama que foi oferecido na primeira classe, e não estava nem um pouco afim de tirar.

—Não precisa se trocar. – Seth disse, vendo o meu olhar. – Já tomou banho. Não precisa de roupas limpas.

Agradecida com suas palavras, me aninhei em seu peito novamente.

—Senhores, – a voz da comissária de bordo soou ali. – eu odeio ser a estraga prazeres, mas o avião vai pousar em vinte minutos. Preciso que coloquem o cinto de segurança.

—É claro. – respondi educada. – Obrigada.

—Não tem de que. – sorriu e se foi.

Colocamos nossas poltronas de cama para assentos, nos endireitamos e afivelamos os nossos cintos.

—Eu não tinha parado para pensar. – murmurei, sentindo a peça do quebra cabeça se encaixando. Ele me olhou, curioso. Continuei num sussurro. – Eu tentei rasgar a sua cueca no banheiro. E não consegui. Claramente é um indício de que meu corpo está envelhecendo.

—Como pararíamos para pensar naquele momento? – sorriu de lado, malicioso.

Ri com isso, o dando razão. No meio daquele tesão todo, eu ia parar e pensar “poxa, por que não consegui rasgar a roupa dele”? impossível.

—Por isso você não quis o vinho aquele dia? – perguntou de repente, encaixando o quebra cabeça.

—Surpresa. – sorri amarelo, e recebi um beijo na testa.

Meu celular apitou, era Carlisle. Dei graças a Deus de o avião ter wifi. Ele escreveu que já estava a nossa espera com Jasper. Seth já havia lido também.

—Ótimo. – falou.

O pouso foi tranquilo. Pegamos nossas bolsas de mão e nos apressamos para a fila assim que foi liberado. Eu no geral não ligo de ser uma das primeiras a sair do avião. Até porque tem uma ordem para sair. Entretanto, minhas pernas queriam correr para encontrar o meu médico favorito.

Assim que saímos, esperamos nossas bagagens e fomos encontra-los. Vieram no Jeep de Emmett.

—Ahhh, que saudades! – abracei o pescoço de Carlisle, sendo retribuído.

—Como está, docinho?

—Bem. – sorri e me afastei para abraçar Jasper. O conhecia tempo o suficiente para dizer que estava perdido pelo motivo de estar ali.

Então Carlisle deixou para que eu contasse.

Colocaram nossas malas atrás no carro e partimos.

—Bom, Lavine, trouxe Jasper porque ele vai ser uma parte importante... no processo. Então acho que deveria contar imediatamente, o resto pode ser surpresa.

Assenti, achando uma ótima ideia.

—Jazz. – chamei sua atenção no banco do passageiro. – Tente ouvir algo... vindo de mim.

Antes mesmo de eu terminar a minha frase, ele já franzia o cenho e olhou para a minha barriga.

—Isso é... você está... como é possível?

Olhou para Carlisle em busca de respostas. O mesmo deu de ombros.

—Uma vez que ela parou de se transformar, seu corpo voltou a envelhecer. Tudo volta a funcionar.

—Isso é extraordinário. – ele realçou. – Vocês planejaram?

Seth sorriu, segurando minha mão.

—A gente tinha conversado antes de ela ir para Paris. Concordamos em tentar. Só que ela fez todo o resto sozinha.

—Carlisle me orientou. – o corrigi. – Ele é oficialmente meu médico.

—Sou oficialmente seu médico, psicólogo, dentista e obstetra.

O olhei, boquiaberta.

—Agradeça a Nessie. – me lembrou, sorrindo gentil.

—Com certeza irei. – prometi, mesmo entendendo sua fala.

—Edward não gostou muito que eu me especializei em obstetrícia. – riu, parecendo lembrar de algo. – Já que isso implica que algum dia ela pode ter filho.

Ri alto, imaginando um Edward ciumento.

Logo chegamos ao hospital que Carlisle trabalhava. Era outro, diferente do último que fui.

—Enquanto estivermos em Forks, tenho que mudar o local de trabalho de tempos em tempos. – ele respondia ao meu olhar confuso, enquanto abria a porta do carro para mim.

—Tem razão. – assenti.

Fomos os quatro para seu consultório, e ele fez alguns exames em mim.

—Confesso que é estranho que sua gravidez seja normal. – ele dizia, mexendo no ultrassom. – Tratei Bella, e eu não podia saber de absolutamente nada. Minha neta era cem por cento protegida.

—Posso imaginar como deve ter sido. – murmurei, feliz de eu poder fazer o check up completo.

—Certo... – passou o gel em meu ventre, e encostou o aparelho em mim.

Todos já podiam ouvir o barulho do coraçãozinho. Somente eu estava no escuro. Quando foi amplificado pelo ultrassom, eu me emocionei ao que o som encheu a sala.

—Olha só. – sorria Carlisle. – Tudo perfeito, Lavine, Seth.

Seth pegou as minhas mãos no exato momento em que as estiquei. Meus olhos nem lutaram contra as lágrimas, e as de Seth também rolavam em seu rosto.

—Querem saber o sexo?

Olhei para o meu marido, a procura de respostas.

—Por mim, tanto faz.

A sinceridade em seus olhos me determinou a...

—Não. – falei firme. – Quero surpresa.

Carlisle me deu um sorriso, aprovando.

—Falando em surpresa... eu tomei a liberdade de fazer reserva em um restaurante em Seattle. Daqui a três horas. Para que você possa contar a surpresa.

—Reserva para quantos? – perguntei com cuidado.

—Hãn... para quantos quiser. – sorriu amarelo, pegando alguns papeis toalha e me entregando para eu me limpar. – Vocês chegaram no horário que todos estarão em casa em pouco tempo.

—Carlisle, todos quem? – pressionei, com medo da resposta.

Por mim, eu chamaria todos. Os Cullen e os quileutes. Isso daria no mínimo vinte cadeiras.

—Reservei o restaurante inteiro. – confessou, e foi se sentar em sua cadeira para fazer anotações.

—Vai ser uma grande revelação. – Jasper concordou, rindo da minha cara estupefata. – Passaram gerações e gerações de lobos homens, e então tem duas únicas mulheres, e uma delas consegue engravidar. Isso pode mudar o rumo da vida de Leah também.

Olhei para ele, como se ele tivesse me dito a resposta dos números da megasena. Depois voei meu olhar para Seth.

—Há esperança para ela, com certeza. – sorria alegre, com a possibilidade de ser tio.

—Daqui a muitos anos, quando Jayden se tornar um adulto. – ri. Agora ele era para Leah um irmão mais novo. – Obrigada, Carlisle. Vou adorar contar para todos de uma vez. Mas será que vão conseguir?

—Eu já havia mandado o convite. Mesmo que você se recusasse, não preciso desperdiçar uma reserva num ótimo restaurante. Todos confirmaram.

O abracei novamente, muito agradecida por tudo.

Após comprarmos multivitamínicos, e outras coisas para minha saúde gestacional, pedi para pararmos numa loja de bebês. Comprei dez sapatinhos diferentes, e pedi embrulhos para todos eles. Não precisava ser um objeto revelador para cada. Mas se um abrisse e alguns do lado também visse, já seria o suficiente.

—Amor, temos que ir para casa se arrumar para o restaurante. – Seth cochichou ao que já haviam passado vinte minutos, e eu estava enchendo um carrinho de compras com roupinhas, sapatinhos e acessórios.

Fiz um biquinho, vendo que me empolguei.

—Teremos muito tempo para comprar o que quiser. – prometeu.

Assenti. Porém me recusei a tirar qualquer coisa da cesta.

Carlisle e Jasper riram ao nos ver com várias sacolas da loja.

—Achei que seriam somente os sapatinhos. – Jazz apontou, ajudando a colocar no carro.

—Eu também achei. – segredei, e ele gargalhou.

Nos deixaram em casa, e Seth levou as malas para dentro. Jasper ajudou, e não se demorou.

Emma iria passar a noite nos Cullen. Então eu tinha a casa toda para me arrumar, sem me preocupar em alguém aparecer e estragar a surpresa.

Já estava limpa, precisei somente me vestir melhor do que o pijama do avião.

Ao sinal de Carlisle, colocamos as sacolas sem o logotipo da loja no porta-malas, e seguimos o nosso rumo.

—A gente vai jantar no SkyCity! – arregalei os olhos ao que lia o endereço para Seth. – Puxa, devo agradecer Carlisle outra vez.

—Devemos. – me corrigiu.

—Ele disse que estão todos lá, sem entender porque os chamaram. – ri, passando a informação que o meu médico me enviava.

—E como Edward ainda não descobriu?

—Bella está com o escudo nos dois. – soltei um riso. Carlisle sem dúvida era muito astuto.

Me permitindo relaxar, continuei pensando em como nossa lua de mel foi perfeita. Faltaram apenas três lugares para visitarmos, ou seja, perdemos menos de um mês. E pelo o que li nas passagens, tinha uma data mais extensa para usarmos as passagens e as reservas dos hotéis. Poderia levar Emma a uma viagem em família!

Acordei do transe ao sentir uma mão amorosa fazer carinho no cabelo da minha nuca.

—O que se passa nessa cabecinha? – desviou o olhar um segundo da estrada, para me olhar com ternura.

—As viagens. – lhe contei. – Elas têm uma data de expiração bem longa. Podemos levar Emma conosco. Só tenho que reservar uma passagem de avião para ela e pronto.

—Parece perfeito. – sorriu lindamente.

Logo chegamos ao local do restaurante. Havia de tudo por ali, galeria de arte, loja de presentes... era hipnotizante aquelas luzes coloridas e letreiros das lojas se destacando a noite.

—Eles estão a nossa espera. – avisei, lendo a mensagem de Carlisle.

Seth estava com as sacolas nas mãos. Mostramos a nossa reserva e entramos no elevador. Conforme ele subia, nos era dado uma visão estupenda de Seattle.

—Que lindo. – Seth murmurou, hipnotizado.

—Magnífico. – suspirei.

Em menos de um minuto, chegamos ao restaurante. Fomos logo atendidos por um garçom, que nos acompanhou até a nossa mesa. Eles juntaram várias, fazendo uma fileira.

—Já voltaram? – Ness e eu falamos ao mesmo tempo, e rimos uma da outra. Ela continuou. – Estávamos em Vancouver. Vovô nos mandou mensagem e decidimos vir. Iremos continuar a nossa viagem.

Emma correu para os meus braços, feliz da vida por eu estar de volta. Aproveitei e cumprimentei o resto do pessoal, tentando distrair minha mente. Felizmente, com tantos corações ali, seria difícil distinguir algo diferente.

—Bom, - me pronunciei após distribuir os presentes e pedir para que aguardassem. – Seth e eu há algum tempo tivemos uma conversa séria. Sobre nossas vidas. Nosso futuro. E decidimos tentar algo que nunca foi feito antes.

Respirei fundo, tentando me concentrar e não chorar. Meus pensamentos não foram mais capazes de ficarem quietos, e Edward já me olhava chocado.

—Carlisle já estava a par de tudo, já que ele é uma parte muito importante nisso para nós dois. – abracei Seth de lado, que se aproximou de mim e respirou em meu cabelo. – Estamos muito felizes em compartilhar isso com vocês, nossas famílias. Podem abrir e mostrar aos que estão ao lado.

E o fizeram. Um silêncio se instalou ali ao que abriam as sacolas, tiravam as caixas de presentes, e a abriam. Um olhar de choque e incredulidade estampou os rostos de cada um deles ali.

—Você está grávida?

—Como isso é possível?

—Realmente, eu ouço outro coração vindo dela.

—Mas você é uma...

Mandei um olhar de socorro para Carlisle, que entendeu no mesmo instante. Pigarreou e se levantou, chamando a atenção de todos ali.

—Desde que Lavine sofreu sua primeira mudança, assim como vocês, ela... ficou igual a vocês.

Estava sendo cuidadoso com as palavras por causa de Emma.

—E logicamente parando de mudar, ela voltaria ao normal. É um esforço que somente alguém com muita experiência pode fazer, e podemos ver isso com Sam, Paul e Jared. Vocês escolheram parar para viverem com seus amores da maneira tradicional. Mas sabem que podem voltar a qualquer momento também.

—Eu não vou abandonar o grupo. – prometi, alternando meu olhar entre meus irmãos quileutes e Emma, para ver sua reação. Parecia apenas uma criança confusa, e certamente impaciente de fome. – Voltarei assim que o bebê nascer. Quero viver com Seth para sempre.

—Eu vou ser tia! – Emma gritou, abraçando minha cintura, animada. A abracei de volta.

—Isso quer dizer que...

—Sim, Leah. – sorri para ela, me deliciando nos braços do meu marido. – Há esperança para você.

Ela sorriu de volta, seus olhos vermelhos.

—Eu não acredito que engravidou primeiro do que eu! – Ness brincou e se levantou para me abraçar, ignorando a tosse que seu pai deu.

—E eu não acredito que serei avô outra vez. – Carlisle comemorou ao lado de Sue, e vieram me abraçar.

Todos me cumprimentaram, felizes. Eu diria que mais do que felizes. Afinal, eu era um lobo gestante.

Aproveitamos a nossa noite, com as deliciosas comidas e a vista incrível dali.

...

Semanas se passaram, e Carlisle me fazia ir ao consultório duas vezes por semana. A vista, estava ocorrendo tudo bem. Ele só queria ter certeza absoluta. Eu não ligava. Eram sempre consultas rápidas, já que sempre estava tudo bem.

Decidi me afastar do serviço. Passei lá para pedir demissão, e contei a todos da minha gravidez. Ficaram em êxtase, e prometeram fazer um chá de bebê. Eu amei a ideia. Alice já estava planejando um nos Cullen, Leah e Emilly planejavam outro em La Push. Eu só tinha que agradecer por ter pessoas tão maravilhosas em minha vida.

A oficina de Seth e Jake estava a todo vapor. E felizmente ele estava conseguindo arcar com todas as nossas despesas sozinho. Embry precisou se juntar a eles; ele precisava de um serviço, e a oficina de uma terceira mão. Se em pouco tempo eles conseguissem expandir, poderiam virar homens de negócio em poucos anos. Seth e eu estávamos inclusive discutindo sobre eu fazer uma faculdade de administração para ajudar.

Era uma tarde chuvosa, e eu estava com os meus pés de molho na água morna para pintar as unhas. Queria aproveitar que eu ainda podia alcança-los; ou melhor, enxergá-los. Eu assistia The Big Bang Theory na sala de estar, nunca cansada dessa sitcom.

Foi quando Camila irrompeu na porta da minha casa, desesperada. Era sua tarde livre, já que Emma estava estudando em seu quarto após a escola.

—Deus, Camila. – coloquei a mão no coração, ofegante. – Eu estou grávida e humana. Não te ouço chegar.

Mas parei ao que vi seus olhos vermelhos.

—Você estava chorando? O que houve?

Sem me dizer nada, colocou um teste de gravidez em frente o meu rosto.

—Deu positivo! – exclamou antes que minha visão focasse no que estava ali. Mesmo com os óculos me auxiliando, ela não parava de tremer. – Deu positivo...

Com um sussurro, ela se sentou no sofá ao meu lado.

—O que direi a Embry? – chorou, escondendo o rosto em suas mãos.

—A verdade. – falei confusa. – Ele vai ser um homem feliz ao saber. Principalmente porque...

Deixei minha frase pairando no ar. Camila queria viver para sempre com Embry. Então dei brecha de que era possível. Só que de outra forma. E deixei claro que não poderia ter filhos. Ela concordou, confusa. E pelo visto falou com Embry, já que o mesmo ficou uma fera comigo. Sabia que eu me referia a ela se transformar em vampiro. Ainda não a contei totalmente. Carlisle também precisava participar disso. Se ela devia saber ou não. E quem estaria disposto a transformá-la.

—Quando você vai me contar? – ela perguntou, lembrando das minhas palavras vagas.

—Logo. – prometi. – Agora temos um chá de bebê para planejar. Vamos dar à luz quase juntas!

Ela sorriu um pouco com minhas palavras. Respirou fundo e se jogou ao meu lado.

—Devo contar a Embry então?

—Óbvio. – apontei, descrente. – E me conte depois se ele chorou ou não.

—Você acha que ele é o que? Um ogro?

Riu, e antes de eu pudesse replicar, me deu um abraço, um beijo e se foi.

Momentos depois, a porta se abriu novamente, revelando Brady. Carregava uma caixa em suas mãos.

—Já houveram tempos em que as pessoas batiam. – resmunguei.

—Eai, Lav. – ele me abraçou e beijou minha bochecha. – Trouxe Monópolis para a gente. Cadê Emma?

—Você pode parar de corromper minha irmã? – pedi, tirando os óculos do meu rosto e o analisando, incomodada com a sujeira da lente. – Para participar do campeonato de futebol, ela precisa estudar a parte teórica também.

—Ela não vai conseguir entender nada se o cérebro dela estiver derretendo de estresse. – retrucou, e suspirou. – Me dê, eu sei limpar óculos. Limpo os da minha mãe sempre.

—Obrigada. – falei aliviada de não precisar levantar. – É um saco que voltando a ser humana, todas as coisas ruins voltaram junto. Eu já tinha me acostumado bem demais a ficar sem essa droga.

—É temporário. – lembrou, de volta com o meu pedaço de metal. – E... prontinho.

Colocou em meu rosto, e ele parou de ser o borrão andando pela minha casa.

—Sei que... devo agradecer por conseguir isso. – desabafei. – Sei que parar de se transformar é uma tarefa complicada. Mas não consigo parar de pensar em virar um lobo. – sussurrei. – Correr sem rumo pela floresta, apostar em quantos segundos a gente cobre cinco quilômetros.

—E eu ainda vou te vencer. – zelou sua promessa, me fazendo franzir os lábios e esconder uma risada.

—Tente bater a neta de Ephraim Black. – o provoquei.

—Você vai voltar logo. – continuou, sério. – Só tem que lembrar que serão por poucos meses. Você está construindo uma família, Lavine. Talvez Leah nem consiga.

Meus olhos voaram para o seu rosto, surpreso. Ele deu de ombros.

—Só porque você conseguiu, não é garantia dela. Jamais vou falar isso para ela, mas é a realidade. Você está fazendo algo impossível aqui. Aproveite. Tome o seu tempo. Você não é a chefe Black no momento. Não precisa dar ordens, se preocupar em proteger La Push. Você é só... a Lavine grávida.

Suas palavras mexeram com algo dentro de mim. Eu não sabia que era exatamente o que eu precisava.

O abracei, deixando as lágrimas escaparem.

—Você é um doce. – murmurei. – Eu sou muito feliz que minha irmã tenha um cara tão legal a esperando.

Ele me apertou suavemente nos seus braços.

—A esperando paciente. – continuei. – Muito, muito paciente. Os vinte e um ou mais...

—Ok, ok, eu já entendi. – me cortou, rindo. – Não farei nada até que ela esteja pronta. Jamais.

Sorri, no fundo eu sabia.

Chamou Emma e passamos a tarde jogando.

...

A sala dos Cullen estava linda. Decorada com as cores do tema que eu pedi; ursinho. Haviam algumas pelúcias lobos. As bexigas douradas, cremes e brancas deixaram tudo com um ar simples, porém sofisticado. A mesa cheia de doces, e um lindo bolo decorado com o que identifiquei ser pasta americana.

—Abra o meu, abra o meu. – Rosalie pediu, empurrando seu presente em minha direção. Em seus olhos, eu sabia como aquilo a deixava. Tudo aquilo mexia com ela.

Ao abrir seu embrulho, vi ser uma bolsa maternidade grande e bege, e dentro haviam dois trocadores.

—Um é para ficar aqui, para quando você vier com seu bebê e caso esqueça, sempre vai ter um aqui.

A abracei, emocionada por seu jeito de dizer que queria minha presença e do meu filho.

—Continuando o presente de Rose... – Emm sorriu, me entregando um embrulho bem grande. O coloquei ao meu lado, já supondo o que seria. Uma cadeirinha de carro. – Sabe, para leva-lo à passeios, consultas no pediatra, trazê-lo aqui...

—Mas é claro que continuarei vindo aqui, seus bobões. – ri, abraçando Emmett.

A próxima foi Esme, e me deu um embrulho pequeno. Um mordedor.

—Estou feliz que não terei que dar meus talheres de prata para um bebê se distrair.

Apesar de suas palavras, seu olhar direcionado a Renesmee era nada além de carinho.

—Culpada. – minha amiga encolheu os ombros, não parecendo nada culpada.

Após agradecer, ainda ganhei um kit berço, uma babá eletrônica, uma banheira, um super kit higiene que acredito que renderia por um ano.

—Não vou deixar meu sobrinho postiço usar qualquer sabonete. – disse Alice frustrada. – E eu dei ao seu filho, não a você. – e me mostrou língua.

Revirei os olhos, porém a abracei e deixei claro como apreciei isso.

Após abrir o resto dos presentes, ataquei um cupcake.

—Sério, isso aqui não pode ser somente chocolate. – insisti, abismada.

—Eles pagaram Cédric Grolet para vir e preparar os doces ontem.

Olhei para a híbrida, pensativa. Esse nome não é estranho...

—Um dos melhores chefes de confeitaria do mundo. – esclareceu, e meu queixo caiu.

—Nem a pau vou reclamar. – prometi a Alice, com água na boca daquele doce.

A comida estava deliciosa, e eu provavelmente comi doce por uma semana.

—Ah, temos um presente para quatro de vocês. – anunciei, revirando minha bolsa.

Entreguei a Rosalie e Emmett, e Renesmee e Jacob duas caixas na cor rosé gold. Dentro havia duas minis almofadas numa cor mais clara, envolvidas numa linda fita de cetim prateada, formando um formoso laço. Um anjinho simples com a roupinha da mesma dor das almofadas, e ao lado dele outra almofada diferente, num tom mais puxado para quase branco, com um delicado bordado em sua volta.

 

 

Ouvi Rose arfar ao ler as letras bordadas. Era extremamente difícil vê-la surpresa.

—Seria uma honra! – Ness gritou, pulando em meus braços.

—Você quer que eu senha madrinha do seu bebê? – Rose perguntou, atônita.

—Sim, vocês quatro. – respondi, segurando a mão de Seth.

—A gente ficaria muito feliz se vocês aceitassem. – ele falou.

Jake me puxou para um abraço, depois se abaixou para beijar a minha barriga de cinco meses.

—Obrigado por pensar em mim. – me deu um beijo na bochecha. – Assim como Ness disse, seria uma honra.

Para a minha surpresa, Rosalie saiu dali sem dizer uma palavra. Não pude deixar de me sentir incomodada. Eu esperava uma resposta positiva.

A sala ficou em silêncio, ninguém esperando essa reação da loira.

—Ela está no quintal dos fundos. – Edward me disse. Eu sabia que era minha deixa para ir atrás dela.

Emmett me lançou um olhar de desculpas. Lhe mandei um sorriso, deixando-o saber que eu não tinha ressentimentos. Se Rose dissesse não para ser madrinha, ele por sua vez não seria padrinho.

Ao descer as escadas e ir para a porta dos fundos, a encontrei não muito longe dali. Virada de costas para mim, parecia uma estátua de uma deusa. O que denunciava não ser uma, era seus cabelos de ouro que balançavam conforme o vento.

—Me desculpe. – murmurou, e eu tive que forçar meus ouvidos para entender. Era um saco não ter meus sentidos de lobo. – Eu não quis sair da sala desse jeito. Isso só me pegou desprevenida.

—Eu entendo. – afirmei, chegando perto dela. Finalmente se virou, ficando cara a cara comigo. – Juro que entendo se disser não. Foi só um convite.

—Por que eu?

Dessa vez eu que fui pega de surpresa. Por que ela?

Rosalie havia me dito sobre sua vida antes de sua transformação. Seu sonho era ser mãe. Ter netos. Cabelos grisalhos. E meu coração dizia que esse tipo de sentimento a faria ser uma boa madrinha.

—Eu acho que meu filho vai ter uma madrinha maravilhosa. Que se importa com ele. Que independerá de sua genética, se algo acontecer comigo, você irá ajudar a tomar conta dele.

Se ela pudesse chorar, estaria o fazendo agora. Nunca a vi tão emocionada dessa forma. E me abraçou.

—Obrigado por me escolher. Significa muito para mim.

—E significa muito para mim se você aceitasse. – arqueei as sobrancelhas algumas vezes, sugestiva, ao que ela se afastou.

Riu de mim.

—Eu aceito, é claro.

Senti meu sorriso querer rasgar minha bochecha.

—Sabe, - ela dizia enquanto caminhávamos para dentro da casa. – sua presença é agradável, mas não sinto falta nem um pouco do seu... odor de lobo.

Ri alto.

—Acredite, eu amo vir aqui, mas também é um alívio não sentir o cheiro... doce.

Ela riu junto.

—Bom, como madrinhas, acho que estamos autorizadas a montar o quarto do bebê. – Rose abraçou a híbrida de lado, e as duas deram um sorriso maléfico.

—Só... me deixem participar. – suspirei. – Quero opinar também.

Após nos divertirmos mais, colocamos os presentes no porta malas e nos bancos de trás do meu carro. Eu ainda teria que me preparar para o chá de bebê da empresa e de La Push. Voltei a trabalhar há pouco tempo, mas deixei claro que iria sair novamente quando o bebê nascesse. Minha patroa não parecia nem um pouco brava com esse vai e volta. Na verdade, adorou me ter por perto por mais um tempo.

Mais meses se passaram, e os Cullen tiveram que se mudar para Vancouver. Carlisle já estava levantando suspeitas, então não tiveram escolha.

Com isso, nem Seth e eu. Tivemos que ir junto. Estávamos morando em sua nova mansão, claro. Emma tinha seu quarto, e nós a nossa própria suíte, mas eu passava mais tempo no andar de Renesmee. Ela tinha um andar todinho para ela, com quarto de jogos, closet, sala de cinema, e eu adorava me instalar ali. Ela não parecia nada incomodada comigo.

Ela começou a estudar gastronomia, e para a minha felicidade, sempre testava novos pratos para mim.

—O que temos para hoje? – cantarolei, entrando na cozinha. Mesmo sem o olfato apurado, o aroma de macarrão com cogumelos encheu o ambiente. – Eu realmente estou faminta, híbrida.

Ela sorriu, satisfeita.

—Quero testar com mais molho. Achei o outro meio seco.

—Não estou reclamando mesmo. – prometi, sentindo minha barriga roncar. Me sentei na cadeira, e tinha um prato me esperando em frente a mim na mesa.

—Ei... – Ness hesitou, encarando a comida que mexia com uma atenção suspeita. – Quando vai contar para Emma sobre você?

Essa pergunta já era esperada. Emma já estava em seus dez anos. Brady disse que iria esperar até que eu estivesse pronta também. Afinal, era o segredo dos dois. Um segredo absoluto que não poderia ser quebrado por qualquer um. Somente para seu imprinting. Ele lhe contando a verdade sobre ele, por consequência iria contar sobre o bando. E sobre mim. Então eu também estava envolvida nessa decisão.

—Quero esperar o bebê nascer. – falei por fim. – Sei que devo isso à minha irmã, mas não posso arriscar a vida do meu filho. Ela está entrando na fase adolescente, e eu não teria nervos para conter uma Emma cheia de birras e egoísmos.

—Ela parece lidar bem com essas coisas. – deu de ombros, colocando a comida no meu prato. – Lidou bem sobre sua adoção, não parece se abalar mais do que o normal pela morte dos seus pais, e sobre a mudança, qualquer criança iria surtar. Ela está firme e forte.

Fiquei aflita com isso. Lembranças vieram à minha cabeça.

—Eu já a ouvi chorando algumas noites. – sussurrei, sentindo meu coração apertar por isso. – Ela se faz de durona, mas é mole por dentro. As vezes tenho medo de ela implodir, sabe? E essa não é a melhor hora para me preocupar com uma Emma rebelde. Eu vou lidar com ela... quando for a hora.

—Ok, ok, eu te entendo. – ela levantou as mãos se rendendo. – Agora prove. Mas antes...!

Parou minha mão, me mandando um olhar de súplica.

—Ness, você vai acabar com os meus braços assim. – gemi. – Eu gosto de ping pong, mas você extrapola.

—Por favooooor...

—Está bem. – rosnei, cedendo, e ela me deu um abraço.

Após devorar aquele prato dos deuses, fomos para a sala de jogos. Estávamos só nós duas em casa, já que Jake e Seth montaram sua oficina aqui. Ainda estávamos decidindo se iriamos ficar, ou voltar para La Push. Afinal, Carlisle não é o único que não envelhece. Seth corre o risco de encontrar colegas da escola.

Construímos um lar lá, mas nossa decisão de viver para sempre vem com consequências.

—Pegue leve. – a alertei, preocupada com minha barriga. – Sou ótima nesse jogo, mas vá com calma.

—Relaxa, mestiça. – ela revirou os olhos, rindo. – Sou mais cuidadosa do que imagina.

Ri junto, me lembrando de seu argumento para meu apelido igual o seu. Meu pai um metamorfo, e minha mãe humana, formando assim um mestiço.

Estávamos nos divertindo muito, até que me empolguei e acertei a bola com força, a fazendo voar pela janela.

—Oops. – murmurei, sentindo um rubor tomar conta das minhas bochechas. – Acho que exagerei.

Eu senti minha calça jeans molhada pelo escape de xixi.

—Vou me trocar, volto em um minuto.

Larguei a raquete na mesa e me dirigi para fora dali.

—Lavine... ãn... não acho que isso seja xixi.

Prestei atenção em suas palavras. Olhei para baixo, vendo minha roupa ficar mais escura à medida que mais água descia de mim e encharcava o tecido. Congelei no lugar.

—Estou em trabalho de parto. – sussurrei.

...

—Cadê Jasper?!

—Pela centésima vez, ele está voltando de uma caçada. – Renesmee grunhiu, me sentando com delicadeza no sofá. – Meu vô e meus pais estão chegando. Acalme-se.

—Eu preciso de Jasper. – lhe implorei. – Eu não posso surtar...

—Então respire fundo. – ela sibilou, olhando-me em meus olhos. – Você ainda não está com as contrações fortes. O que vai estragar tudo é o seu desespero. Então se acalme, está bem? Seth também estará aqui em um minuto.

—Ainda está cedo. – meus olhos se encheram de lágrimas. – Estou de trinta e quatro semanas. Não está certo. Tinha quase um mês pela frente...

Pulei de alívio ao ouvir a porta da frente. Só não sei se torcia para ser Jazz ou Carlisle.

—Seth. – falamos ao mesmo tempo como resolução. Se fosse um dos outros, já estaria ali.

—Ela está estável. – Ness respondeu a algum comentário que não chegou em meus ouvidos. – Só apavorada que ninguém chegou ainda.

E ali estava ele. O amor da minha vida, sujo de graxa, suado, respirando forte e ansioso. Veio voando em minha direção, afagando minha cabeça.

—Como você está?

—Nervosa. – minha voz tremeu. – Preciso de Jasper e Carlisle, e Bella e Edward.

Ele riu, depositando um beijo em minha testa.

—As contrações estão fortes?

—Não. – ela respondeu, olhando em seu relógio. – Estão bem espaçadas ainda. Nada com o que se preocupar.

—Vou tomar um banho para tirar toda essa graxa. Estarei de volta em cinco minutos. – prometeu, me beijou na boca rápido e se foi.

A porta da frente foi aberta outra vez, e soltei uma respiração que nem percebi que prendia ao ver os três vampiros ali.

Começaram a me levar para a sala médica. Carlisle fez questão de deixar tudo pronto e equipado para o meu parto. Me deitou na cama, iniciando os procedimentos.

—Jasper estará aqui em alguns minutos. – o loiro prometeu, porém isso não me despreocupou. Ainda mais quando veio outra contração em seguida.

Gritei, segurando a mão de Seth. Os nós dos dedos estavam brancos com o meu aperto, mas ele não parecia sentir dor. Apenas me olhava aflito.

—Calma, meu amor. – ele sussurrou, firmando sua mão na minha. – Você está tremendo muito, tente se acalmar.

Percebendo a realidade de suas palavras, trinquei os dentes e dei longas respiradas fundas. Eu já sentia o suor escorrendo em meu rosto.

—Não sei se vou aguentar a próxima sem Jasper. – chorei, com medo. Olhei para a minha barriga. Eu não podia simplesmente desistir. Tinha que continuar tentando. Eu não podia matar meu filho. Não ia conseguir viver com isso.

Fechei meus olhos, me concentrando no movimento fraco do meu bebê. Agora que a água amniótica se foi, não se mexia tanto. Mas eu ainda o sentia, o amava. Era tudo para mim. Eu não sabia como esse pequeno ser era importante até agora, que sua vida estava em risco... por minha causa.

—Isso não é verdade. – Edward segurou minha mão, seus lindos olhos dourados me encarando.  – Você é a razão desse pequenino ter uma vida. Você não está fazendo nada além de lutar. Se parece muito com alguém que eu conheço.

Sorriu em direção a sua esposa, que riu acanhada.

—Bella protegeu Renesmee até o fim. Você fará o mesmo.

Senti um sorriso de comoção crescer em meu rosto, o que não durou muito com a contração mais forte que veio a seguir.

Grunhi, concentrando a dor no aperto de Seth. Mas estava muito forte. Fechei os olhos, sentindo a vibração em meus ossos.

Aguente, Lavine. Aguente.

A dor. Insuportável. Eu sentia pontadas em meu ventre, e a dor se estendia para a minha lombar. Parecia cólica de menstruação, porém inegavelmente mais forte e dolorosa.

—Lavine, Lavine, olhe para mim. – Bella me chamou, e me concentrei para encontrar seu olhar. Eu estava ficando zonza. O claro de seus olhos era reconfortante. – Se concentre no seu bebê. O que você acha que vai ser?

—Uma menina. – ofeguei, piscando. O salgado das lágrimas se direcionou para minha boca. – Eu sinto que é uma menina. Não sei porque...

—Não tem que saber como. – sorriu doce, acariciando meu cabelo. – Mãe só sente. Só sabe. Não tem explicação.

Como mágica, a contração parou de doer de forma considerável. Respirei aliviada, me encostando ao colchão, arfante.

—Jasper. – Edward respirou aliviado, e no outro minuto todos estavam ali. Esme, Rose e Emmett, Alice e Jasper.

—Foi você. – respondi a mim mesma. – Achei que tinha sumido a dor.

—Me desculpe por não estar aqui antes. – ele pediu, com remorso. – Mas não está cedo?

—Está. – minha voz se esganiçou de medo.

—Está cedo, mas nada impede dessa criança nascer saudável. – Carlisle dizia, me examinando. – Todas as consultas foram sem alteração. Vai ficar tudo bem.

A dor aumentou mais, e eu não sabia se conseguiria fazer isso sem Jazz. Mesmo Bella me encorajando, dor é dor.

O dia se passou, e nada de nascer. Parecia uma eternidade aquilo. Eu queria que acabasse logo. A dor, a espera. Queria cortar de vez o risco de morte do meu bebê, queria cortar a dor pela raiz.

—Andar vai ajudar. – Rose lembrou, segurando minha mão enquanto andávamos devagar pelo quarto. Renesmee massageava minhas costas com a palma da mão em movimentos circulares, me trazendo um pouco de alívio. – Parto normal é melhor que cirurgia.

Cada passo que eu dava era uma pontada forte em minha região íntima. Eu não conseguia dar mais do que um por vez. Os músculos doíam.

Gritei de dor, e meus joelhos fraquejaram. Rosalie me tinha nos braços um milésimo depois. Os médicos e Seth estavam ali.

—Fique calma, Lavine! – falava Edward, porém meus olhos estavam dançando em sua órbita.

A dor era cegante. Meu peito subia e descia rápido. Minha região íntima estava dilacerando. Eu podia sentir ali rasgando. Minhas mãos tentavam encontrar algo a que segurar, e não sei como encontraram.

Meus ossos tremiam muito. Estava doendo demais, e nenhuma voz entrava mais em meus ouvidos. Eu as ouvia, mas não compreendia.

E então veio uma tortura. Muito mais forte do que a contração, porém sumiu tão rápido quanto apareceu. Meu corpo inteiro sentiu aquilo, e era algo familiar. Algo que já senti antes.

Antes que eu pudesse entender qualquer coisa, me vi de quatro naquela sala. No meu outro corpo.


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Notas finais do capítulo

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