— Eu não sei… Granger, ainda é difícil para mim. – Rony responde desviando o olhar de Hermione.

— Vocês precisam falar! Já chega desse mistério todo em volta dessa briga de vocês…, será possível que nenhum dos dois nunca ouviu falar que botando para fora é melhor!? – Hermione desabafa exasperada, Rony emburra-se pela primeira vez depois de um longo e estranho período de conversa com Hermione.

— Por que você quer saber tanto essa história? Por que insiste tanto nisso, Granger? Não ver que machuca tocar nesse assunto!? Que é como jogar sal na ferida!? – Rony questiona recomeçando a andar rapidamente, querendo se afastar de Hermione.

— Porque eu quero ajudar vocês! – Hermione replicou tentando acompanhar os passos de Rony, que aumentavam à medida que ele ficava cada vez mais emburrado. – Vocês são irmãos gêmeos caramba! Eram unidos! Você mesmo me disse isso… não quer tudo isso de volta com Gina?

Rony parou de andar e dirigiu o olhar para ela, o qual Hermione devolvera.

— Como você pensa em nos ajudar, Granger? Como acha que pode fazer isso? – Rony questionou, ainda um pouco irritado. Hermione respira fundo antes de continuar.

— Você nunca suspeitou que o que seja lá o que aconteceu entre vocês foi armação? – Hermione supõe e Rony olhou para ela sem entender nada.

— Você acha que alguém armou para separar a gente? Hermione, isso aqui não é uma história de um dos livros que você fica com a cara enfiada o tempo todo… isso aqui é a vida real. Porque raios alguém iria querer me separar da Gina!? isso não tem lógica. – Rony quis se manter racional. Hermione tentou ignorar que ele a chamou pelo primeiro nome e continuou:

— Conflito de interesses.

— Faça sentido, Granger. – Rony pediu, já perdido sobre o que ela falava.

Foi quando Hermione ficou impaciente e bufou.

— Eu não quero acusar ninguém sem provas e eu preciso da sua ajuda para consegui-las. – Hermione argumenta, esquivando-se de ser muito direta com ele.

— Não vai ao menos me dizer de quem você suspeita? – indaga Rony cedendo.

 - Você não acreditaria em mim, me acharia louca.

— Tente. – Rony insiste.

— Você não está pronto ainda, Weasley. Mas, eu preciso saber, irá me ajudar a conseguir provas? – Hermione pediu mais uma vez. Por um momento, Rony fica em silêncio, estava pensando seriamente se entrava naquela com Granger ou não, pois não sabia até que ponto ela estava sendo coerente com a lógica, por fim ele decide.

— Irei ajuda-la com o que precisar, Granger.

Hermione soltou um sorriso e eles entraram em um silêncio confortável, cada um mergulhado em seus próprios pensamentos enquanto seus pés os levavam para a porta da frente da casa dos Potter.

Rony parou de frente para Hermione e os dois estavam de frente a porta de casa. Com cuidado, ele devolveu os livros que carregava para ela.

— Obrigada por me ajudar a carrega-los ate aqui e me desculpe por tê-lo feito perder o ônibus, mas eu realmente precisava falar logo com você. – Hermione começou a se despedir.

— Sem problemas…, até que a companhia até aqui foi bastante agradável. – Rony confessou com um sorriso, que aumentou ao notar o quanto era adorável o rosto de Hermione corado.

— Também gostei bastante de sua companhia… é… obrigada novamente, Weasley. – Hermione agradece rapidamente e vira-se para a porta, abrindo-a desajeitadamente. Deu uma última olhada para Rony e foi para dentro de casa.

Com um sorriso e uma sensação estranhamente boa, Rony retorna sua caminhada para casa. A sensação boa, porém, desmorona quando ele chega em casa e encontra Carlinhos na sala o olhando furioso. Ao mesmo tempo em que Rony fecha a porta atrás de si, Carlinhos levanta-se do sofá e fica em frente a ele, com um metro de distância e ainda com o olhar furioso, agora com os braços cruzados em frente ao peito.

— O que você fez? – Carlinhos dispara e Rony o olha com a maior cara de interrogação do mundo. Incrivelmente, seu momento com Hermione apagara os problemas que ele havia tido durante o dia.

— Do que você está me acusando? – questione ele, e Carlinhos parece ficar mais irritado.

— Gina! O que você fez com ela!? – Carlinhos exclama cada vez mais exasperado.

Então tudo clareou na mente de Rony e a lembrança do que aconteceu com Gina mais cedo e o fato de que ela não aparecera em nenhuma das outras aulas que eles tinham ao longo do dia.

— O que raios você estava fazendo com Hermione e Luna? – continuou Carlinhos.

— Nós estávamos conversando! Carlinhos, eu não sei o que você acha que sabe, mas não fizermos nada contra Gina. – Rony começa tentando contornar a situação. – Nós nem aos menos estávamos falando dela.

Carlinhos não caiu naquela e já estava ficando vermelho de raiva, ele estava tentando se controlar para não explodir, pois não queria incomodar Gina no andar de cima, que, finalmente, depois de muito choro, desabafo e dele tê-la forçado a comer alguma coisa, dormia tranquilamente, e também não queria chamar a atenção do resto da família, mas estava sendo quase impossível.

— O que você fez com ela? – Carlinhos perguntou novamente, Rony já estava começando a ficar impaciente.

— Eu já disse que não fiz nada, nós nem ao menos esta…

Ele finalmente não conseguiu mais se controlar e explodiu.

— Não estou falando disso, o que você fez a ela!? Gina não era assim e depois que vocês dois… o que você fez com ela!? – Carlinhos gritou completamente alterado. Novamente, a mente de Rony clareou para o que ele estava falando.

— Isso não tem nada a ver com você, Carlinhos, não se meta! – Rony gritou de volta, também se alterando. Agora era ele que estava irritado, realmente não gostava que tocassem nesse assunto e já não era a primeira vez no mesmo dia.

— Você machuca e magoa nossa irmã! Eu tenho todo o direito de me meter!

— Mas, o que é isso? Que discursão e gritaria é essa!? – Molly se fez ouvir chegando na sala, pois ouvira da cozinha a gritaria dos dois.

— Não, você não tem! Você não sabe de toda a história, você não estava lá aquele dia, isso não é da sua conta! – Rony esbraveja, ignorando que sua mãe havia chegado na sala.

— Ela é nossa irmã, Rony! Ela vive triste, isolada! Ela não tem amigos agora que você parece ter estragado isso também! – Carlinhos também ignorou a mãe.

— Não é minha culpa que a vida de Gina é estragada! Não é minha culpa que consideram ela esquisita. – Rony grita de volta.

Carlinhos fica mais vermelho que os seus próprios cabelos e voa para cima de Rony o segurando pelo colarinho da camisa.

— Não a chame assim! Você que é esquisito, até mesmo Percy é melhor que você. – Carlinhos disse, em um tom de voz ainda alto, mas não chegava a ser um grito.

— Chega! Parem com isso! Vocês não vão se atracar aqui na minha sala. – Molly gritou para os dois, puxando Carlinhos para longe de Rony com força. – Vocês dois estão com a cabeça muito cheia, vocês conversam com calma depois. Agora os dois para seus quartos, agora! Sem reclamação, agora!

Os dois ainda se encararam cheios de raiva uma última vez antes de virarem as costas e subirem a passos duros para o andar de cima.

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Duas semanas depois.…

Duas semanas haviam se passado e Hermione e Luna ainda não haviam conseguido falar com Gina. Elas até tinham visto ela nas aulas e nos corredores da escola, porém quando tentavam se aproximar, Gina lhes dava um gelo e passava por elas como se não estivessem ali. Já estavam começando a pensar que não deveriam ter esperado como Rony havia falado; Gina agia de forma fria com elas, porém, quando estava longe delas, se afundava em tristeza. O período que passava na escola era tortura e, se é que era possível, ela se isolou ainda mais. Os outros alunos haviam percebido que ela havia voltado a ser a Gina de antes e voltaram com força total a atenção indesejada em direção a ela. Gina parecia odiar ainda mais os olhares que pareciam queimar lhe a pele.

Harry havia notado aquela mudança em Gina, seus olhos verdes a observavam discretamente nos corredores e salas de aula, poderia estar parecendo um stalker maluco, mas ele estava preocupado, Gina não parecia a Gina… pelo menos não a que ele conhecia e gostava. Ele não havia tentado se aproximar dela, ele adorava Gina, mas não queria se machucar mais do que já havia se machucado, apesar de lhe doer muito ver Gina daquele jeito.

Lilá e Cho por outro lado, estavam adorando que o plano delas estava sendo executado melhor do que o esperado e não deixavam passar nenhuma oportunidade de zombar de Gina sobre sua nova condição. Incrivelmente, faziam isso quando a garota não estava sob o olhar de Harry.

Hermione e Luna não haviam desistido de Gina, mesmo com o gelo que ela estava lhes dando, e nem do acontecido entre Gina e Rony tramado por Lilá ou qualquer outra pessoa. Rony estava estranho e havia se afastado um pouco das investigações, mas estava a par de tudo por Hermione, que lhe mandava mensagem todo os dias e eles conversavam sobre o progresso das investigações. Às vezes fugiam do assunto indo para uma conversa normal e animada, que geralmente durava horas e melhorava o humor de Rony de uma forma significativa, o aproximando mais de Granger.

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Domingo, à noite, casa dos Potter…

— E eu venci mais uma vez! – comemorou Harry, animado por mais uma vez ter ganhado de Rony no Mario kart. – Aonde está com a cabeça, Rony? Eu nunca te venci tantas vezes em um dia só.

Rony bufa e se levanta do sofá onde estavam na sala.

— Não estou com ela em nenhum lugar, só que hoje não foi um bom dia. – Rony retrucou pegando sua mochila e olhando a hora em seu celular. – Eu já tenho que ir, mamãe deve estar quase terminando o jantar.

Harry não falou nada e estranhou ainda mais o comportamento de Rony, para falar a verdade, ele já estava estranho há algum tempo.

— Ok, vou te levar até lá fora. – Harry replicou e completou mais alto. – Pai, mãe, Rony já está indo embora, vou leva-lo até lá fora!

Lilian Potter, ao ouvir a voz do filho, rapidamente apareceu na sala limpando as mãos de farinha no avental que usava.

— Mas já? Porque não fica para o jantar, querido? – Lilian o convidou – Tenho certeza que sua mãe não irá se incomodar se você ficar mais um pouco.

Rony e Harry se entreolham e, com apenas um olhar, Rony é convencido a ficar. Apesar da comida de sua mãe ser maravilhosa, a comida de Lilian também era e, jantar nos Potter tinha uma vantagem que ele não tinha em casa.

Os olhos de Rony se dirigiram para a ponta da escada onde Hermione e Luna haviam acabado de descer.

— Eu vou ficar para o jantar, Lilian. – Rony murmura audível o suficiente, e é ali que Hermione o nota e os dois se olham, ela dá um sorriso e se afasta com Luna.

Na casa dos Potter tinha Hermione.

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Dia seguinte, Hogwarts…

Mais um dia horroroso está começando em Hogwarts. Pensou Gina assim que desceu do ônibus escolar junto com os outros alunos. Ela havia se isolado mais do que nunca, por isso, ao descer, ainda estava com os fones de ouvido no máximo em uma das músicas de sua playlist e sua mente e seu olhar estavam fixos na tarefa de chegar até a sala de aula, já que não tinha mais nada em seu armário para pegar, já que ela já estava com os livros do dia.

Tudo estava indo bem, Gina estava quase chegando na sala de aula, quando sua “adorável” cunhada brotou em sua frente com um sorriso que, infelizmente, ela já conhecia. Gina sabia que ela não faria nada de tão grave, pois estavam no meio do corredor, mas viu que ela pegaria pesado quando viu ela segurando uma pulseira de corrente dourada e com vários pingentes diferentes. Não acreditava que aquilo estava acontecendo.

— Como conseguiu isso? – Gina indagou olhando para a joia que era sua. Havia ganhado de presente de seus irmãos, até mesmo Rony.

— Eu dei o meu jeito…, achei que ficaria lindo em mim. – Lilá responde em tom de deboche, fingindo colocar a joia no pulso.

— Me devolve, isso estava no meu quarto você não tinha o direito de pegar. – Gina disse tentando pegar a peça das mãos da outra.

— Me pede de joelhos. – Lilá provoca.

— Não. – Gina não aceitaria se humilhar daquele jeito, erguendo a cabeça em desafio. Lilá se enfurece e dá um tapa nos livros que Gina carregava, derrubando todos no chão e assustando Gina que, por um momento, achou que Lilá bateria nela ali mesmo na frente de todos.

Lilá se aproximou perigosamente de Gina e a olhou nos olhos.

— Não deveria me negar algo, esquisita. – Lilá murmurou baixinho. Gina a olha com raiva e desafio e se abaixa para pegar, tranquilamente, os seus livros jogados no chão; a outra se aproveita e a empurra, fazendo com Gina caísse dolorosamente no chão.

— Deveria saber que este é o seu lugar. – Lilá declara e sai, deixando Gina ali no chão, com as pessoas ao redor rindo do que acabara de acontecer com ela.

Gina respira fundo e começar a pegar os seus livros no chão, com seu coração apertado por ter perdido aquele bem que lhe era muito importante. Ela ouvia as risadinhas e olhares, mas já estava craque em ignorá-los, mas seu sistema se desestabilizou quando o seu olhar cruzou com conhecidos olhos verdes. O que era aquilo no olhar de Harry? Era… pena?