No dia seguinte, em Hogwarts no intervalo…

Os corredores estavam tão cheios que ninguém percebeu que Rony e Hermione entraram em uma das salas de aula vazias. Ao entrar, Hermione colocou sua bolsa em uma das mesas e se sentou nela enquanto Rony entrava e trancava a porta por dentro, após isso, ele se aproximou dela.

— Você sabe o que tem acontecido com Harry? – Rony a perguntou de supetão. Hermione o encarou arqueando as sobrancelhas surpresa com a pergunta repentina.

— Estamos aqui para falar de sua irmã. – Hermione evitou o responder.

— Pensei que ele tinha a ver com minha irmã. – Rony comentou desgostoso. Hermione revirou os olhos e suspirou exasperada.

— Você pergunta a ele depois. – Hermione declarou. Ele não lhe deu atenção e sentou-se na mesa de frente à ela. Hermione o analisou por um instante, ele não parecia confortável. – Não temos muito tempo… irá me contar o que aconteceu entre você e Gina?

— Gina e eu sempre formos muito próximos desde crianças… – começou ele, com um olhar como se tivesse voltando no tempo. – Brincávamos juntos, aprontávamos juntos, fazíamos tudo junto até que… crescemos e Gina começou a chamar a atenção dos garotos, ela não era como agora… Gina não se vestia desse jeito no começo de nossa adolescência, ela não era modesta com as roupas…, e os garotos percebiam isso.

— Por favor não me diga que tudo isso é por conta de ciúme de sua irmã com garotos? – Hermione o interrompeu com certa irritação.

— Não! Não foi por isso. – Rony proferiu ofendido, ele não ficaria brigado com a irmã por anos somente por conta de seu ciúme dela com garotos. – Enfim… Gina começou a andar com pessoas que estavam fazendo ela ficar diferente, ela não agia mais da mesma forma doce de antes…, não agia da mesma forma comigo e muito menos com o resto da família, ela estava muito estranha.

— Diferente? Como assim? – Hermione mostrou curiosidade e preocupação.

— Totalmente diferente do que ela é agora. Gina andava estressada, respondona, vivia fora de casa fazendo sei lá o que e muitos outros comportamentos estranhos. – Rony tentou explicar melhor.

— Essas pessoas que você disse que ela andava, quem são? Onde eles estão agora?

— Eu não as conheço, nunca as conheci… quando a gente perguntava, Gina não falava de jeito nenhum, como eu disse, ela estava respondona e estressada.

— Essa não parece a Gina que eu conheço. – Hermione comentou em um misto de confusão, preocupação e curiosidade.

— E muito menos a que eu conhecia desde criança…, aquela não era a Gina e tudo ficou pior quando… ela começou a namorar um amigo meu na época. – Rony tentou continuar.

— Amigo? Pode me dizer o nome dele? – Hermione indagou, procurava um jeito de saber todos os detalhes, queria muito ajudar Gina.

— Eu prefiro não entrar em detalhes sobre ele. – Rony respondeu raivoso, ele não gostava de falar e nem de lembrar de seu ex-amigo.

— Então o que aconteceu? – Hermione viu que Rony não iria falar do menino.

— Eu… Gina, ela… – Rony não conseguiu completar. Ele abaixou a cabeça e deu um suspiro tristonho. Hermione pensou que nunca o veria demostrar aquele tipo de sentimento, principalmente para ela. Algo diferente começou a formigar dentro dela. – Eu sinto muito, Granger, eu não consigo continuar… eu pensei que estava pronto, mas… eu não… as imagens daquela noite aparecem na minha cabeça e… eu ainda não consigo.

A reação de Hermione foi inesperada para Rony, e ele teve um baque ainda maior quando percebeu o que sentiu ao ver tal reação. Hermione sorria docemente para ele, tentando conforta-lo. E o que lhe causou o baque maior foi o sentimento de completo conforto e paz que aquele simples sorriso lhe deu.

— Não se preocupe, Ronald. Tudo que me falou já foi um bom começo. – Hermione inclinou-se na direção dele para alcançar a sua mão, pegando-a delicadamente, passando-o conforto. O contato foi gratificante para os dois. – Marcaremos outro encontro quando estiver preparado, enquanto isso, continuarei ajudando sua irmã.

— Certo, tudo bem. – Rony concordou, confuso com todos aqueles sentimentos misturados que estavam dentro dele. – Obrigado.

— De nada…, eu preciso ir, tenho que me encontrar com Gina. – Hermione falou, colocando sua mochila nas costas e saiu de cima da mesa. Rony a acompanhou fazendo o mesmo, ele se dirigiu para a porta e pegou na maçaneta.

— Primeiro as damas. – Ele disse assumindo uma pose de cavalheiro exagerada, propositalmente engraçada, fazendo Hermione sorrir.

Quando estavam saindo, deram de cara com Lilá no outro lado do corredor, que teve uma reação tão cômica que Hermione teve que fazer muita força para não cair na gargalhada em hora inapropriada.

Lilá olhou de Ronald para Hermione e vice-versa, imediatamente fechando a cara para o sorriso que estavam dando um para o outro em outrora, sorrisos esses que sumiu do rosto de Ronald e diminuiu no de Hermione. Diante daquela cena, Lilá começou a ficar vermelha de raiva o que deixava tudo mais engraçado para Hermione. Rapidamente Lilá atravessou o corredor e empurrou os dois pra dentro da sala outra vez.

— O que está acontecendo aqui? Ronald o que você estava fazendo com ela sozinho aqui dentro? – Lilá disparou as perguntas, começando a ficar histérica.

— Lilá, sabe que não gosto que me chame de Ronald, e não é nada disso que você está pensando. – Rony respondeu e a fúria de Lilá aumentou com aquela frase, junto com a vontade de rir de Hermione.

— “Não é nada disso que você está pensando”!? Jura que vai vir com essa para cima de mim, Rony!? O que você estava fazendo aqui dentro com essa esquisita!? – Lilá insistiu. Rony abriu a boca para falar porém ela continuou a falar. – Eu não acredito, Rony! Justo com a esquisita dois?

Hermione arqueou as sobrancelhas. Aquilo não estava mais sendo algo engraçado.

— Lilá...- Rony ia começar a falar algo, porém, foi interrompido por Hermione.

— Ora, Lilá, deixe de drama. Você mais do que ninguém não pode julgar Ronald por trai-la, o que, aliás, não é o caso aqui. Fala sério, ele é Ronald Weasley, tipo…, eca. – Hermione declarou, não importando-se com o “ei” ofendido que Rony soltou. – O que eu quero dizer, é que você não pode julga-lo por algo que você mesma faz. – Hermione finalizou. Lilá ficou muda e Rony de cara fechada, já era a segunda vez que alguém insinuava que sua namorada o estava traindo, ou que já o traiu.

Hermione revirou os olhos para os dois e se dirigiu para Rony:

— Te vejo outro dia, Weasley. – Saindo dali em seguida, bem a tempo de ouvir eles começarem uma discussão. Hermione, involuntariamente, sorriu.

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Do outro lado de Hogwarts, na quadra da escola…

— Luna, você vai mesmo ficar me seguindo o dia todo? – Harry perguntou se aproximando da arquibancada, na qual a prima estava sentada com um livro em mãos. – Qual é, desde quando você vem me ver treinando?

— Eu não estou te seguindo, Harry. E o que tem demais eu vir ver o treinamento do meu querido primo para entrar no time da escola, já que é algo que ele quer tanto? – Luna o respondeu sem tirar os olhos do livro.

— Devo admitir que você fala com tanta naturalidade que parece verdade. – Harry disse supresso com a habilidade da prima.

— Por que é verdade, Harry. – Luna disse com simplicidade.

— Luna, eu te conheço. – Harry falou desacreditando.

— Se me conhece tanto, você sabe o que eu estou fazendo aqui. – Luna disse, finalmente abaixando o livro que lia e olhou nos olhos dele. É claro que ele sabia e suspirou frustrado por isso. – Eu disse que não iria desistir de saber o porquê que desistiu assim tão rápido de Gina, não é do seu feitio.

— Talvez não fosse do meu feitio antes de… R – Harry falou e um tom baixo, como se estivesse confessando um segredo.

— Uou! então é por isso, serio, Harry? Gina não tem nada a ver com Ro… Com R. – Luna tentou ajuda-lo.

— Eu sei que não, só que eu percebi que eu estava sentindo tudo rápido demais de novo e a minha confiança acabou indo embora. – Harry explicou seu receio.

— Harry, você não pode deixar algo do passado interferir no seu presente. – Luna o aconselhou.

— Luna, você sabe como tudo não acabou bem com R.

— Sim, eu sei. Só que você não pode deixar isso te afetar, Harry… não pode deixar de viver, de ser feliz, não pode. – Luna tentou mostra-lo o que ele estava deixando de lado.

— Luna, o que eu estou sentindo pela Gi é mais forte do que eu sentia por R…, pelo menos é o que eu acho… e isso me assusta ainda mais. Eu não consigo, eu simplesmente não consigo, a minha confiança quanto a isso foi toda embora. – Harry continuou explicando seus receios. Luna olhou firme para os olhos de Harry.

— Pois trate de acha-la, Harry. É da sua felicidade que estamos falando. – Luna colocou o livro na mochila e a colocou nas costas. – Eu vou deixar você em paz… por hora.

E saiu, deixando-o sozinho.

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Mais tarde, no abrigo de animais de Carlinhos…

— Olá, a que devo a honra dessa maravilhosa visita? – Carlinhos disse se aproximando das três quando elas chegaram.

— As meninas queriam vir visitar o abrigo…, você disse que não tinha problema. – Gina o respondeu, receando que ele fosse pôr algum problema.

— E não tem mesmo, está tudo certo. Fiquem à vontade, meninas. – Carlinhos disse sorrindo receptivo. – E Gina, espero que esteja ansiosa para amanhã.

— Claro que estou ansiosa para sair de minha folga forçada. – Gina o respondeu com bom humor, Carlinhos riu.

— Se voltar a trabalhar naquele mesmo ritmo de antes não hesitarei em dá-las novamente. – Carlinhos a alertou. Gina sorriu e revirou os olhos.

Ela guiou as outras duas pelo abrigo, apontando e informando o que era o que. Hermione e Luna perguntavam ou comentavam algo vez ou outra. Elas conheceram cada pedacinho do lugar – exceto onde só era permitido a entrada de funcionários – o destino final delas foi o fundo do lugar, onde os animais brincavam e faziam atividades ao ar livre.

Era o lugar favorito de Gina do abrigo, ali ela podia brincar, correr e até mesmo nadar com os cães na piscina que tinha ali, ela pôde ver que Hermione e Luna também pareciam encantadas com tudo aquilo.

— Gina, esse lugar é demais! – Hermione afirmou acariciando um gato, que desde que passaram pela ala dos gatos, ela não largava. Ele era de pelagem ruiva, tinha a cara amassada e rabo de escova, suas pernas eram arqueadas, de acordo com Gina, por conta de um ferimento que sofreu e que Carlinhos cuidara.

— Verdade, seu irmão faz um trabalho maravilhoso aqui. – Luna rapidamente concordou.

— Carlinhos deu o sangue para que tudo isso chegasse onde está, ele ama tudo isso e, principalmente, ama os animais. – Gina respondeu com um sorriso, completamente orgulhosa do irmão. Hermione e Luna também sorriram.

Luna foi distraída por um cachorro de pelugem cinza e muito pequenino que achou Luna interessante e correu na direção dela abanando o rabo feliz. Luna começou a rir feliz com o cãozinho e começou a acaricia-lo e brincar com ele.

— Bichento parece gostar de você, ele não gosta de ninguém, isso é estranho. – Gina conversou.

— Bichento? É esse o nome dele? – Hermione disse acariciando o gato com carinho – Você acha mesmo que ele gosta de mim?

— O que eu estou vendo aqui? Hermione você está gostando de bichento? – Gina indagou sorridente.

— Eu não posso negar, ele é encantador. E é algo tão bom segura-lo, eu senti algo diferente e estranho quando o vi. – Hermione disse também sorrindo. – Gina, ele tem algum candidato para adoção?

— Não, bichento tem… um comportamento temperamental, tende a não confiar em ninguém e quando ele não gosta de alguém, ele não gosta de alguém… É bastante inteligente, porém ele não tem candidatos. – Gina respondeu.

— Ótimo, isso é bom. Gina, quando nossa mudança chegar finalmente ao fim, eu conversarei com meus tios para que adotem bichento. – Hermione declarou.

— Sério, Hermione? Isso é maravilhoso! É muito bom que bichento tenha um lar, ele passou por muita coisa. Espero que seus tios deixem você ficar com ele. – Gina respondeu com animação.

— Eu também espero. – Hermione disse olhando animada para bichento, que ronronou para a, talvez, futura dona.