Os vingadores estavam livres. Foragidos, porém livres. 

Cansado e exausto, psicológica e fisicamente.

Ele estava em algum bar minúsculo no interior da Europa, com seu melhor amigo congelado em Wakanda.

Ele não havia encontrado a parceira de dança certa. Isso ecoou em sua mente.

Para alguém com quase 100 anos com aparência de 30, ele mudava muito de opinião. Desde que, se apresentou para o experimento e se tornou o Capitão América e não somente Steve. As pessoas esperavam demais dele. No fundo, ele ainda era somente um cara dos anos 40. No fundo, tinha somente 30 anos e uma bondade imensa e desejo de ser justo.

Ele ainda carregava em sua alma toda a ingenuidade e inocência daquele jovem que apanhava nos becos do Brooklyn.

70 anos no gelo, perdido para o mundo.

E quando acordou, tudo mudou para ele. Não havia mais guerra, ele havia finalizado o propósito para que foi criado. 

Mas, o preço cobrado havia sido alto demais. 

Peggy. Bucky. A família que ele gostaria de ter. 

Todos os seus sonhos perdidos no gelo. Congelados, junto com ele. Porém, diferente dele. Estavam perdidos para sempre. 

Essa já era sua segunda garrafa de uísque. E ele permanecia sóbrio, infelizmente. 

E uma segunda vez, um preço alto era cobrado outra vez.  Os vingadores quebraram. E ele era parcialmente responsável.

Se fechasse os olhos e se concentrasse, podia ver o olhar de ódio e fúria de Tony. 

Traição! Mas, o que ele poderia fazer? 

 Foi contra o tratado.

Tentou proteger Bucky. Tentou proteger Tony. 

Tentou proteger os Vingadores. 

Tentou proteger a si mesmo.

Falhou.

O que ele faria? Falaria a verdade? Diria que Bucky havia assassinado centenas de pessoas e entre eles, os pais de Tony? Isso só acabaria matando-os.

Suspirou, cansado.

Talvez, fosse o destino dos Vingadores quebrarem. Um império destruído de dentro para fora. Sentiu as lágrimas molharem o seu rosto. 

Fechou os olhos e tentou imaginar, como seria se vivesse seu sonho?

Seu casamento, finalmente aconteceria.  E todas as pessoas que ele amava estariam lá.

Tony tinha o perdoado, Bucky estaria curado e o restante dos Vingadores. Podia até ouvir os risos de Natasha e Sam, comemorando que ele finalmente tinha achado sua garota. Teriam uma casa grande e uma cerca branca, como nos filmes que ele gostava. A cama branca e ela estaria lá. Em sua mente, ela não tinha um rosto específico ou um nome. Apenas, a imensa significância que ela teria para ele. Não haveria beleza, como a dela. Ela seria única para ele, a mulher que ele amava.

Os cabelos castanhos ondulados até sua cintura, os seios fartos e o ventre arredondado proeminente que ele acariciaria e beijaria com frequência... Seu filho estaria ali. A seguraria em seus braços e dançaria com ela pela casa, ela sorriria e diria que o amava. 

Ele estaria feliz. Ele estaria finalmente, completo. 

Não era um crime... Sonhar. Masoquismo, talvez. 

Reabriu seus olhos, com um gosto amargo na boca e estava ali de volta ao bar. 

Solitário. 

Sozinho. 

Com uma garrafa de uísque, que nunca cumpriria seu objetivo. 

Sem ela, sem sua família. 

Sem um sonho realizado.

Sem os Vingadores. 

E ainda sim, Steven Rogers.

Para sempre, Capitão América.