Connie por um Dia - Peridot vs os Pugs Malditos

 

Existe uma lenda, contada a gerações, que fala sobre demônios de focinhos curtos, olhos vermelhos e uma sede implacável de poder, sangue e.... Açúcar.

Toda a vez que estes ressurgem no multiverso, trazem consigo caos, pânico e um rastro de fofura.

 

A mesma lenda também fala que a cada vez que eles renascem, uma mulher se erguerá para enfrenta-los.

Essa história relata a breve batalha na praia de Beach City.

E ao vencedor, os despojos.

Neste caso, quem vencer fica com Steven Universe.

 

....

 

Já fazia alguns dias que Peridot estava acampando na praia, próxima aos rochedos.

Ela queria estar presente no exato momento em que os pequenos ovos de tartaruga se chocassem e os pequenos filhotinhos fizessem sua caminhada rumo ao oceano cintilante.

 

E foi graças a esse motivo efêmero que ela pôde muito mais. A Gem ganhou um destaque cósmico devido a sua participação nos eventos contados a seguir.

 

....

 

A única coisa que conseguiu retirar sua atenção dos ovos foi aquela cena, pra lá de bizarra.

 

Caminhando com distinção, havia dezenas de pequenos cãezinhos contornando a baía.

Os Pugs estavam usando armaduras reluzentes e pequenas espadas que mais apreciam ser facas de cozinha.

Na frente do grupamento, um deles se destacava por ser ainda menor que os demais e usar uma coroa, entalhada em ouro e pedras preciosas.

 

Ela também se surpreendeu com mais um detalhe: os cães estavam carregando Steven nas costas, completamente amarrado.

 

....

 

Eles cortaram caminho na direção onde a Gem e os ovos estavam, mas nada fizeram. Apenas os ignoraram e seguiram em frente.

 

Nesse momento, Steven fez o que qualquer pessoa capturada por Pugs malignos faria.

— Socorro....

 

Peridot deixou a cabeça tombar de lado, ainda estranhando a situação.

— Devo entender que você quer a minha ajuda?

— Deve!

 

Apressando o passo, a Gem se colocou à frente do exército de Pugs, ficando exatamente entre eles e o alvorecer.

— Ei, o que vocês pensam que estão fazendo?! Soltem-no, agora!

 

O líder se aproximou ainda mais de Peridot. Seus vassalos ficaram um pouco recuados, em posição defensiva, com os olhos brilhando num intenso vermelho rubro.

— Negativo! – Ele proclamou – Estamos tomando sua cidade, a começar deste humano!

Ajoelhe-se ou enfrente as consequências, verme!

 

Ela deu mais uma boa olhada na cena.

Pequenos cães falantes. Mini espadas. Steven capturado.

 

— Acho que não entendi bem.

 

O rei gargalhou, em frenesi.

— Somos Pugs, minha cara. Simplesmente assim.

Tomamos o que queremos, quando queremos!

Somos mais fortes, mais espertos, e ligeiramente mais adoráveis!

 

Uma comoção total foi feita pelo exército. Os Pugs começaram a urrar e fazer reverências, em apoio ao seu líder supremo.

Corn Flakes— rei soberano e eterno de toda a raça dos Pugs falantes que atiravam reios lasers dos olhos – era muito bom em duas coisas:

Matanças e discursos motivacionais.

 

....

 

No entanto, ainda não convencera Peridot.

 

— Ah, é mesmo? – Respondeu a Gem, em total desdém a Corn Flakes— Pois eu sou Peridot, a líder das Crystal Gems da Terra....

— Não é não.... – Retificou Steven.

— Eu sou a Vice-líder das Crystal Gems da Terra, e exijo que você liberte o prisioneiro! Além do mais, esse humano já tem dona....

 

Steven encarou boquiaberto a “vice-líder” Gem.

— O que?! Eu não tenho dona, do que você está falando?!

 

Peridot o encarou de volta.

— E a Connie é o quê?

— Namorada!

— Você não faz tudo o que ela pede?

— Faço, mas....

— E não vai pra onde ela manda?

— Bem.... Vou....

— Como isso pode ser diferente de ser sua dona?!

 

....

 

— Só me solta Peridot, por favor....

 

Corn Flakes achou que seria furtuito interromper o diálogo dos dois antes que anoitecesse.

— Isso não importa! Ele é nossa propriedade, agora!

O humano é útil. Tem poderes mágicos e lembra um de nós....

— Como assim, “eu lembro de um vocês”?

 

O Pug deu de ombros.

— Você é gordinho e tem o rosto redondo.... É mais parecido conosco do que com ela.

— Justo – Concordou Peridot – Ainda assim.... Sem chances de vocês ficarem com Steven. Libertem-no ou serão vocês que provarão da minha ira....

 

Com estas palavras, a Gem apontou para um pedaço de cano, trazido pela correnteza.

 

Segundos de concentração depois, a peça enferrujada flutuou até suas mãos.

— Poderes de metal, rei – afirmou a “Vice-líder” das Crystal Gems – Surpreso?

 

Com uma piscada rápida, ele lançou um feixe de luz intensa dos olhos, que derreteu a barra de ferro, queimando a mão de Peridot.

— Pra falar a verdade, não.

Último aviso, inseto. Saia da nossa frente. Temos uma cidade para tomar, pessoas para escravizar....

 

Um dos Pugs aproximou – se de Corn Flakes e sussurrou algo em seu ouvido.

Em seguida, voltou a sua posição no grupamento.

 

— E confiscaremos com todo o seu sorvete!

 

Ela passou a mãos no rosto, num sinal claro de frustração.

— É sério?

— Só os que forem de chocolate. Podem ficar com os de baunilha.

— Então, tá.... Não vai acontecer.

 

Ele disparou mais um raio laser, dessa vez apontando para o pé da Crystal Gem, que deu um salto para trás, quase caindo de costas na areia.

— Não estamos brincando, seu lixo insignificante e minúsculo!

Desista!

— Minúsculo...? O que está querendo insinuar?

 

O líder Pug olhos para seus companheiros e depois de volta para Peridot.

— Achei que fosse óbvio para todos aqui.... Somos Pugs de cinquenta centímetros, e mesmo assim achamos que sua estatura é muita baixa, para um humano....

— Está me chamando de baixinha?!

— Estou te chamando de anã.

 

....

 

Nunca mencione a estatura desavantajada de uma Peridot.

Em qualquer circunstância.

É burrice. Pura.

 

Sabendo do fato (e também sabendo onde aquilo iria parar), Steven respirou fundo e materializou uma bolha defensiva de energia, se isolando do resto do mundo.

— Parabéns – Ele disse – Agora vai todo mundo morrer.

 

....

 

No instante seguinte, o chão começou a tremer. O dia claro e límpido desapareceu, dando espaço a nuvens cinzentas e névoa.

 

A veia na testa de Peridot estava pulsando, mais parecendo que ia saltar da cabeça.

— Eu.... Não sou.... Pequena....

 

Um zumbido nauseante tomou conta do ar, que foi acompanhado pela (in)discreta explosão na fileira de trás do exército.

 

Vindo do rápido e sem controle aparente, o veículo de quatro rodas, piscando todas as luzes e alarmes, caiu dos céus, esmagando com tamanha violência a fileira de trás do exército de Pugs.

A maioria dos animais caiu de focinho na areia. Corn Flakes olhou atônito para trás.

— Mas o que foi isso?

— Uma picape – Steven Respondeu, de dentro da bolha.

Corram.

 

....

 

Tarde demais.

 

....

 

— EU SOU DE TAMANHO MÉDIO?!?!

OUVIRAM?!?!??!

MÉDIO!!!!!!!!!!!!!!!!!

 

O surto de Peridot continuou, à media que seu ódio se transformava numa chuva violenta de ferro e aço.

Os Pugs começaram a correr descontroladamente, para todos os lados.

Em vão. Quanto mais tentavam fugir ou se defender, atirando raios laser, mais eram atingidos pela enxurrada de carros, postes e ferro velho retorcido.

 

Explosões de máquinas ocorriam por toda a praia.

As luzes em toda a Beach City começaram a piscar, em resposta ao devaneio louco da Gem.

Atém mesmo o templo tremeu.

 

Continuou assim por vários minutos até que todo e qualquer Pug (a exceção do líder) estivesse esmagado ou retalhado pelo poder devastador de Peridot.

Do lado da bolha de Steven, uma placa retorcida cravou – se na areia, bem perto de seu rosto.

Nela, havia os dizeres “Você está deixando Beach City – Volte sempre”.

 

....

 

Quando a chuva de ferro e aço parou, Peridot caiu de joelhos, exausta.

 

O rei Pug estava congelado na frente da Gem.

— Eu.... Mudei de ideia.... Pode ficar com o garoto pra você....

 

Desesperado para viver, o rei abandonou seu posto e correu para longe, querendo aproveitar com êxito o resto de sua vida....

.... O que durou, em média, cerca de doze segundos.

 

Foi o tempo necessário para que ele fosse atingido em cheio pelo último dejeto:

Um enorme e reluzente globo brilhante, cercado por painéis solares.

 

....

 

Steven saiu de dentro do escudo e se desamarrou. Junto da Gem, ele se aproximou da cratera onde jazia o corpo de Corn Flakes.

 

— Você derrubou um satélite?! Como isso é possível?!

— Não foi.... Fácil....

 

Peridot quase caiu uma segunda vez, sendo amparada pelo rapaz.

 

....

 

Sede da KGB, Rússia Oriental

 

Na frente de um dos computadores, o técnico chamou a atenção de seu superior.

— Senhor, perdemos mais um satélite!

— Pelo amor de Deus, já é o terceiro nesse mês! E sempre na mesma área! Mas o que está acontecendo?!

— Não tenho ideia, senhor.

— Que se dane, coloque a culpa no estagiário.

— Eu sou o estagiário....

— Então coloque nos recursos humanos....

 

....

 

Praia de Beach City

(O que restou dela)

 

 

Não que tenha importância cósmica, mas ecológica.

Peridot causara a chuva de destroços e carros, mas desviara habilmente dos ninhos de tartarugas marinhas, salvando os ovos.

 

— Obrigado, Dot. Foi uma loucura, mas impressionante.

— O que foi isso tudo, afinal?

 

Steven balançou a cabeça.

— Não tenho ideia. Eu achei um deles ferido na praia e curei a patinha.

Quando eu me dei conta, eles estavam me amarando e atirando raios dos olhos.

Foi tudo muito rápido.

 

Ele soltou um enorme bocejo. Naquela altura, merecido.

 

— Eu vou voltar pra minha cama.

Te devo uma.

 

O rapaz a abraçou, mas ela não retornou o gesto.

As palavras dele ainda estavam percorrendo seu córtex, procurando um significado.

 

— Me deve.... Uma?

— É claro, você salvou minha vida!

 

Depois ele olhou ao redor.

 

— Bom, quase me matou no processo.... Mas salvou, de qualquer forma.

— Então, você me deve uma vida?

—Não! – Steven riu – Uma retribuição.

 

Peridot ainda parecia confusa.

 

— Um favor? Tipo, uma recompensa?

— Isso! Exatamente.

— Ah.

 

Prestes a se afastar um pouco, ela o segurou pelo braço.

— Eu sei o que eu quero.

— Que seria?

— Eu quero ser a Connie por um dia.

 

....

 

 

De cara, ele não entendeu.

Contudo, ela fez menção em se explicar.