Operation Swan escrita por Mrs Ridgeway


Capítulo 23
The Morning of the Warning




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Devon,

December 31, 2017.

 

Dentro do veículo, duas pessoas seguiam pela rodovia, discutindo prováveis nomes para certo bebê que estava a caminho.

— Charles? – a mulher sugeriu no banco do carona.

— Não, muito imperial. – o homem negou, ao volante. – Thomas?

— Muito americano.

Após horas de espera, os dois haviam conseguido fugir da nevasca que atingira Londres. Por causa das últimas consultas do ano a médica da mulher, o casal ficara mais alguns dias em Londres, depois do natal, enquanto todos os outros já haviam partido para o Chalé das Conchas.

Agora, juntos, Ron e Hermione rumavam em direção a casa onde passariam o ano novo com o resto da família.

— Hum... deixa eu pensar... – o ruivo se endireitou no assento. – Liam?

Mione fez uma careta não muito convidativa.

— Liam...?

— É... – Ron concordou. – Melhor esquecer o Liam.

Ela riu, achando graça. Foi quando um nome lhe veio à cabeça.

— Viktor? – sugeriu.

— Não.

— Por quê?!

— Não gosto de Viktor.

Hermione rolou os olhos. Ela sabia muito bem os motivos desse não gostar do ruivo.

— É um nome muito bonito. – insistiu.

— Não vou colocar o nome do seu ex-namorado no meu filho! – Ron bradou.

Touché.

— Larga de ser bobo, Ronald. Isso foi a... sei lá, vinte anos atrás?

— Enquanto o fato continuar vivo na minha memória, a resposta é não.

— Então qual é a sua sugestão?! – a mulher cruzou os braços.

— Não sei. – Ron deu de ombros. – Mas, Viktor não.

Mais uma vez eles haviam voltado à estaca zero. E, para piorar, a gama de nomes possíveis para o bebê havia diminuído bastante desde o Natal. Hermione bufou, irritada. Uma pressão estranha se estendeu das suas costas até a sua virilha.

A morena apertou os olhos com força e segurou a barriga involuntariamente, com as duas mãos. Não era a primeira vez que ela sentia isso naquela manhã, porém, a pontada de mais cedo fora bem mais leve que aquela. Por mais que Mione tentasse não fazer barulho, é óbvio que o homem ao seu lado percebera que havia algo de errado.

O semblante de Ron era preocupado.

— Mione?! – a chamou, com cuidado. – O que houve?!

— Eu estou bem. Só preciso me esticar um pouco. – ela respondeu.

Por certo, no último mês os seus pés estavam mais inchados do que o de costume. Isso piorara ainda mais nas últimas horas, pois, Hermione passara tempo sem se movimentar, sentada dentro do carro.

— Quer que eu pare no próximo posto de gasolina? – o ruivo perguntou.

— Eu agradeceria bastante.

Assim Ronald o fez.

 

—-- Ω ---

 

 

Sentados nos sofás da varanda, cinco adolescentes jogavam alguma coisa em conjunto, distraídos. Eles não viram quando, mais adiante, um carro ultrapassou o limiar da residência onde eles estavam e avançou na direção da casa.

James, que havia chegado há apenas algumas horas e agora estava parado no batente da porta da sala enquanto mexia no celular, ergueu a cabeça em alerta ao escutar o barulho dos pneus passando sobre as pequenas rochas do local.

Ronald estacionou o Sportage prateado na entrada do Chalé das Conchas. Ele desceu do veículo e andou até o lado do carona, para ajudar Hermione a se locomover.

— Tia Hermione! – o garoto mais velho exclamou, vindo ao encontro dos padrinhos. – Você tá parecendo uma bola de basquete!

Tomando consciência da chegada dos outros agora, o grupo que antes estava distraído riu do comentário do jovem. Ron e Hermione também acharam graça.

— Obrigada, Jay. – Mione disse, com um sorriso genuíno nos lábios. – Vou encarar esse comentário como um elogio.

— Mas é um elogio!

Madrinha e afilhado se abraçaram. Ronald, ao lado dos dois, terminou de retirar as malas do carro sem muita dificuldade. Juntos, os três subiram os degraus para a varanda. Após cumprimentarem os adolescentes, um a um, eles entraram na casa. Uma figura ruiva e pequena veio na direção dos recém-chegados.

Apesar da idade avançada, Molly Weasley conseguia ser bem rápida quando queria.

— Ah, graças aos céus vocês chegaram! – a mulher lançou, aliviada. – Eu já estava ficando preocupada. Nos jornais estão falando sobre uma nevasca horrível em Londres.

— Não viemos ontem à tarde por causa disso. – Ron a respondeu.

— Uma atitude sensata. – Molly sorriu amavelmente. – E você, querida... – ela se virou na direção da ex-nora. – Como se sente?

— Bem, eu acho. – Hermione mentiu. – Apenas um pouco cansada.

— Oh, claro! Fleur separou o quarto da Domi para vocês, como de costume.

James se adiantou com parte das malas, no sentido que a avó indicara. Nesse meio tempo, Ron e Mione trocaram olhares enviesados. A matriarca, obviamente, percebeu.

— Me desculpem, me desculpem! Força do hábito. Perdoe essa velha esquecida... – se justificou. – É que tínhamos que acomodar todo mundo e vocês dois acabaram chegando por último...

— Eu posso dormir na sala, mamãe. – Ron se adiantou.

— Pode ser. – Molly concordou com a cabeça. – É só arrumarmos um espaço ali perto da lareira e...

— Não precisa, não tem problema.

A declaração de Hermione pegou os dois ruivos de surpresa.

— Está muito frio para você dormir no chão, Ron. – ela disse, um pouco envergonhada. – Eu me lembro de que tem um sofá no quarto da Dominique. Você pode dormir lá. É melhor.

Ron não discutiu.

— Sendo assim estamos resolvidos. Venham! – Molly ordenou. – Já está anoitecendo. Em breve será a hora de servir o jantar.

 

—-- Ω ---

 

 

— Mamãe...?

Rose passou a mão pelo rosto de Hermione, preocupada. A morena coçou os olhos, após um longo bocejo.

— Você tá bem? – a ruiva indagou. – Estava fazendo umas caretas estranhas durante o sono...

— Oi, meu amor. – Mione respondeu, amável. – Seu irmão é que tem mexido demais ultimamente.

Aquilo era outra pequena mentirinha. A mulher não queria preocupar a filha, nem ninguém, mas a verdade é que o bebê quase não se mexia ultimamente.

— Que horas são?

— Oito horas.

Hermione suspirou. Queria se mover, mas suas costas pareciam que iriam romper em banda. Ela quase não conseguira se concentrar em nada após o inicio das fisgadas, dentro do carro, no final da manhã.

— Perdi o jantar? – perguntou, a disfarçar.

— Não... – Rose respondeu. – Na verdade papai me pediu para te chamar exatamente para isso. Estamos apenas te esperando.

— Ah... ele te pediu?

Aquilo era uma pontada de insatisfação?

Hermione não saberia responder. Ron estivera naquele mesmo quarto, há algumas horas atrás, fazendo companhia até que a ex-esposa pegasse no sono.

Haveria motivos para ela estar irritada pelo ruivo não estar ali agora?

— Sim. – a ruiva confirmou a pergunta feita pela mãe, sem reparar em nada a mais. – Papai me pediu...

— Por que ele mesmo não veio me chamar? – questionou, deixando sua boca agir mais rápido que o seu cérebro.

— Eu... ahn, não sei, mãe.

Mione suspirou. Ela ergueu o corpo com dificuldade e se sentou na cama. Rose a ajudou a levantar. Uma interrogação sobre o real estado da mãe permanecia explícita na sua testa.

Já em pé, a mulher fitou a garota.

— Pode ir, meu bem. Avise a todos que desço em breve.

— Tem certeza que não precisa de ajuda, mamãe?

— Tenho. Pode descer.

Rose obedeceu, ainda que de contragosto. Assim que a garota saiu do quarto Hermione deixou um suspiro cansado fugir da sua garganta. Inconscientemente, a mulher levou a mão até a barriga.

Hermione não contou a ninguém, mas sua ida ao médico não havia sido por causa de uma consulta de rotina. Logo após o natal a mulher tivera a perda de um pouco de sangue, misturado com alguma outra coisa da gravidez. Dra. Nathalie a analisou e garantiu que estava tudo bem. Segundo a sua médica, Mione havia acabado de entrar na 36ª semanas. Elas tinham algumas semanas de sobra. Ninguém não precisava se preocupar.

Apesar de já ter tido uma filha, Hermione não possuía nenhum parâmetro pratico sobre o que realmente acontecia em um trabalho de parto. Rose viera muito rápido, sem muitas dificuldades. Quase não houvera dor ou desconfortos excessivos, como todos sempre comentavam.

A única coisa que a mulher de fato se lembrava com nitidez foi o momento mais lindo da sua vida, quando já no hospital, sua ruivinha pequenina abriu os olhinhos azuis, deitada nos seus braços. De resto, sua mente não guardou mais nada.

A morena suspirou, tentando manter a calma. A ideia era, acima de tudo, tentar internalizar que aquelas contrações eram normais. Também de acordo com a Dra. Nathalie, muitas mulheres sentiam aquelas fisgadas no ultimo mês de gravidez. Fora somente por isso que ela aceitara viajar. O bebê não poderia estar chegando. Ainda não estava na hora.

Hermione se adiantou até onde estavam os seus pertences. Já quase arrependida de ter pedido para Rose ir, ela lamentou por ter que carregar as coisas sozinha até a cama.

Para sua surpresa, assim que tocou na alça da mala conseguiu erguer o objeto sem nenhuma dificuldade. Aparentemente, a mala estava vazia. Mione abriu um dos zíperes à disposição e de fato não havia nada lá dentro.

A mulher resolveu alimentar a sua curiosidade e partiu em direção a um dos armários do quarto. Lá dentro, todas as suas coisas estavam dispostas de maneira organizada. As roupas foram penduradas nos cabides e os cosméticos, assim com a pequena caixa de joias, ocupavam o centro da prateleira principal.

Em um dos cantos, ocupando o mínimo de espaço, Ron também guardara os seus pertences. Antes de voltar a fechar o armário, Mione passou a mão lentamente por cima de uma das camisas do ruivo e sorriu logo em seguida. Ron nunca fora organizado, mas estava claro que ele estava se esforçando para isso.

Hermione escolheu um dos vestidos do cabide e um conjunto de peças íntimas e seguiu para o banheiro. Tomar banho nunca fora tão difícil quanto naquele momento. As dores estavam cada vez mais fortes, e percorriam da base da sua coluna até o seu baixo ventre. Ainda assim, a mulher terminou o seu momento de higiene com o máximo de paciência possível e necessário.

Tempos depois, quando já estava vestida, e muito bem arrumada, com a mão na maçaneta do quarto, Mione respirou fundo.

— Ok, vamos lá.

A mulher sussurrou para si mesma antes de sair do cômodo e avançar lentamente pelo corredor. Vozes animadas ecoavam no pavimento inferior. A família Weasley estava em polvorosa, como em todos os eventos ao longo do ano. Hermione gostava do jeito brincalhão e acolhedor dos ruivos. Não foi a toa que um dia, a muito tempo atrás, ela se apaixonara por um deles.

Mione desceu a escada com certa dificuldade e prosseguiu até a cozinha, com um meio sorriso no rosto. Primeiramente, ela não queria preocupar ninguém. Acima de tudo, ela também não queria preocupar a si mesma.

 Os olhares contentes se voltaram na sua direção. Ronald, sentado mais a diante, sorriu para a ex-mulher, que retribuiu, dessa vez verdadeiramente.

 Apesar do cumprimento tímido, foi Molly Weasley quem se manifestou.

— Mione, querida! – a matriarca saudou. – Está se sentindo melhor?!

Hermione balbuciou algo, mas, não teve muito tempo para responder. Outra vez, uma fisgada despontou no seu ventre. Porém, esta não veio sozinha. Acompanhada da dor, um grande volume de líquido quente verteu pelas suas pernas, ensopando o seu vestido.

Desnorteada, a mulher olhou para a poça de líquido amniótico sob os seus pés. Pingos restantes caiam da barra do tecido branco. Todos os presentes também encaravam a cena, paralisados por alguns segundos. Ron fora o único que se levantou da mesa.

Ele se adiantou até Hermione, apressado.

— Está vindo... – havia um quê de urgência na voz da mulher. – Deus, Ron! Nosso bebê está vindo!

— Ele está, Mione...

— Eu não vim preparada para isso!

— Ei, calma... – o ruivo segurou as mãos pequenas da mulher carinhosamente. – Claro que você está preparada. Eu sei que você trouxe o suficiente.

— Sabe...?

A pergunta foi feita no tom inseguro – e inocente – de uma criança prestes a encarar o primeiro dia na escola, longe dos pais.

— Sim, sei. – Ronald confirmou, com um sorriso maroto. – É de Hermione Granger que estamos falando.

A morena se deixou sorrir também, mesmo com a dor das contrações retornando novamente. Ela fechou os olhos, e com os lábios entreabertos puxou uma grande quantidade de ar dos pulmões.

Ron sentiu os seus dedos serem apertados com força. Definitivamente, a hora estava chegando.

— Temos que ir ao hospital. – o homem disse.

Mione assentiu, obediente. Ron parecia tão calmo, tão seguro do momento, que ela mesma não se permitiu entrar em pânico. Ela confiava inteiramente no homem ao seu lado. Os dois já haviam passado por situação semelhante antes, o melhor momento da vida de ambos, juntos.

Ao seu redor, as pessoas que antes estavam congeladas pela surpresa, começaram a se articular as pressas, num caos organizado, a desempenhar as suas funções de ajuda.

De mãos dadas com o ex-marido, a única coisa que Hermione desejava era chegar ao hospital a tempo.

 

 


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?!
Me contem aqui nos comentários! Eles são muito importantes para a evolução da história! (e podem ajudar a postagens mais rápidas ;] )

Para quem não conhece ainda, eu tenho uma página onde posto os links das histórias, alguns spoilers de vez em quando, umas novidades também... Dá uma chegadinha lá!
==> https://www.facebook.com/Mrs-Ridgeway-1018726461593381/

Beijos e até dia 09!



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