A Verdade Por Trás das Emoções escrita por deboradb


Capítulo 8
Desprezo.




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Sabe aquela ausência de consideração? Sem apreço nem estima? Aquela sensação que eleva o espírito, fazendo com que o individuo não sinta medo, inveja, cobiça e nem desejo? Aquele desapego sabe? Seja por bens materiais ou por pessoas. Aquela sensação de repulsa. Sim, esse sou eu, o Desprezo.

Muitos já conheceram essa parte das emoções, outros ainda irão ter o desprazer de conhecê-la. Você deve está se perguntando por que estou falando assim do meu próprio eu, estou certo? Pois bem, eu até posso ser o Desprezo, mais isso não quer dizer que eu goste de quem sou. O desprezo é um sentimento amargo, tanto aquele que desfere, quanto aquele que recebe. Quando desprezamos, precisamos refletir profundamente os motivos que nos levaram a agir de tal maneira. Pode parecer que não, mas quando temos esse sentimento por alguém, podemos estar sofrendo tanto ou até mais do que aquele que é o alvo da nossa falta de apreço.

Desprezar significa colocar-se geralmente em um degrau de superioridade e arrogância, avaliando seu alvo com pouco caso ou até com uma dissimulada indiferença. Indiferença, que não é verdadeira, porque se assim o fosse, não perderíamos nosso tempo tentando atingir o outro, porque, na verdade, é isso que aquele que despreza deseja: ferir o outro. O olhar de menosprezo é um olhar inadequado. Todos somos importantes e temos nosso valor aos olhos do criador, independente de nossa religião, status social, posição profissional ou preferência. Como um arquiteto poderia ver a sua obra finalizada, se não fossem os seus construtores? Perfeitos ou imperfeitos, todos desempenhamos nosso papel no universo, e acredito que “ao seu modo”, ninguém tem como prioridade desempenhá-lo de maneira errada ou inadequada.

Se alguém nos incomoda e o tratamos com desdém, convém fazermos uma analise profunda dos reais motivos que estão por trás de tal atitude. Com certeza, se agirmos com critério, poderemos também captar uma mensagem implícita neste contexto de julgamento. Aquele que é desprezado sente a dor do desprezo, mas convém àquele que desdenha e sente prazer nisso, avaliar o motivo de tão limitada visão. Com que pretensão nomeamos, julgamos ou condenamos? O que estaria por trás dos atos de desprezo, desferidos a alguém? Através de nossas carências e fraquezas estamos também nos tornando avalistas do nosso próprio adiamento evolutivo. Você se preocupa em desprezar alguém? O quanto você se importa de verdade com ela? Pois saiba que, por trás do desprezo, pode existir outro sentimento mascarado que talvez não queiramos admitir nem a nós mesmos.

Sim, por trás do desprezo a muitos sentimentos mascarados. Muitas vezes uma pessoa passa a desprezar os demais por medo. Isso mesmo, por medo. Todos um dia já se apaixonaram perdidamente por alguém, e se não, ainda hão de se apaixonar. Uma das virtudes que o ser humano possui é a capacidade de amar, seja um amigo, familiares ou namorados. Mas vocês já devem saber que, muitas vezes, amar demais trás consequências não tão boas assim. Às vezes você se entrega de corpo e alma a uma pessoa, a ama incondicionalmente e muitas vezes não recebe nada em troca. É angustiante, eu sei. Muitas vezes também você se joga de cabeça em uma relação e no final, acaba quebrando à cara. Você se machuca profundamente e por medo de que isso um dia possa voltar a acontecer, promete a si mesmo que nunca mais irá apaixonar-se novamente, que nunca mais terá seu coração quebrado novamente e assim, começa a desprezar tudo e a todos que se aproximam. Você se torna uma pessoa fria, arrogante, e só quer ferir os outros, só quer que eles sintam a mesma dor que um dia você sentiu. E se no começo você só desprezava, no final acabou virando o desprezado.

O desprezo muitas vezes também vem do medo de revelar ao mundo quem você realmente é. A sociedade também contribui muito para que isso ocorra, pois eles têm aquela visão ultrapassada e preconceituosa demais, fazendo com quê muitos se escondam atrás de uma mascara de indiferença, e para que os demais não descubram seu verdadeiro eu, acabam adquirindo o habito de desprezar. Bom, desprezar pode até ser o caminho mais fácil para suportar certas coisas, mas acreditem, não é o menos doloroso. Muitos, ao optarem pelo caminho do desprezo, acabam ficando ainda mais magoados e angustiados, no pior dos casos, alguns até tiram a própria vida.

Porém, o desprezo tem sempre dois lados: quem despreza e quem é desprezado. Assim fica a pergunta: como quem é desprezado reage ao desprezo? A resposta perfeita para essa pergunta é a pessoa que “precisa” ser amada pelos outros. Este tipo de estrutura sempre sofre muito com o desprezo e o pior, em geral se apega às pessoas, situações, empregos que o desprezam. Por quê? Porque estes “não a amam” e ela “precisa” fazer com que a amem. Parece complicado? E é! Além de ser complicado gera um monte de dor desnecessária.

Em certos casos, quando sofremos por causa do desprezo, é porque estamos presos na armadilha de precisar da valorização do outro, desta maneira quando somos desprezados sentimos que nosso maior medo está se tornando realidade e, portanto, devemos fazer todo o possível para evitar isso, e é com esta decisão que acabamos presos numa armadilha dolorosa.

São questões bem complexas devo admitir, mas vocês devem estar se perguntando: “Mas, de onde você surgiu? Como surgiu?” Bem, eu surgi do Ódio, que surgiu do Amor, que surgiu de um ato de Bondade. É como um ciclo, onde as atitudes – pensadas ou não – acabam gerando consequências, e foram essas consequências que nos geraram, foram dessas consequências que surgiram as emoções. Funcionamos como uma grande empresa, onde cada emoção/sentimento tem seu setor e suas funções. Somos responsáveis por gerar o caos, mas também por gerar a calmaria. Somos irmãs, amigas, inimigas, amantes, muitas vezes até desconhecidas. Na maioria das vezes somos complexas e difíceis de entender, mas também somos fáceis de interpretar. Mas diferente das outras emoções – tirando a Solidão —, eu prefiro me manter longe e afastado de tudo aquilo que possa vir a me fazer mal. É meio solitário às vezes, devo admitir, mas depois de ver tudo pelo que o Amor e o Ódio passaram, de todas as brigas, de todas as palavras ditas e que consequentemente os magoaram, resolvi fazer o que sei de melhor, desprezar.

É. Esse sou eu, o Desprezo. O comportamento próprio de quem não se importa. Que age com indiferença, com ausência de consideração, de cuidado e de atenção. Sou aquele que de tanto desprezar, no fim das contas, acabou se tornando o desprezado.

“O desprezo é uma pílula amarga, que se pode engolir, mas que não se pode mastigar sem fazer caretas.”

— Molière


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