Não sabia o que procurava. Dizia que estava atrás de experiências, o peso de uma vida monótona colocado sobre o meio do meu peito me tomava o ar. Eu precisava de uma atitude de coragem para me livrar daquilo. Pois bem, tive. Eu parti por onde pensei que fosse mais simples, afinal tinha que levar em consideração alguns pontos complicados, tal como o maldito armário. Então eu pedi a ajuda da tecnologia, baixei o app, vi pessoas, até conversei com algumas. Daí veio você. A primeira foto me deixou curioso, fui ver as outras, e nossa...  tu sabia mesmo se vender. Eu me apaixonei por elas, pelo teu sorriso largo, pela forma como teus óculos se enquadravam no teu rosto. Na primeira mensagem que mandei, disse como aquelas luzes ficaram lindas, depois pedi para me ignorar, o que pode ter soado bem estranho e tudo que eu queria naquele momento era não parecer um maluco.  Bem, de princípio foram as fotos, porque nem duas frases tinham naquela tua descrição. Depois eu deslizei meu dedo para a direita, a tela mudou e para minha surpresa a gente combinou, ali, pelo app, depois, em muito mais. O primeiro encontro foi engraçado, os beijos desconcertados, a conversa boa, os sorrisos bobos. E continuou. Veio o melhor feriado, decretado graças a tua companhia, dias de folga recheados com as melhores conversas e refeições, principalmente aquelas em que comíamos as orelhas da padaria do lado de casa. Foi uma pequena prova do que seria viver contigo por perto e desde então eu não quero voltar para o estado anterior, aquele em que eu não te tinha.

 A partir daqui eu sabia, mesmo que um nó na minha garganta se formasse e aquela voz insegura na minha mente dissesse que não era tempo, eu sabia. Havia todos os sinais. O meu abraço que se encachava tão bem no teu, o meio sorriso que se formava quando tu ficava me fitando e a visão dos teus olhos de matiz, valor e croma desconhecida, mas que me aquecia, aquece, ainda mais quando é de perto e depois de um beijo demorado. Eu retardei um pouco para dizer que te amava, mas tenha certeza que não demorei em sentir.

Na verdade, no dia que tu sussurrou que me amava, dois segundos antes e pensei em dizer o mesmo, mas eu fui surpreendido, tu estragou meu plano, a tua declaração anularia a minha ou pior, a transformaria em um simples eu também. Então eu esperei e é engraçado pensar que quando o momento chegou, lá estávamos nós, naquele mesmo lugar. Eu estava te abraçando forte, quando a vontade de me expressar ficou forte demais e eu parei, me afastei um pouco e disse da maneira mais boba, talvez, mas na minha cabeça estava claro: foi recíproco desde sempre, tu sabia que era diferente da mesma forma que eu, não tinha como elaborar uma frase diferente.  Então, eu tô aqui novamente, brincando com as palavras, passando do tempo, tentando encontrar uma foram criativa de te dizer, te fazer sentir o que eu sinto porque... Ei, tu sabe que eu te amo?