— Faz um mês baixinho que você veio parar nessa cama de hospital — dizia enquanto aperto de leve sua mão. Soltava apenas por alguns instantes, pois buscava por uma cadeira não demorou muito para que ela se acomodasse se perto da cama, pegando novamente na mão dele, segurando-a com cautela para que não machucasse ou pela sorte que tinha fazer com os fios dos aparelhos ligados a Levi perdessem o contato com o corpo de seu marido.

— Sabe baixinho, não é apenas eu que sinto sua falta Ushio sente também você se lembra dela não lembra? Claro que lembra você não tem amnésia apenas esse maldito problema no coração.

Dois dos médicos olhavam de longe a cena da mulher conversando com o marido, tinham pena sim por que na lista de espera para um coração novo Levi Ackerman era o ultimo e infelizmente não podiam fazer nada apenas manter o corpo intacto ainda ligado aos aparelhos.

— Pelo menos ela mantém as esperança de que um dia ele acorde e fiquem juntos novamente — disse um homem de estatura mediana possuidor de uma barba mal feita e pele um pouco escura.

— É admirável de fato — retrucava o loiro que esse era alguns centímetros mais alto do que o outro homem, cabelo raspado ao estilo Hitler divido com uma por poção desigual ao lado esquerdo vinham, mas mexas do que o direito que de vez em quando se juntava as outras. As orbitas azuis colocaram sobre a mulher e o homem na sala, — Mesmo assim é sempre a mesma coisa ela chega sozinha de inicio aperta a mão dele e depois pega a cadeira e fica falando sabe-se lá o que. Depois de algum tempo ela sai e vai tomar café dai os familiares chegam à garotinha que é filha deles junto com um homem e um garoto loiro que presumo serem amigos do casal.

— Ele por acaso tem alguma chance de sobreviver? — perguntava.

— Sinceramente?Não ao menos que apareça um doador do nada, ele não tem chances.

Enquanto isso dentro do quarto, Hanji olhava esperançosa que ele se recuperasse e voltasse para ela, não só a ela mais para sua filha também e seus amigos. Permitiu-se ter lembranças do ultimo momento intimo que teve com ele o que disse principalmente, se lembrava do toque da mão do moreno na sua pele alva era tão delicado e cuidadoso quando a tocava isso era estranho ate para alguém que aparenta ser uma pessoa bruta, com ela Levi Ackerman não era de vez em quando sim apenas momentos de puro prazer que soltava sua brutalidade não toda, pois Levi jamais machucaria ou levantaria a mão para Hanji Zoe, ele a amava mais do que a si mesmo.

''A mão do homem percorre com cautela minha face de imediato sorrio com o toque, tão gentil tão delicado para alguém bruto''.

— Eu não vou deixar você morrer Levi — disse deixando um sorriso sincero escapar. ''

Foram suas ultimas palavras ao homem que amava antes dele simplesmente cair duro sobre ela. De todos os momentos que tiveram juntos esse foi o que Hanji sentiu que iria perde-lo, foi a primeira vez que sentiu medo, felizmente a mulher foi rápida em chamar a ambulância e levar as pressas o corpo do homem ao hospital. Naquela noite Ushio não se encontrava em casa era para ser uma noite apenas dos dois então Hanji mandou a pequena a casa dos tios onde a pegaria de manhã, no dia seguinte Hanji realmente não estava bem passou a noite no hospital a espera de alguma noticia sobre o estado de Levi e apenas o que recebeu foi, '' Estamos fazendo o possível senhora fique calma ''.

Aquilo não a acalmava pelo contrario a tirava do serio queria saber o que aconteceu para que ele ter reagido daquele jeito quando falou aquelas palavras será possível que palavras matam? Não isso é apenas uma baboseira elas afetam sim, porém matar? Não chegam a tanto.

Chegava à porta da casa de Armin e Steve batia três vezes e não demorava para que o loiro viesse com a menina em seu colo que assim que viu a mãe estendia os braços , Hanji a apertou contra o corpo deixando uma pequena lagrima caindo por seu rosto, Ushio se desgrudava da mãe um pouco o bastante para que visse seu rosto e assim o limpasse, — Mama — falou a pequena. 

   As únicas palavras que Hanji conseguia pronunciar foram, — Vai ficar tudo bem. Armin não entendia nada do que se passava e estava ficando preocupado em ver a amiga daquele jeito, a mulher se despediu e disse que explicava depois.

O olhava novamente pareciam tão calmos tão tranquilos como se estivesse em um universo paralelo daquele em que vivia, em compensação Hanji estava realmente um lixo os olhos cor de chocolate cansados pelas noites em claro e algumas que eram acompanhadas pelo choro que a mulher deixava escapar o choro em que ela não o teria de volta.

Hanji se levantava se erguia um pouco e selava os lábios sobre a testa do moreno, acariciava ali algum tempo depois saia do quarto em busca de café.

Suas mãos tremiam ao pegar o copo que guardava o liquido que vinha tomando frequentemente naquela semana, deixou Ushio com os tios, pois sabia que ia ser bem cuidada se ficasse lá e uma vez por semana ela vinha e visitava o pai e falava que a mãe precisava sinceramente de um bom e longo banho. Hoje não era dia da menor vir visitar amanhã seria e talvez quem sabe Ushio arranque algum riso da mulher que não sorri a dias.

Batucava os dedos no copo enquanto observava os pacientes do hospital se descontrolarem por não serem atendidos por ordem de chegada, era quase como ver um banho de sangue pessoas reclamando do mau e dos funcionários que os olhavam com cara feia como se fossem vermes, porém não eram todos, um ou outro por ser mais branco e ter a pele muito bem cuidada olhava os demais desta maneira.

Hanji solta um riso forçado com o cenário que via bebericando um pouco do café, estava parada no meio da sala de espera quando sentia alguém tocar-lhe o ombro.

— Senhorita?

Ela virava a face para olhar a pessoa e via que era um dos ajudantes dos médicos que tratavam seu marido, não era muito alto em comparação a mulher apenas alguns centímetros de diferença cabelos recém-aparados com a franja apoiada de um dos lados da cabeça, olhos verdes.

— Ah Eren... , além de ser um dos médicos que estavam na equipe que cuidava de Levi e dos outros pacientes com o caso semelhante, era também amigo da família Ackerman e amigo de Levi de infância mesmo Levi sendo uns quatro anos mais velho que Eren.

— O quê foi? Aconteceu algo? — perguntava demonstrando aflição.

Eren não sabia ao certo como dar essa noticia a Hanji, sabia que toda vez que mencionavam o estado de Levi ela entrava em desespero e então tentavam acalma lá falando que vai ficar tudo bem que ele não vai morrer que vai vê-lo novamente, no fundo Hanji sabia que não era bem isso que aconteceria.

— Vamos ter que desligar os aparelhos hoje Hanji já faz um mês que Levi está em coma e continuamos na mesma coisa. Levi não vai subir na fila de espera a menos que aconteça algum milagre.

— Ou se alguém se sacrificar?Se abrir mão da própria vida para dar a ele? - Perguntava apertando o copo ao corpo.

— Sim, porém acho que isso é difícil de acontecer não acho que alguém vá abrir mão da vida para dar para outra pessoa.

— Quanto tempo tem até desligarem todos os aparelhos?E quanto tempo levaria uma cirurgia dessas? — A mulher começava a bombardear o homem de perguntas e a cada uma delas seus olhos iam ficam levemente arregalados as mãos pressionavam o copo cada vez mais ao corpo diretamente ao coração.

Eren depois de analisar o comportamento e reação de Hanji sabia o que as palavras dela queriam dizer. Sabia o quanto Hanji era apegada a Levi e faria de tudo mesmo para que aquele homem ranzinza sorrisse. Até mesmo dar sua própria vida.

— Vão desligar os aparelhos pela manhã Hanji e uma cirurgia dessas levaria na cerca de algumas horas. —  Ele respondia com calma e sem levantar a voz assim à mulher quem sabe pudesse se acalmar, pois já não demonstrava mais estar em si mesma.

— Certo eu tenho uma coisa a fazer antes, diga que Levi recebera sim um coração. — indagou dando as costas ao medico que não ficava surpreso com a reação dela.

Ela começou a andar pelos corredores largava o copo em uma das mesas que havia perto de um dos lances de cadeira, ela corria o máximo que podia até uma parte deserta do hospital. Subiu com pressa as escadas chegando ao ultimo andar do hospital, lá ela agarrou forte a si mesma se abaixou no chão deixando as mexas cor de chocolate cobrir a face por inteiro, e então liberava as lagrimas que queriam sair.

— Aaaaaaaaah, que merda! — gritou.

Levava aos poucos os dedos aos cabelos escuros cravando-os na cabeça apertando um pouco. - Eu não vou deixar que você vá baixinho não vou mesmo que para isso eu tenha que morrer .

  Mais algumas lagrimas desceram pelo rosto da mulher com o cabelo agora um verdadeiro horror, colocava as palmas das mãos no rosto enxugando a face, mesmo assim seus lábios saborearam das lágrimas que escorreram, molhados. No fim das contas seria assim, eles não poderiam ficar juntos, ela não poderia reclamar da comida dele por mais que fosse ótima.

Desceu as escadas com calma, começando a andar pelos corredores do hospital novamente e então quando adentrava o corredor principal via Eren conversando com uma amiga, uma jovem da mesma idade cabelos negros e era oriental não se lembrava do nome apenas da beleza que ela guardava. Soltava um sorriso fraco enquanto passava por ambos e ao vê-la Eren parava de olhar a morena a sua frente colocando suas orbitas na amiga.

— Você tem certeza? — perguntou quando ela passou ao seu lado.

— Tenho — respondeu. E ele apenas assentiu com um aceno de cabeça.

No instante que chegou a sala de espera Hanji foi recebida por sua filha que correu ao ver a mãe adentrar o local, com os bracinhos esticados e gritando, — Mama Mama. O impacto no corpo de Hanji só foi o bastante para que ela tropeçasse e então colocasse suas mãos no corpo da menor a erguendo no ar, deixou seu sorriso largo escapar, todavia para uma criança Ushio não era boba entendia muitas coisas que normalmente as crianças de sua idade não entendiam com tanta clareza como a pequena Ackerman entendia.

Ushio não disse nada e sim fez ela grudou seu corpo ao da mãe passando os pequenos braços por volta do pescoço da mulher e quando chegou sua cabeça perto da mais velha ela dava um beijinho na bochecha e dizia em tom de sussurro, — Vá fica tudi beim.

Zoe levava sua mão até os cabelos da menor e acariciava, — Vai sim. Deixava seus olhos ali por um tempo depois olhava os demais ali presentes, Steve e Isabel. Armin não quis vir foi o que Steve disse pelo menos. Aproximava-se dos dois com a pequena no colo começando a conversar pouco bem pouco mesmo não queriam mencionar nada que Ushio se desse conta que iria acontecer como a talvez morte do pai.

Isabel olhava a mulher um tanto surpresa ela que acompanhou a trajetória do namoro de ambos e achava sinceramente que os dois acabariam separados e cada um ia para o seu canto só que não foi bem isso que aconteceu realmente foi o oposto, pois por mais que uma coisa seja frágil e esteja quebrada tem sim um jeito de se concertar basta você querer.

Steve apoiava ambos desde suas mil e uma confusões, não foram poucas realmente, o homem contava desde o dia que ela entrou na vida de Levi o quanto ele mudou e isso mais aquilo, sofreu? Sim ele sofreu. Queria odiá-la no fundo do coração queria esquecer e o aconteceu foi exatamente o oposto.

Hanji Zoe entregava a pequena a Steve se despedia dos demais e ia caminhando até os atendentes do hospital pediu a um dele um papel e uma caneta. Voltou ao local onde Steve, Isabel e sua filha se encontravam. Sentava-se na cadeira perto de Steve que estava com a pequena no colo dormindo e então ela começava a escrever.

'' Querido. Ah que bosta não vou começar formalmente não. Tá de novo. Levi quando ler isso pode ser que vai sim me odiar pelo o que fiz que foi te deixar, vai por mim é a ultima coisa que iria fazer na vida, pois prometi a você , não importasse o que acontecesse o que houvesse ficaria ao seu lado tampinha. Não tive opção já faz um mês que você esta inconsciente e agora iriam desligar os aparelhos e ai sim você estaria morto.

  Chame-me de fraca por não aguentar ver quem eu gosto morto, eu não aguentaria viver em um mundo onde você não está. Poderia seguir a minha vida, não quis eu prefiro ver você vivo a continuar viver. Desculpe-me sei que odeia fraqueza.
Sei que com você Ushio vai ser bem cuidada e vai crescer bem. Olhe isso tudo tem um lado bom, você não vai discutir com ninguém mais e não vai ter alguém que implique com você, creio que nesse instante me chame de idiota por achar isso uma coisa boa pelo menos à parte de não discutir mais é a meu ver. Posso não estar ai com você fisicamente, mas pense que estou sim com você baixinho toda vez que você por a mão sobre seu coração. Uma coisa quando voltar para casa leia um de meus livros com a capa vermelha você vai gostar, pois é o meu diário. HanjiZoe”.

Assim que terminava de escrever dobrou com cuidado e guardou no envelope pedindo a Steve que entregasse a Levi mais tarde depois disso se despediu de cada um não acordando Ushio. Saia do local com certo pesar no coração por deixar a filha, era uma situação realmente complicada. Porém a morena já tinha se decidido então foi em busca de Eren que permitiu que ela desse uma ultima olhada em Levi que ainda permanecia do mesmo jeito.

Ao adentrar a sala Hanji levava as duas mãos ao coração as juntando em uma bola que logo se desfez quando ficou lado a lado do homem. Os lábios se aproximaram dos dele os selando, - Até baixinho - sussurrou. Provar do gosto dos lábios dele pela ultima vez. Saia da sala às pressas indo até a seguinte onde faria a operação.

Algumas horas depois Hanji já se encontrava morta e bem Levi? Estava entrando em operação demoraria claro, contudo seria bem feita pelos médicos de elite daquele hospital que eram na verdade muito amigos de ambas as partes tanto como Hanji tanto como Levi.

Levi então começava a se mexer aos poucos abrindo seus olhos cinza vendo a sala de hospital que era simples, pintada de tons pastel com moveis da cor branca. Uma maca no centro da sala com os aparelhos necessários ao lado e não muito longe uma cadeira, o moreno tinha a sensação de que alguém esteve lá para ele àquela cadeira fazia par com as outras que se encontravam afastadas. Levava as mãos até os lábios os tocando, — Hanji... — dizia.

— Ah vejo que acordou — falou Farlan praticamente invadindo o quarto de hospital.

Farlan era alto e tinha cabelos cor de ouro com orbitas escuras e pele clara, um corte jovial assim como era o corpo do homem de vinte e cinco anos de idade. Vestia um jaleco branco que continha uma blusa preta por baixo e calça social assim como os sapatos.

— Pode me explicar o quê houve? — perguntava Levi um tanto impaciente.

— Bem creio que seu amigo possa explicar melhor do que eu, foi o que ele disse pelo menos. No segundo que terminava de falar fazia um sinal com a mão permitindo que Steve adentrasse o quarto com Ushio no colo. A pequena ao ver o pai acordado sorriso luminosa esticou os braços para que o mais velho a pegasse. — Papa —- falava freneticamente.

Levi ao ver a reação da filha corava achava bonitinho quando ela a chamava assim mesmo que na maior parte das vezes ele a corrigia, mesmo assim ela só tinha dois anos de idade não exigia muito da menor, pois sabia que logo iria pegar o gosto pela leitura igual a mãe . Hanji... Levi se perguntava mentalmente onde ela estava e por que Steve explicaria? E não ela? Por que ela não veio vê-lo? Pegou a filha no colo com cuidado a colocando sentada sobre suas pernas, tomando bastante cuidado para que os fios que estavam presos ao seu corpo não desgrudassem dos aparelhos. Steve enquanto isso pegava a cadeira e sentava ao lado dos dois, automaticamente Levi colocava suas orbitas cinzas sobre o amigo pedindo por uma explicação.

— Ela pediu para te entregar isso — soltava guiando a mão ao bolso do casaco tirando de lá um envelope que continha as iniciais de Hanji na frente.

Praticamente agarrava o envelope assim que o via, segurando Ushio com uma mão e com a outra rasgando o mesmo. Começava então a ler aquela letra desenguiçada que Hanji tinha não entendia quase nada para alguém que costumava escrever tanto como ela poderia ter uma letra mais bonitinha pelo menos ele achava que sim. Lia aquilo não acreditando no que ela havia feito, Ushio ia ser sim bem criada por ele só que ela precisava de uma mãe pela mor Hanji você perdeu a cabeça? . Assim que terminava de ler um fino filete de lágrima queria sair por seu rosto ele não permitiu deixou no mesmo lugar, largava a carta e levava a mão ao coração colocando dois dedos sobre o local, virava a face e pedia uma resposta do amigo.

— Sim é verdade ela morreu pela madrugada e assim que terminaram com ela vieram colocar em você — respondia. Levi ao digerir tais palavras ficava mudo, a reação dele foi apertar Ushio ao corpo de modo que não sufocasse a menor, eram raras as vezes que aquele homem demonstrava que tinha sentimentos. A menor em resposta envolvia os bracinhos pelo pescoço do pai o abraçando. — Papa — dizia a menor.

  Ao ouvir Levi só a apertou mais forte ainda sem a machucar. — Quatro olhos idiota.