Depois do fim - Peeta e Katniss escrita por Carolam1


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Depois de 84 anos, aqui está um novo capítulo para vocês! Curtinho pois escrevi na aula, mas não queria deixar de postar mesmo assim. Gostaria de agradecer ao único ser de luz que comentou minha fic, esse capítulo é pra você!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/734057/chapter/4

CAPÍTULO 4

POV PEETA

Minha mente borbulha pensando na última conversa que tive com Dr Aurelius.

— Talvez a cura completa nunca aconteça, Peeta. A mente é um campo complexo de tramas, que cria mecanimos adaptativos conforme estímulos recebidos. Durante sua tortura, foram alteradas algumas áreas do seu córtex, área cerebral responsável pela criação e armazenamento de suas memórias. Ao apagar memórias antigas e associar novas lembranças com a dor causada pelo veneno das teleguiadas, seu cérebro criou um mecanismos de evocação baseada nos acontecimentos que ativem gatilhos...— Minha atenção às informações passadas se dispersou a partir do momento que ouvi a possibilidade de não haver cura. Nunca. Todos os meus pensamentos sobre um futuro e uma família foram abaladas após essa constatação. Não posso voltar ao Distrito 12 se ainda sou uma ameaça à vida de Katniss. – Você está escutando, Peeta?— aceno de forma afirmativa com a cabeça, mesmo não fazendo ideia do que o médico acabou de falar. — Isso não significa que todos os dias você terá um surto, sua vida pode continuar normalmente desde que tome seus remédios e evite ativação de gatilhos. Muitas vezes estes são ativados pelo tom de voz utilizado, as palavras escolhidas ou momento errado da comunicação, o que sua mente pode interpretar como algo negativo.

Então sempre serei uma ameaça para a Katniss?— questiono enquanto sinto todos os meus planos indo por agua abaixo.

Não sabemos ao certo qual será sua reação durante o reencontro. Normalmente, eu indicaria que você evitasse o distrito 12 e o contato com memórias evocativas dos jogos.— o encaro com olhar confuso, sem saber ao certo o que fazer. — Porém, sei que você não será feliz nessas condições, e, após todas as sessões, acredito no seu poder de recuperação. Sempre estaremos a sua disposição para eventuais acontecimentos e manteremos contato semanalmente para avaliar seu progresso.

Me despedi da equipe do hospital e separei meus poucos pertences (em maioria quadros pintados). Effie estava à minha espera na porta do hospital e não parou de conversar durante todo o trajeto para a estação. Nenhuma novidade até agora. Conversamos (ela na maioria das vezes) sobre a eleição de Paylor como líder do novo governo, após votação justa com participação de todos os distritos, ou o que sobrou deles. Também falou que todas as decisões tomadas no governo de Coin foram revogadas, inclusive a nova edição dos jogos com as crianças da Capital. Fiquei surpreso e feliz ao ouvir que todas as arenas foram destruídas, que todos os distritos estão recebendo as mesmas quantias do governo, e que os habitantes da Capital estão tendo que se adaptar aos novos padrões, sem luxos e desperdícios. Tantas notícias favoráveis retiraram por um breve momento as minhas preocupações acerca do meu tratamento. As pessoas estão superando e seguindo em frente, o que acende uma faísca de esperança de que eu posso seguir em frente também.

Me despeço de Effie após muitas recomendações e cobranças de visitas futuras e ando até meu vagão no trem que tem como destino o Distrito 12. A viagem transcorre sem muitos acontecimentos e chego à estação no outro dia. Não há ninguém à minha espera. Tentei contato com Haymitch na semana antes da minha alta, porém ninguém respondeu. Pego minhas malas e caminho lentamente em direção à saída. Decido pegar um caminho alternativo, beirando a cerca da floresta. Não quero encarar a destruição causada a meu distrito, não agora. Atravesso a cerca, não mais eletrificada e me arrisco a analisar as plantas ali presentes. Lembro dos desenhos que fiz sobre cada uma delas, lembro de todos os rascunhos que fiz até que Katniss me permitisse riscar o livro original. Caminho até que algo me chama a atenção. Alguns arbustos frágeis com flores amarelas estão balançando ao vento. Prímulas noturnas. Não são muitos, cerca de 5 a 6, continuo meu trajeto amadurecendo uma ideia que surgiu em minha cabeça.

Chego na Vila dos Vitoriosos e observo a vizinhança. Nenhum sinal de vida.  Suspiro enquanto subo as poucas escadas da entrada e destranco a porta. Tudo está exatamente como me recordava. Uma lágrima solitária desce enquanto tento afastar esses pensamentos negativos. Subo as escadas e tomo um banho quente. Como algo rápido com os condimentos que restaram  e foco meus pensamentos na ação que será realizada amanhã pela manhã.

Levanto com o amanhecer. Dormir não é a melhor parte do meu dia, com todos os pesadelos intermináveis. Pego o que preciso nos fundos da casa, onde antes existia um pequeno jardim e me direciono à floresta. Cavo em volta dos 5 arbustos frágeis e os posiciono com cuidado no velho carrinho de mão. Empurro vagarosamente o carro enferrujado pela falta de uso até que chego ao meu destino. Começo a escavar a terra seca que fica na frente da casa de Katniss e posiciono o primeiro arbusto no buraco feito. O sol já está forte e penso em como um copo de água cairia bem agora.  Me concentro em minha tarefa. Após plantar o segundo arbusto, ouço o trinco da porta e passos apressado em minha direção. Me levanto, temendo pelo que está prestes a acontecer. Katniss está parada me encarando. Sua pele não tem mais a cor de oliva que tanto me chamava atenção, está pálida, magra, com olheiras fundas e o cabelo emaranhado. Ela me encara enfurecida após um rápido olhar para as plantas. Ao olhar novamente, seus olhos se enchem de lágrima e posso sentir sua dor.

Prímulas norturnas. Achei no perímetro da floresta e pensei que seria uma boa homenagem para ela.— Katniss acena com a cabeça e encara o chão. – A propósito, Dr Aurelius pediu para avisar que não poderá fingir que está te tratando para sempre, você tem que atender o telefone.— Ela olha para mim, vejo que aqueles olhos que antes pareciam uma tempestade enfurecida perderam seu brilho. Ao derramar uma lágrima, ela corre para dentro de casa, batendo a porta atrás de si.

Continuo a plantar os arbustos enquanto reflito se foi uma boa ideia acessar memórias tão dolorosas em nosso primeiro reencontro. Termino minha atividade e volto para a minha casa. Fome não parece ser uma visitante no dia de hoje. Tomo um banho e caminho em direção à casa de Haymitch. Encontro o velho bêbado deitado pelo chão , com várias garrafas o cercando. Tento acordá-lo sem muito sucesso, o arrastando semi-acordado para um banho frio. Cozinho uma sopa com restos comestíveis que encontro na geladeira e vou para casa com a esperança de que ele coma quando acordar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Depois do fim - Peeta e Katniss" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.