Miranda. Esse era o nome da vendedora da loja de tecidos. Ela tinha trancado a faculdade e decidiu voltar a morar em Sweet Amoris, porque sua avó não estava bem de saúde e precisava de ajuda na loja e, como a moça já planejava “abandonar” a faculdade, foi um desculpa perfeita para vir para cá. Bom, isto foi o que ela disse a Lysandre.

Depois daquele dia chuvoso, onde Armin “permitiu” que Lysandre “ficasse” com a garota da loja, os dois começaram a sair, mesmo ela sendo 5 anos mais velha do que ele, ela tinha assuntos no mínimo interessantes para o músico e por isso, continuavam saindo até mesmo rolava alguns beijos e “mãos bobas”, mas nunca passou disso, porque Lysandre ainda não se sentia 100% pronto, ou melhor, ainda havia um “obstáculo” (digamos assim) chamado Armin, que simplesmente não saia de sua cabeça.

Desde o dia em que Armin lhe beijou no ponto de ônibus e dois passaram a conversar, se tornando “amigos com benefícios” (segundo Armin). Desde aquele bendito/maldito dia, Lysandre estava impressionado com o seu colega de classe, que agora era seu amigo e alguém que compartilhava as informações sobre esse “novo namoro”, nem Castiel sabia direito do assunto, só sabia que seu amigo vitoriano estava “pegando” alguém.

— Eu não posso ir. — disse Lysandre a Armin.

Os dois estavam na sala de ciências na hora do intervalo, pois a próxima aula seria ali e queriam aproveitar para conversar um pouco, então, deram um jeito de sumirem das vistas de seus amigos, apesar de que Armin sabia que a qualquer minuto Lynn poderia aparecer ali, pois ela era uma garota muito hiperativa e fofoqueira.

— Está com medo do que pode acontecer? — perguntou o moreno arqueando uma sobrancelha.

— Não é medo, só não me sinto pronto.

— Não se sente pronto para fazer sexo com uma mulher mais velha e gostosa? Lysandre tem alguma coisa errada com você. — comentou, dando uma risadinha.

Para Armin era engraçado ver um adolescente não interessado em sexo. Era algo bem incomum. Porque mesmo sendo um gamer assumido e um pouquinho antissocial, Armin tinha bastante interesse em sexo.

— É quase isso, mas também não é isso... — Lysandre não sabia bem como explicar, não queria dizer que estava pensando muito em Armin ultimamente e que, de certa forma, isso o atrapalhava para avançar sua relação com Miranda.

— Você é virgem? — perguntou Armin curioso e olhando Lysandre nos olhos, estava sentando ao lado do mesmo.

Lysandre o olhou mais atentamente, mas depois desviou o olhar.

— Isto não vem ao caso. — respondeu, sentindo-se envergonhado.

— Eu não sou mais virgem. — declarou sinceramente, dando de ombros. — Perdi com 15 anos e-

— Não quero saber os detalhes, foi muito bom conversar com você. — dizia Lysandre se levantando e saindo dali, mas Armin foi atrás e o puxou de volta para dentro da sala, segurando seu punho esquerdo. — Armin, eu realmente não estou interessado em saber como foi. — completou, olhando-o e incomodado com a situação, porque no fundo não gostava de imaginar Armin com outra pessoa de forma tão intima.

— O que eu quero dizer é que não importa se você é virgem ou não, isso acontece naturalmente e assim que você se sentir preparado, apenas faça. — falou, soltando o punho do mais alto.

— Eu não posso fazer isso, porque eu não a amo. — retrucou, olhando-o.

— Isso é bem... “Vitoriano”. — comentou Armin olhando ao redor, era de se esperar vindo de Lysandre, mas mesmo assim continuava sendo engraçado para si, só que evitou qualquer comentário ou ação desnecessária, queria apoiar o seu amigo no seu momento de dúvida.

— E também eu gosto de você. — disse Lysandre antes que Armin pudesse fazer qualquer outro comentário. — Gosto muito mesmo.

Já havia algum tempo que precisava dizer tais palavras e mesmo entregando bombons em formato de coelhos nos dias dos namorados, o gamer não pareceu compreender seus verdadeiros sentimentos para com ele.

Armin o encarou por alguns segundos e Lysandre estava prestes a ir embora dali, cavar um buraco no clube de jardinagem e se esconder lá para todo o sempre. O moreno sentiu suas bochechas corarem, então, se lembrou da primeira vez que se beijaram e também quando o cantor lhe deu bombons de chocolate em formato de coelho no dia dos namorados. Como pude ser tão cego? Pensou consigo. Não havia notado que Lysandre começara a gostar dele de forma mais profunda, mas é sempre assim, ele notava a mudança quando as coisas não eram com ele.

E agora? Concluiu mentalmente. Não sabia dizer se sentia o mesmo pelo escorpiano. Era fato para si que gostava de estar com ele, de beijá-lo e até mesmo abraça-lo, mas... Seria isso gostar de uma pessoa para valer? Se fosse para seguir a lógica da sua louca amiga Lynn, seria sim. Já que é como ela sempre diz: “se você quer beijar a pessoa e quer estar na companhia dela, é porque você está apaixonado por ela”.

Institivamente Armin colocou uma mão no seu peito, sentindo seu coração bater forte e acelerado. As palavras de Lynn ecoavam pela sua mente. Ela tinha dito aquilo para Alexy, não para Armin, todavia, talvez isso valesse para qualquer pessoa.

Olhou o músico que o encarava esperando a resposta, talvez, mas também estava envergonhado e tinha um olhar brilhante, as pupilas dilatadas, ele estava determinado a continuar ali e, ao mesmo tempo parecia querer fugir e se esconder.

— Eu também gosto muito de você, Lysandre.

O sinal tocara uns segundos depois.

Lysandre precisou se conter para não abraça-lo e beijá-lo ali mesmo, não queria que o colégio inteiro ficasse sabendo logo de cara que ele e Armin estão namorando e, também precisava resolver as coisas com Miranda primeiro.

Foi isso que Lysandre fizera quando as aulas finalizaram naquele dia e foi ao encontro com Miranda. Não teve a oportunidade de falar com Armin após ambos se declararem, contudo, esperaria pelo amanhã ansiosamente.