Kagura passava todas as manhãs do mesmo jeito, quando não havia trabalho, claro. Ela e Gintoki comeriam, mais uma vez, arroz com ovo no café da manhã. Pouco depois, Otose iria cobrar o aluguel e ambos se esgueirariam para fora, pela janela dos fundos. Após uma longa perseguição, iriam com o Shinpachi à Yoshiwara visitar Hinowa e Tsukki. Observariam Gintoki apanhar até que estivessem satisfeitos com o trapo que Tsukki havia deixando o seu responsável e voltariam ao Yorozuya para almoçar, novamente, arroz com ovo. Almoço que foi jogado com força na cara do permanente natural.

Para Sougo, era um desprazer ter que acordar todas as manhãs com os berros de Hijikata. Indisciplina para cá, obrigações para lá... Era a baboseira de sempre. Depois de dormir na reunião matinal, iria até a loja de dangos ou à uma praça e dormiria por um bom tempo. Não, ele não estava matando trabalho, apenas encontrando coragem para fazê-lo. De 10:20 às 11:40 patrulharia pelo Distrito Kabuki, e talvez fizesse uma visita ao Yorozuya apenas para irritar a imigrante ilegal que o Chefe criava. Para o seu infortúnio, eles não se encontravam em casa e a única coisa que pôde fazer foi deixar laxante em algumas das poucas comidas da geladeira.

Após o almoço – ou horário de ver o Hijikata comendo comida envenenada por ele, o Capitão da Primeira Divisão encontrou um Gintoki desmaiado no chão, ao lado de cão gigante e do Shimura de óculos, que acudiam o Chefe. E Okita teve certeza que a sorte estava ao seu lado, sucesso em fazer o Hijikata impossibilitado de persegui-lo pela tarde e então, um belo e destinado encontro com a garota de roupas chinesas.

“O que você quer, pedaço de merda?” Foi a primeira frase que ela lhe disse.

“O que aconteceu com a sua educação? Ela desceu com a sua bosta hoje de manhã?”

A sua resposta foram 5 tiros que não o acertaram por muito pouco. Okita sorriu sabendo que havia conseguido sua diversão da tarde. Desembainhou sua espada e foi para cima da pirralha sem hesitação. Seu golpe foi bloqueado pela sombrinha roxa e foi chutado na perna. Aproveitou o pouco equilíbrio da garota e a derrubou, cortando seu braço de leve com a espada.

As pessoas na rua afastavam-se com medo de serem pegas na luta. Não entendia como ainda não tinham se acostumado, eles brigavam 3 vezes ou mais por semana, e isso já há um bom tempo. Não havia porque tratar como algo inédito.

Kagura não media força nos chutes e socos, nem mesmo quando o chutou nas partes baixas. E Sougo não media esforços em usar tudo que tinha para atingir a garota. Eles não falavam ou demonstravam remorso pelos estragos que causavam ao outro, apenas lutavam sem se importar com mais nada além de derrubar o oponente.

Não que Kagura fosse admitir, mas, lutar contra Sougo, dando tudo de si, sem se importar com nada, era divertido. O mesmo podia ser dito pelo rapaz.

No fim da tarde, ambos estavam sujos e possuíam machucados por todo o corpo. Okita percebia que perdera mais um dia de trabalho e teria que ouvir os sermões de Hijikata sobre negligência no serviço, enquanto Kagura pensava em como entrar no banheiro antes que Shinpachi ou Gintoki descobrissem que havia estragado mais uma roupa.

Jogando ofensas e palavras de baixo calão um para o outro, recolhiam seus pertences jogados no chão. Okita olhava a garota yato se afastar com o enorme cão ao seu lado pela última vez antes de se virar e seguir o caminho para o Quartel do Shinsengumi.

Simples assim, eles brigavam, se ofendiam e voltavam para casa sorrindo, vestindo os machucados como se fossem medalhas, como duas crianças.