Pacto Secreto escrita por Annie Felicity


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores.

Estava morrendo de saudades de vocês.

Espero que curtam minha nova fanfic.



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Washington (DC).

Ele acordou atordoado. Sua cabeça latejava de dor. Estava muito machucado, sentia o sangue escorrer pelo seu rosto e chegar à boca. Olhou em volta e viu que estava num terreno baldio, preso com as mãos para trás em um poste de madeira bem grosso encravado no meio do terreno. Ele gritou pedindo socorro, mas só conseguiu ouvir o eco da sua voz como resposta.

O rapaz sentiu um cheiro forte de gasolina que logo percebeu vir do próprio corpo. Baixou a cabeça com dificuldades e percebeu que usava vestes que pareciam da Idade Média: uma túnica de linho de mangas compridas, preta. E esta vestimenta estava encharcada de gasolina.

A uma distância de mais ou menos três metros havia uma pessoa vestida num hábito franciscano com a cabeça coberta com um capuz. Não dava para ver se era homem ou mulher e nenhuma palavra era dita por esse desconhecido.

— O que está fazendo? — o rapaz perguntou, arregalando os olhos em desespero quando viu que o desconhecido segurava uma pequena tocha acesa nas mãos. — Por favor, não faça isso.

No entanto, era tarde. O desconhecido soltou a tocha no chão e uma linha de fogo se formou chegando até o rapaz que estava amarrado, que sentiu seu corpo queimar. Sua pele ia se danificando à medida que o fogo aumentava, todavia a dor não diminuía. Imediatamente o calor e a fumaça queimaram as suas sobrancelhas e os cabelos, passando para a garganta e as vias respiratórias. Os gritos eram estarrecedores e ecoavam com força.

Aos poucos foi sentindo tontura e antes que morresse, perdeu a consciência. O desconhecido assistia a tudo bem satisfeito com o resultado.

***

Nova Iorque (Nova Iorque)

Na porta do fórum da cidade de Nova Iorque havia um amontoado de pessoas que faziam um protesto, vários cartazes com a foto de três mulheres com o mesmo biótipo: morena, entre 20 e 25 anos, olhos claros, mesmo porte físico. Havia também cartazes com pedidos de justiça.

Vários repórteres também estavam acampados. Alguns entrevistavam os manifestantes, outros falavam às câmeras, dando informações para quem acompanhava da TV. Assim que chegou o primeiro carro, a imprensa toda correu para entrevistá-lo. Tratava-se de um homem alto, caucasiano, olhos verdes claros, cabelos castanhos claros.

— Promotor Antony Berger, com a ausência da testemunha chave e sem qualquer prova física que o ligue ao caso, como achas que vai conseguir a condenação de Mike Stanley pelo assassinato de Sophie Baynes e outras duas mulheres? — perguntou um dos repórteres enquanto o promotor continuava subindo a escadaria para chegar a porta do fórum.

— Ele é culpado — respondeu o promotor —, isso não temos a menor dúvida. E mesmo com a ausência da testemunha, acreditamos na condenação.

Não deu tempo de fazer outra pergunta, pois o promotor entrou no tribunal. Mas o desânimo dos repórteres não durou muito, pois outras pessoas também chegaram de carro. Tratava-se de um homem de meia-idade que vinha acompanhado de outros três jovens robustos e sérios.

— Senador Baynes — perguntou o repórter ao homem de meia-idade —, acredita que Mike Stanley matou sua filha?

— Não posso comentar sobre o caso até sair a condenação — ele falou veemente, à medida que os três homens que chegaram com ele afastavam os repórteres; tratavam-se de seus seguranças.

Os repórteres continuavam a fazer perguntas de longe, mas ele se recusava a responder. Demorou muito até que conseguisse entrar no fórum.

Logo atrás vieram os agentes da Unidade de Análise Comportamental do FBI: agentes Hotchner, Gideon e Doutor Reid. E mais uma vez houve aglomeração da imprensa fazendo perguntas, no entanto nenhum dos três respondeu a nenhuma antes de entrar.

Dentro do fórum, os três se dirigiram à sala da promotoria. Lá dentro estavam o promotor Berger e sua assistente, uma jovem de 22 anos, morena, cabelos longos negros, ondulado nas pontas, olhos castanhos claros. Ambos sentados à mesa redonda que havia na sala com oito lugares.

Hotch fitou a garota e ela evitava encará-lo.

— Promotor Berger — falou Hotch estendendo a mão, ao mesmo tempo em que o promotor levantava-se junto com sua assistente.

— Como vai, agente Hotchner?

— Esses são o agente Gideon e o Doutor Reid — Hotch falou apontando para os dois que estavam ao seu lado.

— Muito prazer — respondeu o promotor apertando a mão dos dois. — Essa é a minha nova assistente, Wendy Prentiss.

A garota cumprimentou Gideon e Reid prontamente, mas com Hotch ela demonstrou estar incomodada, por isso foi rápida e ríspida. Então, eles voltaram a se sentar à mesa. Wendy ficou entre o promotor e Reid.

— Vi que você é doutor — ela falou baixinho para Reid enquanto os demais iam se ajeitando nas devidas cadeiras. — Quantos anos você tem?

— Tenho 25 anos — ele respondeu também baixinho.

— E já tem Ph.D.?

— Sim, tenho três.

— Nossa, é tão jovem. Você é um gênio ou algo assim?

— Não acredito que inteligência possa ser quantificada corretamente, mas eu tenho um QI de 187, memória fotográfica e consigo ler 20 mil palavras por minuto.

— Isso quer dizer que a resposta é “sim” — ela falou o encarando.

— Exatamente, eu sou um gênio.

O assunto dos dois logo cessou quando começaram a discutir o caso.

— Então, acha que temos chances de ganhar? — perguntou o promotor olhando para os três agentes.

— O perfil que fizemos é bem sólido e nos leva a Mike Stanley — respondeu Gideon —, mas com certeza a defesa vai usar o fato de não termos mais nossa testemunha chave e a ausência de provas físicas.

— O restante da equipe está trabalhando em achar a nossa testemunha chave: Kaley Larson, que está desaparecida há uma semana — completou Hotch. — Em razão de disso temos que atrasar o julgamento ao máximo que pudermos. Mas também temos que trabalhar com a hipótese da testemunha não aparecer.

Okay, entendi — respondeu o promotor. — Vamos recapitular o caso. Vejamos: Mike Stanley, técnico de eletricidade, 45 anos. É o sexto filho de um casal baixa-renda típico do Bronx, não é o filho mais inteligente, não é o melhor em esportes, não é o mais bonito, não é o mais bem-sucedido. É a ovelha negra da família. Mas ele consegue casar com uma mulher jovem e bonita. No entanto, tem uma vida medíocre, sendo traído pela esposa diversas vezes e não sendo levado a sério por ninguém.

— Depois que a esposa o abandonou, ele começou a matar. É isso? — Wendy pensou alto achando a relação um pouco sem nexo — Um homem que tinha uma vida pacata um dia resolve sequestrar suas clientes, as leva para um porão de uma residência rural que não deu para identificar o atual dono, as estupra e as tortura por três dias, para no último dia matá-las asfixiadas. A explicação é de que ele mata como uma forma de se vingar da esposa que o traía e depois o abandonou. Sem provas físicas, quem vai engolir essa história?

— Ele passou muito tempo sendo capacho da esposa e não era somente a respeito das traições — retrucou Hotch —, ela vivia fazendo insinuações de que ele era impotente, não dava conta de sustentar os luxos dela e outras coisas parecidas.

— Quando ela o deixou, isso foi um gatilho para a  manifestação da psicopatia dele — completou Reid. — Ele quis se colocar numa posição em que estivesse no controle e não sendo mais capacho. E matar por asfixia passa a ideia de intimidade com a vítima, ele também deixava as vítimas debruçadas com as mãos amarradas atrás, o que indica remorso. De alguma forma ele se sentia ligado às vítimas...

— Mas um crime motivado por uma paixão ou impulso é desorganizado, intenso, descuidado e mostra fragilidade e insensatez — respondeu Wendy interrompendo o raciocínio do rapaz —, e isso não é condizente com as cenas do crime das três vítimas.

— Sua observação é pertinente, assistente Prentiss — falou Hotch —, mas não podemos separar um perfil em dois extremos: o assassino movido pelo impulso e o assassino metódico. O perfil de Mike Stanley está em algum ponto entre esses dois extremos.

— Analisar perfis não é uma ciência exata, o homem é um ser de natureza ampla — completou Gideon. — Mike Stanley é focado, ele sabe que tem um objetivo, não deixando qualquer tipo de pista. Mas ele perde o controle facilmente, pois é movido pelo ódio que tem da própria vida.

— A assinatura dele são esses laços que ele usava para conter as vítimas, que eram iguais em todas as cenas de crime — completou o promotor Berger —, eles são únicos. Se pudéssemos de alguma forma ligá-los a Mike Stanley.

Eles ainda ficaram discutindo o caso até a hora do julgamento. Hotch continuava olhando a garota e ela o ignorando, sempre que precisava perguntar algo sobre o perfil do suspeito se dirigia a Gideon ou a Reid.

O senador Baynes chegou a aparecer antes do julgamento e conversou com o promotor e Hotch em particular. Ele cobrava a condenação de Mike Stanley.

***

O julgamento foi iniciado e o juiz deu voz a promotoria, logo o promotor Berger se posicionou na frente dos jurados, a assistente ficou à mesa somente observando e fazendo anotações.

O tribunal do júri estava lotado devido a importância do caso, ainda mais porque envolvia a filha de um senador.

— Senhores e Senhoras jurados — ele disse, segurando a foto de três jovens e mostrando para os jurados —, quero lhes apresentar Sophie Baynes, Eliza Monroe e Alicia Harmon, três jovens com a idade de 20 a 25 anos. Essas jovens tiveram suas vidas ceifadas por um assassino cruel e todas as evidências nos levam a Mike Stanley, que usava do fato de ser técnico em eletricidade para ter acesso a casa das vítimas sem questionamento...

O promotor Berger continuou com sua apresentação. Após encerrar, o juiz deu voz à defesa na pessoa da advogada Melany Sancler. Uma mulher muito bonita, de origem asiática, magra, cabelos pretos longos e lisos, presos num rabo de cavalo.

— Meus caros jurados — começou a falar Sancler —, tudo que se tem por parte da acusação contra meu cliente não passa de uma teoria. Não tem DNA, digitais, testemunhas, arma do crime ou qualquer outra evidência física. Tudo que eles tem é uma pseudociência barata baseada no estudo do comportamento humano. Uma análise totalmente subjetiva que pode se referir a 60% da população de Nova Iorque. Pode até ser que os crimes não tenham conexão alguma, mas isso não foi comprovado. E vocês não podem condenar uma pessoa a prisão perpétua somente com base num perfil que pode estar errado, como diversas vezes já esteve. É leviano...

O discurso da defesa continuou e já dava para perceber qual linha de pensamento seria usada para defender Mike Stanley: focar em casos em que o perfil comportamental levou ao suspeito errado.

Durante toda a manhã, o promotor Berg usou da sua experiência para atrasar o máximo que podia o julgamento, tanto que durante a manhã somente uma testemunha, que foi designada pelo juiz, foi ouvida.

Era Tracy Stanley, mãe de Mike Stanley, mas seu depoimento pouco acrescentou ao caso, suas respostas eram monossílabas e em alguns momentos ela falava coisas sem sentido. Ela estava emocionalmente muito abalada, por isso logo foi dispensada pelo tribunal.

Quando era por volta do meio-dia, o juiz tomou a palavra.

— A corte está em recesso até as 14 horas — ele disse batendo o martelo e em seguida todos se levantaram para que  ele saísse.

O promotor Berger conversou com sua assistente por alguns minutos, mas logo eles decidiram saírem para almoçar e voltar mais cedo do recesso para discutirem os rumos que seriam tomados dali em diante.

***

A garota saiu apressada do tribunal, pois tinha um compromisso marcado para hora do recesso e tendo que voltar logo, talvez não desse tempo. Quando descia a escadaria do fórum, ela olhou para trás e percebeu que o agente Hotchner a seguia, então ela apressou seus passos, apesar da imprensa tê-lo atrasado um pouco, não adiantou muito, pois logo ele a alcançou.

— Wendy — ele disse, sendo totalmente ignorado por ela —, um minuto, por favor — ele falou segurando-a pelo braço e fazendo com que ela virasse para ele.

— Me solta — ela falou demonstrando raiva —, eu não quero falar com o senhor, agente Hotchner.

— Opa, o que está acontecendo aqui? — perguntou um rapaz com um ar de altivez encarando Hotch — Quem é você?

— Eu que pergunto, quem é você? — retrucou Hotch, ainda segurando a garota pelo braço.

— Eu sou namorado dela — ele respondeu. — Agora dar para soltá-la?

— Namorado? Você tem namorado? — indagou Hotch sério.

— Isso não é da sua conta — ela respondeu enfática.

— Ainda não me disse, quem é você? — insistiu o rapaz olhando para Hotch em seguida virou-se para ela — Quem é ele, Wendy?

— Eu sou pai dela — Hotch respondeu seguro.

— Pai? — questionou o rapaz. — Wendy, você havia me dito que seu pai havia morrido.

— Você disse para o seu namorado que eu morri? — perguntou Hotch franzindo a testa e soltando a garota.

— Para mim, ele morreu sim — ela replicou o encarando. — Se me der licença, eu preciso ir, vamos Daniel.

A garota saiu acompanhada do namorado e deixou o pai sozinho, inconsolável: “Minha filha disse ao namorado que eu estava morto” era a única frase que rondava sua cabeça.

Todavia não deu tempo de lamentar, seu celular tocou.

— Aaron Hotchner — ele falou assim que atendeu.

— Hotch, é a JJ — ela disse. — Morgan e Elle estão comigo, vou te colocar no viva voz para falarmos melhor.

Okay — Hotch concordou.

— Infelizmente, as notícias que trazemos não são nada boas — JJ disse com a voz trêmula —, acabamos de encontrar o corpo de Kaley Larson, nossa testemunha chave e o pior é que, aparentemente, foi usado o mesmo modus operandis de Mike Stanley.

Hotch levou as mãos à cabeça.

— E com Stanley sob custódia do Estado fica difícil colocá-lo na cena do crime — concluiu Hotch. — Ele tem o álibi perfeito.

— Nós imaginamos que esse será o passaporte dele para a liberdade — completou Elle. — Mas numa análise prévia da cena do crime e das marcas de tortura no corpo da vítima, apesar de serem muito parecidas com as cenas de crimes anteriores, observamos algumas diferenças mínimas. Esse segundo assassino é mais desorganizado do que Mike Stanley,então pode ser que seja somente um imitador.

— Isso pode ser um fator a favor da gente — Hotch respondeu —, só que quando o juiz souber da morte de Kaley Larson com esse modus operandis, vai adiar o julgamento e fixar a fiança de Stanley.

— Adiar pode ser uma boa ideia — retrucou Morgan —, estamos precisando de tempo para investigarmos esse caso melhor.

— Eu entendo seu ponto de vista — disse Hotch —, mas o que me preocupa é Mike Stanley livre.

— Hotch — continuou Morgan —, um de nós fica na cola dele, segue todos os passos dele. No final, tudo vai dar certo.

Okay — respondeu Hotch. — Veremos o que juiz vai decidir para então decidirmos qual nosso passo seguinte.

Ambos desligaram o telefone e Hotch se juntou a Gideon, Reid e ao promotor.

***

Wendy voltava do almoço e restava menos de meia-hora para encerramento do recesso. Sabia que tinha que correr. Ela estacionou o carro a algumas quadras do fórum, e quando saia, um garotinho de rua, aparentando ter uns oito anos, a abordou.

— Wendy Hotchner? — o garoto perguntou se aproximando dela.

— Prentiss — ela corrigiu por força do hábito, no entanto depois percebeu que não tinha nada a ver falar aquilo para aquele garoto. — Quer dizer, sou eu mesma, eu sou Wendy Hotchner.

— Pediram para entregar isso a você — o garoto falou entregando um envelope.

Wendy recebeu o envelope encarando o garoto totalmente atônita, mas não perguntou nada sobre quem havia mandado. Ela lentamente abriu o envelope.

Dentro havia um bilhete que dizia o seguinte: “Tão horrendos são os delitos das bruxas que inclusive seus pecados superam a queda dos anjos maus; e se isto é assim devido as suas culpas.”

A garota olhou para aquele bilhete e sua vista escureceu por alguns segundos, ela apoiou-se no carro para não cair no chão.

— Não pode ser, isso só pode ser uma brincadeira.


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Notas finais do capítulo

Então, gente. O que acharam? Me digam, necessito saber.

Essa fanfic vai ser mais parecida com a série do que Dust In The Wind.

Beijos e até o próximo sábado!



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