Rafael,

Estou surpresa por você ter mentido para mim. Você não faz ideia do quão idiota eu estou me sentindo agora, e do quanto eu queria que estivesse aqui para que eu pudesse gritar com você.

Você é, além de mentiroso, um enorme covarde. Senti tanta pena de você quando me escreveu aquelas cartas que não quis admitir isso para mim mesma, mas agora vejo quem você é de verdade.

Por que ainda se esconde de mim? Por que você não me contou logo a verdade? Quem você pensa que eu sou?

Não consigo deixar de acreditar que eu confiei em você. Eu acreditei em você. Teve a coragem de me fazer acreditar em promessas que jamais conseguiria cumprir?

Você está o tempo todo se escondendo porque é covarde. Agora eu sinto que tinha razão quando o comparei com Adam – um outro covarde, mas bem menos pior que você. Pelo menos ele não tenta me iludir, não se aproveita dos meus sentimentos para pregar-me uma mentira.

Eu realmente quis ser sua amiga, Rafael. Quando disse que não tinha medo, era porque queria te ajudar. Eu não me importava com sua aparência, pois só queria entende-lo.

Não faz ideia do quão culpada eu me senti por querer tanto rever meus pais quando havia prometido a mim mesma que tentaria ajuda-lo – isso, obviamente, não ficou claro para você. Mas era o menos importante.

Durante todos os dias desde que vim parar aqui, eu tentei ser compreensiva com você. Sei que agi mal algumas vezes, mas estava com medo.

Mal posso acreditar também que esperei tanto de você. Talvez eu tenha criado muitas expectativas.

Mas agora tenho certeza de que nunca mais quero vê-lo de novo.  Se for para passar o resto da minha vida neste inferno, que seja longe de você.

Se ainda tem algum respeito, por favor, mantenha-se distante de mim.

E fique em paz,

Adélia.