Estou no fundo de uma piscina, tentando acalmar meus pensamentos. Tudo parece ter acontecido tão rápido… Parece que foi ontem que cheguei nessa cidade.

É uma cidade nova linda. Badlands seria tudo o que eu sempre sonhei… Pelo menos se eu tivesse dinheiro. Não tinha um emprego, não tinha como me manter nesse lugar… Até eu conhecê-lo. Tinha aqueles olhos de quem nunca dormia e um sorriso encantador. Ele sorriu e me ofereceu a mão, disse que me ajudaria e depois eu o pagaria. Me ofereceu um emprego em um restaurante e sempre me visitava, me cantando como se eu fosse sua música favorita.

Dizia que seria um rei e que eu seria sua rainha, que nos transformaria em lendas dessa cidade. Eu? Eu achava que ele era meu salvador, alguém a quem eu devia total lealdade, que Badlands era realmente mágica e que havia me reunido com um ser abençoado, alguém em quem eu poderia confiar. Mas ele? Ele queria mais. Ele queria muito, muito, muito mais. 

E foi assim que eu fui apresentada ao submundo de Badlands. Ele me apresentou seis meses após eu ter chegado à cidade. Me deu uma roupa chique, um daqueles casacos de pele, e me levou para me maquiar. Fomos a um clube chique, ele chamou um empregado, que serviu um champanhe. Meu salvador abriu um sorriso e me entregou sua mercadoria para que eu experimentasse, enquanto dizia que seria assim que dominaria a cidade, que quem comandava o submundo era o real dono da cidade.

Foi a primeira vez que dormimos juntos. Ele dizia que iria me fazer chegar ao céu enquanto me beijava. Não posso dizer como foi pois não me lembro, estava entorpecida pela droga.

Mas, com o tempo, ele foi mostrando suas cores. Me mandava em “missões”, disse que não bastava mais sermos rei e rainha dessa cidade, seríamos deuses. Eu ia me assustando e entrando cada vez mais em desespero, comecei a recusar as missões, comecei a recusá-lo em minha cama... No final, ele me ameaçou. Estava sorrindo quando falou com todas as letras que era o rei da cidade e que eu tinha que tomar cuidado, pois a língua dele era sua maior arma. E era verdade, uma palavra sua e eu talvez aparecesse morta em uma sarjeta… Talvez meu corpo sequer fosse encontrado. E foi por isso que eu o matei, antes que ele me matasse.