Conexão escrita por Teruque


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

E essa é a música que inspirou -> https://www.youtube.com/watch?v=hC99yI3eGgA



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Finalmente estou onde tudo começou... E se findou...

Eu não estive “presente” quando ocorreu o conflito final. Apenas retomei a consciência depois. Sozinho e perdido.

Ao menos pude acompanhar o duelo que marcou a despedida do espírito que habitava a Relíquia de Yugi...

Eles possuíam uma forte conexão, eram amigos. Então entendo seus sentimentos, mas por que eu me sinto vazio ao ter meu corpo liberto do controle do Anel do Milênio?

Desejei acabar com tudo e no fim até o ajudei aquele ladrão de minha Relíquia a se aproximar dos outros.

Deveria estar feliz. Agora estou sozinho de novo.

Sozinho...

O Sacrifício valeu a pena...?

— Bakura? Por que não avisou que viria para cá? Eu poderia ter ido te encontrar.  – na verdade não esperava encontrar ninguém durante essa viagem. – Apenas soube que você estava fazendo uma excursão pelo Egito porque Yugi me ligou perguntando se eu tinha lhe encontrado. – claro...

— Não achei que nos conhecíamos o suficiente para lhe incomodar com isso. – respondi simples. Não queria soar rude. – E também estou apenas fazendo uma viagem particular a minhas próprias memórias.

— Essas memórias não são suas! – exasperou-se. – Ele lhe usou por uma vingança contra um Faraó do passado. Assim como eu quase me deixei levar...

— Marik... Quando você se separou de seu “alter ego”...

— Eu não sinto falta dele. – me interrompeu. – Mas você ainda se sente bem afetado pelo que percebo.

— Era uma companhia...

— E quanto ao Yugi e os outros?

— Eles me perdoaram... Mesmo eu tendo ajudado “ele”.

— O espírito do Anel estava te manipulando. Não foi culpa sua.

— Eu ajudei! – rebati. – Eu tinha consciência disso. Logo após o Yugi derrotar seu “alter ego” no Duelo da Cidade, ele fez o favor de esconder o Anel do Milênio de mim.

— Eu sei... Fui eu que entreguei a ele.

— Sabia que tinha feito isso para meu bem. Ainda assim eu quis recuperá-lo. Quis dar continuidade ao que havia começado. – prossegui e ele se calou para escutar. – Deixei que usasse meu corpo para confrontar o Faraó.

— Soube que você fez uma maquete do Egito antigo para uma exposição. – buscou mudar de assunto.  – Minha irmã participou novamente. Disse que estava bem realista o trabalho.

— Eu sempre gostei de montar cenários para poder criar aventuras de RPG. – respondi. – E “ele” me ajudou com os detalhes. Foi um pedido “dele”.

— Vejo que será mais difícil do que esperava te separar desses pensamentos. Yugi me avisou sobre isso.

— Ele te disse mais alguma coisa que eu deva considerar? – acabei sendo mais rude que o esperado.

— Ele só parecia preocupado. Afinal já faz quatro anos...

— Soube sobre Diva?

— Foi um aluno do colégio de vocês, não é? Frequentou pouco tempo e também tinha problemas com o Faraó... Que dom pra atrair ódio. – rio em meio ao nervoso. – Faz um tempo que Kaiba esteve por aqui fazendo escavações também. Outro que não consegue deixar o passado enterrado.

— Esse “aluno novo” apareceu com uma oitava Relíquia que desencadeou desequilíbrios temporais.

— Mas conseguiram resolver e Yugi pôde se despedir definitivamente do Faraó. Não creio que existam outras Relíquias além dessas. Não faria sentido.

— Ele me fez reviver lembranças que lutei para esquecer...

— E acredito que não queira falar sobre isso. – deduziu e apenas assenti. – Tem certeza que essa era o momento certo para fazer essa viagem? Importa-se em ter companhia durante sua permanência no Egito? Posso ser seu guia.

— Kul Elna... – deixei escapar de meus lábios. – Esse lugar ainda existe? Algum vestígio que seja.

— Essa vila foi destruída após ter seus moradores sacrificados para a criação das Relíquias. E é tudo que sei. – pareceu surpreso com a pergunta repentina, porém a respondeu. – O único que poderia dizer a localização exata era o Faraó daquele tempo. Onde ouviu sobre ela?

— Era o vilarejo “dele”.

— Não me surpreende. Era um lugar muito bem escondido onde ladrões e assassinos se refugiavam. Se não fosse a existência deles não seria necessário ter aqueles obrigados a guardar as tumbas. – havia certo remorso em sua voz. Suas lembranças também eram amargas. – Não que eu seja a favor daquele massacre... Apesar de tudo ainda eram vidas humanas... Talvez a criação das Relíquias não fosse a única solução. Não havia razões para gerar tanto ódio...

“- Qual o problema de estar sozinho?” Com o tempo posso dizer que o entendi um pouco...

— Bakura?

— “Ele” confessou estar assustado. Assistiu a uma chacina quando criança. Precisou aprender a matar caso quisesse sobreviver. Roubar se quisesse comer. Odiar a todos que não o entendia... O medo e o desejo de permanecer vivo a qualquer custo o transformou.

— Bakura... Não acho que isso possa justificar...

— Então me responda por que você tinha tanto ódio do Faraó! – o interrompi. – Sua infância foi privada da luz do dia. E o que aconteceu quando saiu a primeira vez?

— Eu não queria mais voltar...

— Não estou dizendo que “ele” estava certo. Apenas que agora sou capaz de entendê-lo melhor... Por isso vim até aqui me despedir direito... – suspirei fundo levando uma das mãos ao peito. – Acostumei tanto com sua presença, boa ou não, que quando me vi sozinho a ideia de suicido passou pela minha cabeça diversas vezes. Quase cedi... Uma vez que se acostuma a estar sozinho se tem medo de depender de alguém novamente e ser abandonado. Torna-se difícil seguir.

— Você sabe que não precisa ficar sozinho, não é? A não ser que queira isso.

— Eu sei. E não quero deixar meu fardo para os outros. – pausei. – Não me entenda errado, Marik, mas passei a encarar a vida como um fardo. Algo que lhe deixará cicatrizes. Ainda assim tão curta, passageira. A qual não devemos nos apegar. Apenas viver... Podemos ver sorrisos até debaixo da chuva...

A dor é a maior prova de que você ainda permanece vivo, pois não haverá descanso até que a morte lhe abrace...

— Não acho seguro lhe deixar muito tempo sozinho.

— Se não se importa, tenho planos de permanecer por aqui durante um tempo. Ficar longe de Dominó. Agora que cada foi para um lado atrás de seus sonhos, irei me agarrar aos meus.

— E qual seu sonho?

— Quero estudar mais sobre a história do Egito. Toda a informação que eu poder recolher, antiga ou recente. Construir novas maquetes.

— É uma estranha obsessão, principalmente tendo conhecimento do que te levou a isso. Porém não me surpreende. Posso falar com minha irmã e já resolvemos o problema de sua estadia.

— Mais uma pergunta. Saberia me dizer onde ficava, exatamente, o palácio do Faraó.

 - Sim. A localização não era segredo para ninguém.

— Então já sei a localização do vilarejo do “Rei dos Ladrões”. – permiti esboçar um breve sorriso. – “Ele” queria que eu soubesse, por isso quis que eu fosse tão exato com a construção daquela maquete. Estou curioso para saber o que se tornou aquele lugar. A história que criaram em cima daquele passado.

— Não está querendo ir lá agora, não é? – era visível que ele não estava a fim.

— Estou cansado da viagem. E psicologicamente. – disse. – Gostaria também de cumprimentar e agradecer sua irmã pela estadia. Mesmo que ela ainda não saiba de nada.

— Não é como ela vá brigar. Acho... – nem ele tinha muita certeza de suas palavras.

— Marik. Por que resolveu me ajudar agora?

— Por mais estranho que seja, tínhamos um propósito em comum e nos ajudamos durante o duelo da cidade. E quase nos matamos também... – lembrou-se de acrescentar. – Dessa vez não é tão diferente.

— Sem jogo das trevas? – indaguei em um tom de brincadeira.

— Jogos talvez... Mas nada apostando a alma. – respondeu e acabamos rindo. – E falando em jogos... Ouvi que Yugi quer criar um game inovador.

— Ele terá que se esforçar muito para ficar melhor que eu.

— Isso seria uma espécie de revanche disfarçada?

— Entenda como quiser. Mas não o deixarei vencer tão fácil e agora ele não tem um espírito milenar para lhe orientar.

— Tem certeza mesmo que o espirito do Anel abandonou seu corpo?

— A única coisa que tenho certeza é de meu lado competitivo. E quero ter uma disputa justa com ele, sem ter que forçar a derrota porque o mundo está em risco.

— Vocês não vão ser amigos sem disputas, não é? Mesmo que agora não seja pondo vidas em riscos.

— É a paixão por jogos que ainda nos conecta. E eu posso derrota-lo.

— Deixe só Kaiba ouvir isso.

— Posso vencê-lo também tranquilamente.

— Quanta confiança. – ditou e rimos novamente. – Realmente quero ver isso. Não me decepcione novamente.

— Como assim “novamente”?

— Foi muito triste te ver ser chutado no Duelo da Cidade.

— Eu posso te vencer em qualquer jogo aqui e agora.

— Hm... Vejamos então. – sorriu. - Aceito o desafio.


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