Magnólia, minha cidade do interior escrita por Khatleen Zampieri


Capítulo 9
Cada um tem sua história




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Sorri pra elas, mas as palavras previstas por Cana me deixaram tensa, então maIs alguém iria morrer? Por que não me leva no lugar das pessoas que amo? O que eu fiz para receber essa punição, ver meus queridos falecerem e ficar aqui pra contar história, era muito doloroso.
E como tilintar na cabeça, fico triste por saber que eu esteja me esforçando tanto pra tentar consertar minha relação fraterna com meu pai e agora Cana me diz que será temporário, como assim?
Como se isso já não fosse o bastante pra pensar, agora sei que vou ter um relacionamento com alguém, um amor, será Gray? Mas como? Ele viria pra cá? Eu voltaria a Magnólia? Será essa a quebra de laço entre mim e meu pai? Era totalmente plausível, pois antes de vir eu sempre pensei em voltar no próximo trem depois de completar dezoito anos. Porém, agora já não penso mais nisso, afinal, estou conhecendo pessoas maravilhosas.
Um pouco mais adiante Natsu estava conversando com Jellal e um outro rapaz de cabelos brancos, ele sorria e batia as mãos nas costas dos amigos, ele era com certeza um cara incrível, me ajudou desde o momento que pisei os pés em Magnólia, de um guarda-chuva á novos amigos, sem dúvida, não conseguiria simplesmente esquecê-lo e deixa-lo para trás indo embora como se nada tivesse acontecido.
Quando dei por mim, reparei que nossos olhares se cruzaram e Natsu sorriu pra mim, um sorriso meigo e apaixonante, do que eu estou falando?
—Lucy? – a voz de Cana me despertou. Olhei para ela e sua sobrancelha estava levantada. – Estava perdida no sorriso apaixonante de novo?
—Ah... eu...
—Hhahahahahaha. – ambas, tanto Cana quanto Erza deram risada, pois não consegui amenizar o vermelho que se instalou em minhas bochechas e minha resposta bem significativa.
—Ahhh Lucy, a gente entende. – Cana disse colocando sua mão em meu ombro. – só por que gostei de você e sei que posso lhe confiar isso, vou lhe contar, sabe o Laxus?
—Uhum... – respondi me lembrando do rapaz loiro com a cicatriz no olho.
—Então, eu tenho uma certa queda por ele. Mas não conte pra ninguém. – Cana confessou e suas bochechas ficaram um pouco coradas, que fofa. – E a miss ruiva aqui é gamada no Jellal.
—É mentira. – Erza disse espichando a língua.
—É nada, vocês se odeiam por que se amam. – Cana riu do próprio comentário, então olhou pra mim. – eu tirei as cartas pra Erza e saiu que ela iria namorar um rapaz que era marcado pela cor do cabelo dela.
—E o Jellal tem uma tatuagem vermelha no rosto. – comentei entendo a indignação de Erza.
—Ridículo não é? – Erza exclamou. – Como posso me ver no futuro com alguém que não suporto?
—Mas por que vocês não se gostam? – perguntei inocentemente.
As duas suspiraram e percebi que a história era complexa.
—Tudo bem se não quiser me contar Erza, eu só fiquei curiosa. – complementei ao meu questionário.
—Não, tudo bem... – a voz de Erza entristeceu um pouco. – É que eu já fui apaixonada por ele, tipo bastante, muito mesmo.
Franzi o cenho e esperei ela continuar.
—Éramos muito amigos, tipo eu era bem pequena quando vim pra Magnólia e Jellal é meu vizinho de terreno, nos conhecemos lá e crescemos juntos, normal eu me apaixonar não é? – Erza deu de ombros pra mim. – Só que quando eu fui me declarar, ele disse que já tinha uma namorada.
—Espera, e você não sabia? – perguntei estranhando, pois já que ambos cresceram um na sombra do outro era meio óbvio que um contaria pro outro se estivesse até gostando de uma pessoa.
—É por que era mentira. – Cana explicou. Fiz cara de quem não entendeu nada. – Ok, isso aconteceu a quanto tempo Erza? Que você falou pra ele como se sentia?
—Uns quatro anos mais ou menos. – a ruiva contou na cabeça.
—Neste dia, ela resolveu falar pra ele como ela se sentia, e ele disse que sentia muito, mas já tinha uma namorada. – Cana explicava. – Erza entendeu, mas estranhou por não ter conhecimento disso antes. Mas enfim, um tempo depois começamos a desconfiar e investigamos o caso, Jellal nunca teve uma namorada, era mentira.
—Ele disse aquilo pra me afastar dele, ele não gostava de mim e nem gosta, entende? – a ruiva olhava pra mim indignada com sua história de amor. – Era só ele falar que não sentia o mesmo, eu iria entender, sim ficaria triste, mas entenderia, mas por que ele mentiu?
—Medo? – perguntei.
—Exatamente. – Cana sorriu pra mim. – É isso que venho tentando dizer a ela, mas a cabeçuda não entende.
—Medo? Por que ele teria medo de mim? – Erza pediu.
—Não de você... da situação, espere, você disse que isso foi a quatro anos atrás, você tem quantos anos agora? – perguntei.
—Dezoito. – ela respondeu.
—Então, você tinham apenas quatorze anos de idade, eram novinhos, crianças praticamente, e sim, ele deve gostar de você, mas quando você disse a ele como se sentia, ele deve ter ficado apavorado, afinal mulheres amadurecem antes que os homens, Jellal devia estar na fase de brincar ainda, quanto a você já tinha sentimentos pré construídos. – Expliquei meu ponto de vista. – O que aconteceu depois?
—Erza começou a agir como ela é hoje com Jellal, o afastando. – Cana respondeu passando o braço por cima dos ombros da ruiva. – Sendo que o que ela quer bem no fundo é ele assim, como estou agora.
—A qual é Cana? – Erza revirou os olhos, mas em seus lábios havia um sorriso discreto.
—Não tentou falar com ele mais sobre isso? – pedi.
—Não, tenho medo de gostar dele de novo e de levar um fora de novo. – Erza colocou a cabeça entre os joelhos que estavam erguidos junto ao seu corpo no muro.
—Não precisa ter medo, afinal você ficou decepcionada com ele, mas não deixou de amá-lo. – comentei. – O seu medo vem de tentar se aproximar dele como era antes, você quer isso, mas tem medo de fazê-lo e se magoar novamente.
—É isso aí, mas eu sei, sinto Erza, que ele também quer isso, ele quer a amiga dele de novo. – Cana explicou.
—Mas, e se eu quisesse ser mais do que uma amiga? – Erza ergueu a cabeça e olhou para nos com os olhos lacrimejando.
—Investe então Erza, se reaproxime e depois tente de novo. – Falei. – Afinal a vida é feita de tentativas que decidimos fazer, se derem certo ou não é obra do nosso esforço.
—Obrigada Lucy. – Erza sorriu. – Obrigada Cana, não sei o que seria de mim sem vocês.
—Que nada, vocês acabaram de me conhecer... – comentei rindo.
—Mas já é uma das minhas melhores amigas não é Cana? – Erza nos abraçou juntas.
—Com certeza. – Cana sorria. – Sinto falta de uma cachaça nessas horas, você bebe Lucy?
—Ah não, nada de alcoólico. – respondi séria.
—Você estava perfeita demais até agora, tinha que ter um defeito. – Cana ergueu os ombros.
—Hahahhahahahaha. – rimos juntas, então os garotos se aproximaram de nós.
—Fico feliz que estejam se dando bem. – Natsu comentou. – Lucy, tem alguém que não foi apresentando a você, ele chegou atrasado na aula, enquanto estávamos conversando com o diretor.
—Olá, meu nome é Elfman. – era um rapaz muito alto e musculoso, seu rosto era quadrado e seu cabelo branco. Embora a aparência monstruosa ele parecia gentil.
—Prazer Elfman, meu nome é Lucy. – estendi minha mão ao rapaz torcendo para que ele não a quebrasse no aperto.
—Mesmo sendo minha irmã Natsu e eu a defenderia, mas Lucy é muito mais bonita do que LIsanna. – Elfman olhava de mim para Natsu que estava um tanto corado. – E mais legal também.
—É Straus também? – perguntei a ele, mas estava mais curiosa sobre seu comentário, estavam falando de mim?
—Sou o irmão do meio. – ele sorriu. – Um verdadeiro homem.
Sorri pra ele, ele era diferente da Lisanna.
—Bem se vocês me dão licença eu vou até o banheiro. – comentei levantando do muro.
—Pode parecer estranho mas, eu te acompanho, preciso ir também e fica do lado. – Jellal disse e veio ao meu lado. Olhei para trás, para uma certa ruiva e ela fazia sinal de silêncio para mim, ri por dentro.
—Então eu vejo que está se enturmando com as meninas. – o rapaz comenta.
—Sim, as duas são muito queridas e cada uma é encantadora e única. – respondi puxando um assunto sobre qualidades.
—Erza é um tanto difícil de se lidar, mas quando a conhece bem ela se mostra uma flor muito delicada. – ele falou olhando para o chão.
—Gosta dela? – perguntei meio que assim sem querer.
Ele olhou pra mim surpreso, mas aos poucos baixou o olhar e adotou uma expressão triste.
—Gosta, mas acha que ela não gosta de você. – respondi por ele.
—Basicamente. – ele respondeu.
—Sei a versão dela, quer me contar a sua? – pedi a ele, estávamos os dois andando pelos corredores, até achar os banheiros, paramos em frente e eu aguardei ele falar.
—Eu fiquei com medo, nãos sabia exatamente o que sentia por ela, então pra fugir daquela situação acabei inventando que já tinha uma namorada, mas acabou que ela descobriu que era um mentira boba e ficou brava comigo. – ele contou apenas o que eu já imaginava.
—Mas você ainda gosta dela e não sabe como podem se reaproximar. – completei.
Ele concordou com a cabeça e então suspirei, ambos entramos em nossos respectivos banheiros e lá eu pensei um pouco em como poderia ajuda-los.
Saindo do banheiro não encontrei Jellal, decidi ir indo ao encontro dos outros, que estavam vindo pelos corredores, o sinal havia batido.
—Cadê o Jellal? – perguntou Erza.
—Não sei, ele entrou no banheiro e depois não o vi. – expliquei tentando achar um jeito de fazê-los se encontrar pra conversar, mas acho que precisaria de ajuda.
Quando estávamos voltando pra sala fui até Cana e a puxei mais pra trás da fila, lá contei a ela sobre minha conversa com Jellal e ela arregalou os olhos e esboçou um sorriso muito empolgante.
—Já sei, mas vou precisar falar com meus pais antes. – ela exclamou e assim fiquei sem entender nada, mas confiava em Cana, a cartomante de Magnólia.
Quando chegamos em sala de aula, cada um foi para seu lugar e então que reparei que Elfman sentava atrás de Natsu.
Ichyia mal começou a explicar algo que eu já havia estudado, sinto um dedo me cutucar no ombro e vejo a mão de Natsu ali com um pequeno papel na mão, peguei e abri ele:
“Lucy, como você está? Cana disse que leu as cartas pra você, fiquei preocupado.”
Sorri e escrevi atrás do papel dele:
“Estou bem Natsu, admito as recordações foram dolorosas, mas aos poucos vou superar, quero me concentrar no presente e ajudar certos casais a ficarem juntos. Mas obrigada pela preocupação, você é um doce.”
Então entreguei de volta e logo depois ouvi um riso abafado e novamente um pedaço de papel:
“Fala de Erza e Jellal? De nada, estarei sempre aqui, para o que você precisar.”
Admito, eu corei, Natsu estava acessando uma parte minha que achei que teria desativado pra sempre, meu coração:
“Fico feliz em saber disso, e sim é deles que falo.”
Entreguei a ele e dessa vez não ouvi qualquer riso, então veio um outro papel um tempo depois:
“Quando Jude disse que você viria morar conosco, fiquei um pouco com medo, de você não gostar de mim, de forçar o seu pai a me mandar embora, afinal ele era a única família que eu tinha, mas eu estava enganado e meu medo foi bobo, me perdoe, você é a pessoa mais incrível que já conheci, é determinada, é inteligente, esperta, é uma mulher impressionante e sem dúvida uma amiga honesta e fiel, gostei muito de você e não só eu, todos acharam você incrível.”
Não pude deixar de me emocionar, ler isso e alguém achar que você é tudo isso, bem não tem preço, é gratificante ser querida dessa maneira, eu coloquei este papel em meio peito e sorri feito boba, li novamente e parei na parte que Natsu dizia que me achava incrível, senti minha barriga bagunçar meu bolo de morango em meu estômago, e minhas pernas amoleceram por breves instantes. O que era aquilo?
Durante o restante da aula, fiquei pensando na minha nova vida, nos novos amigos, nas histórias que eu estava conhecendo, cada um tinha a sua, sendo triste, feliz, engraçada ou cheia de tragédias, cada um tinha a sua, e eu precisava começar a minha aqui, gostando ou não do que viria pela frente, eu tinha que ser forte como Cana falou, afinal, eu sabia que iria sofrer, mas também sabia que ia ser feliz, e isso era o que eu mais precisava no momento.


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