Capitulo 6

Os olhos de Charlie estavam virados para o lago e ele mal respirava, não sabia o que dizer.

“Vampiros”

Era algo fora da realidade, porém sabia que Bella não estava mentindo. E tudo que ela passara.

Sozinha, quase.

Ela não precisava explicar muito mais, ele crescera com Billy Black, sabia das lendas. Quantas vezes eles riram ainda adolescentes das histórias da tribo Quileute.

Então se existiam os Frios, os lobos também estavam por aí, e talvez um morasse com ele.

Quantas vezes ouviu lobos uivando próximo da cidade nos últimos anos?

Quantos campistas chegaram até sua delegacia para contar dos lobos enormes que viram, agora fazia anos que não tinham denúncias de lobos atacando.

E sua filha talvez estivesse morta se não fosse por eles, e ele o Chefe de polícia da cidade não teria como a proteger, não de seres sobrenaturais. Agora depois de anos fora ela voltava e largava essa notícia iria se tornar uma vampira, iria atrás de vingança e ele mais uma vez seria deixado de lado,

— Pai?

Olhou pra sua pequena, que agora era uma mulher crescida, já não era a mesma que chegou ali com 17 anos tímida e solitária,  quando partiu pra faculdade já estava mudando, mas agora, agora era outra mulher , até seu corpo havia mudado, era uma mulher adulta que veio se despedir da antiga vida, dos seus amigos, do seu pai. Ela iria pra seguir um caminho novo e perigoso ao qual ele não faria parte.

— Pai?

— Estou bem Bell’s, só preciso de alguns segundos.

— Pai você está em silêncio a mais de 40 minutos.

— Não havia notado isso. — olhou para ela nos olhos — não sei o que dizer filha. É tanto pra assimilar.

— Você pode pelo menos me perdoar por mentir para o senhor?

Sorriu. Sua doce Bella, como podia pensar em vingança com um coração altruísta assim?

— Pelo que exatamente devo te perdoar?

Viu a confusão no olhar dela.

— Por se apaixonar por um garoto mimado? — sentiu o ódio ao lembrar da conversa deles. Se tivesse ouvido seus instintos naquele primeiro encontro. — Ou talvez por ter sido humana e acreditado nas palavras de alguém acostumado a mentir pra todos.

“ Toda a cidade foi enganada filha, não só o Dr Cullen foi aceito, como foi um estimado cidadão de Forks. Ele e sua família — praticamente cuspiu a palavra  como um xingamento. — me fizeram acreditar que eram ótimas pessoas. Nunca vou me perdoar por isso. De ter aceitado tão facilmente um monstro em nosso meio. — quando ela virou o rosto, notou o que falou. — Não por ele ser um vampiro filha, mas alguém capaz de enganar uma pessoa tão boa quanto você.

Terminou de falar e ficou em silêncio outra vez. Ela o olhava surpresa, será que realmente pensou que ele ia condená-la por ter dado seu coração a alguém que não merecia?

Vampiro ou não, o Cullen sabia o que estava fazendo ao levar Bella para o seu mundo. Agora iria perder sua filha pra sempre. E não conseguia pensar em outra coisa a não ser na dor de não vê-la nunca mais.

— Pai, não suporto isso. Você está me matando com seu silêncio.

— Não sei o que pensar Bells.

— Então fale comigo, grite que estou errada. Me julgue por estar atrás de uma vingança sem sentido. Qualquer coisa.

— É isso que pensa??

Afinal algo novo, aqui estava ela sua menina madura, aquela com uma alma boa demais pra querer o mal dos outros, mesmo aqueles que a machucaram. Sim fazia sentido, ela quis vingança quando seus amigos morreram, não por ela, mas pelos outros.

— Não, sim. Já não sei o que quero. Essa vingança é o único objetivo que tenho no momento. E não posso falhar com Victória e os Voltures. Eles me ajudaram em cada passo até aqui.

— Será que eles vão te obrigar a continuar com isso?

— Creio que não fariam isso, mas a lei maior deles é não permitir que humanos saibam da existência de vampiros.

— E vc não quer se tornar uma vampira?

— Ao contrário quero muito isso. sinto que nasci para isso.

— Então o que te aflige filha?

Charlie via que algo incomodava sua filha. contudo o fato de virar vampira não era o que a incomodava ao contrário quando ela declarou que isso era algo definido seus olhos brilharam. então o que era?

— Não quero viver minha nova vida caçando esses inúteis pai, eles me abandonaram e suas ações machucaram outros, mas não quero esse peso na hora da minha transformação.

Não entendeu porque isso seria um problema. o que isso afetaria sua nova vida? Precisava de uma explicação, é melhor que fosse agora.

— Explique filha.

— Assim como meu plano, tudo é ampliado quando nos transformamos em vampiros, pai. Eu não quero que o ódio que sinto pelos Cullen’s seja eterno.

— Então deixe ir filha.

— Mas eu preciso disso pai, preciso me vingar de tudo que eles me fizeram. Como brincaram com minha vida , com meus sentimentos.

Ficaram em silêncio. Charlie encarou sua filha confuso, nem mesmo ela sabia o que precisava. Olhando pra frente pensou em tudo que tinham conversado até ali, analisou o que realmente a perturbava. Enfim entendeu. Ela estava medo de perder sua essência quando já não fosse humana. Por isso lhe falara a verdade ela precisava de alguém que a amasse, a entendesse. Não a nova Isabella poderosa e sedutora. Sim a garota com medos e receios, alguém que a apoiasse nas horas que ela poderia se perder.

Ela precisava dele. E nem mesmo tinha se dado conta disso.

Era hora de ser o que ela precisava, ele era o pai dela e agora teria que fazer sua pequena entender o tamanho do amor que sentia por ela. Ele iria protegê-la nada mais poderia os afastar.

— Filha, você já pensou em não estar sozinha nisso?

— Não estou sozinha pai, tenho amigos. - Ele ouviu certa dificuldade quando disse isso.

Ela os via como amigos mesmo?

Ou eram somente treinadores?

Já não importava, ele podia ser tão teimoso quanto ela. Afinal ela havia puxado dele essa característica, Renne sempre fora a volúvel dos dois. Depois de decidir algo ia em frente na sua decisão. Ele seria o alicerce que Isabella precisava. Não ficaria enrolando era esperar e ver sua reação.

— Filha o que estou querendo dizer - Respirou fundo. - Quero fazer parte da sua nova vida, quando você se transformar, quero estar ao seu lado sendo transformado também.

Estava dito, agora era esperar a explosão.