Era uma noite escura, sombria. O único som em que se ouvia eram as gotas de água da chuva, caindo das árvores da floresta. Já se passavam das oito da noite, os animais estavam escondidos e a única iluminação vinha dos seis homens, que caminhavam segurando um lampião.

Mark Donsoll estava na frente, mostrando-se forte e confiante, entretanto, em seu interior, ele tremia de medo e frio, e isso não era aceitável, pois ele era o líder.

Dois dos seus homens eram caçadores, que acreditavam que sua presa era um urso feroz, seria o maior troféu de quem o pegasse. Os outros três eram guardas, achavam que o monstro fora criado por um grupo de religiosos, participantes de uma seita macabra.

Mark Donsoll não acreditava em nenhuma dessas terias, e nem sequer tinha uma própria. Só sabia que desde seis meses atrás, toda sexta-feira, alguém encontrava um ser morto, com cortes que pareciam feitos de garras em todo o corpo, principalmente nas pernas, o que quer dizer que a vítima tentara fugir, e os ossos do tronco e dos braços triturados, como um ataque de uma cobra. A vítima poderia ser qualquer uma, desde uma menina de seis anos filha, de um florista até um homem de setenta anos, um padeiro.

Várias expedições já ocorreram, mas nenhuma conseguiu sequer ter um vislumbre do monstro - ou monstros - e nem até de seu esconderijo. Essa era apenas mais uma caçada, mas Mark estava confiante de que agora conseguiria matá-lo.

A aldeia de Santa Liberdade era rodeada por uma vasta floresta, mas havia estradas dentro dela para o comércio e os viajantes. Mark conseguira com um discurso esplendido convencer os homens de lutarem, mesmo com o perigo de serem os próximos.

Não havia muitos que manejavam bem armas, então cada um fez a sua e criaram grupos que se espalharam pela floresta naquela noite. O grupo de Mark estava em uma área onde ocorrera a maioria dos assassinatos, e era o mais forte.

Continuaram a andar, procurando qualquer ruído, qualquer sinal da presença dele. O coração de todos batiam tão forte, que poderia se ouvir ao longe.

Então escutaram um grito desesperado. Um dos caçadores exclamou:

— Por aqui!

Mark virou para a direita e todos o seguiram. Outro grito, agora de dor. Não estavam longe. Continuaram a correr.

Então encontraram um dos filhos do fazendeiro da região encostado em uma árvore, gemendo, com o corpo destroçado. A alguns metros, estava a fera que assombraria seus sonhos para sempre.

Tinha uns cinco metros, seu corpo era revestido de pelos longos e escuros, suas pernas lembravam as de um minotauro e seus dentes afiados saiam pela boca. Em seus olhos havia um brilho demoníaco, e por isso ninguém teve coragem de mover um músculo.

Então ele rugiu de uma forma tão assustadora, que fez todos pensarem que era o grito do próprio diabo, e correu para a floresta. Ninguém teve coragem de persegui-lo.