Do Outro Lado do Véu escrita por Miahwe


Capítulo 2
Reencontro


Notas iniciais do capítulo

Oe sz.
Agradeço a quem favoritou, fico feliz que tenham gostado :p.

*Não betado.



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            Chihiro corria desesperada pelos corredores da Casa de Banho, colecionando resmungos e reclamações de deuses e youkais, mas não podia esperar muito mais, estava atrasada.

            - Rin! – gritou quando chegou no espaço que trabalhariam naquele dia, era uma banheira pequena, mas tão suja quanto as outras. – Desculpe, Rin, dormi muito.

            - Notei, não é Chihiro? Agora ande logo e me ajude a limpar esse chiqueiro – a amiga falou de dentro da banheira e apontou para um balde que descaçava ao lado da porta junto a um esfregão. – O que andou fazendo até tarde da noite? Qualquer hora Yubaba vai descobrir que não está indo dormir no toque de recolher.

            - Eu sai com o mestre Haku – respondeu de forma acanhada. Rin apareceu de dentro da banheira como se tivesse levado um susto e a encarou com um olhar questionador.

            - Mestre Haku, é? Não sei como consegue ficar com ele por tanto tempo.

            - Ele não age sério quando estamos sozinhos. – falou enquanto esfrega o chão.

            - Sei... Você gosta dele, não é?

            Então o sonho mudou de repente e Chihiro viu-se em cima de uma árvore com Haku ao lado, dividiam onigiris e quando brigou pelo último desequilibrou-se do galho e mal deu tempo de recuperar a respiração quando o garoto a segurou no ar usando magia e a pousou calmamente no chão.

            - Você é tão desastrada, Chihiro – Haku comentou a olhando de cima do galho e logo em seguida rindo. Risada está que acompanhou a menina logo depois que abriu os olhos e notou que tudo fora um sonho.

                                                          

                                                           ***

Há uma semana antes, quando notou que além da pequena menina algumas outras crianças também o viam, Haku sentiu um forte mau pressentimento. Humanos não deveriam poder vê-lo.

            Depois desses acontecimentos decidiu falar com Yubaba, no entanto a ex-mestra não se encontrava na Casa de Banhos ao qual tinha trabalhado por tanto tempo. Sobrando apenas a irmã gêmea da mesma – Zeniba.

            Quando pousara na sexta estação do Fim do Pântano e transformara-se de volta na forma humanoide, havia seguido pelo caminho que o levara a casa de bruxa.

            A terra úmida e pantanosa abafara seus passos em meio a trilha do bosque margeado pelo grande pântano de águas silenciosas. Cigarras e grilos cantavam juntos enquanto os vagalumes bailavam pelos ares que possuíam um cheiro de petrichor misturado ao aroma floral noturno. Em certo momento avistara uma luz alaranjada e tremula, está que se aproximava cada vez mais. Era o lampião mágico de Zeniba, tinha sabido.

            Quando o objeto aproximara-se, cumprimentaram-se e o restante da trilha foi iluminado pela luz do lampião saltitante até a casa da bruxa onde fora recebido na porta por Kaonashi de forma cordial e sem muitas palavras. 

            - Zeniba, preciso falar com você – tinha pronunciado enquanto adentrava o domicilio, este que estava como sempre, arrumado de forma simples sem nada muito chamativo, ao contrário da irmã Yubaba.

            - Demorou, Dragão – A velha falara enquanto colocava a mesa para o jantar. – Passou na Casa de Banho de minha querida irmã?

            - Sim, mas ela não estava, então vim direto para cá.

            - Entendo – Zeniba havia respondido com a voz rouca e calma. – Vem sente-se aqui, vamos tomar um pouco de chá e talvez teremos um bom tê-a-tê.

            - Você já sabe? – indagara Haku enquanto dirigia-se a cadeira que lhe fora oferecida.

            - Escutei fofocas e murmúrios de alguns Deuses e youkais quando fui a cidade. Aparentemente o Véu está quebrando. É preocupante, de fato, Dragãozinho, afinal os dois Mundos não podem se cruzar.

            - Kohakunushi.

            - Como?

            - Meu nome.

            - Ah, isso eu sei – A bruxa respondera fazendo um gesto de acaso com a mão e Haku franzira o cenho contrariado. O que custava ela o chamar pelo nome? – Bem, continuando, se os dois mundos se cruzarem o caos será libertado.

            - Como... Como o Véu quebrou, Zeniba?

A mulher o havia encarado por alguns instantes sem dizer quaisquer palavras. Bebeu. Comeu. Pegou as agulhas de crochê e depois de alguns segundos mexendo nas agulhas prateadas soltara um suspiro e o encarara: - Yubaba não lhe falou nada sobre as 4 joias que regem os quatro pontos de ligação do mundo?

            - Os Cardeais?

            - Sim, estes mesmos.

            - Não muito – respondeu e desviara o olhar de Zeniba para Kaonashi que estava sentando defronte a si comendo um pedaço de bolo em um silêncio descomunal. Algo nele não o agradava de forma alguma. –Bem, sei que são os pontos que mantém os mundos em constante equilíbrio com base na parede que chamam de Véu, certo?

            - Sim. O ponto norte é regido pelo Deus Norte e possuí a jóia chamada de Nordri. O sul regido pelo Deus Sul possuí a joia Sudri. O Oeste regido pelo Deus Oeste possuí a joia Austri e o Leste regido pelo Deus Leste possuí a joia Vestri1. Parece que, - continuara a bruxa enquanto fazia um movimento com a mão para que a xícara com chá viesse até os lábios e logo depois outro movimento sutil para devolver a mesma flutuando de volta ao pires na mesa – roubaram a joia Vestri. O equilíbrio decaiu e os Deuses agora discutem inutilmente entre si.

            - Sabe de algo?

            - Nada relevante. Sei que é preciso devolver essa pedra antes do solstício e, que quando forem encontradas será preciso da ajuda de alguém do Outro Lado para selar as runas novamente e garantir a separação dos dois Mundos.

            - Alguém do Outro Lado? Um humano?

            - Sim – a velha bruxa respondera pensativa e então como se tivesse uma grande ideia falou apontando uma das agulhas para Haku: - Aquela sua amiga Chihiro, uma boa garota, poderia ser ela.

            Haku havia negado veemente, não queria envolver Chihiro novamente nos problemas do Mundo Espiritual ao qual ela já tinha esquecido.

            Os dias depois da conversa com Zeniba passaram mais rápidos do que conseguira notar. Haku estava em movimento em busca da joia desaparecida, de qualquer pista que pudesse levá-lo pelo menos a um metro de distância de resolver aquele problema.

            Até então só crianças o conseguiam ver. Quando estava de volta no ribeirão descansando e repondo as forças, Haku sentava-se sobre as águas e observava ou até mesmo brincava com as crianças que ali iam para brincar. Nunca pensou que um dia iria fazer isso com crianças humanas, mas antes elas do que os adultos céticos e sonsos, nada se comparava a inocência e a diversão das crianças aos quais os olhos brilhavam e riam ao vê-lo movimentando a água com magia.

            Contudo, aquela interação não era de toda certa. E não iria continuar por muito tempo, quando Haku encontrasse as joias tudo voltaria ao normal. Quando as encontrasse e sela-se as runas. Suspirou ao lembrar dessa última parte e deixou-se afundar de volta as águas do rio esquecendo completamente das crianças com quem divertia-se. Para selar as runas era preciso de alguém nos dois Mundos e aquilo só o lembrava que se não fosse Chihiro, quem seria? Que outro humano já teve contato com o Mundo Espiritual sem ser ela? Ela possuía aquilo que poucos humanos tinham e o que era necessário para selar as runas.

            Era uma situação tão cheia de pormenores que Haku se sentia tentado a desistir, não por ele e sim por Chihiro.

            Dois dias mais tarde enquanto sobrevoava os céus noturnos recebeu um dos bilhetes em formato de boneco de papel de Zeniba. Este que segurou-se em seus chifres até que pousa-se em um planalto e voltasse a forma mundana para então abrir o bilhete e contemplar as palavras que menos esperava ou imaginava encontrar.

Chihiro corre perigo, Dragão. Você não tem mais como evitar o inevitável. O destino é como a correnteza de um rio, você sabe muito bem: não corre para trás.

                                                                   Z.

            Kohakunushi entendia perfeitamente o que a carta dizia, mas entender era uma coisa e aceitar era outra. Todavia não enganava-se, no fundo sabia que almejava por vê-la novamente. A menina que havia lhe devolvido o nome anos atrás e o libertado de um contrato com Yubaba, uma menina que havia visto crescer desde pequena e pela qual sentira algo raro entre os youkais. Um sentimento bom e ruim que mal saberá definir exatamente o que era.

            Depois de muito pensar decidiu tentar falar com Chihiro. No entanto, sua única via de comunicação eram os sonhos, os únicos no qual se manteve ligado a garota anos atrás antes que ela bloqueasse a todos. Agora, seis anos depois, ele iria tentar falar com ela novamente.

            Não deu certo.

            Chihiro bloqueou todas as mensagens que ele mandava enquanto a mesma dormia, quando conseguia um sonho estável e tentava invadi-lo algo o abalava, começa a ruir e o afastar.

            Quatro dias de tentativas falhas passaram até que, talvez por alguma irônia, a vira no parque. Naquele dia teve esperanças de tentar falar com ela, mas fora o mesmo que nada. Ela o estava bloqueando por algum motivo que não entendia, por que ela queria se afastar dele? Ou talvez não fosse só dele, mas mesmo assim doía.

            Contudo, não tinha mais tempo de tentar falar com ela de forma indireta. Teria que ser pessoalmente e conhecia uma pessoa que o podia ajudar com isto.

                                                ***

            Naquela manhã enquanto observava o campo da escola onde alguns alunos corriam e fazia ginástica. Chihiro não via a hora da aula de geografia terminar. Escutava o apito do treinador soar do lado de fora e o som de instrumentos na sala de música no andar de baixo. Tudo parecia perfeito para entretê-la e desviar a atenção da aula sobre geologia. 

Fechou os olhos em um suspiro longo e voltou-se para o quadro onde o professor riscava desenhos e tópicos, pegou a caneta em cima do caderno e começou a copiar, quem sabe o tempo não passava mais rápido?

Havia dormido bem no final de semana, sem quaisquer indícios de maus sonhos para causarem-lhe insônia. Sentia-se contente e por conseguinte, descansada.

Sem sonhos é melhor, muito melhor.

No termino das aulas Chihiro ficou na sala para ajudar Misaki na faxina, aquele era o dia delas. Tiraram o lixo, limparam o chão, arrumaram as mesas e, por fim foram ajudar na parte externa com o jardim e a limpeza dos corredores.

O sol já estava descendo o céu quando terminaram. Beberam água e se despediram dos demais estudantes.

— Um banho é tudo que preciso neste momento – falou colocando a mochila nos ombros e apertando o casaco em volta da cintura.

— E eu quero um sorvete – Misaki falou enquanto caminhavam para o portão.

            - Sim, de morango e...

            - Chihiro! Ei! – A voz a chama-la a interrompeu e Chihiro parou de andar enquanto Yui se aproximava correndo e balançando um dos braços para chamar atenção.

            - Ah, não diga que ainda temos mais trabalho – escutou Misaki murmurar ao seu lado com desanimação. – Ninguém merece.

            - Tem um garoto lá na frente procurando por você – a menina de cabelos escuros falou quando se aproximou e Misaki soltou um suspiro de alivio.

            - Quem? – Chihiro perguntou confusa.

            - Não sei, não estuda aqui – Yui respondeu.

            - Ah, bem, vou lá, obrigada Yui – falou e seguiu o restante do caminho depois de trocar um olhar confuso com Misaki.

            Quando se aproximaram, finalmente, do portão, avistou um rapaz incomum para seus olhos. Vestia uma calça folgada de cor escura em contraste com a blusa de mangas compridas mais clara, notou que os olhos verdes-escuros sorriram para si quando parou defronte para ele.

            - A Yui disse que estava me procurando, precisa de alguma informação?

            - Gostaria de conversar com você, Chihiro.

            Franzindo a testa e apertou mais uma das alças da mochila de certa forma desconfortável pelo estranho saber seu nome. – Posso saber seu nome?

            - Kohakunushi Nigihayami – O garoto respondeu com um pequeno sorriso.

            - Kohakunushi – falou testando. - Sobre o que quer conversar?

            O garoto limpou a garganta, visivelmente nervoso e passou as mãos pelos cabelos escuros. – Pode ser a sós?

            Antes que Chihiro responde-se sentiu um tapinha no ombro feito por Misaki que aproximou-se de seu ouvido com um meio sorriso. – Boa sorte –A amiga cochichou e começou a se afastar antes que Chihiro protestasse.

            Como assim boa sorte?

            Voltou a encarar o rapaz e dando de ombros rendeu-se à curiosidade da conversa ignorando o seu bom senso que a avisava para não andar com estranhos. – Vamos tomar um pouco de sorvete e conversamos, tudo bem? Tem uma praça aqui perto.

            - Hum, sim.

                                               ***

            Os passos soavam na madeira vermelha da ponte que ligava a cidade à Casa de Banhos de Yubaba. Estava à noite e os movimentos aos poucos se intensificavam. Deuses e youkais se misturavam na multidão que atravessava a ponte em uma confusão de cores e tamanhos que pareciam se misturar a música tradicional que sempre tocava. Quando chegou no outro lado Aogaeru o veio receber.

— Mestre Haku... quanto tempo... – o Sapo falou em meio ao salto para ficar na altura do youkai.

            - Não sou mais seu mestre – respondeu adotando a antiga costumeira postura séria – Preciso falar com Yubaba, com licença.

            Adiantou-se o máximo que pode e pegou o primeiro elevador, puxando a alavanca para baixo. Enquanto subia às pressas imaginou como a antiga mestra reagiria ao vê-lo.

            Quando se demitiu e mostrou-lhe o verdadeiro nome Yubaba apenas o encarou e soltou uma risada seca e rouca. – Aquela menina só trouxe-me problemas, eu sabia que iria me arrepender de tê-la contratado – ela havia comentado enquanto escrevia algo nos papéis que estavam pela pequena escrivaninha.

            - Não quero mais ser seu lacaio, Yubaba, agora que tenho meu nome de volta posso encontrar um outro rio... outro lar – tinha respondido.

            - De toda forma, não preciso mais de você, se tornou inútil depois que Sen matou o feitiço que eu tinha colocado. Não imagino que vá ser mais obediente do que já fora – E com um gesto das mãos, Yubaba fez com que o contrato de Haku se diferisse da pilha de papéis no chão e fosse até o mesmo. Então, com o papel em sua frente o garoto viu a própria assinatura sumir; as letras descolando do papel e evaporando ar. – Agora: saía daqui!

            E assim fez.

            Agora lá estava ele novamente subindo os familiares elevadores, caminhando pelos coloridos, barulhentos e movimentados corredores até chegar no último andar. O andar de Yubaba, silencioso e muitas vezes perigoso.

Parou em frente a grande porta de mogno e antes que a mão fechada em punho batesse na porta, está se abriu com brutalidade e sem surpresa alguma Haku deixou ser arrastado pela magia da bruxa até o escritório da mesma. A velocidade com que era puxado fazia-o ficar de olhos fechados enquanto escutava as várias portas se abrindo e fechando, sentindo na pele o vento que esvoaçava os curtos cabelos esverdeados.

            De súbito a magia foi cancelada e ele mal teve tempo de reagir antes de cair no chão e rolar até próximo a uma poltrona de forro vermelha e verde. Gemeu ao começar a se levantar e colocou a mão na testa em reflexo a dor.

            - O que faz aqui? – Yubaba perguntou rígida sem ao menos encará-lo, imersa em vários papéis.

            - Preciso de um favor.

            - Um favor, é? Depois de ter me traído?

            - Não a traí – falou mesmo não sendo totalmente verdade. – Apenas pedi demissão.

            - Ah, quer seu cargo de volta?

            Balançou a cabeça em negativa. – O Véu ele...

            - Está quebrando, sim, sim, eu sei. O que você tem a ver com isso?

            - Eu me ofereci para ajudar a recuperar a Nordri.

Yubaba levantou a cabeça ao escutar tais palavras e então riu.

— Um youkai de um riozinho inútil acha que vai conseguir recuperar a joia do Deus Norte?

            - Zeniba está ao meu lado.

— Não cite o nome dessa imunda aqui! – A bruxa gritou com a voz estridente, mas Haku não se importou e prosseguiu:

— Alguém precisa se movimentar antes que a situação piore.

Yubaba soltou a fumaça do cigarro pelos nariz enquanto o encarava. Haku conhecia aquele expressão, estava pensando em que se prejudicaria ou não caso o ajudasse.

— O que você quer? – ela perguntou equilibrando o cigarro novamente nos lábios enrugados.

— Preciso de um amuleto para me materializar em forma humana - falou simples e direto, como tinha que ser.

— E por que eu lhe daria algo assim?

— Quando a joia for recuperada, é preciso de pessoas dos dois lados para reescrever as runas finais e fechar novamente o Véu. Chihiro é a minha única opção, ela é a única humana conhecida que possui essência desse mundo.

Yubaba o encarava com desgosto e seriedade enquanto ele falava e fazia a proposta.  – O que faz pensar que tenho um amuleto como este?

— O fato de que você é a bruxa com enorme capacidade de fazer transformações. E eu sei que você possui tal amuleto, não precisa me enrolar.

— Muito bem. Que assim seja – falou e fez uma sequência de movimento com a mão manipulando a magia e fazendo com que uma gaveta abrisse e dela viesse flutuando o colar. – Despois disso, fique ciente que estará me devendo qualquer coisa.

É claro, ela nunca faz nada sem cobrar algo em troca.

— Sim. Obrigado – falou pegando o colar no ar.

Fez uma reverência e se pôs a sair do cômodo.


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Notas finais do capítulo

E então? O que vocês acharam?

1- As joias: Nordri, Sudri, Austri e Vestri foram inspirados nos quatro anões que Odin, Vili e Vê (os primeiro deuses nórdicos) colocaram nos pontos Norte, sul, oeste e leste, respectivamente, durante a criação do mundo segundo a religião nórdica.



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