Anna POV

Mais um sábado, e nada de ele chegar. Já estava ficando visivelmente ansiosa, o que fazia todos me encherem de perguntas toda hora.

Eu sempre achei que isso nunca fosse acontecer, ainda mais que sempre gostei da escola, mas esses dias, daria de tudo para nem chegar perto dela. Os outros alunos sempre ficavam comigo. Alguns eram legais, outros nem tanto.

O que mais ficava perto de mim, era o ruivo que havia me enchido a paciência na biblioteca outro dia. Não me pergunte seu nome, porque não vou lembrar, e mesmo se me lembrasse , não sentiria o menor prazer em dizer. Ele era irritante, e não me deixava sozinha nenhum minuto. Queria fazer tudo por mim, e isso já estava me dando nos nervos.

Alguma meninas ficavam me encarando, sobretudo quando o ruivo ficava perto de mim. Se o achavam bonito, eu não sei, só sei que se eu ficar muito tempo perto dele, e capaz de elas começarem a maldiçoar até a oitava geração da minha família.

Os garotos eram legais, e era um pouco mais fácil eu querer ficar perto deles do que das meninas. A única coisa que elas falavam era sobre garotos. Será que elas não enjoavam?

Quanto aos professores, a maioria já tinha ganhado a minha inimizade.Não que eu fosse ruim nas matérias, muito pelo contrario aliás! O único professor que não me deixava nem um pouco entediada era o de matemática. Também, quem iria conseguir ficar entediado com tamanhos gritos?

Ouvi algo ao longe, do outro lado do apartamento e me levantei devagar da cama. Estava assando mais um filme de terror. Eu continuava dando graças aos céus por meus pai saírem aos sábados, e provavelmente sempre daria . Mas, tenho que admitir que as vezes ficava com medo, e aquela situação era uma delas.

Pisei no chão gelado, xingando mentalmente. Sempre odiei o frio, e com toda a certeza sempre continuaria odiando. Meu coração batia muito forte e rápido, e o frio não me ajudava muito.

Abri a maldita porta que insistia em fazer ruídos. Papai nunca com certeza, e não adiantava falar com o Fuinha.

Ouvi vozes vindas da biblioteca. Eu não gostava de lá. Minha mãe tinha a mania de quadar pinturas com os rostos de pessoas que já haviam morrido há muito tempo, e insistia em mante- las  ali. Mais o que mais me irritava ( ou me deixava com medo ) eram os dois coelhos empalhados da minha mãe! Mas não adiantava falar pra ela jogar aquilo fora, por que ela não jogaria nunca.

Uma dessas vozes me pareceu conhecida.

Mas tinham mais duas vozes ali. Uma delas era suave e até mesmo gostosa de ouvir, a outra, era profunda, aveludada, fazendo- me arrepiar.

Parei longe da porta, tentando não fazer barulho, mas não adiantou. Acabei fazendo um vazo de plantas cair no chão, e quebrar em vários pedaços. Já era a terceira coisa que eu quebrava na casa nova, se bem que , a primeira coisa, não havia sido culpa minha.

Três olhos muito azuis olharam para mim ao mesmo tempo, me fazendo encolher de medo.

Um deles era alto, com os cabelos loiros que batiam na altura dos ombros, os braços eram fortes, a pela muito branca. O rosto era muito bonito, tinha o nariz comprido e bem feito, as maças do rosto eram realmente lindas, e os lábios vermelhos eram perfeitos.

O outro era menor, quase do mesmo tamanho que eu. Os cabelos não eram loiros, e nem castanhos, tampouco pretos  A pele também era muito branca, mas o nariz estava meio avermelhado.

Por ultimo, um de tamanho médio, que eu já conhecia muito bem. Mas o que mais conhecia ele, era a parede, que ficara tão apaixonada que quadrava com ela a marca do pé dele. [ n/a pouco sarcástica ]

Minha respiração ficou pesada quando o mais alto, e o mais bonito, foi se aproximando. Minha visão ficou embaçada e meu tórax já estava doendo. Se continuasse daquele jeito, meu coração acabaria saindo de mim, e caindo no chão. E eu tenho certeza que o tapete não ficaria feliz de ter uma mancha feita por mim , se fosse de Anthony talvez, mas minha não.

Ele parou a poucos passos de mim, me olhando fixamente. Os outros dois, ficaram olhando  afastados. Anthony estava com a mesma cara de sempre, entediado.

O loiro moveu a cabeça para a esquerda, me observando melhor; abriu levemente os lábios , chegando ainda mais perto .

Um vento gelado passou por mim, me fazendo arrepiar ainda mais. Meus pulmões não iriam aguentar por muito tempo, e muito menos meu coração, como já havia dito antes.

Ele chegou ainda mais perto de mim, colocando seu rosto totalmente em frente ao meu. Nossos narizes quase se tocavam, e eu podia sentir o ar gelado que a pele dele exalava.  Será que ia me beijar? Não...pouco provável. Eu sei que ainda não tinha beijado ninguém, mas achar que um vampiro me beijaria era demais até pra mim.

- Olá... Anna.

A ultima coisa que lembro, e de quase sentir meu coração parar, e ver a pessoa mais bonita que já tinha visto na minha vida dar alguns passos para trás .