Ela acordou mais cedo que o normal, com o corpo molhado de suor. As lembranças da noite anterior vieram rápidas demais a mente da menina, fazendo a cabeça dela latejar.

Tudo havia sido tão cansativo que nem havia visto os pais chegar.Correu para a única possível prova de que havia tido alguém ali a noite passada.Ajoelhou-se no chão soltando um suspiro de alivia e preocupação ao mesmo tempo.A marca na parede continuava ali.

-Anna! – gritou a mãe de algum outro cômodo.

Ela correu novamente para a cama, se colocando debaixo das cobertas e ficando imóvel.

-Filha acorda! Já deu seu horário! Mais o que aconteceu pra você dormir até tão tarde?

Ela reclamou alguma coisa incompreensível, fingindo ainda estar dormindo.

Levantou pesadamente para deixar o mais claro possível que estava cansada e foi ao banheiro.

Tirou as  roupas o mais rápido que pode.Ainda não havia se acostumado com o frio, e provavelmente nunca iria se acostumar.Entrou na banheira.Daria tudo para ficar ali o dia inteiro,somente pensando.

Saiu da água quente voltando novamente para o frio. Colocou o ridículo uniforme, calçou os sapatos e pegou a mochila.

Olhou pela ultima vez para o buraco na parede e foi em direção a cozinha.Sua mãe lhe deu seu café da manhã típico: Leite com mel.

Não comia nada além daquilo pela manhã.Olhou bem para o bolo que estava á sua frente e tirou um pedaço.

Se o que havia acontecido ontem tinha sido realmente verdade, começaria a comer mais, devido aos insultos do homem  de pele alva.

-Olha que milagre! Esta comendo. -Disse o mais mexendo as mãos de forma animada quase fazendo o café cair.

-Hum. –Ela se limitou a dizer.

Rezava para que a mãe não tivesse visto a “cratera” na parede, é que se tivesse visto não comentasse nada.

-Filha, de onde veio aquele barraco na parede do seu quarto?

 Já ouviram dizer que quanto mais queremos uma coisa, mais parece que ela da errado? Pois bem, era exatamente naquilo que Anna pensava.

-Aah mãe, eu tinha esquecido de te falar.Quando fui arrumar meu quarto aquele barraco já estava lá!

Em matéria de mentiras a menina com certeza tirava 10. Sempre teve facilidade de mentir, não que ela se orgulhasse disso...pelo menos não muito.

-Por que não me disse antes? Vou ligar agora para o Sr. Sholotertain!

“ Droga! Pra que envolver o Fuinha?!”

-De qualquer forma mamãe, mais tarde conversamos mais, tenho de ir! Tchau!

Ela correu para os elevadores sem dar tempo de a mãe falar nada.Era típico seu, dizia uma coisa, mas não tinha a menor vontade de ouvir a outra pessoa respondendo.

Passou pelo hall com os olhares típicos que recebia sempre.Todos a achavam uma gracinha.Ela tinha vontade de mostrar a língua só de pensar.

Já conhecia o caminho de tanto ouvir a mãe falar.Começou a andar devagar, como se os sapatos estivessem cheios de chumbo.Pelo menos a escola era perto.

Foi muito bem recebia por todos, apesar de não ter ido com a cara de nenhum deles. Mas de todas as pessoa que havia odeia, sem duvida a principal era Sra. Melinda, professora de Geografia.

A havia feito dizer o nome, e metade de sua vida para a turma inteira, e fora que chegou extremamente atrasada.Parecia que não gostava de dar aula.

Não fez amigos logo de primeira vista, mas isso já era normal.Grande parte da turma havia indicado sinais que tinham gostado dela, porem umas 4 ou 5 pessoas se manterem quietas, ou dando cochichos.

A escola em si não era um lugar ruim.Era cercado de arvores de verde escuro, as paredes eram pintadas de vermelho,e tinha grande espaço para se andar. Um local em si chamou a atenção dela; a biblioteca.

Vários volumes dos clássicos da literatura praticamente intocáveis estavam expostos pelas vastas prateleiras.Até se esqueceu de comer na hora do recreio, procurando livros com suas criaturas favoritas.

-Não vai comer?

Ela virou para trás bruscamente quase derrubando o livro que tinha em mãos.

-Não estou com fome.

Ela respondeu olhando para o ruivo a sua frente.Ela não era bonito, mas fofo com certeza ele era.

-Vai ficar doente assim.- Ele chegou mais perto.

-Acho que vou ficar é doente de tanto ouvir as pessoas falando a mesma coisa.

Ela havia sido rude, era verdade, mas ninguém sabia como era chato e enjoado ter de ouvir a mesma pelo  menos 4 vezes ao dia.

-Desculpe, vejo que toquei em um ponto sensível.

Ele tocou seu braço levemente só com a ponto dos dedos, e ela se afastou.Não gostava de ser tocada por ninguém.

-Não tem problema, acho que deu minha hora.

Ela saiu apressadamente deixando um ruivo com cara confusa atrás de si.

“ Que menino mais abusado!”

Foi andando em direção a sala de aula e ficou esperando até todos voltarem. Acabando o dia chato e cansativo se colocou  no caminho de casa.

Olhou para o lado da rua gela e viu uma parede cinza cheia de mato crescendo por perto; Quando havia ido para a escola não tinha notado.

Parecia o velho cemitério da cidade.Não deu muita importância, afinal era só um lugar onde os ossos ficavam.

No horizonte o sol já ia sendo engolido pela noite e as primeiras estrelas já apareciam.

Pegou o elevador recebendo olhares hostis do dono do prédio.Não deu importância.

Entrou no apartamento largando a pesada mochila em qualquer lugar.Pelo visto os pais ainda não tinham chegado.

Decidiu que por nada nesse mundo iria esperar os pais chegarem para comer! Estava faminta!

Pegou alguma comigo congelada na geladeira e colocou no microondas, enquanto se arrastava para o banheiro.Antes de ir para lá as horas do banho eram as melhores do dia, porem, agora eram as mais odiadas.

Colou calças de moletom e um casaco antigo da mãe.Não sabia explicar mais gostava de usar as roupas da mãe em dia mais frios.O calor parecia ser maior.

Pegou o prato e foi para a sala. Teria de comer rápido antes que a mãe chagasse, pois sabia bem que a mãe iria brigar casa a visse comendo em cima do sofá.

Comia e dormia quase que ao mesmo tempo. Estava tomada pelo sono. Terminou de comer, e mesmo estando faminta não comeu nem a metade do que tinha no prato.

Lavou a louça, e foi para a cama.Pelo menos deveria tirar uma soneca.

Fechou os olhos pedindo aos céus para que quando acordasse o rude Anthony estivesse lá.