Era verão. O sol estava raiando naquela tarde de sábado.

Como de costume, Yuuma foi para uma praça perto de casa, onde buscava inspiração para os seus desenhos. Possuía apenas 17 anos, mas já era bastante talentoso.

Por mais que fechasse os olhos e tentasse se concentrar em algo, não conseguia nenhuma idéia.

— Com licença. - uma garota loira que acabara de chegar tenta chamá-lo.

Vendo que não obteve sucesso, ela repete:

— Ei, licença.

— Ah, perdão. - ele se desculpa, ao percebê-la.

— Este lugar está ocupado? - ela pergunta, se referindo ao assento ao lado do rapaz.

— Não. Fique à vontade.

— Obrigada.

Ele então voltou à sua preocupação: resolver o que colocar no papel.

A loirinha olha para os lados, observa o movimento ao redor, assobia um pouco, e, parecendo meio curiosa, ela o questionou:

— Hum... O que você está fazendo?

— B-bem, é pra sair um desenho.

— Então você é um artista?

— Eu a-acho que sim. - o rapaz timidamente responde. 

— Meu nome é IA. E você é?

— Yuuma.

— Nome legal...  

Querendo puxar papo, ela continua:

— Vem sempre aqui?

— Geralmente, quando busco idéias.

— É mesmo. Essa praça é perfeita pra isso. Faço curso de fotografia, então seguido ando pelas ruas procurando algo interessante. - comentou mostrando a câmera fotográfica que carregava no pescoço.

O rapaz fez apenas um "hum" e continuou a pensar em sua arte.

Rabiscava algo e apagava, rabiscava algo e apagava. Nunca achava algo que lhe agradava.

— Com problemas? - a loira indaga se aproximando do rapaz, com a intenção de enxergar melhor o papel.

— U-um pouco... - ele tenta afirmar, mas, ao olhar o rosto de IA e o sentir tão colado ao seu, Yuma ficou rubro de vergonha.

"Muito perto! Muito perto!" - ele pensou nervoso.

— Bom, vamos ver se eu te ajudo! - voltou ao seu lugar - O que você gosta de fazer?

— D-desenhar...

— Além disso, há algo a mais?

— Assistir animes, e-eu acho...

— Ah, então você é um daqueles "otakas"?

— O certo é "otakus".

— É, isso! Tenho uma amiga que é isso aí também. Não tem nenhum personagem que você queira desenhar?

— A-acho que não...

— Hum... Você é complicado, Yuma-san. - levantou - Já volto.

— T-tá.

Yuuma ainda não entendia o porquê daquela garota se importar tanto com ele. Sempre foi quieto e tímido. Poucas pessoas se interessavam em conversar com ele.

Dez minutos já tinham se passado, e IA ainda não aparecera.

"Aquilo deveria apenas ser uma desculpa pra sair daqui..." - esse pensamento não saía de sua cabeça.

Suspirou entristecido. Por mais que havia à recém conhecido a moça, já estava gostando dela.

"Ela é simpática e alegre. Daria uma boa amizade. Além de parecermos ter a mesma idade." - refletia.

— Voltei! - IA exclamou se jogando no banco.

Yuuma arregalou os olhos, surpreso pela a atitude da bela moça.

— Desculpa a demora. - ela comentou - É que foi difícil achar algo agradável. – sorri animada. Pega sua câmera e mostra algumas fotos tiradas recentemente ao garoto.

— Algo lhe agrada? - disse a loira.

— S-são pra mim?

— Huhum! Se te ajudar, é claro. - entregou o objeto fotográfico para o rosado.

Ele foi passando as imagens e se admirava a cada uma que via.

"Ela é mesmo boa nisso..." - confessa mentalmente para si mesmo.

— Ah! - ela exclama, apontando para uma delas - Essa aqui é a Teto-chan. É uma amiga minha. Ela tem seis aninhos, apenas. Não é uma coisinha linda?

— Sim. A-ainda mais com o jeito que você a fotografou. Conseguiu pegar ela bem no embalo do balanço e com a luz do sol ao fundo... - comentou surpreso.

— Obrigada... - IA falou meio envergonhada.

Ele continuou passando as fotos. Eram variadas de todos os tipos. Tinha até a imagem de um belo gatinho cinza dormindo na sombra de uma árvore. Ele realmente estava impressionado com o incrível talento da moça.

Yuuma então escolheu uma das fotografias: a de um pequeno pássaro azul, que estava cantando de alegria no alto da entrada de um templo.

— Oh, está ficando lindo! - ela o elogiou.

— Am...  Obrigado...

— Podia pintá-lo. - a moça sugere. 

— Geralmente eu não uso cores...

— Mas ficaria mais bonito... Como é que as pessoas irão ver que é um pássaro azul sem a cor azul?

O rosado respira fundo e se rende, pegando a caixa de lápis de cor.

— Agora melhorou. – ela comenta, chegando mais perto do rapaz.

“De novo não! Tá muito perto, muito perto! Ela não sabe o que é limite de aproximação?” – Yuuma grita nervoso internamente.

~***~

Os dias iam passando, e todos os sábados os dois se encontravam no banco daquela praça. Eles conversavam e riam. A moça sempre trazia novas fotos para Yuuma e ele sempre as retratavas em desenhos.

Uma forte amizade crescia entre eles e, mais tarde, um sentimento mais forte ainda. Um sentimento muito conhecido, mas pouco vivido, um sentimento chamado amor.