Entre Ela&Eles: Um segredo. escrita por BeaFonseca


Capítulo 38
Capítulo 38 - Sonho, sorriso e confusão.




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“Eu estava na ponta de uma piscina, carregava uma garrafa de bebida nas mãos, e olhava meu reflexo na água que a pouco estava parada. Uma lágrima escorregou para dentro dela, causando uma onda que chegaria por toda extensão da piscina. Um pouco tonta e desequilibrada, me deixei cair, sentindo o impacto da água fria no meu corpo, e tão logo me lembrando que não sabia nada, até ouvir mais um impacto na água me puxando para perto até a beirada. Lembro de olhar por poucos segundos o rosto do meu suposto salvador.

         Cabelos escuros, e o rosto de uma anjo. Um anjo extremamente lindo....”

         Subitamente, abri os olhos ainda deitada na cama. Sentia minhas bochechas arderem pela sensação de vergonha. Estava frustrada, porque estava tendo o melhor sonho da minha vida, e não era por que estava me afogando – óbvio que não -, mas por quem estava me salvando. Eu me lembrava do meu salvador, mas achava quase impossível encontra-lo novamente. Além disso, o que eu diria além de uma obrigada?

         “Céus!”— Pensei.

         Eu não precisava dizer mais nada. Mas ele era tão lindo... Será possível que existe alguém como ele? Meu cérebro estaria me iludindo? Eu estava me apaixonado por uma imagem criada pelo meu cérebro. Eu nem mesmo sabia se isso era real, depois de tudo.

         Me levantei de repente, decidida a deixar o sonho de lado. Eu não precisava de mais esse problema na vida.

         Notei que já era a hora de voltar a minha realidade, chamada escola. Infelizmente, devido a todos os acontecimentos, eu terei que repetir um ano inteiro. Mas eu não estava me importando tanto, porque eu sabia que lidaria com isso bem.

         Meu pai, naquele dia, decidiu me levar até o colégio, contando que tanto Taehyung, quando Yongi, precisaram sair mais cedo. Mas eu tinha quase certeza que era porque os dois estriam me evitando.

— Não hesite em me ligar se acontecer qualquer coisa. – Foi a instrução que meu pai deu, depois de me abraçar forte, para em seguida, me deixar só na porta do colégio.

         Respirei fundo olhando para o grande portão de ferro, e uma nova sensação de deja vu me tomou. Era quase como se tivesse faltando alguma coisa. Suspirei novamente, antes de começar a andar, arrumando a bolsa nas costas.

         De cara, percebi que o meu primeiro erro foi ter entrado no colégio com a cabeça erguida, uma vez que havia olhos para todos os lados me seguindo. Eu não me sentia confortável com isso, e mesmo assim continuei a andar como se não estivesse acontecendo absolutamente nada, o que tornou-se uma tarefa muito, muito difícil até o meu destino. No caminhei, eu acabei por esbarrar em Taehyung e Yoongi. O primeiro fez um simples gesto com a mão, mas o segundo, simplesmente me ignorou.

         Confesso que aquela atitude foi ainda pior para mim do que ser observada por cada canto daquele colégio.

         De repente, algo... ou melhor, alguém, muito maior do que eu, parou bem a minha frente.

         “É possível o coração acelerar tão rápido assim?”— Pensei.

         Aquele rosto parecia um sonho projetado. E por um segundo pensei em me beliscar, mas o braço do rapaz a minha frente tocou com tanta delicadeza em meu ombro, que eu podia jurar que estava sem chão.

— Você voltou. – Ele sorriu. Eu sonhei tantas vezes durante essa semana com esse rosto, imaginando quando poderia vê-lo sorrir.

— Vo-você... – Foi o que consegui balbuciar.  

— Você lembra de mim? – Seu rosto parecia surpreso e iluminado.

         Eu estava falando sério quando disse que não saberia o que dizer a ele quando o visse. Na verdade, não pensei na possibilidade de encontra-lo tão cedo, ainda mais na minha escola.

Porque ele estava na minha escola?

         Olhei para as suas roupas. Não parecia estar de uniforme escolar. Seria alguma alucinação?

— Você é real... – Apontei, pensando que estava dizendo a coisa mais idiota do mundo. Ele sorriu.

— Claro que sou! – Brincou.

— Você me salvou naquele dia... – Comecei, notando sua sobrancelha erguer com certa curiosidade. Vi quando colocou as mãos no bolso, relaxado.

— Eu acho que me karma é te salvar. – Brincou mais uma vez.

— Não... – Fiz sinal apontando para a minha cabeça. – Você me salvou na piscina... você estava lá quando estive na minha pior versão... – Ele fiz sinal para que eu ficasse quieta um pouco.

— Eu realmente fico feliz que tenha se lembrado disso, mas é algo do qual acredito que não queira conversar. – Assenti. Ele estava certo afinal. Eu, provavelmente, ira sofrer com a lembrança.

— Eu tenho sonhado tanto com o dia em que o encontraria para agradecer. – Soltei, realmente não percebendo o quanto aquilo soaria estranho. Ele eu um sorriso leve.

— Então é verdade que não se lembra de tudo... – Suspirou, parecendo decepcionado. Me senti incomodada.

— Nós já nos conhecíamos? – Questionei, curiosa. Ele concordou. Me senti frustrada.

— Mas você não sabia que era eu até então... – Completou. – Você me conhece como um colega de escola. – Suspirei, aliviada. Então eu não estava sendo uma boba pela segunda vez.

— Eu realmente agradeço! – Soltei novamente, tentando ficar um pouco mais animada. Ele sorria, verdadeiramente. E por fim eu consegui sentir meu coração aquecer com aquele sorriso que a semanas vinha sonhando. – A propósito, o seu nome é...?

— Jin! – Um outro rapaz vinha correndo em nossa direção, gritando o nome do castanho a minha frente. O outro era tão alto quanto ele, e quando me viu, parecia tão surpreso quanto também. – Jiwoo...

         Ele também não usava uniforme, o que me deixava um pouco mais encucada. De onde ele me conhecia?

— Você me conhece também? – Questionei, ainda mais confusa, mas não tão surpresa. Pelo visto, as coisas tendem a piorar.

         Ambos ficaram em silêncio na minha frente, encarando-se como se pensassem no que dizer. No fim das contas, o mais alto apenas concordou, com um misto de tristeza e ansiedade.

         “Droga! Eu queria me lembrar deles!”— Pensei.

         Pareciam pessoas boas demais para esquecer. Porque eu esqueci?

— Estamos felizes pelo seu retorno, seja bem-vinda de volta! – Ele sorriu, estendendo a mão. – Vou me apresentar novamente... – Sorriu. – Sou Kim Namjoon.

         Não fiz outra coisa se não aceitar a apresentação. Não precisei dizer meu nome, porque aparentemente, todos já sabiam.

— Eu sou Kim Seokjin. – O meu salvador também estendeu a mão, no qual retribuí com muita animação.

— É uma pena que nós formamos no mesmo dia do seu retorno. – Namjoon disse. – Colocaríamos muitos papos em dia. – Sorria amigável.

         Eu não disse nada, porque aparentemente, nós tínhamos aproximação o suficiente para que trocássemos confidências, o que me parecia o tanto quanto estranho no momento.

         De repente, recapitulei o que havia dito sobre terem se formado. Isso significa que esse, provavelmente, será o último dia em que encontrarei com meu salvador. E eu, sinceramente, não senta que deveria me afastar dele... não agora. Não depois de tê-lo encontrado. Percebi que apenas agradecer não aparecia ser o suficiente. Ele me viu no meu pior momento e ainda assim, guardou este segredo por muito mais tempo. Ele, certamente merecia mais que um simples “obrigada”.

— Então não vou mais vê-lo? – Perguntei. E mais uma vez, não me importei em como aquilo soaria estranho. Namjoon encarava nós dois como se não fossemos desse planeta. Seokjin parecia surpreso com a minha pergunta.

— Não precisamos nos afastar por que estou me formando... – Parecia cauteloso com a sua resposta, ora ou outra olhando para o moreno ao seu lado, ansioso. – Ainda podemos ser amigos. – Completou.

         Amigos.

         É, amigos. É o que eu gostaria.

         Sorri, satisfeita.

         Sem pensar muito, tateei na bolsa uma agenda e uma caneta, pedindo para que anotasse o seu número, o que ele fiz, mesmo duvidoso.

— Pode anotar o meu, se quiser também. – O Namjoon sugeriu.

Sorri para ele, mas claramente eu não estava interessada em seu número, embora ele não fosse uma má pessoa, pelo visto. Eu apenas não via sentido em pegar seu número quando eu nem o conhecia, ou não tínhamos qualquer conexão. Eu sabia que não tinha recuperado as minhas memórias, e que se o tivesse, eu me lembraria de que ele poderia ser um amigo muito próximo, mas por enquanto, eu não conseguiria aceita-lo como tal. Era difícil... ele ainda me parecia um completo estranho.

“Vou magoa-lo?!”— Pensei, realmente preocupada.

Ponderando mais uma vez sobre a situação em que me encontrava, não tive outra escolha se não aceitar a sugestão e anotar, também, o seu número.

Não fara mal algum, não é?

         Era a minha conclusão.

         Por fim, quando nos despedimos, eu sentia meu coração imensamente feliz. Jamais pensei que o meu primeiro dia naquele colégio, depois de um ano, seria tão interessante e ao mesmo tempo, confuso.

         Eu sentia como se tivesse dado o primeiro passo para uma vida nova. Qual a importância das lembranças agora quando eu estava prestes a recomeçar? Eu, sinceramente, tinha mais medo das coisas ruins que poderiam ter acontecido, do que as boas, o que me levava para mais uma ponto positivo no quesito “esquecer”. Talvez a perca de memória seja muito mais significativa do que a recuperação dela.

         E eu sentia que o peso que carregava, já quase não existia, e eu não estava disposta a recuperar ele.

— Jiwoo! – Aquela voz parecia ter sido a mesma voz que ouvi quando estava no hospital.

“Você se importa com as pessoas, mesmo as querendo longe de si”

Levantei a cabeça, percebendo que estava todo o caminho olhando para a bendita agenda nas minhas mãos.

Um rapaz loiro acinzentado chamava meu nome enquanto se aproximava. Parecia tão feliz, que tive medo de colocar a minha pior cara de confusão e assustá-lo. Seus passos foram cessando a medida que chegava mais perto, e finalmente pude ver um enorme sorriso sem eu rosto, seguido de um olhar que e podia jurar que poderia Scanear a minha alma.

— O-oi... – Eu não sabia como agira. Certamente ele deve saber que perdi as minhas memórias e muito provavelmente, não lembraria dele. Mas isso não parecia abalá-lo de forma alguma.

— Estou tão feliz que tenha voltado! – Animou-se. – É uma pena que não estejamos na mesma sala, mas eu prometo que irei passar na sua todos os dias.

         A sua empolgação era extremamente exagerada. Ao seu lado, de repente, surgiu uma garota, que parecia ter as bochechas mais fofas que eu já vira. Era pequena e curiosa.

— Érr.. – Eu ainda não conseguia formular uma frase.

— A May é minha namorada! – Ele parecia muito mais empolgado que o normal em dizer isso, e pensei que deveria haver algum motivo específico. – Ah... – Notei que a May havia dado um pequeno puxão de alerta no rapaz. – Eu quase esqueci... – Ele pareceu infeliz por um segundo. – Você não se lembra de mim... – Suspirou. – Eu sou o Jimin. Park Jimin.

         Eu queria poder tirar aquela expressão de decepção de seu rosto. Ele não combinava com a tristeza de forma alguma. A garota ao seu lado sorriu fracamente, e imaginei que até mesmo ele parecia entristecida com isso.

         Logo depois de mais um momento confuso como este, decidi que não queria de forma alguma entrar na sala agora, então apenas apressei os passos para o lugar mais tranquilo daquele colégio, que ironicamente, havia uma placa de emergência grudada na parede.

         “Escada de emergência”— Dizia.

         Quando sentei, pensei seriamente em colocar as ideias no lugar e arrumar uma estratégia de não afastar as pessoas de mim, por ser uma desmemoriada. Mas havia algo que estava atrapalhando isso. Aliás... alguém. Alguém cantarolava uma melodia, e quando me dei conta que era a mesma que ouvi na rua, não hesitei em subir para ver de quem se tratava.

         Eu não o perderia de vista desta vez.

         “Eu não faço ideia do que estou tentando fazer, mas não consigo evitar.” — Pensei, finalmente pisado no último degrau.

         Suspirei. Eu me lembrava daquela música. Eu com certeza me lembrava.  


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