Entre Ela&Eles: Um segredo. escrita por BeaFonseca


Capítulo 35
Capítulo 35 - Memórias Mortas e Enterradas?


Notas iniciais do capítulo

Ok... ok.. eu voltei não é?! Acho que sim.
Desculpas não vai devolver o tempo perdido de hiatos, mas acho que um capítulo ameniza o climão. rsrsrs...

Estive passando por muitos problemas pessoais e estava me desapegando de muita coisa que antes me fazia bem. Tive um bloqueio criativo longo demais, e estava atrelado a muitas outras coisas que não cabe contar aqui pra não ficar deprê. Enfim... Estou feliz de ter retornado para essa fanfic, e eu não poderia voltar TOTALMENTE, se não postasse um capítulo especial desses.

Espero que eu não tenha perdido os meus leitores maravilhosos que me aperriaram muito com mensagens para retomar essa história. Só tenho a agradecer a todos vocês que me inspiraram como todo esse carinho. ♥

A FANFIC VOLTOU DO MORTOS, ASSIM COMO A NOSSA PERSONAGEM PRINCIPAL... OPS... spoiler. hehehehe....



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— Isso é patético! – Gargalhava da minha própria desgraça, produzindo eco no alto daquela ponte inabitável no centro de Seoul. – É só evitar os problemas!

         Eu não tinha certeza se eu estava tão consciente dos meus próprios atos, afinal, o que eu estava fazendo aqui em cima? Lamentar em público como uma bêbada não era uma definição perfeita de “evitar problemas”. Então porque eu não conseguia, simplesmente, voltar para casa e enfrentar a realidade?

         A resposta era simples: Covarde.

— EU TE ODEIO OMMA!! – Eu esbravejava para o horizonte, sem me preocupar com a possiblidade de chamar atenção de algum ser vivo que estivesse com insônia passeando pelas ruas.

         A verdade era que o álcool produzia efeitos de sinceridade em mim. Efeitos estes que eu sentia falta de vez em quando. Poder ter um momento onde eu poderia ser eu mesma, era prazeroso. Aqui eu não era uma garota de 17 anos inocente e tímida. Aqui eu era a Jiwoo recheada de cicatrizes (literalmente), com uma mente perturbada e muitas vezes, incompreendida. Aqui não caberia esconder que eu teria sido mãe em algum momento da minha vida, ou que eu sabia, exatamente, o que era sexo.

         Eu havia absorvido tudo que torna a imagem de uma adolescente suja e desonrosa. Viver em uma sociedade opressora só enaltecia ainda mais os meus problemas. Appa não merecia passar por tudo isso. Ninguém merecia ter a reputação manchada por causa do meu passado. Eu sabia que isso viria à tona em algum momento e no fim das contas eu estava certa.

— AH! – Gritar era libertador, mas havia outra coisa que poderia me deixar livre de fato.

         Com um pouco mais de esforço, por causa do desequilíbrio que o álcool me causava, subi no parapeito da ponte, e agora em pé, eu sentia a rajada de vento frio bater em meu rosto, quase como um sinal para que eu não fizesse isso. O problema era que o vento não me conhecia, e com um último suspiro de coragem, apenas pulei, no mais puro silêncio, sendo abraçada pela água congelada daquele rio.

         Lembro dos milésimos de segundos de arrependimento, até ser sugada para a total escuridão.

***

         Sentia, aos poucos, uma vibração em minhas mãos. A tentativa de mexer os dedos parecia uma tarefa difícil. Meu corpo parecia pesado e não respondiam as minhas expectativas. Talvez se eu abrisse os olhos um pouco...

         A luz me impedia de enxergar com mais clareza o ambiente, mas aos poucos eu sabia que a visão de adaptaria. Não demorou mais que alguns segundos para eu perceber que meus ouvidos também estavam intactos.

— Chamem o médico! – Alguém gritou em um misto de esperança e desespero. Pude finalmente notar que eu estava em um quarto branco com equipamentos ao meu redor. Eu estava em um hospital, e uma enfermeira olhava-me com um súbito interesse e alívio.

         Na tentativa de falar, minha voz falhou miseravelmente, mas eu sabia que existia algum som. Eu só precisava de um pouco mais de tempo, afinal, todo meu corpo parecia ter sido atropelado por um enorme trator. E pensar nisso, me fez perceber que eu não estava em um hospital por acaso.

         Flashs de lembranças sopraram em minha mente como um vento gélido, e meu coração acelerou com a adrenalina emocional. Minha cabeça latejava e um pânico estava e instalando em meu ser, resultando em uma tentativa falha de me levantar. Meu corpo não parecia reagir muito bem e isso só piorou minha ansiedade e desespero.

— Calma! Calma! – A enfermeira forçava-me a deitar novamente, mas eu só conseguia rugir até conseguir dizer meia dúzia de palavras como “Eu...Morri... Eu... caí... água... appa...me ajuda...”

 

— Eu estou aqui para te ajudar, calma! – A enfermeira tocou em meus ombros com certeza firmeza, obrigando-me a olha-la com atenção, e eu o fiz. Seus olhos me passaram confiança no fim das contas.

         Depois do pânico inicial, veio os questionamentos, dúvidas e angustias. O médico me examinava cuidadosamente, até finalmente constatar que eu estava bem, fisicamente pelo menos. Nada havia dito sobre meu pai até aquela tarde, quando ele resolveu aparecer.

         Para a minha surpresa, sua barba estava grande e seus cabelos haviam crescido um pouco mais do que eu me lembrava. Até ontem, meu pai tinha uma aparecia relativamente cuidadosa. De onde havia saído aquela barba e aquele cabelo? Não fazia sentido algum. Contudo, deixei tais detalhes de lado para sentir o abraço caloroso e aconchegante. Appa parecia extremamente feliz por me ver, pensei mesmo que fosse por eu estar viva... O problema era que logo mais tarde, aquela felicidade tinha um significado ainda maior do que eu esperava.

         Um ano foi o tempo exato que passei em coma neste hospital. Nem mais e nem menos. Exatamente hoje completava um ano do fatídico incidente. E a medida que digeria essa informação, menos sentido as coisas faziam. Passou uma semana desde de que acordei, e meu pai continuava a me visitar todos os dias a ponto de passar o dia todo. Nenhum desses momentos, tive se quer a coragem de perguntar sobre a carta de intimação... ou sobre a minha mãe. Sentia que se o fizesse, meu coração não aguentaria, então eu esperei.

— ...vai ficar feliz em saber que Teahyung finalmente está morando conosco. – Meu pai disso, com um largo sorriso no rosto. Por um segundo eu pensei que ele tivesse dito algo de errado. Não fazia sentido algum aquela frase para mim.

— Taehyung? – Repeti, observando sua expressão animada. – Quem é Taehyung?

         E então, uma outra ficha havia caído para mim. Ao que parece, perdi boa parte da minha memória, e não era como se isso me deixasse angustiada, porque eu realmente não me lembrava de nenhum grupo de amigos da escola. Eu me lembrava de ter ido para a escola todos os dias e estudado ou ido para a biblioteca em minhas horas vagas... as memórias eram fragmentadas, mas claras, e em nenhuma delas existia um Taehyung, Yoongi, ou seja lá mais quem meu pai tenha me contado.  

         Foram mais algumas horas de histórias na tentativa de me fazer lembrar de algumas dessas situações, mas nada parecia funcionar. Eu percebi que isso parecia ser frustrante para meu pai.

— ...Perda de memória seletiva. – Ouvi o médico dizer enquanto produzia alguns testes em mim. Meu pai o ouvia atentamente. – Ao que parece, existe um bloqueio significativo em relação a esses momentos. Sugiro um encaminhamento para a Dra. Joo Hin. É uma psicóloga muito renomada, e poderá ajudar a recuperar fragmentos da memória com a terapia de regressão... é bastante recomendado para pacientes com traumas emocionais relacionado ao passado.

         Era ridículo ter que me sujeitar a uma terapia quando não me achava louca. Não fazia sentido regressar para um passado que não existe em minhas memórias. Além disso, a única coisa que vai despertar é a raiva e o arrependimento de ter estado com a minha mãe alguma vez. Tudo o que passei deveria ser morto e enterrado. E por falar nela...

— O que aconteceu naquele dia...? – Engoli em seco, evitando olhar para meu pai. O quarto estava em um silêncio absoluto agora que o médico havia ido embora. Eu não sabia se meu pai entenderia a pergunta, então busquei coragem para reformular a questão. – Eu recebi uma carta no dia que eu tentei... – Não consegui realmente terminar a frase.

— Eu tentei evitar o máximo possível esse assunto, porque eu não queria piorar ainda mais a situação. Mas entendo que está na hora de saber o que aconteceu depois que você entrou em coma. – Meu pai suspirou, parecendo ter carregado o mundo em suas costas por um longo tempo. – Eu tomei conhecimento dos fatos logo depois que do susto de te perder... perdi a cabeça e acreditei que eu tinha falhado como pai, até confrontar a sua mãe... – Seus olhos pousaram em mim com extrema cautela. – Ela me contou tud..tudo.

         Eu podia sentir os batimentos acelerados do meu coração e uma rajada de memórias que eu vinha lutando para esquecer. Se ela contou tudo, então ele sabe do aborto... da bebida e todo o resto. Eu me sentia nua, exposta para um público. Procurei em sua face alguma expressão de decepção, mas a única coisa que eu conseguia ver era lágrimas e culpa.

— Só de pensar que você passou por tudo isso e eu não estive por perto para te ajud... – Ele estava chorando. Meu pai estava chorando como uma criança que acabara de perder a mãe. Eu não pude fazer outra coisa senão o abraçar com certa urgência. Seu pedido de desculpa em meios a soluços não fazia sentido para mim, e eu apenas alisava a sua cabeleira.

— Você não tem culpa, pai... – Por algum motivo, era consolador saber que agora ele sabia de tudo. Meu pai não chorava de decepção, mas de culpa, e embora não tivesse nada a ver com ele, eu estava feliz por perceber que a minha luta para enfrentar um problema, havia sido um desperdício.

         Foram mais algumas horas de um momento só nosso de conforto e reflexões. Tudo parecia muito mais leve e fortalecedor, porque agora eu sabia que o meu pai era meu único e verdadeiro porto seguro.

— Eu acabei não contando sobre a sua mãe, mas... – Suspirou. – Eu quero que saiba que ela tentou... – Fez uma pausa antes de me fitar. – Sua mãe teve uma crise de abstinência depois de ter passado três meses na reabilitação, logo depois do incidente. – Tocou em minha mão com carinho e cautela. – Sofreu uma overdose por droga no mesmo dia e...

         Não deixei que terminasse de falar. Simplesmente pedi para que me deixasse um pouco a só. Tinha muito o que absorver durante esse tempo. Não queria ter que lidar com mais uma informação miserável como esta.

         O que aconteceria agora? Eu desejei por muito tempo que os meus problemas se resolvessem e agora eles pareciam ter desaparecido com a culpada. Então porque ainda doía? Porque eu sentia como se tudo isso fosse errado?

         Minha mãe morreu sabendo que eu a odiava. Morreu em sua pior versão, e eu não pude ajuda-la. Morreu e levou consigo todas as atrocidades eu me fizera passar mais jovem, sem saber o quanto aquilo havia ferrado com meu psicológico. Morreu sem um adeus...

         Não era justo... Não era.

         No fim das contas, eu acho que não conseguiria perdoá-la como achava que deveria. Ou conseguiria?

“Você se importa com as pessoas, mesmo as querendo longe de si”

Eu não lembro de onde havia saído essa frase, mas eu tinha quase certeza ter ouvido uma voz masculina nessa afirmação. Apesar disso, aquela frase tornou-se um fato incontestável sobre mim.


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Notas finais do capítulo

Bjssss e vejo vocês no próximo capítulo!! o/

Leiam as notas iniciais do capítulo!
Pleaseee! ♥



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